𝟎𝟏. › A VADIA ESTÁ DE VOLTA À CIDADE.
CAPÍTULO UM.
▫ | A VADIA ESTÁ DE VOLTA À CIDADE.
Dias atuais, 5 anos depois
📍 Torre da Vought, New York City
ELA FORÇA UM SORRISO, ergue a postura e faz o possível para soar mais confiante. Não é fácil, muito menos quando seu chefe sempre parece tão impotente e amedrontador, mesmo assim ela tenta fingir e manter a instabilidade. Ela organiza a mesa, enche a caneca de café e anota os recados. Faz bem o seu trabalho e não precisa de muitas instruções, mesmo essa sendo sua segunda semana como secretaria de Stan Edgar.
O escritório é um lugar bem organizado e com uma vista fenomenal, tem cores claras, as janelas grandes fazem com que entre bastante luz. Também há poucos quadros nas paredes, apenas duas pinturas para embelezar o lugar que parece quase vazio. Fica no topo do prédio da Vought, bem acima da sala de reunião dos Sete Majestosos. Harlow gosta de pensar nisso como uma metáfora, uma forma sórdida do sr. Edgar de dizer que sempre estará acima deles. No final do dia, é ele quem controla tudo e assisti o jogo se desenrolar do seu lugar de privilégio.
Ao andar pelo cômodo com passos precisos, seus saltos altos pretos estalando no chão a cada passo dado, Harlow Thatcher faz o possível para manter a compostura. Seu chefe está em uma reunião particular e ela tenta não demonstrar estar interessada no que é discutido. Ao invés disso, Harlow planeja encher uma xícara de café e colocar apenas um cubo de açúcar, do jeito que ela sabe que ele gosta.
── Senhorita Thatcher, você tem filhos? ── Stan pergunta causalmente, fazendo com os movimentos da mulher parassem no meio do ato de encher a xícara. Ela pisca algumas vezes, observando nenhum ponto em específico, se perguntando quando que ele terminou a ligação, pôs ela não havia percebido.
── Não, senhor. ── Responde, com um sorriso curto nos lábios e retornando ao seu trabalho inicial, não deixando transparecer aquele pequeno momento de devaneio. ── Ainda não tive esse privilégio.
── Quando você tiver, vai perceber que, fazer seus filhos te escutarem, é a maior dificuldade de um pai. ── Disse ele, enquanto Harlow colocava o café quente a sua frente. O Sr. Edgar ajeitou a gravata e em seguida a postura, antes de agradeca-la com um breve aceno de cabeça e pegar a xícara. ── Não importa em que idade seja, eles nunca escutam.
── E o senhor tem, Sr. Edgar? ── Ela pergunta, disfarçando o interesse. A vida dele era tão privada, era raro Harlow saber de qualquer coisa além do básico, atual CEO da Vought, um dos homens mais poderosos do país, o suposto "criador" dos Sete.
── Eu tenho uma filha. Vocês devem ter por volta da mesma idade, se não estou enganado. ── Respondeu o homem, após beber um pouco do líquido escuro e amargo. Stan percebe o olhar surpreso da secretária e por um momento ela acha que isso é tudo que ele irá dizer sobre a filha. ── E, mesmo assim, depois de todos esses anos, ela parece ainda não confiar em mim.
Harlow não sabe o que o levou a se abrir desta forma, expor tanto de si mesmo em tão pouco tempo e tão causalmente. Talvez seja seu trabalho competente ou o fato de que aqueles são assuntos são tão triviais, que definitivamente não fariam diferença alguma se uma simples secretaria escutasse. O que importa é que ele estava falando e ela estava escutando.
── Fica mais complicado quando você amadurece. ── Harlow comentou. ── Ser adulto, ter suas próprias opiniões sobre as coisas, ── Ela dá de ombros. ── talvez ela apenas pense diferente, porque ainda não compreendeu o seu lado, senhor.
── Você deve estar certa. ── Stan ponderou sobre as palavras de Harlow, assentindo brevemente. Voltou a levar a xícara de café aos lados. ── O que tenho agendado para hoje?
