Capítulo 7 - Mudar Destinos
- Já decidiram sobre qual livro cada um vai falar sobre? - Perguntou Camila.
Estávamos no restaurante Aureo, há sete meses atrás. Era a época em que eu trabalhei lá. Camila, Dave, Mike e eu estávamos conversando sobre como apresentaríamos um trabalho de escola sobre nossos livros favoritos. Meu chefe na época me permitiu ficar conversando com eles, contanto que não houvesse muitos clientes chegando.
- O meu é óbvio. - Eu disse. - "O Senhor das Moscas".
- Eu também já decidi o meu. - Mike dizia. - "O Poço e o Pêndulo".
- O meu também. - Dave disse. - Qualquer livro sobre Sherlock Holmes.
Dave sempre se mostrou um grande fã de Sherlock Holmes, o que era um pouco inesperado, já que não havia nada de anormal nos casos criados por Arthur Conan Doyle.
- Porque gosta tanto de Sherlock Holmes? - Decidi perguntar de uma vez.
Camila pareceu bastante interessada na resposta, Mike nem tanto, ele agia como se já soubesse da resposta.
- Porque ele é incrível! - Dave disse com os olhos brilhando. - Ele consegue resolver qualquer tipo de caso e analisa qualquer situação com facilidade, não é? Imaginem ele resolvendo algum caso "anormal"!
- E então você lembra que ele só existe na ficção... - Disse Mike.
- Mas na vida real temos o Luís, que é quase um Sherlock Holmes quando analisa tudo ao seu redor. - Dave disse olhando para mim.
Antes que eu pudesse respondê-lo, percebi que uma outra garçonete estava prestes a escorregar e deixar cair os pratos e copos que ela tinha em mãos. Mesmo não sendo tão rápido, percebi a tempo de conseguir segurá-la pela cintura, impedindo que ela caísse e quebrasse tudo.
- Isso é impossível... - Mike dizia.
- "Se eliminarmos o impossível, tudo o que resta, por mais que improvável, deve ser a verdade". - Dave disse para Mike. - E tudo é possível para o nosso Sherlock Holmes.
Aquela foi a primeira vez que Dave usou aquela frase na frente de todos nós e desde então à repetimos diversas vezes.
Mas naquele momento eu não sabia que até mesmo salvar aquela garota de cair, poderia mudar muita coisa.
Após agradecermos Fátima pela visita, Camila e eu saímos da casa dela. Precisávamos parar e pensar sobre tudo aquilo e não queríamos envolver Fátima nisso. Decidimos ir direto para minha casa o mais rápido possível. Expliquei toda a carta para Camila, para que ela me ajudasse. Mesmo antes de tudo isso acontecer, minha própria irmã já havia feito um desenho com o nome das Moiras e com o símbolo do Purson. Tanta coisa estava acontecendo debaixo do meu próprio nariz desde o início, como eu não havia percebido?
Novamente, tanta coisa decidiu acontecer ao mesmo tempo que eu não sabia o que fazer. Ainda precisava achar a pessoa que upou aquele vídeo sobre Purson, perguntar para a minha irmã da onde ela tirou as ideias para aquele desenho, entender tudo por trás da carta de Dave e talvez o mais importante: analisar a mais nova foto de Purson.
- Mudar destinos... - Pensei em voz alta.
"Eles estão atrás de você por causa disso, porque você muda destinos", foi o que Dave disse na carta. O que isso queria dizer? Em algumas partes da carta, ele também diz que eu mudei o destino dele e que agora ele iria me retribuir por aquilo. Eu não entendia nada daquilo, mas entendia que eles estavam atrás de mim.
- Eles estão atrás de mim por mudar destinos, mesmo eu não tendo ideia do que isso quer dizer. - Eu disse enquanto corríamos para minha casa.
- Acha que querem te matar? - Camila perguntou.
- Eu não tenho certeza... - Eu dizia. - De acordo com a carta de Dave, eles queriam que eu morresse na explosão, mas de acordo com a Anna, o meu futuro é importante para eles. Se querem me matar, não acho que eu seria tão importante assim.
