Capítulo 6
- Venha aqui, meu belo Fantoche - seu criador murmurou em um tom doentio e doce, procurando o quintal da casa de um vizinho pra onde Tommy correu.
Felizmente, estava quase completamente escuro, então Tommy conseguiu se esconder em um dos arbustos. Estava cheios de espinhos furando o seu pequeno braço, mas aquilo não era nada comparado à punição que aguardava ele, caso fosse encontrado. Tremia cada vez que os olhos opacos de seu criador deslizavam em busca de seu esconderijo.
- Oi, você está procurando algo? - Alguém perguntou, Tommy assumiu que era o vizinho que possuía o quintal.
Tommy congelou, sua respiração engatando quando ele espiou através dos pequenos ramos para encontrar um homem, da mesma altura que seu criador, parado lá. O vizinho ajustou seus óculos, procurando ao redor junto com o seu criador.
- Sim, estou procurando meu filho, ele sempre leva essa brincadeira muito a sério. - seu criador riu. Era tão estranho para Tommy como ele poderia parecer tão normal em um momento, e pendurar pessoas mortas sobre as cordas no próximo.
- Bem, eu acho que vi algo se mexer bem ali. - Disse o vizinho em um sussurro audível, apontando para o pequeno espaço onde os olhos de Tommy foram revelados. - Mas não diga a ele que eu lhe contei. - Ele brincou.
Seu criador travou os olhos em Tommy, e uma espessa nuvem de raiva passou por sua íris antes que eles rapidamente voltassem ao normal.
- Ah, lá está ele, Tommy, saia daí agora, não está mais divertido!
A voz de seu criador parecia tão amável. Com o olhar nos olhos encapuzados do seu criador, ele sabia que tinha que sair dos arbustos ou o pior viria para ele.
Tommy deslizou para fora dos arbustos, e o vizinho começou a rir ao lado de seu criador.
- Ah, os arbustos espinhosos! Não é o melhor esconderijo, garoto. - O vizinho rindo antes de notar a aparência da criança. Seus olhos se arregalaram ante a visão de uma criança tão desnutrida, coberta de maquiagem manchada e até mesmo carregando um persistente fedor de carne em decomposição.
Seu criador pareceu notar, enquanto pôs a mão no ombro de Tommy. - Vamos lá, escoteiro. Vamos enfaixar esses arranhões! - Exclamou ele, com os olhos fixos nas lágrimas que caíam do rosto do menino.
Tommy olhou para o chão quando percebeu que o vizinho se ajoelhava ao nível dos olhos dele. - Tudo está bem? - Perguntou a Tommy em um sussurro.
Ele sabia que o seu criador ouvia pela forma como ele aplicava mais força ao segurar seu ombro.
- Sim, está tudo bem.
O vizinho se ergueu, olhando cuidadosamente para o criador de Tommy.
- Obrigado por me ajudar, mas infelizmente, o garoto tem escola amanhã. - seu criador bagunçou os cabelos sujos e emaranhados de Tommy.
O vizinho o ignorou e continuou a olhar para a criança que estava diante dele com olhos suaves. Seu criador, tentando desesperadamente mascarar sua raiva, disse adeus novamente e puxou Tommy para longe.
Seu criador tinha praticamente levantado-o do chão, colocou ele em seu ombro e saiu pela rua solitária com raiva em seus passos. Ele estava murmurando, apertando o seu braço com tamanha força fazendo Tommy gritou de dor.
- Esses arranhões não são nada comparado ao que eu farei com você. - Seu criador o advertiu.
Tommy não conseguia mais chorar. Não adiantava e ele sabia - Isso só o colocaria em mais problemas. Tentou se lembrar do rosto de Julie, de seus traços gentis e de sua voz amável, mas suas tentativas eram consideradas impossíveis. Seu intenso medo abafou o rosto de Julie, deixando apenas um traço fino e persistente de sua bela aparência para trás.
Quando a pequena casa bege apareceu, Tommy começou a tremer de medo. Suas inspirações eram apertadas; Ele se esforçou para captar a escuridão espessa em torno dele.
