Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 18

Minha voz baixa se mesclou à fria brisa noturna, o vento acariciava minhas bochechas com seus dedos gelados enquanto distraída eu cantarolava a letra de Angie dos Rolling Stones. Já havíamos chegado ao fim da última semana de Novembro, sendo assim, o Outono chegaria ao fim logo e com o início de Dezembro viria o rigor gelado do Inverno.

Observando a escuridão que engolia o horizonte, eu me mantinha alerta a cada detalhe, mesmo que minha mente tentasse repetidas vezes levar minha atenção aos pensamentos conturbados em minha cabeça. Faziam quatro dias que havíamos chego em Alexandria, após a cansativa viagem de volta, na manhã seguinte sairemos cedo para a ida ao Reino.

Ficou combinado que após nossa visita ao Reino, com ou sem a aliança, um grupo seria enviado a Hilltop para iniciar os treinamentos de todos que quisessem lutar. Sendo assim, eu teria uma semana consideravelmente cheia com os treinos e viagens entre as comunidades.

Entretanto, assumir um turno na vigia e fingir que não existo, foi uma ideia mais atrativa do que enfrentar uma conversa assustadora sobre sentimentos com Carl. Estava fugindo constantemente do garoto desde que voltamos à comunidade, sempre inventando algo pra fazer quando ele se aproximava, mesmo que isso me deixasse exausta.

A verdade é que admitir mesmo que apenas em minha mente, o fato de eu estimar o garoto Grimes como muito mais do que um simples amigo, me fazia tremer da cabeça aos pés. Por tudo que é mais sagrado, é a primeira vez que eu me apaixono de verdade, como eu saberia o que fazer?

É ridículo que eu esteja preocupada com algo tão banal dada a situação em que nos encontramos, mas está sendo quase impossível refrear meu nervosismo. Eu já tive um "quase relacionamento" antes disso, quando eu tinha 16 anos e tinha fugido a pouco tempo do posto avançado dos Salvadores.

Ela era bonita, me fazia bem e éramos boas juntas, mas sempre fomos mais amigas do que "namoradas". Eu realmente gostava dela e o que tivemos foi muito importante pra mim, mas gostar nunca foi o mesmo que amar. Não como eu amo Carl...

Meus pensamentos foram interrompidos quando uma movimentação em minhas costas chamou minha atenção. Um suspiro estrangulado de susto escapou de minha garganta ao mesmo tempo que eu erguia meu rifle, mas senti meu corpo relaxar quando encontrei apenas uma Enid, com os braços erguidos em rendição atrás de mim.

-Não deveria chegar de fininho nas costas de uma pessoa armada, poderia estar morta agora! - reclamei a olhando feio, Enid riu de minha carranca.

-Eu diria que você não precisaria desse rifle para me matar, soube de um pássaro azul que você é letal com uma faca de cortar pão. - a garota brincou, ajeitando nos braços o próprio rifle e se postando ao meu lado.

-Esse pássaro azul é um baita fofoqueiro... - murmurei contendo uma risadinha, sabia que era de Carl que ela estava falando. Naquele momento, pensei ter visto um breve vulto nas árvores, não muito longe do portão.

-Não posso discordar. Qual o nome da música que você estava cantando? Sua voz é bonita. - Enid questionou tirando minha atenção por um instante.

Quando virei o rosto novamente não havia mais nada lá, então apenas ignorei o tal vulto, decidindo ser apenas uma alucinação do cansaço de várias noites mal dormidas. Foi teimosia minha não ter ido descansar, mas agora não tinha muito como voltar atrás.

Eu adorava a companhia da garota, a forma como ela consegue tornar qualquer coisa mais leve e o jeito como cuida dos outros sem nunca ser invasiva, senti falta dela em meio a correria dos últimos tempos. Enid era o que eu tinha de mais próximo a uma melhor amiga de infância do mundo antigo, mesmo que tenhamos nos conhecido a pouco tempo, eu sentia profundamente que podia confiar nela.

Angie, dos Rolling Stones. Meu pai gostava dela, vivia murmurando a letra quando brigava com a minha mãe, antes do mundo acabar. Eles estavam se divorciando. - expliquei indiferente, na época aquilo tudo foi um trauma, eu tinha medo de ficar sem família por causa do divórcio, só é uma pena que os zumbis tenham sido mais rápidos.

-Essas coisas parecem tão distantes agora, né...? Acho que quando tudo desmoronou as pessoas finalmente entenderam que a vida é muito curta e frágil... Não vale a pena viver sem amar. - ao dizer isso, Enid finalmente fixou seus olhos em mim, senti minhas bochechas esquentarem ao finalmente compreender o que ela estava fazendo alí.

-Eu queria ter te contado primeiro, mas pelo visto o filho do Xerife é rápido no gatilho. - reclamei revirando os olhos, estava envergonhada, mas ao mesmo tempo aliviada por não ter que explicar toda a situação desde o início.

-Esses são os problemas de vocês dividirem até a melhor amiga! - Enid riu e eu a acompanhei negando com a cabeça, ela é uma figura.

