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Capítulo 3


Ajeitando no ombro a mochila quase vazia de Carl, eu me afastei da casa após trancar a janela, segurando a faca entre os dedos com firmeza enquanto analisava os arredores com atenção. Nenhum caminhante à vista, a não ser os seis que eu matei na noite anterior. Era uma manhã fria, o Sol fraco de começo do dia acariciava com sutileza minhas bochechas um pouco mais coradas por ter comido um pouco na noite anterior.

Das latas que o garoto guardava na mochila restaram apenas duas de reserva, antes eram quatro. Era um alívio que ainda tivesse água na casa, o ferimento de Carl estaria muito pior sem a limpeza, mas a comida escassa e a febre mesmo que um pouco mais baixa do garoto, ainda eram um problema.

Eu andava em silêncio por entre as árvores, marcando seus troncos com setas indicando o caminho de volta por precaução. Considerando o ferimento na perna do garoto, deduzi que a casa não deve ser muito longe da clareira onde nos conhecemos, ele não conseguiria me carregar por muito tempo sem desmaiar.

Confirmando que meu palpite estava correto, encontrei a clareira em apenas alguns minutos de caminhada, tendo que me esconder atrás de uma árvore ao notar que mais monstros foram atraídos até o lugar pelos tiros. Eram mais de trinta deles, senti meu estômago revirar com o mero pensamento de que aquelas coisas poderiam facilmente encontrar a casa.

Cuidadosamente, eu me afastei do grupo de monstros, tomando o máximo cuidado possível para não fazer barulho. Tive que correr por mais alguns minutos até ter certeza de que estava longe o suficiente, teria que me lembrar de desviar o caminho um pouco para a esquerda na volta.

Depois de mais ou menos três horas de caminhada, senti um pouco do peso sair dos meus ombros ao encontrar uma estrada. Após alguns passos hesitantes pelo asfalto finalmente encontrei uma placa com o número da rodovia, me ajoelhei no chão e desenhei em uma das folhas velhas que trouxe na mochila um mapa improvisado, seria nossa chance de ir embora assim que Carl melhorasse.

Quando terminei o mapa e me levantei olhando em volta, um pensamento incômodo invadiu minha mente. "Por que estou incluindo aquele garoto nos meus planos? Eu não sei nada sobre ele!" Era uma dúvida válida e consideravelmente preocupante. Eu estava planejando o futuro com um desconhecido que poderia me matar a qualquer instante, ou pior, me entregar para algum grupo de psicopatas.

A verdade é que o garoto Grimes estava bem cuidado demais para um sobrevivente solitário, não parecia desnutrido ou coisa assim, e pensando melhor, seus cabelos não estavam mal cuidados ou ressecados, com certeza deveriam ter sido lavados a menos de duas semanas. Nada de dentes detonados também, e me lembrando agora, o garoto tinha cheiro de desodorante no meio de um apocalipse. Com certeza não estava sozinho antes de me encontrar, talvez tivessem pessoas procurando por ele, pessoas ruins...

Quando comecei a ficar sem fôlego, sentindo meu coração acelerado no peito, balancei a cabeça e respirei profundamente para me acalmar. Os riscos eram reais, eu tinha ciência disso, mas a ideia de simplesmente fugir e deixar para trás um garoto ferido à mercê da própria sorte era intragável demais para mim. Assim, deixando para trás os pensamentos tenebrosos, segui meu caminho pela estrada em busca de algum alimento.

XXX

Algumas horas se passaram desde a minha saída da casa e julguei ser mais de meio-dia pela posição do Sol quando voltei, frustrada por não ter encontrado muita coisa útil em minha pequena viagem. Tudo que havia na mochila agora era um mapa improvisado e alguns ramos frescos de Freixo, que eu usaria em chá para abaixar a febre do garoto. Encontrei no caminho a árvore e me lembrei do formato daquelas folhas, a voz calma de minha mãe pronunciando o nome da planta voltou a minha mente, ela me ensinou aquilo.

Eu ainda era criança quando cozinhava com minha mãe, me lembro de passar horas com ela na cozinha amarela da nossa casa, mamãe sempre foi tão paciente para explicar cada coisa que eu perguntava e meu coração ainda doía quando eu me lembrava de seu sorriso doce. Gostaria de ser forte como ela um dia.

Entrei pela janela sem me incomodar em ser tão silenciosa, estava cansada e suada, o corte enfaixado em minha mão voltou a doer quando arranquei os ramos de Freixo da árvore e eu tinha tropeçado e ralado os joelhos ao fugir de alguns mortos no caminho. Quando tranquei novamente a janela, ajeitando a mochila no ombro e caminhando em direção à cozinha, senti meu coração congelar no peito quando alguém me agarrou por trás de repente e tampou minha boca com uma mão encostando o cano frio de uma arma em minha testa com a outra.

Estava pronta para dizer adeus a este mundo de merda quando o inimigo desconhecido por algum motivo afastou a arma de minha testa. Eu sequer pensei antes de rapidamente acertar o cotovelo em seu braço, derrubando a arma no chão, em seguida empurrando o infeliz para trás com força e girando o corpo para lhe acertar um chute circular nas costelas.

Quem me agarrou caiu longe com o chute, batendo com força na parede e caindo no chão com um gemido de dor. Me afastei ofegante e enjoada pelo susto, pronta a puxar a faca e ameaçar quem quer que fosse, mas ao olhar para trás e encontrar apenas o garoto Grimes jogado no chão com a mão sobre o local em que eu lhe atingi com o chute, senti uma onde de alívio, remorso e raiva me invadir ao mesmo tempo.

-Que merda...! Você está bem?! - perguntei irritada e um pouco desesperada, correndo até o garoto e me abaixando a seu lado para o ajudar a levantar.

-Estou ótimo... Só acabei de levar uma droga de chute nas costelas! Você é louca?! - ele reclamou se apoiando em mim de cara feia, parecendo sem ar pelo chute.

-Você que é um imbecil! Quase me matou de susto, idiota! - retruquei colocando o garoto no sofá com cuidado, ele me olhou indignado e abriu a boca para responder, mas pareceu sem palavras e então apenas desviou o olhar.

-Eu não sabia que era você... Pensei que tivesse ido embora... Quando acordei só encontrei aquele cachorro e nenhum bilhete... Me desculpe. - resmungou por fim, parecendo um pouco sem jeito com a situação.

-Eu pensei que voltaria antes de você acordar... Demorei mais do que planejava porque tive que fugir de alguns caminhantes no caminho... Eu te machuquei? - expliquei baixinho, também um pouco sem jeito.

-Eu estou bem, não se preocupe... E... Obrigado por cuidar do corte. - agradeceu, finalmente trazendo sua íris azulada de volta a mim.

-Se sente melhor agora? Você ficou bem mal durante a noite, achei que... - comecei, mas não tive coragem suficiente pra terminar a frase - Bom, não importa, se está vagando pela casa e assustando pessoas desavisadas com armas descarregadas é porque está melhor. - mudei de assunto, usando a minha melhor expressão de deboche para ocultar o medo que senti durante a noite.

-Eu já pedi desculpas! - ele reclamou, bufando irritado quando lhe dei um sorrisinho sacana.

-E eu não disse que aceitava suas desculpas. Da próxima vez que me agarrar por trás assim, vai terminar com um dente a menos. - ameacei tranquila, com um sorriso angelical nos lábios.

O garoto me olhou indignado e abriu a boca para reclamar, mas lhe dei as costas antes que começasse a falar. Chegando à cozinha, me apoiei no balcão e soltei a respiração que nem percebi estar prendendo, havia me esquecido do quanto é cansativo lidar com pessoas. A solidão é vazia e sufocante, mas é mais simples também.

Deixando meus pensamentos de lado, analisei o espaço em volta e torci o nariz para a bagunça em que o local se encontrava. Meu corpo agiu sozinho quando comecei a juntar pelo caminho todo o lixo que encontrava, em seguida juntando as panelas que ainda podiam ser salvas e as colocando na pia. Lavei tudo com um detergente que achei em um dos armários, e coloquei o chá para ferver enquanto limpava a poeira dos móveis com um pano velho e fazia o mesmo com o chão no final.

Não sabia um motivo exato para estar limpando aquela cozinha, eu não pretendia morar naquela casa e fingir que eu, Carl e Jack somos uma família feliz, era arriscado demais continuar alí e eu não confiava de verdade no garoto. No final de tudo, acho que só estava cansada demais desse mundo morto e imundo, sentia falta de estar viva e de fazer as coisas idiotas que pessoas vivas fazem.

Enquanto eu observava desanimada a paisagem cinzenta pela janela, ainda com os cabelos presos em um coque desajeitado, Jack caminhou até mim e lambeu as pontas dos meus dedos. Era estranha e reconfortante a forma como o cão parecia sempre sentir minha tristeza. Com um sorriso leve e vazio no rosto, me ajoelhei em frente ao cão e o abracei bagunçando seu pelo, mas me assustei quando olhei para cima e encontrei Carl apoiado no batente da porta me observando.

-Qual o nome dele? - o garoto perguntou simplesmente, quando caminhei até ele e o ajudei a chegar em uma das cadeiras da mesa.

-Jack. Agora quer parar de ficar vagando pela casa? Se você voltar a perder sangue vai acabar desmaiando de novo! - reclamei o olhando feio.

-Não acha que é um nome estranho pra um cachorro? - Carl perguntou, alheio às minhas reclamações.

-Só prestou atenção no nome do cachorro e não na parte de que pode acabar morrendo?! - falei exasperada, o garoto riu e me lançou um sorrisinho de canto.

-Considerando a forma que você tem cuidado de mim, acho que não tenho muito com o que me preocupar... Tenho uma enfermeira particular muito boa. - provocou arqueando a sobrancelha, reclamando de dor quando lhe dei um soco não tão fraco no braço.

-Eu deveria te jogar lá fora pra virar ração de zumbi, palhaço do caralho! - ralhei indignada, o garoto caiu na gargalhada.