── Duas reuniões, uma ás 17 horas com o sr. Robert Singer e a outra as 20hrs com os representantes internacionais. ── Ao pegar a prancheta que havia deixado sobre a mesa, perto da bandeja com as xícaras e o bule, Harlow analisou o que tinha anotado no papel. ── O Sr. Burke também ligou mais cedo, ele desejava poder conversar com o senhor sobre o filme do Sete. Já que a equipe agora se encontra desfalcada, imagino que ele não saiba como proceder com a produção sem o Translúcido.
── Já estamos trabalhando nisso. ── Ele informou, deixando a xícara descansar sobre a mesa novamente. ── Caso ele volte a importunar, avise que já temos em mente alguém para substituir o Translúcido.
── Um novo integrante nos Sete, senhor? ── Harlow questionou, com a testa franzida.
── Sim. ── Edgar afirmou, sem dizer mais nada sobre o assunto.
── Certo. ── Thatcher concordou, percebendo que não conseguiria tirar mais nada sobre o assunto. ── Também já entrei em contato com as pessoas que estão a frente do tributo ao Translúcido, senhor. Tudo está pronto para amanhã e já temos a confirmação de que o Capitão Pátria irá discursar e a Starlight foi designada a cantar uma música em sua memória. Devo confirmar que o senhor estará presente na cerimônia?
── Não. Não estou interessado em assistir tamanha bobagem. ── Respondeu o homem. ── Mande algumas flores em meu nome, vai ser o suficiente.
── Certo. ── Harlow ponderou por mais um instante, observando a prancheta que segurava com tudo que tinha anotado. ── Tentei entrar em contato com a sra. Stillwell ontem, como o senhor pediu, mas a secretária dela ainda não me retornou. ── Ergueu o olhar para ele. ── Preciso tentar contata-la novamente?
── Não, apenas- ── As palavras de Stan Edgar morreram em sua boca no momento em que seus olhos travaram com a TV de plasma na parede atrás de Harlow.
Percebendo como o olhar dele se intensificou, ela também se virou na mesma direção e encarou a reportagem que passava na televisão. Uma imagem de Madelyn Stillwell estava no canto da tela, enquanto filmagens de sua casa destruída apareciam. Harlow leu as palavras que alertavam "notícias de última hora: Madelyne Stillwell assassinada", compreendendo o porque de seu chefe parecer minimamente surpreso ── mesmo que ele não deixasse isso transparecer, era fácil para ela notar o mais leve tremor em sua face até então impassível enquanto escutava o noticiário.
Há poucas horas atrás, a casa de Madelyne foi encontrada destruída após a explosão de uma bomba. Segundo os repórteres, fontes seguras compartilharam que o assassino de Stillwell era William Butcher, conhecido por todos como Billy e um possível terrorista também suspeito do assassinato de Translúcido. Billy estava agora foragido da polícia, assim como outras 4 pessoas que o acompanham e que também estão envolvidos nessa rede de crimes hediondos. Harlow suspirou, ainda chocada.
── Senhorita Thatcher, ── Stan a chamou, fazendo com que ela retornasse abruptamente seu olhar a ele, porém o homem não desviou o seu próprio da reportagem que passava. ── poderia se retirar, por favor? Preciso fazer algumas ligações de última hora.
Harlow engoliu o seco.
── Certo. Claro, senhor. ── Ela assentiu, enquanto recolia a bandeja que utilizou para trazer o café e caminhava até a porta. ── Com licença.
── E, mais uma coisa, antes que você deixe essa sala. ── A chamando mais uma vez, Harlow parou seus movimentos e esperou que ele prosseguisse. ── Cancele todas as minhas reuniões de hoje.
O último movimento que ela fez antes de partir, foi assentir. Em seguida a porta foi fechada cuidadosamente, abafando as conversas de Stan Edgar do mundo exterior e dos ouvidos atentos de Harlow.
── Então ele ficou abalado? ── Ashley questionou, enquanto enrolada uma mexa de seu cabelo ruivo compulsivamente.
── Não, não abalado. ── Respondeu Harlow, levando o cigarro aos lábios e procurando o esqueiro no bolso do sobretudo bege. ── Ele parecia um pouco... Surpreso. Acho que a notícia o pegou desprevenido.
── Pegou todo mundo desprevenido. ── Disse a mulher, bufando. ── Ninguém esperava por isso. Porra, ela era minha chefe.
