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Capítulo 31

Um tiro seco cortou o ar e sem que eu pudesse me mover, o líquido carmesim cobriu minha face completamente. Um corpo ainda quente desabou em minha direção em câmera lenta, e sem força para manter seu peso, eu caí de joelhos no chão enlameado ao tentar aparar sua queda.

Meus olhos se perderam na cena caótica a minha volta, mergulhando completamente em toda a perdição e desespero que varriam o local outrora tão bonito. Tudo parecia se mover muito lentamente. Inocentes tentavam fugir de homens armados, e eu pude observar nitidamente a tragetória das balas até suas cabeças, o sangue flutuando no ar até que seus corpos sem vida encontrassem o concreto antes impecável das calçadas.

Eu podia ver os monstros que atravessavam o portão, matando qualquer desavisado em seu caminho. As casinhas brancas de varandas bonitas e gramados verdejantes, ardiam em chamas altas que consumiam tudo em seu caminho.

Um pouco mais a frente, eu pude observar imóvel quando Rick e Michonne foram alvejados, pude ver o azul morto dos olhos ainda abertos do homem. Daryl gritou inconformado, avançou no atirador com apenas uma faca em mãos, mas ao cravar a lâmina no peito do homem, morreu com um tiro no queixo que atravessou seu crânio até escapar pelo topo da cabeça.

O corpo de Carol já estava sendo devorado por uma série de zumbis, e Maggie chorava desesperadamente sobre o corpo de Glenn, que tinha a cabeça completamente destruída. Uma arma foi apontada para a testa da morena e eu pude ver nitidamente o buraco de bala em sua testa, antes que ela caísse morta ao lado de Glenn. Cyndie e Rachel foram as próximas a serem alvejadas por uma rajada de tiros, e então eu pude ver Paul se aproximando, esticava o braço como se seu último desejo em vida fosse me alcançar de alguma forma.

Porém, antes que ele pudesse me tocar, um tiro destruiu metade de seu rosto e ele caiu com força no chão. Uma poça de sangue se formou abaixo de sua cabeça, sujando suas roupas e quase encontrando sua mão enluvada estendida sobre o asfalto em minha direção.

Meus olhos deslizaram vagarosamente pelo braço do atirador, até encontrar o rosto exageradamente sorridente de Negan. Ele levantou sua arma em minha direção, e só então eu pude me lembrar do cadáver em meus braços. Era Carl.

O sangue fluía livremente de um largo buraco na lateral de sua cabeça, eu podia ver seu crânio despedaçado, e então encontrei seu único olho azul ainda aberto. A morte era tudo o que preenchia sua íris antes tão carregada de emoções.

Quando levantei o rosto novamente, toda a cena voltou a correr com a velocidade normal, e uma descarga insana de desespero me inundou de uma vez só. Alexandria havia perdido. Eu havia pedido tudo de novo. Era o fim e apenas o fim.

Lágrimas gordas banharam meu rosto sujo com o sangue do garoto que eu amei com cada milímetro de mim, e eu abri a boca para gritar como nunca havia gritado na vida, mas não tive tempo de emitir qualquer som. Negan puxou o gatilho da pistola apontada para minha cabeça e tudo ficou escuro.

XXX

Em um espasmo involuntário e dolorido, eu saltei no colchão, parando sentada enquanto tentava puxar desesperada um pouco de ar para meus pulmões. Levei alguns instantes para entender onde estava, a sala do meu chalé em OceanSide parecia borrada com a luz alaranjada da lareira. Cada grama do meu corpo tremia de forma quase violenta e mesmo que a neve já cobrisse o chão do lado de fora, eu estava coberta de suor.

-De novo...? - uma voz rouca e sonada perguntou com cautela atrás de mim, e eu balancei de leve a cabeça em afirmação.

Seus braços me envolveram com cuidado e eu permiti ainda trêmula que ele me trouxesse de volta a cama. Me aconcheguei no peitoral do garoto enquanto ele arrumava a coberta novamente sobre nós. Havíamos arrastado o colchão do quarto até a sala, onde nos arrumamos para dormir perto da lareira.

Respirando mais devagar aos poucos, apenas quando Carl iniciou um carinho suave por entre as mechas do meu cabelo, fui capaz de relaxar minimamente e assim sentir a exaustão de várias noites seguidas acordando duas ou três vezes dessa forma por causa dos pesadelos, me atingir como uma grande pilha de escombros.

