𝟎𝟑. › DANÇANDO CONFORME A MÚSICA.
CAPÍTULO TRÊS.
▫ | DANÇANDO CONFORME A MÚSICA.
📍Torre da Vought, New York City
tw: cena de assédio sexual.
DO TOPO DA TORRE VOUGHT, Harlow podia ver toda a cidade de New York. O prédio era tão alto que ultrapassa todos os outros, e seu local de trabalho era justamente no último andar ─ o andar onde Stan Edgar reinava. O topo daquele edifício, acima de tudo e todos, como deveria ser a ordem natural das coisas. Um claro sinal de que, não importa quão fortes e poderosos aqueles supers fossem, eles nunca estariam acima deles. Ninguém estaria.
Daqui, Harlow podia ver tudo e nada ao mesmo tempo. As pessoas se tornavam pontinhos distantes passando pelas ruas, vagando pelas vielas. Os carros pareciam carrinhos de brinquedo e as nuvens estavam quase tão perto que Harlow poderia ousar querer tocá-las. Até mesmo o mais alto dos prédios se tornava pequeno comparado ao prédio da Vought, se tornava insignificante. Tudo se tornava insignificante se comparado com a Vought, com o poder e o domínio que ela tem.
Ela bebe seu café sem açúcar e com uma pitada de whiskey olhando pelas janelas. Harlow aproveita o silêncio, aproveita a calmaria antes da tempestade, se delicia com a paz que apenas aquela área proporciona. Todos os outros andares são movimentados, cheios de publicitários, acionistas, supers... Ali não. O andar do senhor Edgar é reservado unicamente para ele e sua secretária, e qualquer um que quiser vê-lo deve passar por ela primeiro.
Harlow gosta da paz, do silêncio. Mas seu interior clama pela noite, pelo fim daquele dia e a mudança imparável que está se aproximando. É um sentimento familiar.
Quase pode sentir o gosto na ponta da língua, amargo como seu café. Harlow bebe mais um pouco de sua xícara e as portas da sala de Stan se abrem. Instintivamente, seu corpo se volta na direção do homem vestindo um belo terno azul de alta costura. Garth Peck, empresário britânico. Parceiro publicitário da Vought. Ele circula Stan Edgar como um abutre há anos.
Na primeira semana de Harlow como secretária, ele surgiu de surpresa, agiu como se fosse o dono do lugar. Nem ao menos se apresentou, mas sorriu para ela. Galanteador. Garth era bonito e usava esse fato a seu favor. Ele era o tipo de homem que conseguia o que queria, quando queria. O tipo de homem que seu chefe deveria odiar, ainda mais quando agia com prepotência. Harlow conhecia Stan o suficiente para saber que ele era um homem que gostava de ter o controle. Garth agia como se fosse o dono da empresa, como se ele e Stan fossem amigos de longa data. A liberdade dele não tinha limites, algo que atiçou a curiosidade de Harlow.
Naquela tarde, quando ele surgiu novamente e entrou no escritório de Stan para mais uma reunião, Harlow se encaminhou para a cozinha em busca de Cecília Cotillard, uma das publicitárias da Vought. E ela estava lá, comendo batatinhas e conversando com Dylan, um cara desinteressante que faz parte do TI.
── Eu não parei de bater punheta para os outros por não ser boa ── Harlow escutou Ceci dizer, mas não houve surpresa, nem mesmo um cenho franzido. Harlow se aproximou naturalmente, curiosa ── Parei de bater punheta por ser a melhor. Durante três anos, bati a melhor punheta da região metropolitana. Pode perguntar, todo mundo vai te confirmar isso.
Dylan pareceu impressionado, e Ceci sorriu orgulhosa de seu feito. Harlow terminava de preparar seu próprio café, quando se voltou para os dois.
── O segredo é não pensar demais ── disse Harlow, se intrometendo na conversa. Ambos olham para ela ── Se você começa a se preocupar com técnica, se começa a analisar ritmo e pressão, perde a natureza essencial do ato.
── Basicamente, é como uma tacada de golfe ── assentiu Ceci, intercalando seu olhar entre os dois. ── Harlow sabe bem disso, pelo jeito.
Harlow murmurou positivamente, bebendo um pouco do líquido preto em sua xícara.
── Vocês duas participaram de algum tipo de competição ou o quê? ── indagou Dylan, franzindo o cenho.
── Nunca te vi em nenhuma das que participei ── Ceci olha para Harlow ao comentar, com uma perspicácia familiar por trás de seus olhos.
── Infelizmente, competições não fazem meu estilo ── respondeu a mulher.