- E quem você acha que eles são? - Camila perguntou bastante ofegante.
- Moiras. - Respondi de imediato. - Criaturas descritas na mitologia grega como divindades que controlam o destino de todas as criaturas vivas.
Camila não pareceu espantada pelo o que eu disse, pelo contrário, ela riu.
- Ao invés de eliminar o impossível, está considerando ele, não é? - Camila tinha um belo sorriso no rosto. - Era isso que sempre buscaram, algum mistério tão grande, que a lógica comum não podia responder.
E apenas se considerarmos o impossível que esse mistério será solucionado. Agora que sabemos que são Moiras, algumas coisas que antes não faziam sentido, conseguiram respostas, desse modo, acredito que já consegui desvendar boa parte de tudo isso, mas ainda assim, parecia que aquilo nunca acabava.
Quanto mais corremos, mais ideias passavam pela minha cabeça. Os Moiras pode saber do destino de todos, mas não parecia que eram onipresentes. A dama do vestido negro precisou estar lá em uma forma humana para tirar a foto, ao invés de usar qualquer que seja o poder deles. O mesmo com o fotógrafo do "Sorriso", ele estava lá e até mesmo falou "boom" antes da explosão. Agora pensando bem... A voz na gravação, não era a voz de um garoto mais novo?
Pensar em um garoto mais novo me fez lembrar do garotinho pelo qual Anna sacrificou sua vida, mas com todos aqueles carros de polícia no beco do lado do prédio, como todos nós conseguimos ver aquele garoto fugindo?
Assim que chegamos na minha casa, procurei por Emília, mas ela não se encontrava em lugar algum.
- Acho que ela iria sair com uma das amigas da escola... - Eu dizia. - Ela me falou sobre isso ontem, mas não prestei muita atenção, por isso que nem minha mãe está em casa, ela deve ter ido levar a Emília.
- Assim não conseguiremos descobrir nada sobre o desenho dela. - Camila disse preocupada.
- Falamos com ela depois, temos que organizar tudo que sabemos até agora. - Eu disse me dirigindo ao meu quarto.
Antes de sair de vez da sala, percebi um desenho de Emília em cima da mesa de centro. Decidi pegá-lo e analisá-lo depois, depois do desenho que ela fez para Dave, eu não duvidaria que algo mais poderia aparecer.
- O que temos? - Perguntou Camila assim que chegamos no meu quarto.
Já estava praticamente confirmado de que tudo aquilo foi feito por Moiras e elas por algum motivo, estavam atrás de mim. Elas entraram em contato direto com Anna e provavelmente com Dave também, por algum motivo, ambos aceitaram de bom grado à seguirem as ordens que as Moiras os deram, mesmo isso levando-os para a morte. Antes de irem mesmo para suas mortes, os dois conseguiram enviar uma mensagem para mim, ao que pareceu, eles fizeram isso sem que as Moiras percebessem, Anna enviou o endereço do local e Dave escreveu a carta. De acordo com a carta de Dave, eles queriam que eu morresse na explosão, mas meu melhor amigo se rebelou e não me convidou para o local da foto, já Anna, sempre repetia que eu não poderia burlar o destino.
- Por que acha que tem essa diferença tão grande em como o Dave lidou e como a Anna lidou com as Moiras? - Camila perguntou.
- Ainda não tenho certeza, mas eu imagino que seja uma coisa. - Eu dizia. - Dave sempre acreditou muito em mim, mesmo em situações em que nem eu mesmo acreditava, ele com certeza não daria ouvidos para as Moiras se elas dissessem que eu não teria escolha se não apenas aceitar o destino, que no caso, seria a minha morte. Anna, por outro lado, não me conhecia muito, então acreditou em tudo aquilo sem pensar duas vezes, o que ela deixou bem claro, repetindo tantas vezes sobre o quão impossível de mudar é o meu destino.
