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Capítulo 5 - Uriel

CAPÍTULO 5 - Uriel

De olhos fechados ouço algumas vozes me cercando tentando identificar cada uma de forma correta, mas sem sucesso. Meus olhos estão pesados e minhas bochechas soltam finas pontadas de dor, junto a vontade de coçar e soprar sobre os arranhados.

– Ela está acordando, tragam o soro.

Ergo minhas pálpebras aos poucos, dando de cara com um homem de jaleco totalmente branco, sem identificação do seu nome. Ele sorri para mim, recebendo um vidrinho com pouco líquido como água dentro, quebrando a pontinha da ampola e passando algumas gotas na minha boca.

– Isso ajuda um pouco no enjoo, você ficou três dias desacordada, pode se sentir um pouco mal por um tempo.

Sinto o enjoo que fala, ainda mais ao lembrar da razão pela qual estou no mesmo hospital que estive pouco antes, fazendo aquele irmão maltratador pagar.

Antes como anjo, agora como humana e sentindo cada dor que poderia sentir.

– O-obrigada.

O médico sorri com meu pigarro, ajeitando o jaleco frente ao corpo e, com um suspiro, pergunta:

– Sei que pode ser algo difícil para você, mas a polícia precisa de certas informações sobre seu caso e me pediram para avisá-los quando acordasse – Seus olhos em nenhum momento saem dos meus, me fitando com tanta intensidade que começo a me sentir desconfortável – Tenho que chamá-los, estão do lado de fora dessa porta.

Assinto. Não é uma situação que eu gostaria de passar, ainda mais agora tendo que interagir tão diretamente com os humanos, mas...

Quem está na chuva é para se molhar, é o que dizem.

– Muito bem – caminha até a porta, abrindo passagem para dois homens com fardas escuras e armas no coldre preso a cintura, que olham o quarto bem antes de atirarem em mim.

– Boa tarde – O que parece mais velho se apresenta, explica a situação e pede que eu seja sincera ao responder algumas perguntas.

No dia que tudo aconteceu algumas pessoas me viram sair em uma ambulância e, infelizmente, câmeras foram apontadas. Além do relatório médico indicar tentativa de homicídio, o que eles precisaram enviar à polícia mais próxima.

– A senhorita poderia narrar os acontecimentos daquela noite?

O outro pede, um pouco mais calmamente do que seu superior, que anotava algumas informações em um tablet, atento. Ignoro-o e foco naquele que pergunta, achando mancha avermelhada em sua bochecha extremamente linda.

Penso por um momento, construindo a teia de mentiras que irão rodear a noite de três dias atrás. Para ganhar tempo peço que o enfermeiro que entrou para chamar o médico erga a parte superior da cama, para que eu consiga visualizar os homens melhor e passar mais credibilidade ao vê-los de frente.

– Preciso sair, mas o enfermeiro ficará de olho nas coisas, ok? – O médico indica o jovem pequeno que reveza o olhar nervoso entre mim e os dois oficiais, e aceno para que fique tranquilo.

– Senhorita?

Me viro para o oficial indicando que estou pronta.

– Eu vivia em um orfanato desde que me lembro por gente e, como atingi a maioridade na noite que fui atacada, pensei em sair um pouco para procurar alguns lugares que conseguiria pagar quando conseguisse algum... emprego.

Seguro a careta ao falar essas coisas, normalmente somos péssimos mentirosos. Mentira é um pecado e anjos passam longe de pecados. Um deles pecou e virou rei do inferno, isso nos amedronta desde sempre, o medo gélido do banimento.

Zadkiel, eu sei que está me ouvindo. Apareça assim que possível, por favor!

– Um orfanato?

Confirmo, tentando levar lágrimas aos olhos. Em vão, nunca minha vista esteve tão seca como agora.

