XXXIV - Cogumelo alucinógeno, bronze derretido
Cogumelo alucinógeno, bronze derretido
Frederico apenas ouviu a parede de gelo colapsar ao seu lado e olhou para o lago ao seu redor, por algum motivo sua água não era mais cristalina e sim... vermelha.
Olhou para si mesmo, porém não era ele, não poderia ser seu sangue.
Por que ele sentia tanto tudo o que Pandora estava sentindo? Todo o pânico e desespero, para, de repente, ele sentir uma dor tão forte em sua mente que achou que seu cérebro poderia implodir.
A dor continuou por alguns minutos até que ele conseguisse ao menos se levantar do chão e encarar o lago.
Pandora, fora de seu alcance com Guardiões do Caos e um lago cristalino transformando-se em uma banheira de sangue? Algo não estava certo, disso ele tinha certeza.
Frederico Bertolini e suas grandes epifanias. Ele poderia escrever um livro sobre o assunto de tão reveladoras que elas se mostravam.
Não precisou de um maior incentivo, apenas mergulhou no lago e prendeu sua respiração sentindo o gosto cúprico invadir seu paladar, mesmo que ele não o quisesse.
Nadou um pouco mais com os olhos fechados, contudo seu ar já estava acabando e ele tinha certeza que não estava chegando nem perto dela.
Ele estava nadando em sangue... por ela?
Por quê?
Ele simplesmente pulou.
— Tu simplesmente pulaste, devo admirar teu empenho — uma pequena luz branca apareceu ao lado dele.
Seu primeiro pensamento foi imaginar que aquela seria Pandora, porém era apenas um ponto de luz e não uma garota.
Ele inspirou fundo e levou a mão a sua cabeça — espere, ele conseguia respirar ali? Como isso era possível? Ah sim, ele, agora, estava vivendo no mundo da bruxaria em que o impossível que ele conhecia era apenas um desafio para eles.
Quem está aí?, ele se perguntou mesmo que, por outro momento, pensasse que aquilo vinha dela, de Pandora.
— Não era para acabar assim. Como posso ganhar um jogo se eu sou deixada para trás o tempo todo? Como posso garantir o bem do mundo se o bem jamais tem vez neste jogo? — novamente a voz do ponto branco perguntou.
Jogando o mesmo jogo deles?, ele sugeriu sem ter certeza.
— Trapaceando também? — ela questionou, ponderando as opções.
Não, trapaceando não, apenas... usando os mesmos métodos não legítimos, ou seja, trapaceando, mas ele não acrescentou a última parte, pois era contraditório demais para ser dito em "voz alta".
Ele ouvi algo como um suspiro e virou seu rosto, percebendo que seus movimentos estavam limpando a água ao seu redor, fazendo o sangue voltar a ser apenas água.
— Bem, posso fazer isso, porém tu tens de me prometer que ela cumprirá seu destino.
E eu?
— Tu também, apenas não tenho certeza se tu irás sobreviver ou não a jornada. Tudo depende de Pandora.
Eu sei que vou morrer, já me disseram isso várias vezes.
— Ah, tua morte é evidente, porém... estar morto não significa continuar morto, Frederico Bertolini, então apenas viva. E não viva teus momentos como se o amanhã fosse o seu último dia, porém viva planejando viver para sempre, pois, quem sabe, esse teu desejo não se realize.
Viver para sempre?
— Uma segunda chance. E como eu disse, tua futura vida dependerá de Pandora, então...
O que?
— Faça com que ela o ame.
Por que tudo sempre se resumia a esta palavra? Amor? Por que ele e ela tinham que se tornar um "nós"? Por que tudo e todos queriam que eles ficassem juntos no final? Ela tinha Daniel!
Ele olhou para o ponto de luz, contudo apenas viu um corpo flutuando em cima de sua cabeça... Aquela era sua blusa.
Sua blusa a vestia muito melhor do que a ele.
Ele nadou um pouco mais para cima e percebeu que ela não estava se movendo, parada como um morto, então nadou um pouco mais rápido.
Pandora!!!, ele a chamou em quase desespero.
Nada. Nada mesmo.
Ele tocou o braço dela e a virou para encará-lo.
Pandora Duncan possuía uma faca cravada em seu peito.
Não!
Sem pensar muito ele apenas puxou-a pela mão para abraça-la, contudo não o fez por causa daquilo que estava preso contra seu peito.
Ninguém o havia avisado que ela morreria. Ninguém, em nenhum instante, disse que ele a veria morrer.
As Duncan eram imortais, porém em menos de um mês duas delas morreram e a outra desapareceu. Bela maneira de quebrar com seus dogmas.
Você não pode estar morta! Não pode...! Você prometeu cuidar de mim! Como vai cuidar de mim se você morreu?
Ele colocou a mão sobre a faca e a puxou, trazendo Pandora com ela, porém, prioritariamente, arrancando o metal assassino dela — como se isso fosse fazê-la voltar a vida. Como se isso pudesse mudar algo.
Sangue.
— Esta é a minha trapaça — o ponto de luz penetrou no peito de Pandora e ela começou a afundar.
Ele tenteou segui-la, contudo começou a sentir falta de ar.
Nadou para cima com rapidez e emergiu na gruta respirando como se cada pequena e desesperada golfada de ar fosse preciosa e única.
Tentou retornar para procurar por ela, contudo não conseguiu imergir novamente, algo na água o empurrava para fora, então ele fez o que nunca havia feito antes, ele rezou.
— Por favor, não permita que ela morra, por favor, não faça com que... — ele viva uma vida em que Pandora Duncan não está mais viva.
A/N:
Bem, qual será a trapaça? hehehe
Meio óbvia, mas tudo bem, as vezes um pouco de clichê é necessário hehe
Espero que estejam gostando
Beijinhos
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