Anna sabia bastante sobre a minha vida, mas talvez as Moiras passaram apenas poucas informações para ela, coisas que fariam ela desacreditar no meu potencial, desse jeito, ela conseguia ser tão negativa.
- "Mudar destinos" talvez seja salvar vidas. - Eu dizia. - Já que salvei a de Anna, pelo menos por um tempo e salvei minha irmã no acidente que matou nosso pai. Talvez por ir contra o que as Moiras queriam para o destino delas, agora querem me matar.
- Mas na carta de Dave, ele dizia que você também o "salvou". - Camila dizia.
- Eu sinceramente não lembro de nenhum momento em que eu talvez tenha salvo a vida de Dave, então não sei do que ele estava falando naquela parte da carta. - Comecei a ligar o computador. - Talvez as Moiras colocaram coisas na cabeça dele também, não temos como saber sozinhos... Precisamos de mais alguém.
Imediatamente fui até o vídeo sobre o Purson e tentei procurar pelo nome da pessoa que o postou. Como era de se esperar, não havia nome algum, apenas um espaço em branco. Daquele modo, não havia como entrar em contato com ele.
- Que tal falar com quem te mandou o vídeo? - Camila dizia. - "Alguma coisa Poe", não era?
- Você até que lembrou bem do nome, mas não... Não precisaremos da ajuda dele. - Eu disse com um sorriso no rosto. - Se não conseguimos descobrir quem postou o vídeo, podemos fazer com que ele diga...
Camila se mostrava bastante confusa. A pessoa que postou o vídeo estava interessado na resposta de tudo isso tanto quanto eu, tanto que quase nos encontramos no dia da morte de Anna. Não fazia ideia de como era o modo de pesquisa dele e como ele conseguiu descobrir sobre as Moiras e sobre Purson, mas ele era a única pessoa que podia fechar algumas pontas das minhas teorias.
Decidi mandar uma mensagem direto na conta dele, mesmo que talvez ele não tivesse mais acesso à aquela conta, mas eu sabia que ele tinha.
"Um dos Moiras é uma mulher adulta e um outro é um garotinho" foi o que eu o mandei. Algo direto e sem detalhes, mas se ele realmente estivesse investigando aquilo, ele daria alguma atenção.
- Está blefando? - Camila perguntou.
- Eu acredito que não. - Respondi. - A mulher adulta já é óbvio, eu mesmo à vi quando a Anna quase caiu do prédio, de acordo com Anna, foi ela quem a convenceu de fazer tudo aquilo...
- E o garoto? - Camila perguntou, mas ela mesma percebeu antes de eu falar. - Ah! O garoto que falou sobre a mulher que levou um tiro, mesmo antes disso acontecer!
- Que eu acredito ter sido o mesmo garoto que tirou a foto do "Sorriso". - Eu dizia procurando pela foto no meu celular. - Eu estava pensando nisso enquanto corríamos para cá, mas olhe esta foto, não percebe algo de diferente no ângulo dela?
Enquanto Camila tentava achar do que eu estava falando, abri a gravação que Dave fez do "Sorriso" antes da explosão. Seria difícil perceber do que eu estava falando sem alguma outra versão do que aconteceu, para comparação. Pausei a gravação no momento em que o "Sorriso" faz a famosa pose, pedi para Camila analisar e comparar esses dois momentos, a foto "oficial" e a gravação de Dave.
- Não consigo ver o que você está falando... Ou talvez... - Camila parecia bastante concentrada. - É difícil de perceber, mas parece que a foto foi tirada de um ângulo mais baixo que o vídeo... Como se uma criança estivesse segurando a câmera.
- Exatamente. - Eu disse para Camila.
Camila abriu um grande sorriso ao perceber que estava certa. Um sorriso tão bonito que me fez esquecer de tudo aquilo por alguns segundos.
"Mas com certeza sente vontade de beijá-la novamente".
A frase de Anna ecoou na minha cabeça novamente, me fazendo voltar para a realidade.