── É, e agora ela tá morta. ── Comentou a Thatcher. Assim que encontrou o objeto vermelho, suspirou aliviada e acendeu o cigarro, antes de dar a primeira tragada. ── Você vai conseguir uma chefe nova.
── Isso foi insensível.
── Mas é a verdade. Eles não vão demorar muito para achar outra megera pra substituir a Stillwell. ── Disse Barrett. ── Que Deus a tenha. Ou o capiroto, vai saber. ── Deu de ombros.
── E se eu for demitida? ── Questionou a ruiva, nervosa.
── Você não vai ser demitida, Ashley. ── Harlow respondeu, revirando os olhos.
── Como você sabe? Tipo, qualquer outra pessoa pode assumir a vaga dela. E se for uma alguém 10 mil vezes pior e-
── Caralho, relaxa. ── Ela riu. ── Você tá a 5 minutos de surtar e de ficar careca. ── Harlow parou de tragar o cigarro para afastar a mão dela das mexas que enrolava repetidamente. ── Seja como for daqui pra frente, talvez as coisas melhorem pra você. Tenta pensar positivo.
── Só não quero perder esse emprego.
── Você não vai, eu te garanto isso. ── Afirmou Thatcher, tragando o cigarro ── Só continua fazendo a tua parte. Você é uma boa secretaria. A nova Stillwell vai acabar gostando de você, tenho certeza disso.
── Você é ótima com as palavras de motivação, tá quase soando como uma mãe. ── Ashley riu fracamente e Harlow deu um breve sorriso antes de deviar o olhar, observando a paisagem da sacada do prédio. ── Quanto tempo de almoço ainda temos antes de voltar?
── Não muito. ── Arregaçou a manga e olhou para o relógio em seu pulso esquerdo. ── Mas não vou voltar agora, de qualquer forma. Preciso dar uma saída.
── Aonde você vai? ── Questionou a ruiva.
── Tenho que encontrar com um amigo para ajudar com algumas coisas pessoais. ── Revelou ela. ── Já avisei ao senhor Edgar que tenho um assunto urgente pra resolver e que vou chegar um pouco atrasada. Ele compreendeu.
── Ele não vai descontar isso do seu salário, vai?
── Ele não parecia que ia. ── Harlow deu de ombros. ── Ele também não deve estar dando muita importância. Com toda essa história da morte da sua chefe, meu telefone não parou de tocar 1 minuto sequer e eu tive que ficar transferindo tudo pra sala dele. No final, ele deixou que ligassem diretamente pra ele.
── Então a situação tá séria pra caralho. ── Comentou a ruiva, apreensiva.
── Pois é. Parece até que mataram o Papa e usaram ele pra fazer o vinho da Santa Ceia. ── Dando uma última tragada no cigarro, Harlow o apagou no cinzeiro e deixou a guimba sobre as cinzas. ── Mas acho que isso não vai durar muito, a Vought logo vai amenizar a situação e vamos voltar ao falso normal. Bom, pelo menos eu espero que isso aconteça, porque se não, o senhor Edgar vai precisar contratar uma segunda secretária.
── Será que ele aceitaria me contratar também? ── Perguntou Ashley, quase soando esperançosa e desesperada.
── Contanto que ele não mexa no meu salário, quem sabe. ── Harlow riu fracamente, sarcástica. ── Custa nada tentar.
No bolso do sobretudo, seu celular apitou com a chegada de mais uma mensagem, fazendo com que parasse seus movimentos de levar a mão até a cartela de cigarro para pescar mais um. Apoiada na sacada, Thatcher pegou o mesmo e desbloqueou a tela para ver a notificação que havia chegado.
Marcel 🇫🇷
Estou na cidade.
Chego no local marcado em 20 minutos.
Não se atrase, Thatcher.
Harlow deu um sorriso satisfeito após ler a mensagem, guardando o celular de volta no bolso sem se importar se responder Marcel naquele exato instante, seria algo que poderia deixar para depois.
── Qual é a desse sorriso sádico? ── Ashley a questionou. ── Ganhou na loteria por acaso? Ou finalmente encontrou alguém pra fazer sexo com você?
── Claro que não. ── Rindo, ela pegou a própria bolsa que estava sobre a cadeira, Thatcher a colocou sobre o ombro e começou a se afastar da amiga. ── Preciso ir. Te vejo daqui a pouco, Ash.
