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Capítulo 6

A última coisa que eu me lembrava antes de acordar em um sobressalto assustado, era da morte estampada no olhar de Carl segundos antes do garoto soltar um grunhido animalesco e cravar firmemente seus dentes em meu pescoço. Um maldito pesadelo. Me sentei sem fôlego na maca, bagunçando meus cabelos irritadiça e sentindo minha cabeça doer como se estivesse de ressaca.

Meus olhos desceram até meu braço quando senti uma dor sutil mas irritante próxima à articulação. Me lembrei só naquele momento que Denise me fez tomar três ou quatro daqueles galões de soro durante a noite, segundo ela eu estava desidratada e com sinais claros de anemia.

O soro do galão conectado a mim já tinha acabado, e observando que não tinha ninguém por perto, eu simplesmente puxei a agulha e me levantei da maca, ignorando a quantidade sutil de sangue que escorria do local onde a agulha estava cravada.

O chão frio tocou meus pés descalços, senti os ferimentos causados pela longa caminhada de ontem arderem. Carl ainda permanecia desacordado, também com um galão de soro conectado ao braço, os curativos de sua perna e face estavam limpos. Toquei o pescoço exposto do garoto com as pontas dos dedos, sentindo a febre mais baixa do que ontem, imaginei que ele já tivesse tomado os antibióticos.

-Você me deu um susto do caralho ontem, sabia...? - reclamei baixinho, puxando uma cadeira próxima e me sentando ao lado da maca onde Carl repousava.

O semblante calmo do mais alto me tranquilizou, ele não parecia tão pálido quanto na noite anterior, seu rosto adormecido agora tinha um pouco mais de cor e apenas isso fazia meu coração bater mais tranquilo. Eu queria que Carl estivesse acordado, não confiava nas pessoas daqui ainda, e a ideia de que eu teria de sair dessa enfermaria em algum momento estava me deixando cada vez mais aflita.

-O que está fazendo fora da cama? - a voz do médico que cuidou de Carl chamou minha atenção, me virei para ele sem muita animação.

-Só queria ver como ele estava... - expliquei baixo, falar com pessoas ainda era estranho.

-Ele vai demorar um pouco pra acordar por causa da medicação, mas poderia estar bem pior se o ferimento não tivesse sido limpo recentemente. - o médico sorriu, seu olhar era gentil como o de Denise, talvez fosse um requisito obrigatório para a profissão.

-Tinha água na casa em que estávamos... Eu também dei chá de Freixo a ele, não tinha nenhum remédio à mão. - dei de ombros, sem muita emoção.

-Seu nome é Clarisse, certo? Eu sou Siddiq. - ele perguntou e eu assenti confusa - Você fez um bom trabalho, somos todos muito gratos a você. - senti minhas bochechas esquentarem com a fala do homem.

-Como sabe meu nome? - mudei de assunto descaradamente, limpando a garganta para disfarçar a vergonha.

-Ele ficou repetindo esse nome metade da noite, imaginei que fosse de alguém importante pra ele. - o médico sorriu e dessa vez eu não fui capaz de disfarçar a vergonha.

XXX

No dia seguinte, acordei lentamente com uma mão quente acariciando com cuidado as mechas do meu cabelo. Abri os olhos ainda sonolenta e encontrei Carl me observando sentado na beirada da minha cama enquanto distraidamente brincava com meu cabelo, meu cérebro levou pelo menos três segundos para processar o que estava acontecendo, e então eu me sentei na cama de supetão. O garoto se assustou, mas não teve tempo de dizer nada antes que eu envolvesse seu pescoço em um abraço desajeitado. Ele finalmente tinha acordado!

-Sentiu saudades...? - ele perguntou.

Uma risadinha se mesclou a sua voz calma enquanto ele retribuía o abraço, parecia ter tomado banho recentemente já que seus cabelos estavam úmidos e ele cheirava a pasta de dente e perfume.

-Eu estava preocupada, idiota! - reclamei me afastando, levei a mão à bochecha do garoto e suspirei aliviada ao perceber que a febre tinha sumido.

-Desculpe... - ele respondeu, ficando um pouco vermelho com minha ação, afastei a mão e limpei a garganta.

-Já falou com os outros? - perguntei, mudando de assunto como sempre fazia quando estava com vergonha.

-Sim, estava com meu pai a alguns minutos. Siddiq disse que apresentei uma boa melhora, estava esperando você acordar para voltarmos para casa. - Carl sorriu, aquele sorriso lindo que fez falta durante as horas em que ele ficou desacordado. A julgar pela posição do Sol, eu tinha dormido demais.

-Como assim, "voltarmos"? - questionei confusa, tentando manter o foco e não me perder no rosto bonito do Grimes mais novo.

-Tem um quarto vago na minha casa... Você pode ficar com ele... S-se quiser, claro. - o garoto explicou, parecendo subitamente nervoso, demorei alguns instantes para entender o motivo.

