88; Who are the wolves in your head?
c a m e r o n
São exatas quatro da manhã e eu continuo encarando o mesmo teto branco, eu estou agarrado ao corpo de Ebony, posso não estar demonstrando mas o medo está me consumindo pouco a pouco. Sinto energias negativas me rodiarem e a vontade de sumir crescer a cada segundo.
Mesmo não vendo seu rosto, sei que ela também está acordada, talvez encarando o teto ou a mim. A luz mínima que entra na janela é a única coisa que me permite enxergar o local.
Uma corrente elétrica passa por todo meu interior e a insegurança se forma como uma bolha ao meu redor. Eu odeio me sentir assim, sozinho.
— Quem são os lobos em sua mente? — Ebony pergunta com a voz rouca pela falta de fala, confirmando minha hipótese dela estar acordada.
— Nada demais. — minto. Seus dedos percorrem meus fios de forma carinhosa e reconfortante.
— Não seja bobo, somos pessoas, Cameron. E pessoas estão constantemente sendo machucadas e acabam machucando outras. Você não precisa fingir que está tudo bem, seres humanos são frágeis e quebradiços. — arfei em desespero pela vontade insaciável de chorar como uma criança medrosa pedida no escuro.
— Eu estava tentando não chorar mas você não facilita meu lado. — ela solta um risinho e um leve sorriso aparece em meu rosto em meio as lágrimas que escorreram.
— Nós podemos fingir que é suor hetero saindo dos seus olhos. — foi a minha vez de soltar um risinho.
Ajeitei meu corpo na cama, ela apoiou sua cabeça em sua mão, virando em minha direção enquanto eu apenas voltei a encarar o teto, cruzando as mãos sobre a barriga.
— Eu só... Sinto que as paredes estão desmoronando e ninguém está lá para me ajudar. Como se não sentisse nada e ao mesmo tempo todos os sentimentos estão pressionados sobre mim. — suspiro cansado de tudo isso.
— Nós somos dois fodidos. — foi a vez dela de usar meu peito como travesseiro.
— Toda poeta a dois minutos atrás e agora me vem com essa? — rimos baixinho outra vez.
— Nada é mais poético do que a pura verdade.
— Se fossemos fodidos em uma praia no Havaí já seria lucro. — ela concordou.
— Pensando bem, nós podemos ser fodidos em uma praia no Havaí. — seus olhos procuraram os meus como se quisessem saber se eu havia entendido a mensagem.
— Não seria má ideia. — voltamos as silêncio confortável e eu não conseguia controlar o sorriso de canto.
Nós vamos fugir.
Juntos.
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hey :) sei que demorei séculos mas estou de volta e consegui escrever até o cap final do livro, sim estamos em reta final :(
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