- Bem... Pouco antes da explosão podemos ouvir alguém falando "boom" com uma voz infantil. - Eu dizia, evitando olhar para Camila. - Ele também mostra que sabia o que aconteceria, assim como o garoto que apareceu no prédio um dia depois, por isso acho que ele também seja um Moira.
- Mas se for assim... Por que ele disse "boom" antes da explosão e por que ele apareceu no prédio para distrair todos? - Perguntou Camila.
- Eu tenho uma teoria do porque ele apareceu no prédio... - Eu dizia. - Acho que ele quis atrasar todos para que não me alcançassem, assim só eu chegaria até a Anna e só eu veria a Moira, já sobre ele ter dito "boom" antes da explosão, eu tenho algumas teorias, mas nada demais...
- Você conseguiu descobrir muita coisa em tão pouco tempo... - Camila dizia. - Você é mesmo muito incrível por conseguir isso, enquanto eu estou aqui não ajudando em nada...
- Isso não é verdade... - Eu dizia, ainda tentando evitar contato direto. - Eu só cheguei aqui a partir da ajuda de muitas pessoas, seja o pessoal que conheci na internet, você, Rick e até mesmo os Moiras. Eu não sou tão incrível, você é, por ter estado sempre do meu lado em todos esses dias, nem ouse se achar inútil, se não eu deixo você achando que eu morri de novo, hahaha.
Aquela risada foi a primeira que dei em muitos dias. Todo esse mistério tem me desgastado tanto que às vezes nem lembro mesmo quem sou, por isso Camila sempre está comigo, pois ela consegue me trazer para o mundo real rapidamente. Ela sempre fez isso, desde a época que namorávamos. Quem sabe depois disso eu não possa pedí-la em... Não, melhor não.
- Se me deixar tão preocupada de novo, eu juro que te mato! - Camila disse com o sorriso lindo dela no rosto.
Infelizmente, para cortar nossa primeira conversa divertida em dias, uma notificação chegou para mim, mas dessa vez só uma, sem o nome do remetente... Era a pessoa que upou o vídeo. Sem demora, li o que ele mandou.
"Não esperava que o próprio Luís Titor fosse entrar em contato comigo. Talvez esteja querendo saber como descobri sobre as Moiras, não é? Eu também quero saber sobre o seu envolvimento nesse caso. Se quiser conversar, venha até minha casa, deixarei o endereço em anexo, mas creio que você já conheça o local. Venha quando puder".
Ele foi direto ao ponto, queria que nos encontrássemos para conversarmos. Não achei aquilo anormal, alguém em um caso assim dificilmente iria querer conversar pela internet. Fora que... Sou eu na foto mais atual.
- Ele falou como se já te conhecesse... - Camila comentou.
- Não é tão anormal quanto parece. - Eu explicava. - Ele e eu estamos investigando a mesma coisa, ele deve ter ouvido meu nome no prédio onde Anna tentou se jogar ou algo assim. Não é como se ele saber meu nome é algum problema, as Moiras já estão atrás de mim de qualquer modo, que mal ele me faria?
- Então você vai? - Camila perguntou. - Ainda tem a questão da foto...
- E se eu te disser... Que as duas questões são a mesma? - Virei o monitor para que Camila visse o anexo que foi enviado. - O endereço da onde ele mora, é do lado de uma certa praça...
- Não me diga que é o mesmo? - Camila perguntou.
- Que tal analisarmos logo a foto? - Perguntei enquanto colocava a nova foto, apelidada de "O Disparo" na tela do computador. - Acha que consegue analisar?
- Por que está fazendo com que eu analise as coisas hoje? - Camila perguntou. - Algum motivo em especial?
- Nenhum, só acho que seria legal você tentar um pouco também. - Eu disse com um sorriso no rosto.
Eu realmente tinha meus motivos para aquilo, mas eu não precisava dizer ali.