── Trabalhei anos batendo uma por dinheiro ── disse Ceci. ── A propósito, se você conhecer a Shardelle, não dê confiança para o que ela diz. Não parei de bater punheta por não ter talento. O trabalho na Vought paga melhor do que ela.
── Espera aí, existe mesmo uma competição de punhetas? ── Dylan indagou com os olhos arregalados. Harlow e Ceci se entreolham, começando a rir.
Para conter um pouco da risada, a secretária bebe um pouco mais de seu café, enquanto a outra se segura na bancada. Dylan ainda permanece pasmo, encarando as duas, mas depois sai, balançando a cabeça de um lado ao outro como se estivesse desgostoso.
Harlow apoia a xícara vazia sobre a bancada, observando Dylan partir. No momento em que tem certeza de que ele se foi, volta-se para Cecília e apoia suas costas contra a mesa de centro presente na cozinha. Bufando em sinal de cansaço, Harlow cruza os braços na frente do peito.
── Hoje está sendo um dia bem estressante ── ela comenta, atraindo o olhar curioso de Cecília. Suspirando, Harlow enfatiza seu drama ── Pensei que conseguiria sair mais cedo hoje, mas um cara aleatório apareceu e entrou em reunião com o sr. Edgar. Já faz uma hora que eles estão conversando.
As sobrancelhas de Cotillard se erguem.
── Quem é o cara? ── Ceci pergunta, sem conseguir mascarar sua curiosidade. Ela leva uma das batatinhas até a boca.
── Garth Peck. ── disse Harlow. Instintivamente, Ceci grunhe. ── O que foi? Você conhece ele?
── E tem como não conhecer o "sr. Perfeição"? ── indagou a mulher. ── Todo mundo da empresa conhece ele, Harlow. Ele é parceiro de longa data da Vought.
── Ninguém me informou sobre ele, essa é a segunda vez que eu o vejo ── Harlow responde. ── O que exatamente ele faz?
── Ele é um empresário mimado que tem alguns contratos com a Vought. A empresa do Peck visa a publicidade. Até dois anos atrás, era uma das maiores do Reino Unido ── disse Ceci, revirando os olhos. ── Sinceramente, não sei por que o senhor Edgar não cortou contato com ele ainda, os contratos que eles têm nem são tão importantes assim e a empresa dele só está de pé por causa das parcerias com a Vought.
── Hmm, sabe que tipo de contratos eles têm?
── Propaganda, eventos de caridade ── disse Ceci, pensativa ── A empresa do Garth é uma empresa tecnológica, mas tudo que ele faz é visando ganhar dinheiro.
Ceci olha para os dois lados, observando se não há ninguém por perto. Quando tem certeza de que estão sozinhas, ela se aproxima de Harlow.
── Não entraram em detalhes, mas houve um burburinho sobre o Peck querer montar uma nova equipe de heróis em parceria com a Vought ── Ceci murmurou. ── Ele é britânico, então queria montar algo como "Os 7 versão europeia".
── E o sr. Edgar concordou com isso? ── Harlow ergue uma sobrancelha ao perguntar, seu tom no mesmo volume que o de Ceci.
── Duvido muito, mas os dois ainda continuam fazendo negócios, pelo jeito. Então, isso só pode ter sido invenção dos outros ── respondeu Cotillard, afastando-se. Depois disso, Ceci ficou séria e fitou Harlow com intensidade ── Mas eu recomendo que você tome cuidado com o Peck. Por trás daquele rostinho bonito, tem uma pessoa muito traiçoeira. Ele não é flor que se cheire. Principalmente com mulheres.
As palavras de Cecília permaneceram na mente de Harlow, trazendo um certo questionamento. Há muitas perguntas que ela quer fazer, mas não faz. Harlow guarda todas para si mesma e veste a máscara de ingenuidade novamente, fingindo não compreender o que Cotillard quer dizer, mas assente mesmo assim, prometendo ser cautelosa. Dessa vez, pelo menos, Harlow não está mentindo. Ela é sempre cautelosa, cuidadosa.
Mesmo agora, quando Garth olha para ela como se fosse sua mais nova presa, Harlow não é nada menos que isso. Age naturalmente, não devolve o sorriso que ele lança para ela, nem tenta ser cordial demais. Harlow o ignora e veste sua máscara de secretária dedicada, encenando um papel que já lhe é familiar. Profissional, ela diria. Sua xícara é colocada sobre sua mesa, e Harlow espera que Garth vá embora ou se despeça, mas ele não o faz.
Entre eles, há uma TV pendurada no canto da sala. Uma reportagem da BBC estava passando com a chamada "caçada a William Butcher" junto com a imagem dele e, ao lado dessa, uma de Stillwell segurando seu filho.
