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⁹|Ele nunca vai voltar

     — Srta Keen? — A voz de Giulia me faz piscar, percebendo que eu estava não apenas encarando a parede, como também não ouvi uma palavra do que ela disse nos últimos minutos.

     — Desculpe. Onde paramos?

     Minha assistente tenta fingir normalidade, mas eu sei que ela estranha meu comportamento. Eu também, para ser honesta, não costumo ser tão dispersa no trabalho. E detesto que a pessoa que está tirando meu foco é alguém que eu não deveria e nem quero estar pensando.

     — Você tem uma visita ao laboratório às 16h. — Giulia pacientemente repete, seus olhos no bloco de notas onde ela mantém minha agenda. — Sua mãe ligou para lembrar do jantar mais tarde e mandou avisar que “da próxima vez que ela recusar falar com a própria mãe, ficará sem sobremesa por um mês.”

     Reviro os olhos. É claro que  mamãe diria isso. Eu evito passar suas ligações para a minha assistente, mas estava em reunião quando ela ligou. Não foi minha culpa.

     — Mais alguma coisa para hoje? — Não costumo reclamar do meu trabalho, mas estou desejando que minhas tarefas sejam apenas papelada, além da visita ao laboratório.

     — Não, mas você tem uma reunião com Paisley Whitaker daqui há uma semana. — Inclino a cabeça para o lado, meu único indício de confusão e Giulia explica: — A influenciadora que a Blackburn Empire pretende contratar para a nova campanha.

     — Certo. O que sabemos sobre ela? — Dou um gole no meu café – cappuccino italiano com dose extra de cacau em pó – e me encosto na minha cadeira.

     Deixo meus olhos vagarem para a vista da cidade que é possível ver do meu escritório. É terapêutico. Quando estou tendo um dia ruim, eu sento aqui e olho para essa vista, então lembro de todas as noites mal dormidas que passei estudando, das aulas, dos trabalhos de meio período que me ajudavam a pagar a parte da faculdade que a bolsa não cobria. Eu lembro que preciso fazer valer a pena mesmo em um dia ruim. Costuma dar certo.

     — Ela tem 28 anos e cinco milhões de seguidores no instagram. Ela é muito famosa. Tipo a rainha  do TikTok e do instagram.

     — Se você não dissesse, eu nunca iria saber, Holloway — murmuro, bebendo mais café.

     — Desculpe. É que eu sou meio que fã dela.

     Balanço a cabeça. Não sei o que ela vê de tão especial em Paisley Whitaker para considerá-la sua ídola. Não estou desmerecendo a garota. Eu vi alguns dos seus trabalhos e pesquisei um pouco sobre ela – apesar da sugestão de contratá-la ter sido de Janet –, mas não vi nada que fizesse Giulia ser sua fã. Mas eu não deveria esperar muito de alguém que vem trabalhar de all star porque considera estiloso.

     — Prossiga, por favor.

     — Tá. Ela começou postando vídeos de skincare de manhã cedo, toda aesthetic com aquelas luzinhas naturais, e hoje tá aí, dominando o mundo! O que eu mais amo nela é que, mesmo com milhões de seguidores, ela continua super pé no chão, sabe? Tipo, ela faz uns stories respondendo perguntas aleatórias no carro, com um café na mão, e parece que tá conversando direto com você.

     Giulia me passa seu celular, que está aberto no perfil do Instagram da sua “ídola”. Eu já havia dado uma olhada, mas minha assistente está tão empolgada que não me dá tempo de explicar isso a ela. Giulia está muito animada, na verdade. Quase me fez sorrir. Quase. Ela é capaz de fazer até uma apresentação de slides sobre tapetes parecer empolgante, mas isso não significava que eu estou disposta a ouvir mais sobre sua adoração por Paisley Whitaker.

     — E os looks dela? Impecáveis! Sempre misturando peças de luxo com roupas baratinhas que qualquer um pode comprar. Eu já corri na Shein umas 50 vezes pra tentar copiar os outfits dela (não ficou igual, mas valeu a intenção). Ela é aquele tipo de pessoa que faz até um moletom parecer chique, sabe? E não é só moda. Ela também fala sobre autocuidado, bem-estar, e sempre posta umas frases inspiradoras que meio que fazem você acreditar que pode conquistar o mundo também. Ah, e você reparou como ela tá super na vibe de wellness ultimamente? Tipo, yoga em casa, meditação com trilha de Taylor Swift no fundo... Ela é MUITO visionária! Acho que ela representa muito essa geração que quer ser estilosa, mas também saudável e consciente. Se ela lançar alguma coisa, eu tô lá, pronta pra comprar, porque sério, tudo que a Paisley toca vira ouro.