── Tá, até mais, Harlow. ── Disse, ao observa-la ir embora, abrindo as portas duplas para entrar no cômodo adjacente e em seguida ir ao corredor. ── Transe com segurança.
Harlow atravessou a sala até o elevador rindo, esperando pacientemente no lugar que agora estava pouco movimentado. Apertando o botão para descer, ela aguardou até que ele chegasse ao andar em que estava e que suas portas fossem abertas para que pudesse finalmente entrar, porém a mulher hesitou no momento em que seu olhar encontrou com o de ninguém menos que o do Capitão Pátria.
Aquela não era a primeira vez que os dois se esbarravam pelos corredores da Vought, porém era a primeira vez que seus caminhos se cruzavam e estavam sozinhos. Harlow estava acostumada a sempre estar atrás do sr. Edgar como um cachorrinho, servindo seu chefe e prontamente aguardando o próximo comando do homem. Ela nunca havia falado diretamente com o herói, muito menos estado no mesmo cômodo por mais de 5 minutos. Qualquer conversa realmente importante que poderia ocorrer entre o Capitão Pátria e Stan Edgar ocorria entre portas fechadas.
Sabia que aquilo poderia acontecer, afinal aquela também não era a primeira vez que Ashley a chamava para almoça naquele andar, porém ficar sobre a mira do Capitão por tanto tempo a pegou desprevenida. Dando um passo para o lado direito, se encolhendo e deixando o caminho livre para ele passar, Harlow desviou o olhar para o chão.
── Capitão Pátria. ── Ela o saudou, sua voz pouco acima de um sussurro. Sabia que não precisava de muito para que ele ouvisse.
── Secretária. ── Saudou de volta, passando por ela com as duas mãos nas costas, o peito estufado como sempre fazia, mantendo sua postura. O Capitão não disse mais nada após disso, mas a Thatcher poderia jurar que sentiu o olhar dele sobre suas costas enquanto adentrava o elevador.
Quando as portas se fecharam, Harlow soltou uma respiração que nem ao menos sabia que estava segurando. Estava aliviada, quase como se houvesse acabado de passar por uma grande provação. Talvez fosse o fato de estar na presença de alguém tão importante, ou talvez existisse algo mais. Harlow revirou os olhos, desfez a postura de antes e estalou o pescoço, afastando qualquer apreensão de antes ao se recostar na superfície do elevador e ignorar o ocorrido como sempre tendia a fazer com situações que não compreendia.
Assim que o elevador chegou ao térreo, ela saiu e seguiu da recepção até o lado de fora. A torre da Vought ficava no centro da cidade de New York. Era enorme, impossível de não se notar. Achava exagerado, porém bem localizado. Os melhores restaurantes ficavam a 10 minutos de distância, podendo assim deixar o seu carro na garagem e caminhar até o local indicado sem qualquer tipo de pressa. Após retirar o óculos de sol da bolsa, levou as mãos aos bolsos do sobretudo e atravessou a rua quando o sinal estava fechado para os carros.
Ao chegar na cafeteria que ficava exatamente em frente ao prédio da empresa, Harlow abriu uma das portas, o que fez com que sino acima da mesma tocasse no momento em que entrou. Todo o falatório, o som de buzinas de veículos, a movimentação constante ficou do lado de fora. O lugar era pouco movimentado, uma música suave estava tocando e a mulher achava o ambiente agradável. Foi até uma mesa quase nos fundos do estabelecimento, ficando perto das janelas para que pudesse observar a paisagem urbana pertencente ao ambiente exterior sem obstruções.
Harlow deixou sua bolsa ao seu lado ao se sentar, descansando em seu acento enquanto pegava seu celular e mandava uma mensagem a Marcel, avisando que já havia chegado e apenas o aguardava. Nesse período, uma garçonete se aproximou, com um sorriso doce nos lábios, a mulher de cabelos loiros segurava uma caderneta e uma caneta para anotar os pedidos.
── Boa tarde. O que a senhora deseja? ── Perguntou, atraindo o olhar de Harlow. Ela leu na plaquinha do uniforme que a garçonete se chamava Suzie.
── Boa tarde, querida. ── Comprimentou a Thatcher. ── Eu vou querer um pedaço da torta de morango, por favor.
── E a senhora deseja beber alguma coisa?