── As autoridades federais iniciaram uma caçada em vários estados por Billy Butcher, suspeito do assassinato de Madelyn Stillwell, vice-presidente da Vought, e por colocar em risco o bebê dela, Theodore ── anunciou a repórter. ── A polícia criou uma linha direta e pede que qualquer um que tenha informações sobre o suspeito entre em contato...
── Então, você é a adorável secretária do Stan ── Garth comenta, analisando-a de cima a baixo. Harlow está ajeitando alguns de seus papéis atrás de sua mesa; ela ergue o olhar e assente para ele, com um fantasma de sorriso nos lábios ── Confesso que você é bem mais bonita que a antiga.
── Obrigada, senhor Peck ── Harlow agradeceu, juntando os papéis e os deixando sobre a mesa. Olhando para o relógio, ela vê que está perto de seu horário.
── Sem formalidades, doçura. Pode me chamar de Garth ── galanteador, ele sorri. Garth está com as mãos nos bolsos das calças azuis, rodeando a mesa de Harlow com interesse.
Ela finge não notar quando ele chega atrás dela, e se assusta comicamente com a forma como o corpo dele a encurrala. Os olhos de Harlow se arregalam, seu corpo fica tenso. Harlow não se move, nem um músculo sequer, pois tem medo de acabar encostando nele.
── Sr. Peck, poderia...
── Garth ── ele a corrige, falando próximo à orelha dela.
── Garth, por favor ── Harlow disse. ── Poderia se afastar?
Ele não o faz, nem a responde. Porém Harlow pode escutar o ronronar dele, o som baixo de sua risada. Ele está se divertindo, é claro. Como qualquer homem estúpido se diverte, achando que tem o controle. Garth a vê como uma mulher indefesa, alguém à sua mercê.
Harlow evidencia isso quando vira e o encara, pois ele havia aproximado mais seu corpo do dela, chegando a fazer suas costas encostarem em seu peito, tornando perceptível para Harlow a dureza em suas calças roçando contra a curva de sua bunda. Pelo olhar dele, Garth estava gostando de jogar aquele jogo. Um jogo que era familiar para um predador como ele.
── Isso é totalmente inapropriado, senhor ── Harlow tentou afastá-lo, empurrando o peito dele com uma mão, porém o homem nem ao menos se mexeu. ── Por favor, afaste-se.
── Não finja que não quer, senhorita Thatcher ── disse ele, segurando o pulso dela e aproximando-se até a respiração dele ricochetear contra o rosto dela. Harlow vira o rosto para o outro lado ── Eu notei a forma como você estava me olhando.
── Você entendeu errado... ── disse ela, entre dentes. Rangendo, tentando afastá-lo.
── Eu sei que não. Sei bem quando uma mulher me quer, mas não sabe como pedir ── persistiu ele. ── Sempre sei o que fazer para fazê-las ceder. Não vai ser diferente com você.
Harlow sentia nojo. Principalmente quando a mão livre de Garth pousou em sua coxa, subindo por sua saia e ousando se aproximar do meio de suas pernas sem o consentimento dela. Ela tentou fechá-las, porém era impossível com ele no caminho. Ele brincou um pouco com a pele dela, esfregando o polegar para frente e para trás.
── Não tente agir como se não quisesse isso ── ele disse para ela com sua voz maliciosa ── Não estaria andando por aí como uma vadia inocente se não quisesse.
Harlow sentia aquela máscara de impotência que vestiu começando a ruir, odiando cada segundo daquele encontro desconfortável. Sua mão livre tateou sobre a mesa, buscando algo, qualquer coisa para usar contra ele. Harlow encontrou seu grampeador, mas não teve tempo de usá-lo. As portas duplas do escritório de Stan abriram novamente, pegando ambos de surpresa. A mão de Garth parou no mesmo instante e ele soltou Harlow, afastando-se dela.
Ele não parecia assustado quando encarou o senhor Edgar, muito menos envergonhado. No rosto de Garth Peck havia raiva, irritação. Enquanto isso, Harlow estava congelada no mesmo lugar, sentindo nojo. Ela repudiava aquele homem, mas sentia mais raiva de si mesma por ter deixado aquilo acontecer. Seus dedos, que haviam soltado o grampeador, agora seguravam a mesa onde ela estava apoiada enquanto se perguntava até onde estava disposta a ir por seus objetivos. Valia mesmo a pena se controlar?
── Continuamos outra hora, gracinha ── Garth sussurrou para ela, apertando a coxa dela antes de sair. Harlow o odiou mais ainda por ter dito aquilo, mas não o respondeu.
