3 anos antes... Véspera de natal.

-Por que não esperam para ir amanhã bem cedo? - perguntou dona Emma seriamente.-

-Me desculpe mãe, mas não vai dar... Eu preciso pegar um avião amanhã cedinho a trabalho. - disse Vincenzo calorosamente para a mãe e a abraçando.- Não precisa se preocupar dona Emma. Eu prometo que assim que chegar em casa eu ligo telefonando.

Emma encarou o filho seriamente.

- Eu nunca vou me acostumar com essa sua vida. - falou a mulher severamente.- Você sempre está viajando para baixo e para cima com o pessoal do exercito em missões perigosas.

- É o trabalho dele querida, toda profissão tem seu lado negativo e positivo. -disse o senhor Mattia cautelosamente, e em seguida abraçando o filho.- Dirija com cuidado.

- Pode deixar pai.

- Vai com Deus meu filho! - disse Emma um tanto emocionada.-

- Ei mãe, por que essa cara de choro? 

- Eu apenas não gosto de despedidas.

Vincenzo sorriu e abraçou a mãe fortemente, e depois lhe beijou no rosto.

-Nada de chorar dona Emma, deixe ás lagrimas para o dia do meu casamento. -falou divertidamente e piscando para Giovanna parada ao seu lado.- Mãe, a gente se vê daqui algumas semanas no meu casamento. Então se cuide, fique linda e maravilhosa, pois eu quero que todos os meus amigos e companheiros vejam á mãe incrível que o capitão Domínico tem.

Emma confirmou com a cabeça com um largo sorriso, e depois se dirigiu até Giovanna a abraçando fortemente.

- Querida se cuide.

- Pode deixar sogra.

- Nos vemos no seu casamento bambina? - falou Mattia abraçando a loira calorosamente.-

- Sim senhor! - sorriu - Estou contando os dias.

- Se precisar de qualquer coisa é só telefonar bambina.

-Sim senhora!

-Bom, agora precisamos ir andando. - falou Vincenzo Domínico destravando a porta do carro para poder entrar e se acomodar. E logo depois dando partida no automóvel pelas ruas desertas e pacatas da cidade naquela noite.-

- Você realmente vai estar de volta, antes do nosso casamento? - perguntou Giovanna enquanto mudava á musica no som do carro.-

- Você está parecendo a minha mãe falando bambina. - disse Vincenzo rindo.- Você realmente  acha que eu perderia o nosso casamento, ou que eu não apareceria na cerimonia?

- Não é isso! É só que...

-Bambina, pode ter certeza que no dia 23 de janeiro, estarei no altar lhe esperando... E não adianta fugir... Eu sou capitão do exercito e faço operações com cães, então não será difícil de lhe achar. - disse divertidamente fazendo a loira sorrir.-

- Eu apenas fico preocupada, toda vez que você parte para longe em missão.

- Não precisa se preocupar tanto ok... Prometo não lhe desapontar. - sorriu calorosamente.- Eu conversei com o meu superior e pedi para ele adiantar ás minhas férias, assim nós podemos aproveitar mais a nossa lua de mel.

- Serio?

-Sim! Então é melhor ir se acostumando, pois você vai enjoar de ver a minha cara todos os santos dias, durante um mes. - brincou novamente o rapaz fazendo á loira rir divertidamente.- Olhem só, já ganhei o meu dia, pois fiz a garota que eu amo sorrir.

- Seu bobo!

- Giovanna!

- Sim!

- Eu te amo bambina... Tu sei l'amore dela mia vita...

E foi nesse momento que tudo ocorreu tão rápido como nos filmes de ação... Vincenzo dobrou na esquina quando subitamente outro carro veio de encontro ao seu,  o atingindo na lateral. Giovanna sentiu seu corpo ir para frente sobre o impacto brutal do veiculo e em seguida o carro capotou, uma, duas, e três vezes, até finalmente parar bruscamente e Giovanna apagar em uma completa escuridão.

****

Semanas depois... Hospital santa Amália...