     Acho que estou preocupada com o nível excessivo de elogios da minha assistente a essa mulher, mas não quero prolongar o assunto e ouvi-la continuar falando como uma adolescente animada contando sobre seu cantor preferido do One Direction. O meu era o Liam e fiquei arrasada com a sua morte.

     — Qual o horário da reunião?

     — 10h30.

     E é a última vez que falamos sobre Paisley Whitaker.

🍸

     Pretendia deixar a visita ao laboratório para quando estivesse indo embora, mas depois de passar horas na frente do meu notebook e não produzir nada concreto, decido que preciso de alguns minutos fora, longe da tela em branco e do ponteiro do mouse piscando para mim.

     Além disso, a Blackburn Empire está prestes a lançar uma nova coleção, e eu sei que minha presença no laboratório de criação é crucial para alinhar as expectativas. Como Diretora de RP não é minha função interferir na criação, mas acompanhar de perto o processo ajuda a prever possíveis desafios e garantir que a visão estratégica da empresa seja mantida.

    Ao atravessar as portas de vidro do laboratório, sou recebida pelo aroma de couro e metal polido que domina o ambiente. É um ambiente amplo e moderno, com mesas de trabalho repletas de ferramentas e esboços detalhados de joias, como se fossem obras de arte em progresso.

     O cheiro de metal e couro no laboratório me faz sentir como se eu estivesse entrando em um mundo de perfeição que não tem lugar para alguém como eu. Eu posso observar, claro, mas não faço parte desse processo criativo. Eles têm uma visão. Eu só quero garantir que ela esteja de acordo com o que esperavam de mim.

    Avisto uma silhueta familiar.

     Genevieve está inclinada sobre uma mesa, ajustando um pequeno diamante em um protótipo. Ela ergue os olhos e sorri ao me ver.

     — A que devo a honra da visita da nossa diretora-geral? — brinca, tirando os olhos de design.

     — Achei que era hora de sair do escritório e ver o que você está aprontando aqui. — Me encosto na mesa, dando uma olhada no que está trabalhando. — E eu também quero ter certeza de que estamos prontos para a reunião com o conselho na próxima semana. Essa coleção é um marco.

     — Sim, com certeza. E eu fico mais do que feliz em mostrar a você, minha amiga.

     Com isso, ela me guia pelo laboratório, mostrando os protótipos mais recentes.

     — Essa é a nova coleção. Quero que o conceito transmita fluidez e modernidade, mas sem perder nossa identidade. Ainda estamos refinando os detalhes.

     Observo com atenção os protótipos.

     — Parece promissor. Como estão os prazos?

     Genevieve suspira, passando a mão na barriga. Nos encontramos ontem na sua casa, mas parece que ela já cresceu uns centímetros.

     — Estamos dentro do cronograma, mas você sabe como é... Cada peça tem sua própria personalidade, e isso leva tempo.

     Enquanto Genevieve explica, um jovem aprendiz se aproxima com um esboço em mãos, visivelmente nervoso. Genevieve o acolhe com paciência, ajudando-o a resolver sua dúvida técnica, enquanto eu assisto à interação com atenção.

     — Ele tem potencial, mas parece hesitar demais — comento em voz baixa quando o aprendiz se afasta.

     — Ele só precisa de prática e confiança. Eu era assim no começo também, lembra? — Genevieve responde, sorrindo.

     Cruzo os braços, pensativa. Não éramos amigas antes, então nosso contato era bem pouco, principalmente nos anos que ela era assistente de Eros. Mas eu lembro de vê-la sempre fazendo anotações e rabiscos, além de sempre estar atenta em todas as reuniões. Confesso que tinha um problema com as suas roupas antes – vestidos rodados ou roupas muitas vibrantes –, mas depois entendi que faz parte da sua personalidade.

     Hoje, inclusive, ela está com um vestido tão azul que fere um pouco os meus olhos.

     — Você sempre teve determinação, mesmo quando não sabia exatamente o que estava fazendo. Vou falar com ele depois. Talvez ele precise ouvir que está no caminho certo.

     Genevieve solta uma risada curta.

     — Eu vou fingir que você não era tão assustadora no meu começo.

     — Não assustadora. Exigente. — Sorrio de canto, mas minha expressão logo suaviza. — Sei o quanto você é importante para essa equipe, Genevieve. E eu gosto de ver você mentorando os outros.