-É muito gentil da parte de vocês, obrigada. - agradeci com um sorriso calmo, Carl suspirou aliviado.

-Vem comigo, minha casa está a dois quarteirões daqui. - ele se levantou e se apoiou na cama, me levantei também.

-Tem certeza de que consegue andar? -perguntei seguindo o garoto que ainda mancava.

-Já passei por coisa pior, não sou de porcelana. - disse Carl convencido saindo pela porta, o que não foi exatamente uma boa ideia, já que o garoto se atrapalhou no degrau e só não deu de cara com o chão, porque eu estava perto o suficiente para lhe segurar.

-Claro, não é de porcelana. - eu ri baixinho com um sorriso irônico, colocando um de seus braços sobre meu ombro e o ajudando a andar.

Jack que nos esperava do lado de fora se levantou abanando a cauda e lambeu minha mão quando lhe fiz um carinho leve.

No momento em que deixamos a enfermaria, tive que controlar imediatamente o impulso de arregalar os olhos, ocultando o quanto tinha me impressionado com o lugar. Alexandria era um dos lugares mais bonitos que eu já tinha visto desde que todo esse desastre começou, e me senti um pouco ridícula por ter me recusado a sair da enfermaria desde que chegamos.

Me impressionei com a quantidade significava de pessoas que se espalhavam pelo lugar, algumas ocupadas em suas tarefas, outras conversando entre si e outras até nos observando com curiosidade enquanto Carl me guiava pelas ruas silenciosamente.

As pessoas que passavam por nós cumprimentavam sorridentes o garoto, que na maioria das vezes respondia apenas com um simples aceno de cabeça, sempre sério como o pai. Me impressionei quando algumas pessoas ousaram até mesmo me cumprimentar também, com acenos de cabeça e sorrisos um pouco mais discretos, afinal eu ainda era a desconhecida para eles, mas aquele simples gesto significa mais para mim do que eu seria capaz de um dia admitir.

De canto de olho eu observava espantada toda a organização do lugar, desde as casinhas brancas de aspecto limpo e acolhedor até às praças e gramados verdejantes e repletos de canteiros de flores. Se eu ignorasse os muros altos e metálicos que cercavam todo o lugar, eu poderia facilmente me esquecer da tragédia que assola o resto do mundo.

Esse pensamento me deixou confusa, era estranho me lembrar do mundo antigo, como um sonho borrado e disperso que poderia sumir à qualquer momento, e essa sensação nostálgica se arrastou em meu interior lado a lado com o medo. Eu não queria que essas pessoas fossem arrancadas do próprio sonho, porque eu sabia perfeitamente o quão dolorosa era a sensação.

-Chegamos. Cuidado com a escada. - a voz de Carl chamou minha atenção de repente, me fazendo finalmente notar que estávamos parados em frente a uma das muitas casinhas brancas do local.

-Então, essa é sua casa...? - travei na porta de repente, um turbilhão de sensações conflitantes me atingindo de repente, estava ficando sem ar.

-Sim, vou te levar até o seu quarto. - ele pareceu confuso com minha reação, mas abriu a porta para me deixar entrar.

-Carl... - chamei num fio de voz, o choro iminente fazia meus olhos e garganta arderem.

-Ei... Está tudo bem? - ele perguntou quando a primeira lágrima rolou por minha bochecha, parecendo subitamente preocupado.

-O-obrigada... Obrigada por confiar em mim... Por não me deixar morrer no dia em que nos conhecemos... - sussurrei de repente muito emotiva.

Odiava chorar na frente de qualquer um mesmo antes do apocalipse, mas simplesmente não conseguia me conter naquele momento. Eu teria atirado na minha própria cabeça se ele nunca tivesse aparecido, Carl foi a minha salvação, mas sequer sabia disso.

-Não... Você quem me salvou mais vezes do que eu posso contar durante os últimos dias, eu estaria morto agora se não fosse por você... Teria me tornado um dos mortos com quem eu luto todo dia... Eu quem deveria estar te agradecendo. - ele sorriu minimamente para mim e eu retribuí o sorriso entre as lágrimas. Há muito tempo eu não me sentia tão viva.

XXX

Desci as escadas devagar, ainda não estava 100% bem, mas já me sentia praticamente outra pessoa após um banho. Minha pele cheirava a sabonete, meu cabelo estava limpo e penteado e até mesmo as minhas roupas estavam limpas e eram do meu tamanho. Estava vestindo uma regata preta, uma saia vermelha simples que cobria até a metade das minhas coxas, e nos pés um All Star preto.