── Ah, não. Obrigada. Vou ficar apenas com a torta. ── Ela sorriu amigavelmente. Suzie assentiu, enquanto anotava o pedido e a avisou, antes de sair, que logo voltaria com a sobremesa.
Ao aguardar, a porta da cafeteria foi aberta novamente, o sino acima do batente alertando a entrada de mais um cliente. E Harlow observou o momento em que o homem negro e alto, trajando um sobretudo azul escuro e uma boina cinza adentrou o local. Ela deu um mínimo sorriso quando seus olhares se cruzaram, acenando brevemente e ele começou a caminhar até sua mesa com as mãos nos bolsos da calça.
Fazia 5 anos que os dois não se viam pessoalmente e Marcel não havia mudado muito ── praticamente nada. Ele era o mesmo de anos atrás, tão estoico como sempre e apresentando um descontentamento claro por ter que encontrar com Harlow Thatcher novamente. A última vez que estiveram na presença um do outro, estava chovendo e os dois estavam conversando pela última vez em um enterro.
── Você não me respondeu. ── Disse o homem com o sotaque francês ficando proeminente. Marcel puxou a cadeira para se sentar de frente para Harlow. ── Estava prestes a te ligar, pensei que estava furando comigo.
── Boa tarde pra você também, amigo. Quanto tempo. Eu estou bem, obrigada por perguntar. Como você está? ── Perguntou, com deboche. ── E eu te respondi, apenas não na hora que vi a mensagem. ── Ela bufou. ── Não sabia que franceses poderiam ser tão mal educados.
── É porque você não conheceu o meu pai. ── Foi a vez de Polnareff bufar, deixando seus cotovelos sobre a mesa. ── Aquele homem sim sabe como é xingar uma velhinha torcedora Argentinoa as 5 e meia da manhã em um supermercado, como se sua vida estivesse dependendo disso.
── Seu pai deve ser um amor. ── Comentou Harlow.
── É um idiota. ── Disse Marcel. ── Mas me ensinou tudo que eu sei, então eu o respeito. Menos quando comeu minha tia Satine no banco de trás do Subaru da minha mãe. Perdi aquele carro por culpa dele depois que ela descobriu e colocou fogo no veículo. ── Soando decepcionado, ele continuou. ── Tia Satine deu sorte de não ter sido queimada junto.
── Família saudável, ein? E eu aqui, achando a minha complicada. ── Rindo fracamente, Harlow disse. ── Afinal, foi bom voltar para a França?
── Uma merda. ── Marcel bufou, irritado. ── Mas pelo menos eu não tinha você para ficar enchendo o meu saco.
── Ah, para com isso. Tenho certeza que sentiu muito a minha falta, Marcel. ── Disse a Thatcher, sendo debochada e forçando um beichinho triste.
── É, da mesma forma que sinto falta de uma coceira no cu. ── Resmungou ele, fazendo Harlow rir.
Suzie, a garçonete, se aproximou novamente, dessa vez deixando o pedido de Harlow sobre a mesa e a frente da mulher. Ela a agradeceu antes de pergar o garfo, enquanto a loira atendia Polnareff.
── Boa tarde, senhor. Deseja pedir alguma coisa?── Perguntou a jovem, sorrindo mais uma vez. Marcel desfez a face carrancuda e, sendo mais amigável, respondeu a moça.
── Boa tarde, mon cheri. No momento aceito apenas um café espresso e um bolinho de chocolate. ── Pediu o homem. ── Se possível, é claro.
── Claro, senhor. Vou preparar o seu pedido. Com licença. ── Disse Suzie, antes de partir. Levando um pedaço da torta a boca, Harlow a observou ir embora.
── Queria que você fosse simpático assim comigo. ── Ela comentou.
── Você não merece. ── Disse Marcel, rispido. ── Afinal de contas, mon cheri, você é a única aqui tentando me foder. E não no bom sentido. ── Ele apontou um dedo para ela.
── Dramático. ── Revirou os olhos ao dizer com humor.
── Não, não. Não sou dramático. ── Negou o homem. ── Estou sendo realista. Você me pede os piores favores possíveis, parece que quer me ver atrás da grades.
── Você já fez coisa pior do que invadir sistemas de seguranças e criar identidades falsas, Polnareff. ── Alegou Harlow. ── Não sei porque está sendo tão histérico agora.