- Tudo bem, eu faço... - Camila dizia tomando um ar. - O nome da postagem dessa vez é "-Infinito", sem nenhum número, então não dá pra saber se terá vítimas... eu acho. Na imagem tem você apontando uma arma para alguém que não dá para ver. A foto parece ter sido tirada do alto, talvez na cobertura de uma casa ou coisa assim, não está muito longe, mas também não tão perto. Você está em um praça completamente vazia, não há nem rastros de mais ninguém... E eu acho que isso é tudo que eu consigo.
- Você foi muito bem, hahaha. - Eu disse. - Poderá estar no meu lugar um dia.
- "Se eliminarmos o impossível..." - Camila disse fazendo voz grossa.
Rimos um pouco mais. Foi por poucos segundos, mas com certeza um dos melhores
da minha vida.
- Bem, agora é minha vez. - Eu dizia parando de rir. - É importante notar que por ser uma foto minha, eu posso alterá-la completamente, por exemplo, se você for comigo, você provavelmente estaria do meu lado nessa situação, pois eu tentaria te proteger de quem quer que seja... Eu nunca usei uma arma na vida, então não sei porque estou com uma, mas de todo modo, se sei que o fotógrafo está em cima de alguma casa ou coisa do tipo, porque não estou apontando para ele e sim para outro lado? Alguém ainda mais importante estava para o lado em que eu estava apontando aquela arma, alguém cuja a morte seria de extrema importância...
Ao dizer isso, várias ideias diferentes vieram na minha cabeça, mas achei melhor não contá-las para Camila agora, haveria um momento certo para isso... E isso seria em breve.
- Como você também percebeu, a praça em que a foto foi tirada é a mesma praça próximo da casa da pessoa que upou o vídeo, ou seja, de certo modo, está tudo conectado e descobrimos facilmente onde a foto foi tirada. - Eu continuava. - O nome da postagem que é curioso... "-Infinito", como em "infinito negativo"?
- De todo modo, você vai evitar o local da foto, não é? - Camila perguntou. - Para mudar o destino que as Moiras colocou em você e provar que você está acima delas...
- Eu com certeza estarei lá do jeitinho que estou na foto. - Eu dizia com um sorriso no rosto. - Mas mesmo assim vou provar que estou acima delas...
- Então eu vou com você! - Camila disse mais alto do que devia. - Quero estar lá para que tenhamos certeza de que já mudamos o destino que eles viram!
- Eu não iria sem você. - Eu disse estendendo a mão para Camila. - Vamos agora então? Até a casa da outra pessoa que está investigando tudo isso.
Decidi que eu devia sair naquele momento exato, o mais rápido possível. Já que ele havia dito que eu podia ir à qualquer momento, porque não agora? Muitas respostas estavam me esperando lá e, melhor que isso, eu tinha certeza que as encontraria lá... E eu as faria ficarem abaixo de mim. Eu tinha quase todas as respostas necessárias para matar essa charada macabra que tomou vidas inocentes...
A praça ficava longe da minha casa, então tivemos que pegar um ônibus até lá. A viagem foi silenciosa. Eu estava concentrado pensando em tudo que estava acontecendo e em o que podia acontecer, Camila havia percebido isso e preferiu me deixar quieto. Sem perceber, em algum momento, comecei a segurar a mão de Camila.
- Você está com medo? - Camila perguntou. - Porque eu estou totalmente aterrorizada.
- Sim, estou com um pouco de medo, mas ao mesmo tempo... Me sinto invencível. - Eu dizia com um sorriso tímido. - Estou praticamente lutando contra os senhores do destino, tudo isso porque eles não conseguem me matar e porque eu mudo os destinos que eles criaram... Eu estou me sentindo muito incrível, hahaha.
Por mais que eu estivesse rindo, eu estava tremendo um pouco. Queria passar uma imagem de corajoso para Camila, mas estava sendo difícil, mas era aquilo que eu devia fazer para terminar tudo aquilo... Eu vingaria todos os inocentes mortos por "Purson", por esses três demônios que brincam com a vida humana.
- Vai ficar tudo bem. - Camila disse deitando a cabeça no meu ombro.