Garth deu a volta na mesa dela e caminhou na direção do elevador abotoando o terno que estava vestindo.
── Eu já estava de saída, Stan ── comentou ele, sorrindo. ── Apenas agradecendo à senhorita Thatcher pela hospitalidade. Ela sabe muito bem como fazer qualquer um se sentir bem-vindo.
Stan não disse nada. Ele apenas encarou Garth com seu olhar impassível, agindo como se seu rosto fosse uma tela em branco. Peck entrou no elevador no instante em que as portas se abriram. Harlow ousou olhar na direção dele, fazendo com que seus olhares se encontrassem.
Ele sorriu para ela antes das portas se fecharem. As unhas de Harlow cravaram em suas palmas suadas ao ponto de sentir dor, até a pele se romper e conseguir se manter sob controle. Os olhos de Stan Edgar ainda estavam sobre ela, queimando em suas costas acusadores e inquisitivos, porém Harlow não se move. Ela nem ousa. Pois a máscara de tristeza se transformou em ódio e essa não é a Harlow que Stan quer ver, então ela só se vira quando sente que está pronta para enfrentá-lo. Entretanto ainda se perguntava internamente até aonde estava disposta a ir por aquela farsa. Alguns sacrifícios eram necessários para conseguir o que se almejava, porém Harlow Thatcher não estava disposta a ser o cordeiro mandado para o abate.
A TV passava a reprise de um velho show de algum super-herói famoso, o qual Harlow não estava interessada em assistir.
Sentada em frente à sua mesa de trabalho, situada em seu quarto, no apartamento que alugou há algumas semanas, ela fumava o seu segundo cigarro naquela noite. A janela ao seu lado estava entreaberta para que a fumaça pudesse sair, mas, ao mesmo tempo, impedir que a chuva daquela noite entrasse.
Em suas mãos estavam os arquivos que recebeu de Marcel há alguns dias, e Harlow passava os olhos por cada informação que havia conseguido. Utilizando um marcador de texto amarelo, destacava o que achava mais importante, marcando as frases e informações mais relevantes contidas naqueles documentos. Não havia muito, talvez apenas o suficiente para lhe fazer pensar adiante.
Poucos minutos antes, passou o comercial da campanha da Vought, como Ashley havia dito que aconteceria. A propaganda seria lançada durante a noite, e assim havia acontecido. E, ao assistir, ela riu ao relembrar dos momentos no set e como aquilo tudo parecia tão tosco. Se não julgasse necessário, sabia que teria recusado. Agora, porém, Harlow fazia pouco caso disso e esperava que o comercial fizesse o trabalho que ela almejava.
Naquele dia, ela não viu Ashley pela empresa. A mulher havia passado o dia inteiro fora da torre, acompanhando a Rainha Maeve, Luz Estrela e Tempesta em um evento. Os outros heróis dos Sete também estavam fora. Harlow não teve nenhum encontro constrangedor com o Capitão Pátria no elevador, nem viu o Black Noir agindo estranhamente pelos cantos. Os outros dois nunca foram de seu interesse já que agora estavam ambos muito perto de serem mandados embora ─ até onde ela sabia, The Deep já estava fora e o A-Train era questão de tempo até estar na rua também.
Os Sete haviam se tornado uma bagunça teatral. Harlow havia se informado sobre a maior parte do que estava acontecendo, mas ainda julgava ter peças faltando naquele quebra-cabeça. Annie January, a Luz Estrela, era a peça central. Ela sabia das acusações contra o Deep, os problemas do A-Train em relação às drogas, a Rainha Maeve e o Capitão Pátria claramente eram uma farsa, mas Annie ainda era uma incógnita para ela. Harlow ainda não sabia como defini-la, pois a mesma vestia tão bem a encenação de heroína modelo que até mesmo Thatcher se questionava se ela não era ingênua de propósito e por isso a mantinham no grupo, por ser a única minimamente decente. No entanto, Harlow tinha certeza de uma coisa: todo mundo guarda segredos.
Não era porque ela não sabia os de Annie que eles não existiam. Ela só precisava cavar um pouco mais fundo e encontrar a oportunidade certa. Era tudo questão de tempo e paciência, e isso Harlow tinha de sobra. Precisava ser meticulosa se queria alcançar seu objetivo. Mas também sempre era necessário ter um plano B, uma segunda saída.
E, quando a tela de seu celular se ilumina, Harlow tem seu sinal. Aquele é o plano A seguindo o seu curso.