– Sim, não consigo me recordar com tamanha clareza porque... deixem que eu conte organizadamente! – ralho com ambos e até mesmo o enfermeiro para de se mexer – Estava passeando quando alguém me puxou para o beco. O restaurante ainda não estava aberto, não me lembro bem dos detalhes. Sei que ele queria minha bolsa, que eu avisei várias e várias vezes que estava vazia, porém ele insistiu tanto...

Junto as mãos frente ao rosto e encurvo a cabeça o bastante para que não vissem meus dedos esfregando os globos abertos para produzir umidade. Ergo a cabeça apenas quando sinto arder.

– E-u implorei que ele parasse, que eu não tinha nada, nem dinheiro, nem casa, nem pais – Creio que exagerei um pouco pelo semblante tenso dos policiais e pigarreio, me abraçando – E ele tinha uma faca que não hesitou em usar, mesmo depois de bater minha cabeça no chão e eu desmaiar. Agradeço a Deus por estar desacordada enquanto ele fez o Senhor sabe o que...

Sinto uma pressão mental como se uma mão cutucasse meu cérebro e sei que Zadkiel está na sala; só ele conseguiria me repreender mesmo sem minha angelicalidade.

– Os senhores entendem minha falta de informação, imagino... O estresse unido a pancada... – simulo um soluço e a pressão aumenta, quase o bastante para que eu xingue.

– Entendemos. Infelizmente havia muitas câmeras no local e nenhuma funcionando como deveriam. Ou viradas para pontos que comumente não eram os padrões. Sentimos muito, seu agressor não será fácil de ser encontrado, pedimos paciência e calma para a senhorita.

O senhor mais velho fala, terminando de anotar em seu tablet e, tirando um cartão do bolso, me entrega com respeito.

– Geralmente não usamos cartões – ri ao se afastar novamente, se preparando para sair – mas peço que, qualquer informação que possa relembrar ligue para o nosso departamento e iremos até a senhorita. Claro, precisaremos que faça um retrato falado do suspeito, mas não iremos mais perturbá-la. Pegamos seu contato de emergência e ligaremos. Melhoras!

Agradeço a atenção que entregam a mim e repreendo a vontade de pedir que cuidem de algum caso real, mundano, que necessita de suas presenças mais do que uma anjo agredida por um demônio.

Há coisas que estão fora de seus alcances.

Depois que o enfermeiro, Lucas, retira um frasco do meu sangue – possivelmente para algum exame que detecte algo como infecção ou semelhantes –, peço que me deixe descansar um pouco e ele sai do mesmo jeito que os dois policiais saíram: quieto e tenso.

Nem um segundo depois da porta ser encostada, uma mão se une a minha testa e o primeiro sentimento que me vem ao ver meu professor com olhar bravo é raiva.

– Não possui qualquer direito em se sentir possesso se fui eu que me vi sozinha em um beco imundo com três diabretes e um demônio! Minhas asas foram levadas, Zadkiel. LEVADAS. Quem deveria estar enfurecida sou eu. E estou!

– Acabou?

Assinto, com sua palma subindo e descendo com o movimento. Seu rosto se mostra cansado quando enfim relaxa a expressão carrancuda, prosseguindo:

– Uriel, o portal foi aberto. Demônios de diversos tamanhos e poderes subiram, ameaçando pessoas inocentes. Infelizmente o fardo que carregamos nos impede de pormos quem queremos em primeiro lugar, nosso criador nos fez para cuidar dos homens. Os humanos são nossas prioridades e sempre, sempre lhe ensinei tal coisa.

As lágrimas que tanto precisei surgiram no momento que termina sua fala e vejo seus próprios olhos embaçarem.

– Sinto muito, pequena. Mas precisei ajudar a conter os que subiram e fechar a passagem do inferno para só assim ir até você, mesmo que tenha sido tarde demais...