Giovanna abriu os olhos lentamente e pode perceber que estava rodeada de biombos. Em uma mesa no canto pode ver um buque de tulipas brancas, e na poltrona deitada a sua frente se encontrava Elizabeth á sua mãe.

-Madre! - disse a loira com dificuldade falando no seu habitual espanhol que usava para falar sempre com sua mãe, uma linda mexicana.-

-Mi amor, ¿finalmente te has despertado? - disse a mulher chorosa.-

-Mamá, ¿qué pasó? por que estou acamada?

-Você não se lembra de nada mi amor?

- Não me recordo muito bem... O que houve?

-Você sofreu um acidente automobilístico com Vincenzo. - disse a mulher de forma calma -

-Acidente de carro? -perguntou a loira um tanto confusa, ao levar a mão a cabeça e sentir uma pontada.-

-Sim! - disse a mulher emocionada.- Você está dormindo já faz três semanas. 

-Três semanas? - disse a loira apavorada, e depois encarando a mulher a sua frente.-Mamá, ¿qué día es hoy?

- Bueno, hoy es día. - falou a mulher cautelosamente e tentando usar ás melhores palavras possiveis, para não assustar a filha.-

-Mamá, ¿qué día es hoy? - perguntou a loira alterando á voz.- Onde está o Vincenzo? Por que ele não está aqui comigo?

-Querida, tente se acalmar primeiro ok... Eu vou chamar um médico para examinar você.

-Mamá! volte já aqui! - gritou a loira se exaltando, e tentando se levantar no exato momento que a porta foi aberta, e Matteo entrou na sala com uma enfermeira, e Rafael logo atrás, que segurava um lindo arranjo de tulipas brancas e abria um enorme sorriso ao ver a amiga acordada.-

- Giovanna, finalmente a bela adormecida abriu os lindos olhos azuis. - disse Matteo de forma mais tranquila possível, e sorrindo para a amiga.- Você se sente bem?

-Matteo, eu... -  começou a falar nervosa e começar a deixar ás lágrimas transbordar pelo seu rosto, enquanto sentia um aperto no peito.-

-Fique calma ok, eu preciso te examinar primeiro. - disse segurando á mão da loira sobre o olhar de todos.- Depois que fizermos os exames, nós vamos responder todas ás suas dúvidas, não é mesmo dona Elizabeth?

- Sim! - falou a mãe da loira se contendo para não chorar.-

- Muito bem Giovanna, agora seja uma boa garota para eu poder fazer o meu trabalho, e poder lhe examinar... Então fique calma e tranquila, e nada de se exaltar.  - falou enquanto olhava para a enfermeira, e fazia sinal para que ela prosseguisse com ás medicações devidas, enquanto ele fazia os exames em absoluto silencio, Rafael e Elizabeth apenas permaneciam parados observando atentamente a cena.- Bom, aparentemente ela está bem, e não é nada serio... Mas vamos manter ela em observação por alguns dias, e realizar mais alguns exames de rotina. -disse sorridente.- Você tem alguma pergunta?

- O que houve afinal? Onde está o meu noivo? Por que ele não está aqui comigo? Que dia é hoje?

- Querida, o Vincenzo... Vincenzo está...

-¿Qué pasó, mamá? ¿Por qué no me lo dices?

- Dona Elizabeth, deixa que eu falo para ela. - falou Rafael seriamente olhando para a mulher á sua frente carinhosamente.- Vai descansar um pouco, e comer alguma coisa, enquanto eu explico tudo para ela.

- Rafael, você tem certeza? - perguntou Matteo seriamente para o irmão.- Isso é um grande fardo.

- Eu sei irmão... Mas é a minha escolha... Eu converso com ela. 

- Tudo bem então, vamos deixar eles a sós dona Elizabeth. -falou Matteo calorosamente e a mulher apenas assentiu com a cabeça enquanto olhava para Rafael com os olhos marejados, e logo em seguida se retirando da sala com o médico e a enfermeira.-

-Rafael, você está muito serio demais... O que houve? - perguntou a loira no momento que Rafael lhe entregou ás flores e puxou a cadeira para mais perto da cama e segurou a mão da garota ternamente. Rafael, não fazia ideia de como falaria aquilo para a sua amiga, mais alguém precisava dar aquela noticia. Alguém precisava suportar aquele peso por ela.-

- Giovanna, eu nem sei por onde começar.