Ela o pega e desbloqueia a tela, deixando o cigarro no cinzeiro ao seu lado. Encontra a mensagem de um número desconhecido. Sem foto, sem nome. Sabe que aquele número não pode ser rastreado, mas talvez atenda uma ligação dela. Harlow se sente tentada, mas não o faz. Quer vê-la cara a cara, como nos velhos tempos. Então, tudo o que faz é abrir a mensagem e ler o endereço. Ela sorri para a tela, encarando aquelas palavras no chat.
Novamente, o gosto amargo da antecipação retorna, mas Harlow não o saboreia dessa vez. Ela apenas se levanta, guarda o celular no bolso e pega o sobretudo sobre a cadeira, vestindo-o enquanto sai pela porta e tranca o apartamento.
Harlow calcula através do GPS quantos minutos demora para chegar ao local do encontro. Segundo o aplicativo, são 20 minutos. Ela demora 3 só saindo de seu prédio e mais 5 para pegar um táxi. Ela pensa se poderia ser uma emboscada, se acabaria sendo surpreendida ao invés de surpreender, mas descarta essa possibilidade. Não, Harlow a conhece bem. Sabe o suficiente para saber que ela é um ponto fora da curva.
É Harlow quem tem as cartas. Pelo menos dessa vez, planeja jogá-las direito.
Quando o táxi estacionou em frente ao restaurante, Thatcher paga o motorista e demora alguns segundos encarando o edifício. É um restaurante italiano claro, que tem luzes cintilantes na cor da bandeira da Itália em sua ornamentação. O prédio é construído com uma grande estrutura, branco e com alguns entalhes que recordam um pouco o Coliseu.
Ao entrar, Harlow nota que está quase vazio. O lugar é silencioso, a luz se mantém baixa. Parece o lugar perfeito para um encontro, mas não para fazer um acordo com o diabo, e ela sabe exatamente onde encontrá-lo; entretanto, permite que lhe apontem a direção na recepção. Ela dança conforme a melodia que criou, criando seus próprios passos para aquela música. Harlow caminha por entre as mesas, seguindo para os fundos. Sabia que era na parte mais isolada daquele estabelecimento que vai encontrar o rosto familiar que tanto procura, o ponto perfeito para uma conversa particular.
Harlow nem ao menos se esforça para isso, não tenta procurá-la em meio às poucas pessoas presentes. A encontra exatamente como esperava, percebendo que tudo continua a seguir como planejado. Não estava errada, afinal. Nada havia mudado. Mesmo depois de três anos. Ela continuava a mesma.
Era uma pena que Harlow não.
Thatcher arrasta a cadeira para se sentar, atraindo o olhar da mulher do outro lado para si quando o faz; porém, inicialmente, não consegue identificar a expressão em seu rosto. As sombras cobrem parcialmente sua visão onde as duas estão, mas o rosto familiar de Grace Mallory logo se ilumina quando permite que a iluminação baixa do ambiente banhe seu rosto ao se inclinar para a frente, apoiando seus antebraços na mesa.
── Olá, Roxanne ── Grace a cumprimenta. Em seu rosto, há um olhar impassível, mas também duro. Tanto julgamento marcado em suas feições envelhecidas. ── Já faz algum tempo.
Harlow sorriu, ladina. E, quando o fez, só teve um pensamento em sua mente, uma única certeza: a partir dali, todo o inferno iria explodir.
📌 NOTAS FINAIS.
CAPÍTULO REVISADO.
⌜ 001. ⌟ Sim, eu sei. Faz muito tempo que essa fic não é atualizada, e eu até peço desculpa por isso. Passei por um bloqueio criativo bem chatinho, depois bateu um desânimo e eu até cogitei retirar a história algumas vezes, mas, graças a nova temporada, minha vontade de escrever Psychofreak voltou.
⌜ 002. ⌟ As atualizações da história agora devem ocorrer apenas as quintas feiras. Não vou garantir que as atts vão ser recorrentes, mas vou me esforçar para que isso ocorra, principalmente agora que finalmente consegui sair desse capítulo que fiquei presa por tanto tempo.
⌜ 003. ⌟ Mas, para garantir que o próximo capítulo realmente saia, é necessário que não haja leitores fantasmas. Por isso, estou mantendo a meta de 30 cometários para o próximo seja postado. Muita gente me cobra capítulo, mas não se esforça para interagir na obra e isso também me desanima um pouco. Então, peço encarecidamente, que vocês façam esse esforço.
⌜ 004. ⌟ Sei que esse capítulo foi mais parado, porém as coisas vão começar a mudar em breve. Os três capítulos foram mais "introdutórios", serviram para situar vocês da Harlow e da relações dela, mas logo vamos nos aprofundar mais no enredo da temporada 2.
GRAPHIC MADE BY bulletrains.
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