– Não, tudo bem, a asa não foi o problema maior – Ergo os ombros, usando o dedo indicador para secar os cantos dos olhos e, ao mesmo tempo que Zadkiel se senta na cama ao lado das minhas pernas cobertas pelo lençol fino, suspiro – Não sei não ser um anjo, professor. E não sei como voltar a ser eu... Estou me sentindo estranha, como se não me reconhecesse mais.

Encosto no curativo em minhas costelas, sentindo os das costas se pressionando com o travesseiro atrás de mim.

– Meus curativos não se curaram, as pessoas me vêem e interagem comigo. Não os vejo mais, meus irmãos. Soube que estava aqui no momento que chegou, mas não o vi! – Uma lágrima desce sem que eu tenha dado permissão e os dedos do homem a coletam antes que caia pelo queixo – Isso sim é horrível. Minhas asas... eu mal as usava mesmo. Se apenas elas fossem levadas conseguiria lidar com. Porém, eu fui levada junto com elas, tudo que eu sou foi levado.

Ele nega, nega até que eu pare de tentar rebater sua negativa, e sorri para mim, encostando sua testa em cima das costas da palma da mão que ainda apoiava em minha cabeça para que eu pudesse vê-lo.

– Você é você. Nosso criador nos fez alados para facilitar nossas viagens, para que pudéssemos chegar onde éramos necessários com velocidade. Nos fez invisíveis a olhos humanos para que tivessem a escolha de crer ou não, pelo livre arbítrio de cada ser. E para que não tirassem fotos sempre que nos vissem – ele ri e sorrio com o tremor de seu corpo na cama – Nos fez semelhantes aos humanos para que esses não se sentissem com medo ao verem um ser... diferente tentando ajudá-los. Nos fez possuir dons para que levassemos nossos propósitos adiante para os necessitados.

Abre os olhos e se afasta poucos centímetros, me olhando com firmeza.

– Mas, Uriel, ele não definiu o que cada um teria dentro de si. Que personalidade teríamos ou que pensamentos circulariam em nossas cabeças. Ou ao menos qual seria nosso lugar favorito. Ou o jeito que falaríamos, nosso jeito de andar, como nos vestiríamos. Nada disso ele criou. Nem ao menos nossas cores, nós mesmos que escolhemos quando foi o devido momento. Nós, Uriel, nós nos desenvolvemos de formas particulares e independente do que perdemos, continuamos sendo o que escolhemos ser.

Mordo o interior da bochecha para evitar cair no choro, puxando o muco que queria escorrer pelo nariz.

– Pense nisso. Está bem?

– Está bem...

– Irei ajudar no que puder e pode deixar comigo, trarei suas asas de volta – promete e sei que é algo derivado da sua culpa por não ter chegado a mim a tempo de impedir o que aconteceu e aperto sua mão livre, apoiada em seu colo.

– Obrigada, professor. E poderia inserir algumas informações no orfanato da cidade vizinha e um contato de emergência no prontuário? – Bato os cílios em sua direção e ele revira os olhos, rindo novamente.

Zadkiel tem seus contatos na Terra, algumas coisas são impossíveis para nós, não para quem conhece alguns homens e podem conversar com eles de formas especiais.

– E você pecou, não pense que esquecerei.

– Não há muito o que fazer em minha situação! Sou humana agora, terei que agir como tal – meu sorriso de lado faz seus olhos revirarem e ele se despede, prometendo que voltaria mas sem deixar um dia exato para.

Afasta a mão de mim e, diferente dos humanos, não me esqueço de nosso contato.

Uhm, algumas coisas serão normais, imagino.

O enfermeiro volta, trazendo uma bandeja cheia de ataduras e pomadas, explicando que é preciso trocar o curativo e deixar as suturas respirarem um pouco.

Meu dia foi bem tedioso, para quem estava acostumada a sempre olhar os céus aguardando orações para auxiliar, fora mais do que parado. E ter a cabeça em completo silêncio depois de séculos me deixa aliviada, enfim podendo ouvir com mais frequência meus próprios pensamentos.

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