Depois que voltamos do parque de diversões, com uma boa caixa de armas e surpreendente alimentos e roupas militares limpas que encontramos dentro do galpão em que Carl e eu caímos, alguns dias haviam se passado.

Em minhas contas, faziam quase duas semanas desde que saímos de nossa comunidade para o Reino. Cada segundo que passava nos deixava mais tensos e desesperados, mas seria impossível preparar um plano tão complexo em menos tempo.

A viagem seria no dia seguinte, e levariam no mínimo dois dias até a chegada a Alexandria, isso se o tempo estivesse do nosso lado. Uma nevasca antes da hora nos atrasaria ainda mais, e quem sabe o que haveria em nosso caminho.

Trabalhamos duro dia após dia para preparar tudo, montar uma estratégia e treinar devidamente todas as mulheres que decidiram participar. Somamos vinte e nove pessoas ao todo, então foi necessário encontrar até mesmo um transporte decente, dois caminhões abandonados na estrada que obviamente precisaram de conserto.

As armas que trouxemos passaram por uma limpeza e manutenção minuciosas, as munições foram devidamente dividas entre o estoque da comunidade e o que seria levado, e no final, ainda estávamos no limite do "suficiente." Seria um trabalho difícil.

-Desculpa... Não queria te acordar... De novo. - murmurei rouca, me encolhendo nos braços dele e escondendo o rosto na curva de seu pescoço. Era o terceiro maldito pesadelo daquela noite.

-Acho que não se pode pedir desculpas por algo que você não controla. Eu acabei dormindo demais, deveria ter te acordado antes. - ele enrolava uma das mechas bagunçadas do meu cabelo nos dedos ao falar, me senti ainda pior por isso.

Carl também estava nitidamente mal, com olheiras fundas manchando seu rosto bonito, sabia que ele pensava constantemente no que poderia encontrar ao voltar para casa. Depois de perder a mãe daquela forma, eu sabia que voltar para encontrar o cadáver de Judy e até mesmo de Rick e Michonne, seria um baque insuperável para o garoto.

Porém, mesmo que ele estivesse agonizando no próprio desespero, ainda cuidava de mim com tanto carinho. Eu me sentia a pior pessoa no mundo cada vez que acordava gritando no meio da noite e o despertava de seu sono frágil, mas também sabia que era a criatura mais sortuda que já habitou o globo terrestre, somente por tê-lo comigo.

-Eu deveria dormir no sofá... Você tem que descansar, pelo menos um de nós precisa estar minimamente apresentável amanhã. - falei, tentando me soltar dele, mas o mais alto me manteve firmemente no lugar.

-Você não entendeu até hoje, não é...? - ele me abraçou mais forte, até que não existisse mais qualquer espaço entre nós. Qualquer resistência em mim virou fumaça.

-O que...? - perguntei confusa, ficando um pouco envergonhada com tanta proximidade.

-É melhor que eu durma pouco, mas com você do meu lado... Do que não dormir nada com você longe... Eu poderia adormecer em cima de uma pilha de cacos de vidro se você estivesse sobre o meu corpo, mas até o colchão mais macio do mundo parece desconfortável sem você. - sua voz sussurrada me fez arrepiar.

Não encontrei uma resposta para isso, mas acho que ele entendeu o que eu estava sentindo quando passei meus braços em volta de seu pescoço e desisti de tentar sair da cama. Ele deixou um beijo no topo da minha cabeça e eu passei a brincar com seus cabelos.

-Eu não quero morrer amanhã. Depois de muito tempo pensando nisso, planejando a minha morte... Eu realmente não quero morrer. - falei com a voz embargada, segurando o choro pela milionésima vez.

-Não vamos morrer... Não amanhã e nem tão cedo. - a firmeza em sua voz me impressionou.

-Como pode ter tanta certeza? É impossível que não esteja com medo. - arqueei uma sobrancelha, levantando o rosto para encará-lo, ele sorriu.

-Eu estou com medo, completamente cagado de medo, se for sincero. - Carl riu e eu o acompanhei - Mas estou me apegando em algo maior, um futuro. Com você e Judy, meu pai, Michonne e todo mundo em Alexandria e nas outras comunidades. Podemos conseguir de volta pelo menos um pedaço do mundo antigo, parar de matar uns aos outros. - ele explicou tudo enquanto acariciava minha bochecha devagar, o mar em sua íris azul parecia tão esperançoso.

-Pensei que não acreditasse mais em um futuro nesse mundo. - murmurei.