Ficamos daquele jeito até chegar onde devíamos. O ponto em que descemos era exatamente em frente à praça, que para nosso espanto, estava cheia.
- Talvez viemos no dia ou horário errado... - Camila disse.
- Mesmo assim, podemos ir visitá-lo. - Eu disse, bastante confuso com todas aquelas pessoas na praça.
A casa dele era muito próximo da praça. Ele morava em um pequeno conjunto de casas de aluguel, então era um lugar com várias casas de apenas um ou dois cômodos. Assim que chegamos lá, tocamos a campainha, apenas para que ninguém nos atendesse. Tentamos mais algumas vezes, mas ninguém vinha até a porta. Decidi bater na porta algumas vezes e mesmo com um pouco mais de força, nada mudava.
- Ele não está. - Camila disse virando as costas. - Realmente viemos no dia errado.
Olhei ao redor da porta e vi um pequeno vaso de flores. O levantei e tirei o fundo falso embaixo dele, mostrando que dentro havia uma chave.
- Como você sabia que tinha um fundo falso? - Camila está confusa.
- O desenho da Emília. - Eu disse tirando um papel do bolso. - Quando chegamos na minha casa, havia um desenho dela em cima da mesa, quando eu o vi, não achei grande coisa, mas achei melhor guardá-lo e bem, realmente foi uma boa ideia.
O desenho era dividido em várias partes. Havia o vaso de flores com a chave embaixo, havia também uma arma atrás de alguns livros e o mais estranho era que havia um laço amarrado no teto... Como se...
Destranquei a porta rapidamente e entramos correndo dentro da casa dele, só para o acharmos enforcado em sua sala de estar. Camila conteve o grito, mas começou à chorar ali mesmo. Eu estava confuso sobre aquilo... Ele havia falado comigo à pouco tempo, porque ele iria se matar? Era improvável que fosse um assassinato, pois percebi que a porta havia sido trancada por dentro, assim como as janelas, mas mesmo assim, aquilo parecia tão fora de lugar... E então me lembrei de Anna.
Anna não tinha coragem de se matar, mesmo querendo, então uma das Moiras apareceu e a deu motivos para fazer aquilo, o que resultou nela tentando se jogar do prédio ou dela se jogar na frente de um carro... Talvez fizeram isso com ele também, fizeram sua cabeça para que ele se matasse.
- Eles estão fazendo de tudo para me impedir de descobrir mais. - Eu dizia enquanto procurava pela arma atrás dos livros. - Eles estão com medo e por isso estão sendo tão radicais em suas ações, mas mesmo assim, irei superá-los.
Dei minha mão para Camila e a abracei forte.
- Prometo acabar com tudo isso e você nunca mais vai precisar chorar desse modo. - Eu disse em seu ouvido.
O abraço de Camila ficou ainda mais apertado, mas o choro começava a parar. Precisávamos sair dali e ir para a praça, tínhamos que chegar lá antes que eles chegassem. Eu os superaria.
Saímos da casa, a trancamos e retornamos a chave para o lugar de origem.
- Precisamos... Ligar para a polícia. - Camila dizia enquanto parava de chorar.
- Podemos ligar depois que tudo isso acabar, afinal, eu estou armado, hahaha. - Tentei forçar uma piada.
Camila entendeu e continuamos nosso caminho até a praça, que continuava cheia.
Durante a viagem e enquanto eu procurava pela arma, eu entendi duas coisas sobre a foto. O porque a praça estava vazia e porque eu estava apontando para aquele lado...
- Vamos parar aqui... - Eu dizia assim que chegamos em um ponto da praça. - Preciso te falar umas coisas.
Camila estava confusa.