-Não vai me contar o que ele te disse, não é? - mordi o lábio inferior, subitamente nervosa.

-O máximo que posso dizer é que você deveria se abrir com ele. Carl me daria um tiro se ouvisse o que vou dizer agora, mas ele é sensível, se magoa muito fácil e é inseguro. Esclareça as coisas, ele sempre pensa demais em tudo, e acha que é culpa dele por você ter se afastado desde que chegaram. - Enid falou calma, voltando a encarar o horizonte, prestei atenção em cada palavra sua.

-Eu vou pensar sobre isso tudo, conversar com ele quando estiver pronta... - foi minha breve resposta.

Enid apenas assentiu com um sorriso calmo e mudamos o assunto para algo mais leve. Nosso turno na vigia passou rapidamente, sem qualquer problema maior que um ou outro errante perdido. Quando a manhã seguinte chegou, junto dos primeiros raios de Sol, uma sensação estranha e inquietante de que algo estava errado envolveu meu estômago. Só rezava para que pelo menos dessa vez, a minha maldita intuição estivesse errada.

XXX

Sem qualquer ânimo em mim, carreguei como podia uma última caixa até o trailer. Eram pouco mais de sete da manhã, o frio de fim de Outono era o suficiente para transformar minha respiração em uma leve fumaça pálida a cada lufada, fazendo a pele de minha face arder por estar a algum tempo correndo pra lá e pra cá com todo tipo de caixa em meio ao vento gelado.

Após checar pela milionésima vez a lista de tudo que precisávamos para a viagem, desci do trailer e me aproximei do pequeno grupo que se despedia de quem ficaria em Alexandria. Meu primo havia chegado aqui a pouco mais de meia hora, seria nosso guia até a nova comunidade, então estava ajustando todos os detalhes do percurso com Rick e Daryl.

Carl observava a conversa com Judith no colo, a loirinha ria de uma ou outra careta que o garoto fazia, era uma cena muito fofa. Me aproximei dos dois um pouco sem jeito, mas relaxei quando a criança estendeu os bracinhos em minha direção para que eu a pegasse no colo.

-Hey, Judy... Você parece estar maior do que quando cheguei aqui, nesse ritmo em pouco tempo não vou mais conseguir te carregar! - murmurei com um sorriso calmo, a pequena riu enquanto brincava com algumas mechas escuras e bagunçadas do meu cabelo.

-Lisse é linda! - Judy falou de repente, me surpreendendo, meu sorriso aumentou e deixei um beijo suave em sua bochecha gordinha.

-É mesmo? Quem disse isso pra você? - perguntei brincando com uma das mãozinhas da criança, Carl pareceu desconfortável com a pergunta, imediatamente desviando o olhar.

-Não pode contar! Shh! - ela colocou um dedinho pequeno em frente aos lábios, sinalizando que era um segredo.

-Por que não pode me contar? - arqueei uma sobrancelha, um sorriso de canto em meu rosto, Carl parecia subitamente se interessar muito por suas botas.

-O maninho que pediu! - ela anunciou por fim, mas cobriu a boca assim que terminou de falar, o garoto Grimes ficou vermelho como um pimentão.

-Dedo-duro... - ele resmungou para a irmãzinha, que caiu na risada, parecia achar toda a situação muito engraçada.

-Bom, Judy... Já que você é tão boa em guardar segredos, quero que guarde um pra mim também! Pode fazer isso? - perguntei sorrindo.

-Sim! - ela respondeu animada, ganhando outro beijinho meu em sua bochecha com a resposta.

-Então... Você tem que prometer pra mim que não vai contar pro maninho... - comecei a falar, sentindo meu coração acelerar a cada palavra, enquanto olhava fixamente para Carl - Que eu gosto muito dele, muito mesmo... E que acho ele lindo demais... Você promete? - me virei para Judy novamente ao fazer a última pergunta, sem coragem suficiente para encarar o garoto após aquela quase declaração.

-Sim, de dedinho! - a pequena me mostrou a mãozinha, apenas com o mindinho levantado, e eu entrelacei meu dedo ao dela para firmar nosso pequeno juramento.

Quando finalmente tive força suficiente para levantar o rosto, senti cada célula do meu corpo se agitar com a intensidade do olhar fixo em mim. Carl não precisou de uma sequer palavra para me dizer que era recíproco, a imensidão azul tão inundada de sentimentos que era sua íris foi muito mais do que o simples suficiente para mim.

A passos lentos, o garoto Grimes veio até mim e me estendeu sua mão, que eu aceitei sem precisar pensar. Nossos dedos se entrelaçaram de forma automática, nossas mãos se completavam com tamanha perfeição que pareciam feitas unicamente para essa função. Com toda a sutileza do mundo, ele ergueu nossas mãos unidas e selou seus lábios em um breve beijo nas costas de minha mão, fazendo com que eu me arrepiasse da cabeça aos pés com esse mero gesto.

-Claire, está na hora de ir. A menos que estejam muito ocupados, é claro! - a voz de Paul chamou minha atenção de repente, senti minhas bochechas esquentarem e só não lhe dei o dedo do meio porque estava com as duas mãos ocupadas.