Um sorriso pequeno preencheu meus lábios quando me lembrei do dia em que ele me disse isso, na primeira vez em que eu entrei em seu quarto, e a minha melhor ideia pra quebrar o clima depressivo foi propor que falássemos sobre sexo. Tudo isso parecia tão distante agora...

-Bom, acho que uma certa pessoa me infectou com a teimosia... - ele riu e eu o olhei feio de brincadeira - Você me fez acreditar, Clarisse. Me fez desejar profundamente ter um futuro, com você do meu lado. - Carl ficou um pouco vermelho ao dizer aquilo, meu sorriso aumentou.

-Não faz nem um mês que estamos namorando, e já está me pedindo em casamento, Grimes? - brinquei, usando o sarcasmo para encobrir minha própria vergonha.

-Não se faça de difícil, sou o melhor partido por aqui, estou até mesmo vivo! É uma excelente qualidade nesse mundo. - ele retrucou exibido, deixando o clima entre nós tão leve que sequer parecia que sairíamos em busca de uma guerra assim que a manhã chegasse.

-Eu não posso discordar. - gargalhamos juntos com minha resposta, até perder o fôlego e terminarmos nos encarando sem ar e com os sorrisos mais idiotas do mundo nos lábios.

-Vamos sair dessa, temos que sair... - ele falou por fim e eu assenti devagar, me aproximando do garoto de forma quase inconsciente e selando nossos lábios em um beijo simples, mas carregado de esperança.

XXX

Quando a manhã chegou, e os primeiros raios de Sol se misturaram às nuvens densas de inverno, OceanSide se ergueu. Uma sensação inquietante de que estávamos caminhando em direção aos nossos enterros engoliu meu estômago, e parecia sugar minha alma aos poucos.

Carl não parecia muito melhor que eu, seu rosto geralmente carregado por uma expressão gentil nunca esteve tão sério, e enquanto nos arrumamos em um silêncio pesado, eu não fui capaz de perguntar de forma patética em que ele estava pensando. Era óbvio.

Era como se estivéssemos vendados, nos preparando para atirar no escuro, porque era impossível saber o que nos aguardava em Alexandria. Talvez nem houvesse mais uma guerra para lutar, apenas um largo cemitério em chamas como foi com o Reino, mas ainda tínhamos alguma esperança para nos firmar. A única coisa a qual podíamos nos agarrar.

-Pronta? - ele perguntou, me arrancando de meus pensamentos, e só então percebi que estava encarando o nada a algum tempo, mesmo que já tivesse terminado de me vestir.

Observei o garoto por alguns instantes, o uniforme militar que encontramos no grande galpão do parque de diversões caia bem nele, mas não combinava com ele. As roupas camufladas, o cabelo preso para trás e a expressão gelada em seu rosto com certeza não o deixavam menos bonito, mas não eram dele.

-Nunca, e você? - respondi em um suspiro cansado, mas me levantei e fechei o zíper do casaco grosso que vestia.

-Jamais. - ele me estendeu a mão enluvada e eu a segurei sem precisar pensar.

Saímos do chalé em silêncio, sem qualquer expressão no rosto, não éramos mais Carl e Clarisse. Éramos os soldados que esse mundo nos obrigou a ser, as aberrações que nos tornamos nos sete anos infernais que o apocalipse tem durado. Por onde passávamos olhares se fixavam em nós, cochichos, mas nenhum de nós dois realmente se importou.

-Prontos? - foi tudo o que Cyndie perguntou quando nos aproximamos do caminhão, várias outras mulheres já se encontravam devidamente vestidas e sentadas no piso do veículo.

-Nem pensar. - Carl e eu respondemos em coro, um riso sem qualquer humor escapou dos lábios da morena.

-Bem... Então sejam bem-vindos ao time. - ela estendeu a mão para ajudar Carl a entrar no caminhão.

-Vamos nessa, temos alguns desgraçados pra ensinar uma lição. - o garoto respondeu, entrando na parte de trás do caminhão também.

Após lançar um breve olhar significativo aos dois, eu os ajudei a fechar a porta do compartimento e caminhei até a frente do veículo sozinha. Subi pelo degrau e bati a porta ao fechá-la, Beatrice ligou o caminhão e deu a partida, o segundo veículo seguiu seu trajeto.

Não havia mais uma volta, nossas dramáticas opções eram vencer ou morrer tentando, e se minha escolha tivesse por infortúnio de ser a segunda opção... Meu coração tinha a total convicção de que estava lutando pelo motivo certo: Amor.

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