- Tudo isso começou comigo e com o Dave procurando o impossível, não é? - Eu dizia. - Mas então Dave se foi exatamente pelo o que estávamos procurando, mais do que isso, ele partiu enquanto me salvava da explosão, então comecei a investigar para talvez vingá-lo... Até que acabei me perdendo nisso. Quando eu vi as notificações dele, sobre ele querer aquilo só para ele, decidi que eu resolveria esse mistério só para mostrar que sou melhor que ele, mas eu com certeza não sou. Sem muitos de vocês, eu não teria chegado nem mesmo à tempo de salvar a Anna de cair, quanto mais de descobrir que estamos lidando com Moiras...
Eu percebi que eu havia começado a chorar, mas Camila rapidamente começou a enxugar minhas lágrimas.
- As Moiras dizem que eu mudo destinos, mas isso está bem errado... - Eu disse enquanto tentava parar de chorar. - Foram todos vocês que mudaram meu destino, cada um dos meus amigos online, até o Rick, a Emília e com certeza... Você.
Camila também começava a chorar e as pessoas em volta começaram a notar.
- O que acontecerá aqui, eu sei que é imprudente, então por favor, não me odeie pelo o que farei.
E então a beijei. Não importava que estávamos em público e que os outros estavam olhando, eu precisava expressar meus sentimentos para Camila e ela os aceitou, me abraçando forte e retribuindo o beijo. Não durou muito, mas com certeza para nós, durou uma eternidade. Uma eternidade perfeita.
- Me desculpe. - Eu disse em seu ouvido.
Tirei a arma do bolso e à apontei para cima.
- O que está fazendo?! - Perguntou Camila.
- O motivo do porque a praça está vazia na foto, é esse. - Eu disse apertando o gatilho.
Várias pessoas ao redor começaram a correr, com exceção de Camila, que só estava perplexa.
- Preciso que fique exatamente aqui, não se mova não importa o que. - Eu disse antes de dar mais um beijo em Camila e me afastar um pouco.
Agora eu estava no local exato da onde eu estava na foto, eu havia conseguido criar a situação perfeita. A polícia com certeza seria chamada em breve, então eu devia ser rápido no que eu estava prestes a fazer.
- Apareçam! - Gritei. - Ou preferem que eu saía matando pessoas aleatórias igual vocês fazem?!
Sem que eu precisasse chamá-los mais uma vez, a dama de vestido negro apareceu no lado oposto da onde eu estava.
- O que acha que irá conseguir com tudo isso? - A mulher dizia. - Estou aqui, irá atirar em mim e me matar? O que isso muda pra você?
Olhei rapidamente para o lado onde o fotógrafo devia estar e realmente vi um garoto em cima de uma loja. Eles estavam aqui na minha frente, ao meu alcance!
- Não esperávamos por nada disso mais uma vez, bonitinho. - Disse a dama. - O destino de Camila que havíamos feito dizia claramente que ela ficaria para trás e você viria sozinho, mas mesmo assim, cá está ela.
- Vocês o mataram! - Eu disse sem deixar de apontar a arma para a dama.
- E odeio o título que você me deu: "dama do vestido negro". - Ela dizia. - Meu nome é Laquesis, aquele lá em cima é Clóto e...
Antes que Lachesis terminasse sua frase, eu apontei a arma para Camila, que se assustou.
- Não seja idiota, garoto! - Lachesis gritou. - Não há porque tirar uma vida inocente só para provar que pode mudar destino!
- E vocês não precisam matar pessoas através de um maldito de um quebra-cabeças imbecil! - Eu gritava cada vez mais alto.
- Garoto, é algo bem mais complexo que isso... - Lachesis dizia, mas antes dela terminar, eu a interrompi.
Aquele era o momento da foto. A pessoa para quem eu apontava a arma não era nenhuma das Moiras e sim Camila, a única pessoa ali cuja a morte era de importância para todos. As Moiras acharam aquilo inesperado e não sabiam como lidar com aquela situação, por isso fingi que eu estava nervoso, assim pensariam que eu havia perdido o juízo e que poderia fazer qualquer loucura só para provar meu ponto. E foi exatamente isso que fiz.
Vendo lágrimas caindo aos montes dos olhos de Camila, eu puxei o gatilho, mas Mike entrou na frente da bala.
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