     Nós duas trocamos um olhar cúmplice, o tipo de entendimento que só se constrói com certo tempo de trabalho e amizade.

      Antes de sair, dou mais uma volta no laboratório, absorvendo o ambiente criativo e observando como os designers trabalham. Eu sei que, por trás de cada peça luxuosa, há uma equipe talentosa que transforma ideias em arte — e Genevieve é um dos pilares dessa equipe. Assim como Eros, que por um milagre não está aqui hoje.

     — Vou deixar você voltar ao trabalho, mas não esqueça: quero esses protótipos prontos até a próxima reunião. Confio em você para impressionar o conselho — digo ao me despedir.

     Genevieve responde com um sorriso confiante.

     — Pode deixar. Não vou decepcioná-la.

🍸

     A casa que eu morei por dezoito anos sempre teve o mesmo cheiro: comida fresca e flores.

     A combinação de aromas vem do fato de que alguém está sempre cozinhando, e também porque papai traz flores para a esposa todos os dias.

     É a primeira coisa que vejo do entrar na casa: o buquê de rosas vermelhas com astromélias brancas. Da última vez que estive aqui, foram girassois e margaridas.

     Vou direto para a cozinha, de onde está vindo as vozes de mamãe e Jo.

     — Ela é diferente, mãe. Você vai ver. Ainda vamos nos casar — minha irmã está dizendo. Já posso imaginar sobre o que estão falando: Jocelyn conheceu uma garota em uma aplicativo de namoro há dois meses e começaram a namorar há algumas semanas. Ela está toda apaixonada.

     — Você diz isso de todas — mamãe argumenta porque, de fato, minha irmã se apaixona por muitas mulheres. Digamos que ela apenas é um pouco romântica demais.

     — Lola, diga à mamãe como Layla é legal — minha irmã não se incomoda com um “boa noite”.

     — Eu não a conheço.

     — Claro que conhece! Vocês conversaram na semana passada!

     — Foi uma chamada de vídeo e você só virou a câmera para mim. Nós mal trocamos um “oi”.

     Passo por mamãe, dou-lhe um beijo na bochecha e sigo para a pia lavar minhas mãos.

     — Dá pra saber muita coisa sobre alguém através de um “oi”, sua traidora. — Sinto algo bater em minhas costas. Ela jogou o pano de prato em mim!

     — E você é uma “romântica obsessiva”. — Atiro o pano de volta após enxugar minhas mãos.

     — Pelo menos não tenho uma queda pelo meu vizinho. — Jocelyn me mostra a língua, igualzinho uma criança de cinco anos. E que diabos ela está falando?

     — Olha aqui, sua pirralha… — Avanço na sua direção, mas ela corre para ficar atrás de nossa mãe. Covarde.

     — Parem as duas — nossa mãe manda, nem um pouco chocada com a infantilidade da minha irmã ou como ela facilmente me tira do sério até parecer que somos duas adolescentes dividindo o mesmo quarto de novo. — Lola, corte esses legumes, e Jocelyn, eu não preciso que você me prove que essa moça é “legal”. Até porque, eu não criei minhas filhas para namorar pessoas que são apenas “legais” com elas. Qualquer pessoa pode ser legal com você, e nem por isso você vai namorar todas elas.

     — Se tratando da Jo, eu não duvidaria — murmuro, ganhando um olhar de reprovação da minha mãe, enquanto Jocelyn me mostra seu dedo do meio sem que nossa mãe veja.

     — Não estou vendo você cortar os legumes, Lorelei. Precisa que eu te ensine como faz? — mamãe pergunta, a sobrancelha escura arqueada para mim.

     — Não — murmuro, indo pegar a droga dos legumes na geladeira. Tenho um vislumbre de Jocelyn rindo. Depois a traidora sou eu.

     — Você ama essa mulher? — mamãe pergunta à Jo, retornando a conversa. Ela me perguntou algo semelhante quando, há sete anos, eu disse que Patrick havia me pedido em casamento.

     Minha irmã se mexe, gaguejando.

     — Hum… Bem… Não sei. É muito cedo pra dizer, né? — Ela arrisca olhar para mamãe, que suspira. Minha irmã então olha para mim. É aquele típico olhar de ajuda que eu não posso recusar, não importa o quanto ela me irrite às vezes.

     — Você não precisa se cobrar — digo suavemente. — O amor vem com o tempo. É mais legal assim.

     Ignoro o olhar de nossa mãe. Ela acha que está na hora de Jo crescer e parar de se meter em relacionamentos disfuncionais apenas para suprimir o medo de ficar sozinha. Sinceramente, eu também acho, mas já tive essa conversa com a minha irmã. Infelizmente, se ela não enxerga isso, teremos que deixar que ela quebre a cara quantas vezes mais forem preciso até ela entender isso sozinha. É a sua vida para viver.

     — Só tome cuidado — mamãe aconselha, sua voz mais suave também. — Pode trazê- la aqui, se quiser. Vou adorar conhecê-la.

     — Ok. Obrigada — Jo diz isso olhando para nós duas, mas eu ignoro. Não fiz nada demais.

     — Agora… Que história é essa de vizinho, Lola? — deveria imaginar que ela não ia esquecer isso. Elena Keen não é nada boba.

     — Não tem história nenhuma. Jo só estava sendo implicante. — Lanço um olhar para minha irmã quando ela abre a boca. Rapidamente ela se concentra na sua tarefa de cortar as frutas. Não quero falar sobre Anthony. Mamãe o conhece de nome porque já falei dele algumas vezes quando ele era meu assistente e também comentei durante as duas vezes que fomos padrinhos. Ela não pode desconfiar que temos um histórico ou não me deixará em paz.

     — Sabe, você nunca apresentou ninguém depois que se separou — mamãe continua. Seu tom inocente demais, como se eu não a conhecesse.

     Dou de ombros.

     — Não houve ninguém.

     — Hum… Bem, eu vou ser sincera. Achava que você e Patrick ainda tinham alguma chance.

     A faca desce um pouco forte demais sobre o pobre tomate que eu estou cortando. É sempre um susto quando alguém fala o nome dele. Eu não sei o que acho que vai acontecer. Talvez uma parte boba minha ainda acredite que ele esteja vivo, então quando falam sobre ele, é como se a realidade viessem à tona outra vez e eu percebesse que ele nunca vai voltar.

      Essa é a única explicação que eu posso dar para a forma que eu reagi às palavras de Anthony ontem a noite. Eu nunca irei admitir que não estava esperando tanta frieza… ou que suas palavras realmente fossem me magoar. Seria hipocrisia da minha parte.

     — Desculpe, às vezes eu esqueço… que ele se foi. — Ouço mamãe dizer quando fico muito tempo em silêncio. Quero dizer que ela não precisa se desculpar, mas papai aparece na cozinha bem na hora.

     Eu te amo, papai.

      — Esse jantar vai sair hoje ou vai virar o almoço de amanhã? — conheçam Gilbert Keen, o homem que irrita minha mãe na mesma proporção que a ama.

     — Você quer dormir na sala ou vai vir aqui ajudar em vez de ficar reclamando? — mamãe atira de volta. Dá pra entender porque sou assim?

      — Estava só esperando um convite. — Sorrindo porque sabe que a tira do sério – e gosta disso – papai vem para o meu lado, me ajudar com os legumes. Cortar e separar os ingredientes é nossa tarefa preferida. É a única que sabemos fazer. — E aí filhota? Qual a boa?

     — Pai, já falamos sobre você querer parecer jovem — Jocelyn diz. — E a gente não diz “qual é a boa”.

     — O que vocês falam então? “O que tá pegando?”

     — Ai, meu Deus — Jo murmura, balançando a cabeça.

     — “Como estão as coisas?” ou “Como você está?” está bom — digo a papai.

     — Certo, certo. Então, como estão as coisas?

     Não sei se vou aguentar fracassar outra vez. Na verdade, não tenho medo dessa vez não dar certo, mas sim que nas outras eu também falhe. E, se isso for verdade, talvez seja castigo. Talvez eu esteja sendo punida por ter sido uma péssima esposa. Então Deus provavelmente acha que também serei uma mãe ruim.

     — Bem. Tudo ótimo, na verdade — a mentira sai fácil, afinal, não é a primeira nem última vez que eu a conto.

     E está tudo bem, eles não precisam saber o quanto eu sou um fracasso naquilo que eu mais desejei ser boa na vida.

💚

Oiê! Como vcs estão? Espero que bem e que tenham gostado desse capítulo!

Não foi um capítulo curto, mas imagino que vcs estejam com sdds do Anthony e vou tentar postar outro domingo!

É isso, bom carnaval pra vcs e tomem cuidado 🫶🏽💓

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2bjs, morês 💚🫶🏽

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