── É porque eu não gosto do que você planeja fazer, mon cheri. ── Ele disse, com o tom de voz baixo e se inclinando um pouco sobre a mesa. Marcel retirou uma pasta de dentro do sobretudo e a fez deslizar sobre a mesa. ── A Vought? Sério? Achei que fosse viver a sua vida, sossegar, não estar no meio desse antro de supers.
── Fiz isso por 5 anos. ── Harlow respondeu, séria, ao aceitar a pasta amarela e deixar sua torta de lado. ── Não estou mais interessada naquela vida. ── Abriu a pasta e começou a folhea-la. ── Tenho alguns assuntos inabacados. E é muito bom estar de volta para poder resolve-los.
Marcel bufou, irritado, mas não lhe disse nada. Apenas se inclinou para trás em seu acento, observando Harlow conferir os arquivos. No meio tempo em que ela lia brevemente os documentos, se certificando de que tudo estava ali, a garçonete retornou com os pedidos do homem. Depois de agradecer a ela, Marcel a viu partir novamente para atender outros clientes.
── Fez tudo isso antes de deixar a França? ── Ela perguntou, levantando o olhar da foto presa ao arquivo para olhar para ele.
── Fiz tudo no vôo. ── Ele respondeu. ── Peguei as cópias no meu antigo apartamento, antes de chegar aqui. Não está faltando nada, todas a informações estão ai. Tudo que você pediu sobre o tal Billy e aqueles caras.
Thatcher assentiu, satisfeita.
── Ok, parece tudo certo. Vou te mandar o dinheiro mais tarde, quando chegar em casa. ── Disse Harlow, fechando a pasta e a colocando dentro da bolsa. ── Obrigada mesmo, Marcel. ── Deixou suas mãos descansarem sobre a mesa. ── Mesmo que você não goste disso, significa muito pra mim.
── Você disse a mesma coisa da última vez. ── Ele murmurou, enquanto mastigação um pedaço do bolo. ── E eu vou te dizer a mesma coisa que disse naquele dia: espero que saiba o que está fazendo, mon cheri.
Harlow observou os prédios através das grandes janelas de vidro. A cidade de New York, aquela que nunca dorme, estava tão viva quanto nunca. Em suas mãos estava o isqueiro vermelho que usava para acender seus cigarros, o objeto rodando entre seus dedos enquanto sua mente se mantinha distante. As vezes ela o abria e acendia o fogo, em seguida fechava novamente e continuava nesse ciclo sem dar muito importância ao o que fazia.
A noite havia caído, o que significava que boa parte das pessoas já haviam ido embora. O prédio havia ficado agitado a tarde toda, desde que as notícias haviam saído para o mundo todo. Entre as reportagens sobre a morte de Madelyn Stillwell que não pararam de passar na TV, se tornando um dos assuntos mais comentados no mundo e causando uma dor de cabeça na maioria dos representantes da Vought, e as constantes mensagens e ligações que deveria lidar, Harlow também tinha uma dor de cabeça começando a lhe incomodar.
A situação estava sendo remediada com a culpa sendo de Billy Butcher, mas também havia uma ótima jogada de marketing que ela podia ver a empresa se aproveitando enquanto tinha tempo. Mesmo sendo um assunto persistente, Stan Edgar poderia usar para conseguir convencer Robert Singer a deixar seus heróis entrarem nas forças armadas. Era uma jogada e tanto, mas seu chefe sabia quais caminhos pegar e isso tendia a sempre deixa-la bem atenta.
Quando o esqueiro em suas mãos foi fechado pela última vez, as portas da sala do sr. Edgar se abriram fazendo com que olhar de Harlow se virasse abruptamente na direção da pessoa que deixava aquele cômodo. Ashley fechou as portas com cuidado, antes de encarar a amiga e sorrir, animadamente.
── Eu fui promovida! ── Ela gritou, fazendo o máximo para conter sua animação enquanto se aproximava da mulher.
── O que? ── Thatcher perguntou, surpresa. Guardando o isqueiro dentro do bolso do sobretudo novamente.
── O Sr. Edgar me deu a vaga da Stillwell como vice-presidente sênior. ── Explicou a ruiva, extremamente animada. ── Eu sou a nova megera!