Fazia tanto tempo que eu não podia me dar ao luxo de vestir roupas do meu tamanho, e não coisas velhas que os outros deixavam para trás, que sequer me lembrava de que essa sensação era tão boa. Quando cheguei ao andar de baixo, encontrei Carl sentado em um sofá, enquanto lia uma revista em quadrinhos distraidamente. Meu cão estava deitado no sofá ao lado do garoto, com a cabeça deitada sobre sua coxa.

-Já estava cogitando subir e ver o que tinha acontecido, achei que tinha... - ele parou de falar quando ergueu seus olhos até mim, parecendo surpreso com minha nova aparência.

-Desculpa, acho que perdi a noção do tempo... - falei um pouco sem graça com seu olhar fixo em mim, o garoto finalmente pareceu voltar a si.

-Está tudo bem, fico feliz que as roupas tenham servido. - ele falou enquanto se levantava parecendo sem graça, caminhando até mim devagar e mancando de leve.

-Onde conseguiu a HQ? As que estavam na sua mochila eram diferentes.- perguntei incapaz de conter a curiosidade, o garoto apenas deu de ombros e levantou a revista me mostrando melhor.

-Eu encontro nas buscas, assim como uma amiga minha sempre traz algumas também quando encontra. Estou montando uma coleção no meu quarto. - explicou tranquilo, ajeitando o chapéu sobre os cabelos lisos.

-É estranho ver uma dessas depois de tanto tempo, eu tinha uma coleção enorme delas antes disso tudo, mas acabaram ficando pra trás quando tive que sair de casa. - falei nostálgica, o garoto parecia querer perguntar alguma coisa, mas não sabia como começar.

-... A sua família... Ainda tem alguém, você sabe... Vivo? - questionou cauteloso, suspirei desanimada com a pergunta mas decidi responder dessa vez.

-Não. Estou sozinha a algum tempo, mas não tenho certeza de quanto, talvez pouco mais de dois anos. - dei de ombros, já acostumada com aquilo.

Por mais que não tivesse total certeza de que todos da minha família estavam mortos, não gostava de falar sobre aquilo.

-Sei que nada do que eu disser vai ajudar, mas eu sinto muito por eles, mesmo. - respondeu me lançando um olhar significativo, apenas agradeci baixo.

Havia sido convidada para almoçar na casa do garoto, que eu levaria algum tempo para começar a ver como minha também, mas a ideia de dividir uma mesa com outras pessoas ainda era tão esquisita, acho que no final de tudo eu estava mais habituada aos mortos do que aos vivos.

Eu nunca precisava me preocupar com o que um zumbi pensaria da minha aparência, nem se ele se ofenderia com uma resposta impensada, só tentavam me matar diretamente sem os joguinhos que os humanos sempre fazem. O pensamento de que eu estava mais assustada com a ideia de almoçar com algumas pessoas do que enfrentar um zumbi me arrancou uma risada baixa.

Quando chegamos à sala da casa dos Grimes, passei discretamente as mãos pelas roupas e cabelos, numa esperança boba de parecer mais apresentável. Carl saiu da frente da porta e me deixou passar primeiro, adentrei o local um pé depois do outro, varrendo a sala espaçosa com o olhar um pouco sem graça.

-Ela deve estar na cozinha, vem comigo. - Carl falou olhando em volta e envolveu os dedos em meu pulso me puxando consigo pela casa, prendi a respiração com o contato inesperado.

-Já chegaram, Carl? - a mulher de cabelos curtos e grisalhos perguntou de costas para nós enquanto cortava alguns legumes, seu tom parecia muito mais gentil do que o que ela usou comigo na noite em que cheguei aqui.

-Sim, essa é a Clarisse, não sei se vocês já se conhecem. - o garoto me apresentou com um sorriso leve.

Enquanto falava ele ainda segurava meu pulso, mas me soltou parecendo se dar conta do que fazia apenas quando a mulher se virou para nós, e ao descer um pouco o olhar, levantou uma sobrancelha para a ação dele.

-Sou Carol Peletier, seja bem-vinda. -ela me cumprimentou com um aperto de mão. Ainda não parecia gostar muito de mim, mas não pareceu estar mentindo ao me desejar as boas vindas.

-Clarisse Hale, agradeço a hospitalidade. - respondi tentando parecer simpática, eu deveria começar a treinar sorrisos.

-O almoço fica pronto daqui a meia hora, assim que terminar chamo vocês. - ela me deu um último olhar e voltou ao que estava fazendo, caminhei novamente até a sala com o garoto.

-Quer subir até o meu quarto? - Carl perguntou depois de alguns instantes desconfortáveis de silêncio.

Não pude me impedir de arregalar os olhos com a pergunta, e só então o garoto pareceu se dar conta do conta do que tinha dito.

-Quer dizer, tem mais HQs lá e... Mas também podemos ficar aqui se quiser, eu...! - tentou consertar afobado, suas bochechas adquiriram um suave tom rosado e não pude deixar de rir da situação. As pessoas são complicadas, mas ainda sim é bom estar vivo.

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