Suspirando cansada, me voltei para o chá que tinha deixado esfriando e servi um pouco em um copo recém lavado. Levei o chá até o garoto e o entreguei em sua mão, Grimes parou de rir, encarando o copo de chá e voltando seu olhar até mim. Ele pareceu sem jeito de repente.

-Olha, eu estava brincando sobre a coisa da enfermeira e tudo... Não precisa se... - Carl começou a falar, mas o interrompi antes que ele terminasse aquela frase, eu não queria ouvir aquela palavra.

-Apenas beba essa porcaria de chá de uma vez, ou vou jogar fora. - reclamei sem paciência.

Eu estava simpatizando demais com aquele garoto, me preocupando com ele, e já tinha vivido o suficiente nesse inferno para saber que quando você se preocupa com uma pessoa ela morre.

-O que é isso? Não vou beber qualquer coisa assim. - ele resmungou de forma fria, provavelmente ressentido com a minha grosseria repentina. Respirei fundo antes de continuar, tentando soar o mais educada que podia.

-É Freixo, vai baixar sua febre, não estou tentando te envenenar se é o que está insinuando. - respondi neutra, mantendo apenas para mim a minha agonia interna, ele se limitou a um agradecimento baixo e tomou o chá.

XXX

Depois de nossa pequena "discussão" na cozinha, se é que eu posso chamar disso, levei o garoto Grimes de volta a seu quarto e ele passou o resto do dia lá. Enquanto Carl permanecia no quarto de repouso, eu usei esse tempo para passar um pente fino na casa em busca de qualquer coisa útil. Achei uma bolsa grande de couro em um dos quartos e usei a mesma para guardar tudo o que levaria caso precisasse sair às pressas da casa.

Roupas, um dos lençóis com tecido que poderia ser usado em curativos, toalhas, e alguns livros roubados da estante de um quarto que me pareceram interessantes. Também achei mais duas facas perdidas na cozinha e as guardei comigo sem informar ao garoto da existência das mesmas, guardei na bolsa também duas garrafas de álcool que encontrei na despensa e uma de whisky.

Dividi tudo entre a bolsa e a mochila de Carl, para caso nos separássemos nenhum dos dois acabasse sem nada, e deixei uma parte vaga em cada para o caso de encontramos comida no caminho. Enquanto arrumava tudo, andando pra lá e pra cá pela casa, sequer percebi a passagem do tempo.

A noite chegou rapidamente, sem que eu estivesse preparada para a escuridão mais uma vez. Eu tinha medo do escuro quando criança, mas esse medo apenas aumentou quando o mundo desmoronou, os monstros não estão mais presos nos armários agora.

-Clarisse? - me assustei quando alguém me chamou, suspirando aliviada quando encontrei apenas Carl parado na porta do quarto.

-Sim? - me levantei e fui até ele com um olhar vazio.

-Só tem mais duas latas de comida... Achei que seria melhor dividir em partes iguais. - explicou, indicando Jack com um aceno de cabeça.

-Ah, entendo... Mas não precisa se preocupar, eu já comi ontem e... - parei de falar quando o garoto negou com a cabeça, parecia bravo.

-Vai acabar desmaiando de novo se continuar negligenciando a si mesma assim, e não estou fazendo isso por você. É a única de nós dois que está bem o suficiente para fazer alguma coisa se a casa for atacada, se estiver fraca vamos acabar todos mortos, e eu não pretendo morrer assim. - o garoto Grimes disse com firmeza, me encarando com uma expressão que não permitia contestação, não tive outra opção se não suspirar e assentir.

Sem muita vontade de discutir, acompanhei o garoto até a sala, observando o mesmo mancar silenciosamente após recusar a minha ajuda para andar. Do lado de fora o vento frio balançava com força as folhas das árvores, alguns trovões podiam ser ouvidos ao longe, anunciando como tambores a chegada iminente de uma tempestade. Com frio, ajeitei melhor a camisa de Carl em meu corpo, desdobrando um pouco as mangas grandes demais para mim para aquecer minhas mãos.

Chegando à cozinha, Carl me entregou as duas latas de feijão restantes e perguntou se podia ajudar em algo, neguei com a cabeça e ele se sentou à mesa com Jack a seu lado no chão. O garoto acariciava o pelo macio de Jack como se o conhecesse a muito tempo, meu cão parecia gostar de Grimes, mas eu sabia que essa amizade não duraria por muito tempo. Logo teríamos de ir embora dalí, seguir caminhos diferentes que os do garoto, esse mundo é um lugar solitário agora. E esse pensamento me incomodava mais do que eu gostaria de admitir...

-Acho que deveríamos dormir aqui embaixo hoje... Com o barulho da chuva, só vamos saber de um ataque quando for tarde demais. - o garoto interrompeu meus pensamentos, virei parcialmente meu rosto para ele, ainda mexendo o feijão que esquentava em uma panela pequena.

-Está bem... Também acho uma boa ideia. - respondi apenas, desligando o fogo e caminhando até o armário para pegar alguns pratos.

Após servir a comida em três partes iguais, me sentei à mesa de frente pro garoto e coloquei um dos pratos no chão para que Jack pudesse comer também. Seria uma longa noite...

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