c a m e r o n

"Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo, vai dar tudo certo", isso se repetia centenas de vezes em minha mente, as vezes acho que se repetirmos muitas vezes pode se tornar verdade.

Já deixei Ebony e estou dirigindo de volta para casa, irônico, é o último lugar que me sinto em casa. Sinto que tomarei outro sermão, ou talvez eles nem tenham percebido que eu saí.

Estacionei e segui para a porta de entrada. A abri lentamente segurando minha mochila em apenas um ombro. Ninguém se encontrava na sala, talvez já estivessem dormindo já que está tarde.

Segui para a cozinha em passos leves, ainda não entendo porquê esse medo está tomando conta de mim! São só seus pais Cameron, lidou com eles a vida toda, seja homem!

Ergui a coluna e caminhei confiante até a cozinha. Assim que meus olhos encontraram os olhos de pura decepção deles, meu corpo murchou e minha cabeça não conseguiu se manter para cima. Não sou um homem, apenas um garotinho assustado.

— Você é um irresponsável, Cameron. — seu tom não é alto e nem bravo, e sim de puro desgosto. Minha mãe continuava em silêncio, deixando apenas seus braços cruzados em forma de superioridade.

— Isso foi... Ridículo! É a única palavra que consigo encontrar para definir sua infantilidade, até quando será um rebelde revoltado com a vida?! Imagina se algo tivesse acontecido, isso iria refletir totalmente na empresa, Cameron! — por meros milésimos de segundos eu ainda achei que se tratava de preocupação comigo mas claro que alguns dias fora não mudariam seus pensamentos de dezessete anos.

Soltei o ar em forma de um riso irônico, isso não pode estar acontecendo, prefiro acreditar que ouvi errado. Balançei a cabeça reprovando tudo.

— Vocês. — levantei meu olhar pela primeira vez e apontei para os dois. — São o pior tipo de pessoa, frios e egocêntricos, são como parasitas.

Dei alguns passos para trás e saí novamente da casa, senti meus olhos ardendo e minha vontade de socar alguma coisa só aumentava.

— Pra onde você vai, Cameron?! — ouvi a voz da minha mãe de longe mas apenas levantei o dedo médio em resposta. Babacas do caralho.

Eu só preciso sumir.

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