── Meu Deus, Ashley! Isso é fantástico. ── Harlow a abraçou, enquanto a parabenizava. ── Meu parabéns, sério. Você merece isso demais. Sabia que você ia conseguir.
── Eu nem consigo acreditar que isso aconteceu. Nunca agradeci tanto um homem em toda a minha vida, ele deve achar que eu sou maluca. ── Disse ela, rindo ao se afastar de Harlow. ── Mas até que você não estava errada no final das contas, realmente deu tudo certo.
── É um sinal de que você tem que me ouvir com mais frequência. ── Comentou a Thatcher, rindo fracamente.
── Vou tentar fazer isso. ── Pontuou apontando para Harlow. ── Agora você precisa entrar lá. O sr. Edgar disse que precisa conversar com você.
── Sério? ── Ashley assentiu. Harlow suspirou. ── Pensei que estivesse livre, porra.
── Não deve ser nada demais. ── Assegurou a ruiva. ── Fica tranquila, ele não parece irritado.
── Nunca dá pra saber se ele tá irritado. ── Ela bufou. ── Eu vou entrar. Te vejo amanhã,... Chefe.
── Tá, tchau. Boa sorte. ── Barrett se despediu, sorrindo por conta do apelido e acenando ao ir embora. ── Até amanhã, Harlow.
Após observa-la ir embora, caminhou até as portas duplas da sala de Stan Edgar. Harlow segurou as maçanetas por um tempo, respirando fundo e assumindo seu papel mais uma vez. Antes de bater, ela olhou para o lado, onde estava sua bolsa, se lembrando dos arquivos que ainda estavam lá dentro graças a sua falta de tempo para poder deixa-los em casa.
Deixando o pensando que faltava pouco para ir embora como uma garantia, manteve a compostura e uma expressão amena antes de tomar a iniciativa. Deu duas batidas na porta e aguardou a permissão de Stan para que pudesse entrar.
── Com licença, senhor. ── Disse ela, ao adentrar aquela sala. ── Ashley comentou que o senhor desejava conversar comigo. Precisa de algo?
── Sim, bem... Feche as portas e entre, por favor. ── Edgar pediu, retirando os óculos de leitura do rosto e deixando sobre a mesa. Harlow obedeceu. ── Tenho algo importante para você.
── Para mim? ── Questionou, confusa. Ele assentiu.
── Como minha reunião com Robert Singer e os representantes do exército ficou para amanhã, estarei ocupado o dia todo. ── Disse Stan, começando a explicar. ── Além disso, tenho outros compromissos de última hora graças aos últimos acontecimentos.
Harlow concordou. Tudo o que ela já sabia por ser quem controlava a agenda do homem, até ali nada era novo.
── Por isso, não vou poder deixar a torre da Vought amanhã. ── Ele prosseguiu, mantendo seus cotovelos sobre os braços de sua cadeira e as mãos juntas a sua frente. ── Vou designar você para ir até o local das filmagens do Burke amanhã.
── Para fazer o que, senhor?
── Acompanhar a nova integrante dos Sete no meu lugar e apresenta-la a eles. ── Disse o Sr. Edgar. Harlow poderia perceber a afirmação no tom de voz dele, algo que deveria fazer sem reclamações. ── A senhorita Tempesta estará sobre sua supervisão amanhã.
📌 NOTAS FINAIS.
CAP. AINDA NÃO REVISADO.
⌜ 001. ⌟ Sejam bem-vindos oficialmente ao cap. 1 de PSYCHOFREAK! Estava muito ansiosa por esse momento, não vou negar. Principalmente porque vocês puderam finalmente conhecer a Harlow.
⌜ 002. ⌟ Queria informar também que as atualizações devem ocorrer pelo menos 1 vez por semana, na quinta ou na sexta, por volta das 18hrs ou mais tarde. Caso ocorra algum imprevisto, a att sai nos fins de semana.
⌜ 003. ⌟ Eu espero que, depois que sairmos desse estágio inicial da fic, aconteça atualizações mais frequentes, além de apenas uma por semana e tals. Mas, por enquanto, é isso que tenho para vocês.
⌜ 004. ⌟ Espero que tenham gostado! Não se esqueçam que votos e comentários são sempre bem-vindos e que me motivam demais. ♡
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