- P-papai. - Ele implorou enquanto balançava a cabeça. - Por favor.
Seu pai respondeu colocando ele no chão e puxando-o para cima pelas escadas, Tommy ia roçando seus joelhos contra os degraus de concreto.
- Eu não sou seu maldito pai! - A voz de seu criador era tudo o que ele podia pensar.
A porta de madeira se abriu e Tommy foi jogado para dentro da casa. Ele bateu seu crânio contra o azulejo, sua visão não iria parar de girar. Tentou se levantar do chão, correr antes que os pesados passos se aproximassem dele, mas não conseguia se mover. Uma pressão agitada inundou as bordas de sua testa e a dor pulsou através dele.
Ele foi levantado do chão por sua camisa. Sua visão era turva e desajeitada, embaçando e descentrando. Ele não percebeu que a porta do porão estava aberta, mas ele podia perceber pelo cheiro desagradável que era muito familiar.
Quando chegaram ao fundo da escada, Tommy caiu inesperadamente no chão. Ele ouviu seu criador gritar, afastando-se dele.
Ele levantou a cabeça do chão, piscando rapidamente na tentativa de centrar sua visão. Ele notou que Kevin já estava preparado para a operação. Ele sabia que essa não era a razão pela qual seu criador tinha gritado.
Os olhos de Tommy pousaram no boneco que lembrava sua mãe. Ela estava caída sobre uma poça de lama, todo o chão úmido e cheio de lodo.
Tommy franziu as sobrancelhas em confusão, pois não tinha ideia do porque ela ainda estar aqui. Ele não a via há semanas! Normalmente, seu criador só mantinha fantoches por alguns dias antes de operá-los, mas este deve ter tido alguma importância para ele.
Seus cabelos eram finos e estavam espalhados no chão em grossos grumos, e seus olhos tinham se transformado em uma cor nebulosa. Seu criador caiu de joelhos enquanto pegava o boneco em seus braços. Tommy ouviu seus soluços pesados, seu cérebro enlameado tentando descobrir por que ele estava chorando. Seus fantoches sempre faleceram. Nunca o incomodava antes.
- Acorde, querida, acorde, por favor. - Suplicou seu criador. - Meu bebê, eu te amo tanto, Linda, por favor!
Linda?
Tommy estava tão perplexo. Ele não tinha ideia do que estava acontecendo. Sua mãe morreu de câncer um ano antes, lá em cima segura e sadia em sua cama. Não havia nenhuma maneira que ela estava ...
- Linda, por favor, querida, acorde! - Seu criador implorou desesperadamente, sua voz ainda quebrando. Tommy não estava acostumado com sua voz monótona, segurando qualquer emoção.
Depois de mais alguns minutos do choro agonizante de seu criador ecoando pela sala, ele se levantou com seu corpo ossudo flácido em seus braços. Ele fungou enquanto caminhava em direção a Tommy, ainda sussurrando para ela acordar.
- Senhor, o que está acontecendo? - Tommy sussurrou, olhando para ele com olhos confusos.
- Cala a boca, Fantoche! - Seu criador estalou instantaneamente, seu foco prendido em sua marionete falecida.
Alguma coisa chamou a atenção de Tommy. Mesmo com a visão embaçada, ele viu o anel brilhante no dedo da Marionete, seu braço sem sentido pendurado para baixo de seu lado.
Era o anel de sua mãe.
Tommy não conseguia se controlar. - Mamãe! Ele gritou do chão, sua voz aguda e ecoando fora das paredes mofadas da sala. - Mamãe!
A última coisa que viu foi a bota do criador antes de cair inconsciente.
***
Isso é apenas mais um marco negativo na transição para Tommy se tornar o homem que todos nós conhecemos e amamos lol. Pobre Tommy :( É meio difícil odiá-lo quando você analisa o que ele passou quando era uma criança, mas eu ainda guardo rancor por ele ter que matar pessoas. : /
Obrigado por ler!
Rodrigo / LusRodrigo
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