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Capítulo 8 - Tess

Loungerie sem Mathilde, não é Loungerie.

Passou apenas um dia e eu já me sinto perdida. A gerente que veio fazer as férias da Mathilde é estúpida. Não há meio termo. Como assim, a mulher chega e me manda trocar tudo o que está nos manequins da loja?!

- Na minha loja, não temos a coleção de noivas exposta.

- Nesta, temos.

- Pois, mas a minha loja está no top três de vendas, por isso, enquanto aqui estiver, vamos trabalhar à minha maneira.

Expiro. Fuzilo-a com o olhar para não me agarrar aos cabelos dela.

- E vais querer que mude tudo com a loja aberta e cheia de clientes?

- Não faz mal. Assim eles veem que nesta também trabalham.

Ela está a falar a sério?!

Forço um sorriso amarelo. - O que quiseres.

Ela retribui um sorriso tão amarelo que posso jurar em como está a pensar que quer despedir-me.

- Podes começar. Vai buscar as caixas e troca a coleção noivas pela de luxo.

Se ela se desse ao trabalho de abrir o dossier da loja e analisasse as vendas, veria que nesta loja a coleção noivas é uma das que mais vende. Saberia que o público alvo desta loja é diferente do seu pelo que a oferta visual em loja, é diferente da que tem na sua.

Olho-a curiosa. - A título de curiosidade... Quais são os números de hoje?

Ela dá de ombros. - Não sei. Não viste isso quando entraste? É a primeira coisa que deves fazer após ligares o sistema.

Sorrio-lhe satisfeita.

- Desculpa. Pensava que na tua loja também analisavas os números. Coisa de gerente.

A sua postura enrijece. - Vamos ter algum problema?

Pressiono os lábios descendo os cantos da boca e balanço a cabeça negativamente.

- Não se depender de mim.

- Eu não sou a Mathilde, Tess. É bom que mantenhas esse pensamento presente.

- Tê-lo-ei.

Entro no armazém a revirar os olhos.

- Também se pegou contigo? - Pergunta Tayleen, sentada a um canto a abrir caixas de mercadoria.

- Eu é que me vou pegar com ela se não perceber que esta não é a sua loja.

Tay ri. - Sabes o que me disse quando chegou? Se não ganhava o suficiente para comprar uma placa de alisamento para esticar o cabelo.

Enrugo o olhar confusa.

- Em que contexto?

- Cabelo liso é mais elegante.

- O quê?! - Abro o olhar incrédula. - Meu Deus! Mas eu enganei-me na loja?! O que lhe disseste?!

- Perguntei se não ganhava o suficiente para comprar uma dose de boa educação.

Não consigo conter o riso e Tay acaba por rir também.

― Estas semanas vão ser um desafio. ― Observo.

Tay levanta-se e aproxima-se de mim. - Ontem fui jantar com uma amiga cuja colega de casa trabalha na loja da Ruth. Ela disse que ninguém a suporta. Gere a loja como se fosse tudo dela, inclusive o staff. Elas fizeram queixa aos Recursos Humanos por exploração e maus tratos psicológicos. Veio para aqui porque a marca disse-lhe que lhe daria esta última oportunidade.

- Estás a brincar!

- Não! Por isso ela ladra, mas não morde. Não nos pode fazer nada. Mais uma queixa e ela vai para a rua.

- Não parece ter servido de muito. Não sei qual é a dificuldade em perceber que as funções da gerente se focam em gerir e não em maltratar os funcionários.

- Não te preocupes. Só temos que a aturar duas semanas.

- Se sobrevivermos tanto tempo.

A porta do armazém abre.

- É para trabalhar. Têm clientes na loja!

Reviro os olhos e viro-me para a encarar.

- Ruth, tanto stress só vai piorar as tuas rugas. Sabias que também é um dos fatores que proporciona os cabelos brancos?

Saio para a loja e vejo as amigas da noiva.

- Voltaram! - Digo animada.

- Sim. Ficámos tão satisfeitas com as compras que agora queremos algo para nós.

- Muito bem! Podem vir comigo.

Encaminho-as para os provadores e pergunto-lhes pelo caminho se já sabem que peças querem experimentar. Dizem prontamente que querem um teddy igual ao que levaram para a amiga que vai casar pois são as suas damas de honor e querem ter algo igual.

- E a vossa amiga, já viu as prendas?

- Não. Vamos dar-lhas depois do ensaio geral.

Cedo a cada uma um cabide com a peça principal.

- Vou trazer-vos mais algumas sugestões.

- Obrigada! É muito amável da sua parte. - Agradece uma das amigas.

Volto à loja e percorro os expositores, retirando os cabides das peças que julgo serem uma boa opção. Quando tenho um considerável número de peças em tons roxos, dourados, prateados, pretos e vermelho escuro, Ruth aproxima-se.

- Isto é uma loja, não um café.

- E eu tenho cara de quem está a servir cafés e não roupa?

- Não é para confraternizar com os clientes. Presta um serviço limpo e para com essas gargalhadas.

Esta mulher está a falar a sério?

*

Ruth saiu às dezanove horas. Fiquei para arrumar os expositores conforme ela planeou e pedi comida chinesa pois até acabar as alterações que ela pediu para amanhã e chegar a casa, morro de fome.

Estou do lado de fora do balcão a mexer nos papéis dos inventários quando oiço baterem à porta.

Olho sobre o ombro e para minha surpresa vejo Mikael quase colado ao vidro. O que raio faz ele aqui a esta hora?

Vou abrir e ele cambaleia para dentro da loja.

- O que estás aqui a fazer?

Ele ri. - Queria ver-te.

O bafo a álcool é tão grande que existe uma alta probabilidade de me embebedar só com ele.

- Estás bêbado? - Não sei por que perguntei quando é tão óbvio.

- Não! Queres que faça o quatro? - Ri começando a levantar os braços e a tentar sem sucesso dobrar a perna.

- Não. Quero que vás para casa.

- Oh... Por quê?

- Porque estás bêbado, Mikael.

- Não estou nada. - Nega, teatralmente ofendido e avança mais um pouco, tropeçando nos próprios pés.

- Já te viste ao espelho?

- Tentei. Mas ele não parava quieto. Então vim embora.

Pressiono os lábios para não rir. A situação não tem piada, mas a cara de Mikael tem.

-

- Não! Deixa-a estar com o Kyle.

- E para a Victoria?

Ele olha-me com uma expressão inocente.

- Não. - Diz firmemente, num rasgo de sobriedade, como se tivesse tocado num ponto frágil.

- Não podes ficar aqui. Se a nova gerente resolve aparecer, ela vai dar cabo de mim. Vai colocar-me na rua.

- Por quê?

- Para começar, porque a loja já fechou e não posso ter pessoas de fora dentro da loja. E depois, porque estás bêbado.

- Elas têm que vir de fora para considerares que estão aqui dentro.

Reviro os olhos. - Redundância.

- E se eu ficar do outro lado da porta?

- Por que irias ficar ali?

Ele dá de ombros.

- Da porta para fora o passeio é público. Posso estar ali.

Sorrio. Se ele sóbrio já é um problema, bêbado é um perigo.

- Não te posso deixar sozinho. Mesmo que seja ali, não estás em condições. Como é que chegaste aqui, de qualquer forma?

Ele aponta para os pés e balança. - Nunca me deixaram ficar mal.

- Vais dar-lhes descanso. Eu levo-te a casa, mas tens que esperar até fechar tudo. - Aproximo-me dele e ajudo-o a caminhar até às cadeiras brancas na parede oposta ao balcão. Ele ri, desencadeando um sorriso em mim também.

- Gosto do teu sorriso. - Diz quando se senta.

- Obrigada.

- Não gosto de como ele me faz sentir.

Olho-o apanhada de surpresa e encontro o seu olhar vidrado em mim. Ele está bêbado, não posso dar importância ao que diz, mesmo que tenha dito algo que fez o meu coração falhar uma batida.

- Eu gosto dele desde o primeiro dia em que te vi. - Continua. - Deles. Tens vários, sabias? O meu preferido é aquele que te faz covinhas.

Deixo-me rir. - Não tenho covinhas. - Contradigo.

- Tens. E são perigosas.

- Por quê?

- Porque despertam coisas que uma pessoa não pode sentir.

- Não digas disparates

- Não são disparates. Sonhei contigo, sabias?

Gargalho. - Claro! - Afirmo sarcasticamente. - Estava lá.

Ele fecha o rosto e olha-me ofendido.

- Estou a falar a sério.

- Deixa-me adivinhar, estavas a comprar mais fraldas? - Rio.

- Estava a beijar-te.

Perco o riso e qualquer expressão. Ficamos a olhar-nos em silêncio pelo que pareceu uma eternidade.

Deixo cair o rosto e fito o chão. O coração bate desenfreado e tenho dificuldade em respirar sem arfar por ar por causa das suas batidas.

Sinto-o levantar-se e vejo os seus pés à minha frente. Ergo o rosto a medo e sou forçada a separar os lábios para respirar. Mikael olha-me sem qualquer vestígio de alcoolismo. Olha-me com luxúria e eu não sei como agir e reagir-lhe.

Ele avança mais um pouco até estar quase colado a mim e inclino o rosto ligeiramente para não perder os seus olhos de vista.

- Apetece-me beijar-te agora.

Dou um passo para trás.

- Para.

Ele dá um em frente.

- Não consigo.

Dou mais um passo para trás e ele volta a dar um para a frente. Balanço a cabeça negando. - Para de andar.

Ele bufa um riso e desvia o olhar por instantes para o lado voltando a olhar-me. - Eu paro se parares de recuar.

- Eu paro de recuar se parares de andar na minha direção.

- Tens medo de mim?

Enrugo a testa sem perceber o sentido da sua pergunta.

- Devia ter?

Mikael não responde. Vira-se e cola as costas à coluna ao seu lado. Pende a cabeça para que esta também se encoste à coluna e inspira e expira pesadamente.

- Não. - Diz e depois sorri. - Acho que estou bêbado. - Roda a cabeça para me olhar.

Fito-o. - Achas?!

Ele deixa escapar uma gargalhada. - Tenho a certeza. - Confessa.

- Estamos de acordo em algo.

- Vou sentar-me. - Diz.

Avanço para o ajudar a chegar à cadeira, não que ele precise de ajuda, conseguiu chegar àquela coluna sozinho, mas ele limita-se a fletir as pernas e sentar-se no chão.

- Tens cadeiras ali. - Indico.

Bate no chão ao seu lado. - Senta-te.

- Para...?

- Para ficares sentada. Ou vais falar comigo como se fosses um gigante?

Oh meu Deus!

- Tenho que fechar a loja e tu tens que ir para casa.

- A minha casa não foge e já tens a porta da loja fechada.

- É difícil argumentar contigo.

Ele sorri. - Já tinha chegado a essa conclusão sozinho. - Volta a bater no chão.

Reviro os olhos e sento-me sem fazer a menor ideia de por que estou a fazer as vontades de um bêbado.

- E agora? - Pergunto-lhe.

- Agora falamos. - Sorri.

- Sobre?

- Sobre o porquê de a galinha atravessar a estrada.

Reviro os olhos e preparo-me para me levantar, mas ele agarra o meu pulso impedindo-me de o fazer.

- Não. - Murmura.

Olho-o nos olhos e o brilho estonteante voltou.

- Mikael...

- Eu estava a falar a sério, Tess.

- Sobre a galinha? - Sorrio. Não porque tenha piada. É um sorriso que disfarça o nervosismo que ele me provoca e desvaloriza a minha preocupação em relação às coisas que ele disse e poderá dizer enquanto estiver bêbado.

- Esse sorriso é novo. - Diz, fazendo-me perdê-lo. - Também sentes, não sentes?

- O quê?

- Esta coisa que um provoca no outro.

Afasto-me puxando o pulso para junto do corpo.

- Não sei do que estás a falar.

- Sabes. - Reforça.

- Não sei, Mikael. Talvez estejas a sentir coisas por causa do grau de alcoolismo em que te encontras. Acho que começas a imaginar...

- Eu não preciso imaginar. - Sorri presunçosamente. - Bastou agarrar-te o pulso para ver a tua respiração mudar.

- Ok. - Levanto-me de um salto e caminho determinada para o balcão. - Vou fechar tudo e levar-te a casa. Não quero ser responsável por...

- O problema é esse mesmo. Tu és a responsável pela minha bebedeira.

Para e olho para trás.

- Do que estás a falar?

- Beber para esquecer.

- O que tenho eu a ver com isso?

Ele encontre os ombros e ergue as mãos. - Não sei. Sou só um bêbado a delirar, não é mesmo?

- A tua dicção está muito boa para o teu bafo a álcool.

Ele gargalha. - Mediste a minha bebedeira pelo meu bafo?

- Numa operação stop eles nem te mandariam soprar no balão, prendiam-te logo.

- Meu Deus, Tess! Quem está a viajar agora? - Pergunta, deslizando o seu corpo no chão. - Estou maldisposto. - Murmura.

Agarro a garrafa de água que tenho atrás do balcão e vou entregar-lha.

- Bebe um pouco. Devias ir à casa de banho molhar a cara com água fria.

Mikael agarra a garrafa e puxa o corpo para se sentar novamente.

- Obrigado. - Diz, abrindo a garrafa. - Tens alguma doença contagiosa que se transmita por saliva?

Fuzilo-o e ele ri, levando a garrafa à boca.

Viro-me para acabar o que tenho para fazer. Reorganizo os inventários com as notas que quero passar a Mathilde quando ela regressar. Verifico se Ruth enviou os e-mails necessários. Coisa que a Mathilde me incumbiu de fazer, para jogar pelo seguro.

Desligo o sistema e vejo Mikael de olhos fechados.

- Hei. Estás vivo? - Ele limita-se a balançar a cabeça. - Vou lá dentro buscar a minha mala. Mantém-te acordado mais alguns segundos.

Ele ergue o punho direito com o polegar levantado.

Retraio-me por dois segundos para ter a certeza de que fica bem. A pior fase de uma bebedeira é quando se para de beber. O corpo ganha coragem para enviar sinais em como algo está errado. E essa coisa é a quantidade excessiva de álcool ingerida. Tomamos consciência do abuso e sofremos pelo nosso corpo.

Pego as minhas coisas e volto o mais rápido que consigo, deixando tudo fechado por onde passo.

- Vamos. - Digo ao me aproximar.

- Não. - Balbucia.

- Mikael, vou deixar-te em casa, anda.

Baixo-me para o ajudar a levantar-se.

Ele balança a cabeça negativamente e vira-se para o outro lado gemendo.

- Mikael, preciso que confies em mim.

Meu Deus, parece que estou a tomar conta de uma criança.

Puxo-o pelos braços para que se sente e passo o braço esquerdo em redor das suas costas. Consigo ajudá-lo a levantar-se.

Caminhamos a custo para a porta porque Mikael não consegue dar dois passos sem que as pernas fraquejem.

Desligo as luzes e olho em redor para confirmar que está tudo fechado. Ligo o alarme e saio com Mikael ainda agarrado a mim. Tranco a porta e depois de guardar a chave, coloco a mala ao ombro. Mikael passa o braço sobre os meus ombros e andamos lentamente para o carro.

Graças a Deus está uma brisa gélida. Irá ajudá-lo a despertar e a disfarçar o mau estar. Chegamos ao carro e sento Mikael no lugar do pendura. Quando vou fechar a porta ele lança a mão à mesma impedindo-me de o fazer.

Vira-se para a porta e baixa o rosto.

- Estou mesmo maldisposto.

- Queres mais água? Vais vomitar? Por favor, não o faças no meu carro! - Advirto.

Mesmo maldisposto consegue bufar um riso.

- Vou tentar, mas não sei se é boa ideia andar de carro agora.

Ele tem razão. A oscilação da movimentação do carro vai deixá-lo ainda pior. Para não falar no cheiro a carro. Se há coisa que eu odeio quando estou maldisposta é o cheiro dos carros.

- Tenta beber mais água. Se vomitares ficas melhor, pelo menos para aguentares o caminho até casa.

Ele abre a mão para que lhe dê a garrafa. Coloco-a na sua mão porque ele mantém a cabeça baixa, apoiada no antebraço que está apoiado na porta do carro.

Quando ergue a cabeça vejo-lhe o olhar sofrido. E começa a arrotar.

Dou a volta ao carro e ligo-o para conseguir abrir a janela de modo a que a brisa fria se infiltre por todo o lado. Volto para o seu lado e ele continua a arrotar. Enfio a cabeça pela janela aberta da porta e do porta-luvas tiro uma caixa com lencinhos de papel. No momento em que saio, ele vomita.

Fecho os olhos e tapo os ouvidos. Ninguém merece ser sensível e enjoada por solidariedade e ter de fazer de ama-seca de um bêbado.

- Tess? - Oiço-o pergunta com a voz rouca distante.

Abro um olho a custo e vejo-o olhar-me confuso, com os olhos molhados e tiro os dedos dos ouvidos.

- Desculpa. Tenho um estômago sensível. - Estico o braço para que agarre na caixa dos lencinhos.

Ele segura-a e tira alguns para limpar a boca. Deita-os fora e tira mais para limpar o rosto.

Bebe água e bochecha a boca.

Suspira.

- Estás melhor?

Ele afirma. - Consigo chegar a casa.

- Tens a certeza?

- Não te quero dar mais trabalho do que já dei. Posso apanhar um Uber.

- Deixa-te de parvoíces. Eu levo-te. Já não há perigo de me contaminares o carro.

Ele sorri. - Nunca me iria perdoar se o fizesse.

Dou a volta ao carro e entro. Mikael fecha a porta e mantém a cabeça perto da janela.

- Mas vai devagarinho, por favor.

Sorrio. - Claro.

Dizem que quando conhecemos um lado menos bom de uma pessoa, que passamos a olhá-la com outros olhos. Que deixamos de a ver apenas com purpurinas. Depois desta noite, irei certamente olhar para Mikael com outros olhos. Não sei ainda se passarei a vê-lo como o Mikael de olhos molhados e cara de quem está com as entranhas de fora ou se irei vê-lo como um homem num momento frágil a precisar de cuidados. Ou...

Suspiro.

- No que estás a pensar? - Pergunta-me.

- Nada de mais.

Não falamos mais até ao seu prédio. Parei o carro à frente da entrada.

- Obrigado.

- Poderei dormir de consciência tranquila.

Ele bufa um riso. - E eu com ela pesada.

Retraio-me. Não sei se está a falar da bebedeira e do trabalho que me deu, ou se das coisas que disse e certamente já se arrependeu.

Não o questiono. Deixo-o sair do carro e quando abre a porta do prédio vira-se erguendo a mão em agradecimento e despedida.

Arranco e faço o caminho até casa com todas a suas falas em replay.

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