- Rafael, você está me assustando? O que houve?

- Você se lembra de alguma coisa do dia que houve o acidente?

- Não! - falou um pouco pensativa.- apenas me lembro de estarmos na casa dos pais de Vincenzo na noite de natal, e mais nada... 

Rafael suspirou profundamente antes de começar a dizer.

- Princesa, o carro que Vincenzo e você estavam, capotou três vezes, logo depois que se chocou com um outro veiculo que estava fugindo da policia, e ultrapassou o sinal vermelho, os atingindo em cheio.

- E o que houve? Onde está o meu noivo, por que ele não veio me ver? - perguntou a loira assustada e ao mesmo tempo receosa.-

- Princesa, você precisa ser forte ok.

- Forte! - repetiu a loira rindo de nervoso.- Por que forte?

-Princesa! O Vincenzo está morto... Ele perdeu muito sangue no acidente, e chegou ao hospital morto. -falou o moreno  por fim, e naquele momento Giovanna sentiu que o mundo congelou. Tudo parou completamente, e ela sentiu ás lágrimas banhar o seu rosto.-

- Não, não pode ser... você está mentindo! Está brincadeira não tem graça Luca. - riu nervosamente e passando á mão nos olhos.- Onde está o meu noivo? Eu quero ver o Vincenzo.

-Princesa, eu não estou brincando... Eu jamais faria algo tão serio para magoar alguém importante para mim. Você é minha melhor amiga, e eu gosto muito de você. Você é muito importante, e especial para mim.

- ¿Qué día es hoy? - gritou a loira para o amigo desesperada.- Luca! ¿Qué día es hoy?

-Bem hoje é...

-Luca, apenas me fale á droga do dia.

- Vinte e três de janeiro...

- Oh meu Deus, hoje é o meu casamento... O Vincenzo deve estar na igreja me esperando e... -falava a loira tentando se levantar da cama, mais Rafael a impediu e a abraçou fortemente.-

- Me desculpe bambina, mais infelizmente o Vincenzo está morto... Eu não queria lhe dizer isso... Na verdade ninguém queria, mais é a mais pura verdade... Ele morreu no local do acidente assim como o outro motorista do outro veiculo... Você está desacordada  já faz 4 semanas e três dias... Eu fui á primeira pessoa a chegar no hospital para lhe ver,  assim que os paramédicos deram entrada no hospital com você, o Matteo me avisou... E fui eu, que liguei para a sua prima Mariana, para avisar aos seus familiares... Eu estava aqui quando os pais de Vincenzo veio fazer o reconhecimento do corpo, e agilizar todas as papeladas... Eu realmente sinto muito.

- Não pode ser... Você está mentindo Luca. - disse chorosa nos braços do moreno que apenas tentava conforta-la e lhe ajudar.- Meu noivo não pode estar morto Luca... Você deve ter se confundido... Hoje é o nosso casamento... Eu... eu preciso pegar o meu vestido de noiva na loja, e o meu buquê... Eu preciso fazer meu cabelo, minha maquiagem... E quanto á você Luca, você prometeu que tocaria piano na festa do meu casamento... Você prometeu que ia cantar no meu casamento.

Rafael não disse nada, por mais que aquelas palavras o magoasse, nada do que ele falasse iria aliviar a dor que ela estava sentindo naquele momento. Então apenas permaneceu em absoluto silencio abraçando a loira fortemente que desabava de chorar em seus braços.

- Calma ok, eu estou aqui com você... Eu vou sempre estarei aqui. A hora que você quiser. E  quando você precisar de um ombro amigo. Eu Rafael De Luca prometo! - disse suavemente para a loira que agora tinha o rosto no peitoral do rapaz e deixava a dor da perda atingir o seu intimo, e o pranto transbordar.- 

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"Mesmo se o fundo do oceano arenoso se dividir em dois, mesmo se alguém sacudir este mundo, nunca solte minha mão. " - Bts - Euphoria