Daryl e Rick apenas observavam a cena em silêncio, com sorrisos divertidos no rosto. Rick piscou de leve para mim e eu apenas ri da situação. Próximos ao trailer se encontravam Carol, Michonne, Maggie, Glenn, Abraham, Sasha, Tara e Rosita.

Nos despedimos de algumas pessoas, alguns nos desejavam boa sorte com animação, outros pareciam apreensivos com tudo aquilo. Eu fazia parte dos poucos apreensivos, mas o dia até o momento parecia tão bom que eu decidi apenas ignorar aquela intuição estranha.

-Boa sorte lá, e voltem logo! - Enid disse a mim e Carl, quando entreguei Judy a ela e o mais alto deixou seu amado chapéu de xerife sobre a cabeça da irmã e lhe deu um beijo na testa de despedida. Enid, junto de Padre Gabriel e Olívia cuidariam da loirinha e de Hershel Jr para Maggie e Glenn durante a viagem.

-Não se preocupe, estaremos de volta antes mesmo que sinta nossa falta. - falei com um sorriso leve, abraçando a mais alta de lado.

-Acho bom! - ela brincou, se despedindo de Carl também.

Jack se aproximou de mim e lambeu as pontas de meus dedos, eu me abaixei e abracei meu amigo com força. O cão, que já devia pouco mais de dois anos, abanou a cauda e lambeu animadamente meu rosto, quando me afastei um pouco balancei a pelagem macia de suas bochechas e fiz carinho em suas orelhas. Eu não gostava da ideia de deixá-lo para trás, mas sua segurança era mais importante que o meu desconforto ao não tê-lo comigo.

-Proteja Judy e Enid por nós, está bem? Logo estaremos de volta! - murmurei segurando as laterais do focinho de Jack e o cão latiu em concordância, caminhando até Enid e Judith e se sentando na calçada ao lado da garota.

Ao entrar no trailer junto dos outros, observei pela janela enquanto a comunidade que me acolheu e se tornou minha casa ficava para trás. Senti no fundo do meu coração que voltaria a Alexandria, não importa o que aconteça, lá agora era meu lar e eu lutaria até o fim por essas pessoas. Pela minha nova família...

XXX

Uma pequena onda de esperança me invadiu com a visão diante de meus olhos, esperança de que talvez fosse possível vencer essa guerra, de que talvez ainda houvesse um futuro para todos. O Reino era enorme, maior que Alexandria e com mais pessoas, crianças, parecia quase encantado em meio ao caos do resto do mundo.

Antes de entramos, dois homens usando armaduras improvisadas e montados à cavalo nos receberam do lado de fora, fizeram um breve "interrogatório" e recolheram nossas armas, não fiquei muito satisfeita em entregar meu revólver mas não protestei.

Eles agiam de forma um pouco teatral, pareciam levar a sério essa coisa de "Reino", mas acho que depois do fim do mundo qualquer um que tenha sobrevivido pirou um pouco. Além disso, todo o lugar me lembrava sutilmente um reino medieval, era bonito. Haviam jardins a perder de vista, com árvores frutíferas que eu imaginei serem as provedoras de alimento à comunidade, também hortas, plantações e um estábulo com vários cavalos de diferentes cores.

Meus olhos se prenderam aos animais e não pude conter um sorriso nostálgico. Faziam anos que eu não via um cavalo vivo, quanto mais vários, lembranças da infância me vieram à mente. Meu avô me ensinou a montar quando eu fiz oito anos, ele tinha uma fazenda pequena em uma cidadezinha de Ohio, era um homem simples e gentil, mas passou a sorrir menos depois que a vovó se foi.

Minha família passou o começo do surto naquela fazenda, as coisas ficaram bem por uns meses, mas logo a fazenda foi invadida pelos mortos e tivemos de ir embora. Meus tios e o vovô morreram naquela noite, então meus pais praticamente adotaram Paul naquela época.

-Gosta de cavalos? - Carl me perguntou baixo quando os outros se afastaram, assenti devagar.

-Me trazem boas lembranças... E você? - dei de ombros, inconscientemente enlaçando minha mão a do garoto, ele também assentiu.

-Sim, me lembram a época em que conheci Maggie e a família dela, sinto falta deles. - um sorriso triste estampou o rosto de Carl.

Ele havia me contado sobre sua estadia na fazenda do pai de Maggie, o tiro que tomou por causa de um servo, zumbis em um seleiro, como foi dolorido para ele na época perder Sophia, o sofrimento de Carol ao perder a filha.

O grupo de Rick já havia passado por tanta coisa, tantas perdas, a ideia de que eles poderiam perder Alexandria também me fez estremecer. Eles eram pessoas boas, não mereciam tanto sofrimento.

-Vamos, não fique com essa cara... Isso tudo foi difícil, mas já passou. O que nos resta é viver o agora. - foi tudo o que o garoto disse, com um sorriso calmo em seu rosto, antes de me levar com ele para acompanhar os outros.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro