019
˖࣪ ❛ VELHOS INIMIGOS
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A Toca
— HERMIONE! ESTOU TÃO feliz que você esteja se sentindo melhor! — uma jovem com cabelos ruivos vibrantes chorou antes de correr para os braços de Hermione. Ela recuou, examinando Hermione da cabeça aos pés. — Você está melhor, certo?
— Sim. — Hermione respondeu, rindo divertida. — Estou bem, Lily, como nova.
Era mais um jantar da Ordem na Toca e o lugar estava cheio de gente. A notícia se espalhou sobre os grandes avanços feitos na derrota de Voldemort; agora que as Horcruxes se foram, eles decidiram que não havia problema em revelar a verdade sobre o assunto ao resto da Ordem. No entanto, como Dumbledore recomendou, a identidade de Hermione ainda era mantida em segredo.
James se aproximou, fazendo malabarismos com o agitado Harry em seus braços. — Ei, Hermione. — ele cumprimentou distraidamente enquanto tirava os óculos dos dedinhos do filho, enquanto Harry apenas ria de alegria pela angústia de seu pai.
— James, Harry. — ela disse, chamando a atenção do bebê.
Ao ver Hermione, as feições do bebê Harry imediatamente se iluminaram e seus braços se levantaram no antigo gesto de ser pego. Ela olhou para James pedindo permissão, mas ele estava olhando para o filho divertido, dando a Hermione um sorriso encorajador. Quando ela gentilmente puxou Harry para descansar em seu quadril, as mãos dele imediatamente envolveram seu pescoço como um macaco.
— Meu! — ele gorgolejou. — Meu! Meumemymymy!
— Bem, olá para você também. — ela disse dramaticamente para a criança, fazendo-o rir de alegria.
James e Lily observaram o par com carinho enquanto Lily recuava para o abraço caloroso de seu marido.
— Ei, talvez você devesse cuidar do diabinho com mais frequência. — disse James brincando. — Ele parece estar sempre se comportando da melhor maneira possível para você.
— Oi! — uma voz familiar gritou. — Todo mundo sabe que sou o favorito de Harry!
— Acho que você foi substituído, Almofadinhas. — Remus disse divertido, juntando-se ao pequeno círculo na direção oposta.
Hermione olhou para o grupo reunido ao seu redor, surpresa com a aparição repentina de todos. Eles simplesmente se materializaram na hora, mesmo apesar de não terem ouvido nada da conversa anterior.
— Como vocês fazem isso?
— Animagi. — todos os meninos sorriram arrogantemente. Lily fez contato visual com Hermione, revirando os olhos sutilmente.
— Ela é uma menina, isso não conta. — Sirius insistiu. — Claramente estamos criando Harry para ser um encantador, então obviamente ele vai trazer grandes armas para Hermione.
— Você ao menos sabe o que são armas? — Hermione perguntou secamente.
Ele lançou-lhe um olhar nada divertido, como se dissesse 'por quem você faz isso?'
— Quero dizer, é verdade, Harry só tem um padrinho. — Lily disse inocentemente. — Mas ele sempre tem espaço em sua vida para uma madrinha. — ela continuou, sorrindo maliciosamente.
— Hum... — Hermione disse hesitante, olhando para James hesitante. Ela sabia que eles haviam resolvido tecnicamente todos os seus mal-entendidos, mas às vezes ainda sentia como se estivesse pisando em ovos perto deles. Os olhos de James ficaram comicamente grandes, fazendo o estômago de Hermione afundar de ansiedade. Mas ele a surpreendeu quando pegou Lily no colo, girando-a com uma gargalhada.
— Eu sempre soube que você era um gênio, bruxa. Quer dizer, qual candidata melhor existe? Ela literalmente viajou no tempo por causa do nosso bebê. — ele disse alegremente, virando-se para Hermione com um sorriso largo e desinibido.
— Você não pode estar falando sério. — Hermione disse incrédula.
— Não, claro que não. — Sirius retrucou, antes que um sorriso surgisse em seu rosto. — Eu sou Sirius.
Hermione revirou os olhos. — Bem, é um pouco irônico considerar o tipo de padrinho que você será.
Sirius franziu a testa e fez beicinho. — Quero dizer, você não está errado, mas ele tem você como padrinho de castigo. Alguém tem que ensinar a criança a se divertir.
— Espere. — Hermione disse rapidamente. — Isso não está realmente acontecendo, certo?
Remus lutou para conter o riso diante da total confusão e pânico de Hermione. — Oh, eu não subestimaria esse grupo se fosse você.
— M-mas...
— Relaxe, 'Mione. — Lily disse com um sorriso sereno. Ela facilmente aceitou Harry de volta quando o bebê começou a ficar preocupado com sua mãe. — Você pode pensar nisso pelo tempo que precisar. Mas a oferta é 100% séria. Literalmente. O trabalho vem com seu próprio Sirius.
Sirius se animou com o trocadilho de Lily, seus olhos brilhando e sua postura alerta e enérgica - como um cachorrinho esperando para ser reconhecido. Hermione não pôde deixar de sorrir para o grupo, sentindo seu coração suavizar, apesar de seu melhor julgamento. Mas, novamente, ela ficou realmente surpresa com a intensa lealdade que contrariava seus rancores teimosos? Harry havia dito a ela como eles eram maus com Snape em Hogwarts, e ela realmente não deveria ter esperado que eles fossem levianamente com alguém que consideravam ser contra sua unidade ou qualquer pessoa dela.
— Oh meu Deus, vocês ouviram? — Marlene gritou, correndo para o círculo deles. — Dumbledore e outros destruíram várias partes da alma de Você-Sabe-Quem!
— Sim. — Sirius disse sorrindo. — Esse Dumbledore em particular fez metade do trabalho. — ele se gabou enquanto cutucava Hermione com o ombro.
— Sem chance! — Marlene voltou seus olhos admirados para Hermione, o que a pegou desprevenida. — Isso é perverso! Mas você é tão jovem? Deve estar no seu sangue, você é uma Dumbledore por completo!
Hermione sorriu timidamente, balançando a cabeça. — Foi realmente Moody. — ela insistiu. — Ele foi quem me treinou para começar.
Os outros reviraram os olhos com desdém diante da humildade dela, o que Marlene definitivamente percebeu.
— Uau. — ela assobiou baixinho. — Eu sabia que você devia ser uma personagem sólida depois daquela noite na escada, mas se esses caras pensam tanto de você, você deve ser uma guardiã.
Hermione forçou um sorriso educado enquanto Sirius e Lily enrijeceram. Marlene pegou o braço de Sirius casualmente, nem mesmo desviando sua atenção de Hermione. Os olhos de Lily voaram para Hermione preocupados e Sirius desviou o olhar para qualquer coisa que não fosse um par de olhos. Mas Hermione percebeu que os gestos de Marlene pareciam completamente inofensivos.
— Você tem mais ou menos a nossa idade, certo? — ela continuou indiferente. — Eu me pergunto em qual casa de Hogwarts você estaria.
— Grifinória. — Hermione disse em tom de conversa. — Tio Albus me deixou experimentar o Chapéu Seletor uma vez.
Remus ergueu a sobrancelha para ela quando Marlene começou a falar sobre como eles deveriam se conhecer porque todos eram da Grifinória também. Hermione encolheu os ombros discretamente. Se ela tivesse que se adaptar a um grupo de estranhos em uma época estrangeira, não havia como descartar uma das poucas partes de sua identidade que a ajudavam a se relacionar com eles. Enquanto Hermione ouvia o discurso animado de Marlene sobre o tempo que passaram em Hogwarts, ela já percebeu que a garota era corajosa e de bom coração, e honestamente a lembrava um pouco de Parvati.
Mas enquanto elas continuavam a conversa, Sirius retirou discretamente o braço do aperto dela, o que deu a Marlene uma breve pausa. Ela rapidamente decidiu olhar além disso, balançando visivelmente a cabeça para se concentrar novamente em Hermione. Foi nesse ponto que Hermione sentiu a tensão diminuindo, então ela aproveitou a oportunidade para pedir licença e ir dizer oi para os gêmeos Prewett.
— Por que você parece estar fugindo do próprio Salazar Slytherin? — Gideon disse divertido enquanto Hermione corria até eles.
— Estou tentando não me envolver no drama. — disse Hermione, suspirando quando finalmente chegou ao abrigo da companhia deles.
Gideon olhou para o grupo de onde ela veio, franzindo a testa quando viu Sirius e Marlene conversando um pouco tensos enquanto James, Remus e Lily testemunhavam desajeitadamente a conversa. Os olhos de Gideon permaneceram na beleza de cabelos negros por um segundo antes de seus olhos voltarem para Hermione.
— Bem, você deve ter deixado isso para trás. — ele disse a ela, apontando de volta para o grupo.
Hermione olhou para trás com os olhos arregalados apenas para se virar. — Não, não foi culpa minha. — ela insistiu. — De qualquer forma, como vocês dois estão?
Fabian riu de sua tentativa patética de mudar a conversa, mas mesmo assim jogou-lhe um osso. — Devíamos estar perguntando isso a você! Mas de qualquer forma, ouvimos que Dumbledore está introduzindo aquele espião em nossas fileiras hoje.
— Espião? Snape?
— Sim: — Fabian franziu a testa. — Não sei por que ele simplesmente não deixou o idiota para as cobras.
— Fabian! — Hermione gritou indignada, atraindo alguns pares de olhos antes de baixar a voz.
— Eu estou apenas brincando! — ele defendeu, mas Hermione permaneceu imperturbável. — Ok, na verdade não, mas honestamente ele realmente fez o suficiente para provar sua lealdade?
— Ele interveio e provavelmente salvou minha vida. — Hermione apontou.
— E essa é a única razão pela qual não vou enfeitiçá-lo quando ele aparecer hoje. — disse Fabian com petulância. Ele olhou para seu irmão, que ainda observava distraidamente o grupo de Marotos.
— Ah, não. — Fabian murmurou. — Parece que seus filhos realmente conseguiram agora...
Hermione se virou bem a tempo de ver Marlene se afastando rapidamente de Sirius, que parecia perturbado. Lily, James e Remus já haviam desaparecido há muito tempo, provavelmente querendo dar-lhes alguma privacidade para conversar. Vendo os lábios trêmulos e o rosto teimoso de Marlene, Hermione só pôde adivinhar o que aconteceu.
★
— Está tudo bem? — Marlene perguntou a Sirius.
— Tudo bem. — Sirius disse evasivamente, forçando uma casualidade em sua voz.
— Tudo bem... Mas você parece desconfortável segurando minha mão?
— Nós não estamos... — ele fez uma pausa, claramente confuso. — Achei que você tivesse percebido que não estávamos nos metendo em nada sério. — Sirius finalmente suspirou.
Houve um segundo em que ele pôde ver a esperança deixar seus olhos enquanto a fria realidade tomava conta de Marlene. Ela abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu enquanto ela olhava fixamente para ele, incrédula.
— Nós... Nós temos feito isso desde Hogwarts. Por que não podemos ser algo mais? — ela perguntou logicamente.
— Mar... — Sirius implorou. — Eu sempre perguntei a você se ainda estávamos na mesma página sobre isso.
— Mas ainda! — ela chorou com uma explosão silenciosa. — Se você não tinha intenção de ir mais longe, não deveria ter voltado. Você deveria ter tido a cortesia de não me deixar pensando!
— Eu perguntei a você todas as vezes.
— Eu não ia dizer não; gosto de você desde Hogwarts! — ela sussurrou e gritou indignada. — E você sabia disso! Um bom amigo daria um passo atrás se soubesse que não queria mais nada. Se fosse realmente apenas uma transa, você deveria ter encontrado alguém que não tivesse uma opinião tão boa sobre ele. você!
— Eu pensei que já que você escolheu isso, você ficaria bem. — disse ele, culpado.
— Bem, eu não estou. — ela sussurrou desapontada. — Longe disso.
— Sinto muito. — disse ele humildemente. — Eu realmente pensei que você estava bem com isso. Se eu soubesse, voltaria atrás.
— É um pouco tarde para isso. — disse Marlene rigidamente. Ela podia ver o pânico nos olhos de Sirius quando ele percebeu a gravidade de suas escolhas. — Mas acho que não é inteiramente culpa sua. — ela admitiu com tristeza. — Tenho mentido para nós dois há quase um ano.
— Estou sempre aqui para ajudá-la, Marlene. — Sirius disse sinceramente, abaixando-se para captar o olhar dela, gentilmente colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. — Você é uma daquelas pessoas que passou a significar muito para mim. Mas... Nunca foi assim para mim.
Ela assentiu, mordendo o lábio para evitar que tremessem. Ela respirou fundo, soltando o ar com um suspiro cansado. — Eu só preciso de... Tempo. Acho que uma parte de mim sempre soube disso, mas a esperança é uma miragem cruel.
Sirius assentiu com compreensão, observando as feições dela com cuidado. Suas emoções meticulosamente controladas estavam logo abaixo da superfície de sua calma. Antes que pudesse começar a chorar na frente de toda a Ordem, Marlene virou-se abruptamente, afastando-se da sala lotada.
★
Foi logo depois da hora do jantar, quando todos estavam alimentados e apaziguados, quando Dumbledore decidiu lançar a bomba. Quando ele aparatou na Toca com Snape, houve uma fração de segundo de silêncio cheio de horror antes que praticamente todos estivessem de pé com suas varinhas em punho. Hermione assistiu com diversão e respeito relutante quando Snape nem sequer se encolheu, olhando fixamente para o exército de membros da Ordem com suas varinhas apontadas para ele.
— Pessoal, baixem as varinhas. — Dumbledore ordenou com uma voz calma.
— Você perdeu? — Kingsley disse, olhando para Snape em estado de choque.
Fabian e Gideon estavam no fundo da sala, encostados na parede, claramente felizes em sentar e deixar isso acontecer, embora soubessem a verdade. Moody também estava quieto, embora Hermione percebesse que ele estava alerta e pronto para intervir se necessário.
— Eu gostaria de apresentar a todos vocês o mais novo membro da Ordem...
— Você acha que ele sofreu Imperius? — Sirius perguntou muito solenemente.
Houve um burburinho imediato quando as pessoas começaram a exigir que Dumbledore fosse examinado quanto à maldição e que Snape fosse preso imediatamente. Hermione podia sentir a ansiedade das pessoas ficando fora de controle, então ela se levantou suavemente, ficando sutilmente na frente de Snape e Dumbledore, chamando a atenção para ela.
— É verdade, ele está do nosso lado há algum tempo. — ela assegurou. — A maioria de vocês deve ter ouvido falar sobre a missão que completamos recentemente de destruir pedaços da alma de Voldemort. Bem, não teria sido possível sem Snape.
Houve uma breve pausa de choque antes de todos começarem a conversar novamente.
— Eles se infiltraram na Ordem!
— Oh, querido, precisamos evacuar a Toca? — Molly perguntou preocupada.
— Podemos arrancar informações dele! — um membro gritou.
— SUFICIENTE! — Dumbledore gritou. — Embora eu entenda a causa da sua preocupação, já temos testemunhas que podem verificar o envolvimento de Snape, bem como minha sanidade mental.
Fabian e Gideon deram um passo à frente, ambos exibindo sorrisos divertidos. — Seríamos nós. — disseram eles em uníssono.
— Eu também vi isso. — Moody finalmente falou. — Pelo amor de Deus, guarde suas varinhas! — ele comandou rispidamente.
Todos abaixaram suas varinhas relutantemente, olhando Snape com cautela.
— Mas por que ele mudaria? — uma garota quieta gritou da multidão. Hermione olhou para a pequena mulher com cabelo castanho claro. — Todo mundo sabe que ele odiava os Grifinórios do nosso ano, e todos eles se juntaram à Ordem.
— As rivalidades da velha escola dificilmente são motivo para recorrer ao bruxo mais sombrio desta geração, Héstia. — repreendeu Minerva, mesmo sem saber de toda a história ainda.
— Mas ele fez isso. — Sirius disse com uma voz dura. — Ele nos odiava na escola e eventualmente se juntou aos Comensais da Morte.
— As pessoas podem mudar. — disse Hermione incisivamente.
— Mas por que ele mudaria? — Gideon perguntou em um tom prático. — Eu sei que ele provou que está do nosso lado, mas por quê? Não há amor perdido por ele neste final de guerra.
— Minha esposa. — James disse em voz baixa.
Todos olharam para os Marotos juntos em estado de choque.
— James... — Lily sussurrou com urgência, implorando silenciosamente com os olhos para que ele parasse.
— É verdade, Lils, ele sempre teve uma queda por você, mesmo depois que vocês dois brigaram. — ele insistiu.
Os olhos de Hermione voaram de volta para Snape com espanto, mas ele teimosamente evitou o olhar dela. Snape e Lílian Potter? Lily era a ruiva de quem Madame Pomfrey estava falando? Ela nunca teve ideia de que eles tinham uma história juntos. Isso certamente explicaria por que ele sempre pareceu cuidar discretamente de Harry, dela e Rony durante seus anos em Hogwarts.
— Bem, seja qual for o motivo, ele é um recurso valioso para nossa equipe. — Dumbledore insistiu. — E esse é o fim.
— Mas como podemos confiar que ele não é mau? — Kingsley argumentou. — Se devemos lutar ao lado dele na batalha, como posso confiar que ele não se voltará contra nós?
— Que tal um patrono? — uma garota baixa e quieta recomendada por trás. Hermione imediatamente a reconheceu como a jovem Mary McDonald que eles resgataram do ministério durante o ano de fuga.
— Ah, por favor, ele provavelmente será comido pelos próprios vermes. — brincou Fabian.
— Exatamente. — Mary apontou. — Se ele for bom, teremos provas e ele ficará bem. Se não estiver... Bem, então acho que ele pagará por seus pecados.
A garota recuou um pouco diante dos punhais que Snape estava atirando em sua direção, mas se manteve firme. Ele olhou para todos com frieza enquanto os membros da Ordem se viravam para olhá-lo com expectativa.
— Bem? — Kingsley disse. — Vá em frente.
Quando Snape permaneceu em silêncio, todos ficaram inquietos.
— Não vale a pena. — Sirius insistiu. — Não há como ele ser confiável...
Pouco antes de Sirius poder terminar sua frase, Snape retirou sua varinha, balançando-a em movimentos arqueados graciosos, evocando silenciosamente uma película de névoa prateada. Ele girou na ponta de sua varinha antes de dançar ao redor da sala e de seus ocupantes e se materializar em uma pequena bola de luz no centro da sala perto de Hermione. Todos assistiram sem palavras enquanto a bola de luz dançava e se transformava em uma corça alta e elegante, orgulhosamente em posição de sentido. Quando Snape finalmente lançou o feitiço, as palavras das pessoas falharam. Até mesmo Hermione, que finalmente percebeu que seu mestre de poções, há muito mal avaliado, tinha o mesmo patrono da corça que a pessoa misteriosa que os levou à espada da Grifinória, ficou sem palavras.
Quando ela finalmente olhou para ele, ela pôde ver a centelha de desespero por trás de sua fachada de frieza e imediatamente entrou em ação.
— Agora que todos vocês têm suas provas. — ela disse incisivamente. — Vamos deixar esse assunto de lado.
Embora a maioria dos membros da Ordem parecesse aceitar com relutância, Lily parecia absolutamente chocada enquanto os outros Marotos pareciam preocupados.
— Bem, se você esteve do nosso lado esse tempo todo, por que não nos avisou sobre Pettigrew? — Artur perguntou.
— Eu não sabia. — Snape finalmente falou em tom entediado. Antes que alguém pudesse expressar suas dúvidas incrédulas, ele continuou. — O Lorde das Trevas nunca compartilha todas as suas informações com ninguém. Se ele tivesse uma toupeira tão profundamente arraigada como Pettigrew, sem dúvida, ele não comprometeria isso contando a seus outros seguidores.
— Oh, como você sem dúvida está tentando fazer. — Sirius cortou.
— Sirius. — Hermione avisou em tom baixo. Ela balançou a cabeça para ele, implorando com os olhos para que ele desistisse. Ele apenas olhou para ela brevemente antes de ficar em silêncio.
— Severus fez muito para provar seu valor, e se vocês não confiam nele, pedirei a todos que confiem em mim. — disse Dumbledore com uma nota definitiva.
Embora a maior parte da Ordem parecesse aceitar isso a contragosto enquanto se dispersavam de volta para a reunião, eles estavam um pouco menos alegres do que antes, todos confusos com o rumo dos acontecimentos. Quando Hermione olhou de volta para os saqueadores, os garotos estavam se estudando impassivelmente, comunicando-se silenciosamente como ela costumava fazer com Harry. Mas os olhos de Lily ainda estavam aturdidos enquanto voavam pela sala. Seguindo seu olhar, Hermione se virou bem a tempo de ver Snape saindo pelo corredor em uma confusão de vestes.
★
— Eles vão mudar com o tempo, eles só precisam ver que você mudou.
A coluna de Snape enrijeceu com a voz de Hermione. Ela o encontrou em um pequeno escritório na Toca, parado em frente à lareira e estudando as chamas. Quando ela se aproximou para ficar ao lado dele, ele pareceu lutar consigo mesmo por um momento.
— Não tenho certeza se mudei. — ele finalmente admitiu, cansado.
Hermione olhou para ele, um pouco surpresa com sua honestidade. Afinal, este era o homem que revelava suas emoções tanto quanto uma parede de tijolos.
— Bem... — ela começou cuidadosamente. — Até onde eu sei, você parece ser um homem decente agora, e o homem que conheci no futuro era um homem complicado, mas corajoso. Então, se você acha que não mudou, então você sempre teve o que há de bom em você.
Snape olhou para ela surpreso. Ele não conseguia se lembrar da última vez que alguém o chamou de bom ou corajoso. Nem inteligente, nem engenhoso ou útil, mas genuinamente bom. Provavelmente por volta do terceiro ano, antes de Lily começar a suspeitar de seus amigos sonserinos.
Como se estivesse lendo sua mente, Hermione não pôde evitar a próxima pergunta que saiu de seus lábios. — Então... Lily?
Os olhos de Snape fecharam a breve demonstração de emoção enquanto ele desviava os olhos dos dela e voltava para o fogo. Por um segundo ela pensou que o tinha pressionado demais e ele não iria responder. Mas depois de alguns segundos de silêncio doloroso, ele finalmente falou.
— Ela era minha única amiga ao entrar em Hogwarts. E mesmo depois de todos esses anos ela é uma das poucas pessoas genuinamente boas que passaram pela minha vida. Quando percebi que ela iria morrer por causa de alguma profecia trivial, não pude apenas fique parado e deixe acontecer.
— Você a amou?
O olhar de Snape se voltou para o dela com aborrecimento e um pouco de raiva. Ele estava claramente desconfortável com as questões investigativas em sua vida pessoal. Antes que ele pudesse responder a resposta afiada que deveria estar na ponta da língua, a porta da sala se abriu e os dois viraram a cabeça para ver Remus entrando cautelosamente na sala.
— Hermione. — ele acenou com a cabeça com olhos calorosos antes de seu olhar passar por Snape com incerteza. — Eu só queria verificar você.
— Claro. — Snape zombou. — Garantir que o grande e mau Comensal da Morte não a tenha matado agora? Embora eu deva dizer Lupin, com sua... Condição... Não tenho certeza se sou a ameaça aqui.
Remus franziu a testa com o golpe de Snape, mas antes que pudesse responder, Hermione deu um tapa no braço de Snape. Duro.
— Não se atreva a tentar rebaixar Remus. — Hermione disse acaloradamente. — Eu não vou aceitar você...
— Está tudo bem, Hermione. — Remus a interrompeu, estudando Snape pensativamente. — Há muita história ruim entre nós, o comportamento dele não é tão rude quanto pode parecer.
Hermione ficou boquiaberta de indignação e os olhos de Snape se arregalaram de surpresa quando Remus se aproximou dele, endireitando os ombros como se estivesse se preparando. Hermione percebeu com admiração distante que Remus se parecia muito com Harry nos momentos em que ele se preparava para agir com maturidade, às vezes além do que deveria ser esperado de um garoto de sua idade.
— Eu sei que não facilitamos a vida para você em Hogwarts. — Remus reconheceu, olhando apenas para Snape agora. — Mas eu também sei que você deu tão bem quanto recebeu.
— Qual é o seu ponto, Lupin? — Snape falou lentamente, embora seus olhos estivessem aguçados com um interesse cauteloso.
— Teremos que trabalhar juntos de agora em diante, afinal estamos do mesmo lado. E eu confio em Dumbledore, e mais importante, aprendi a não duvidar de Hermione. — disse ele, lançando um sorriso tímido em sua direção. — Então, proponho que façamos uma trégua. Somos ambos adultos agora, não há razão para não sermos cordiais. — ele finalmente disse, estendendo a mão para Snape.
Snape estudou a mão com desagrado por um momento antes de parecer haver uma mudança de aceitação relutante em suas feições. — Suponho que você não esteja errado. — ele admitiu, pegando brevemente a mão de Remus.
Antes que ele pudesse se afastar, Remus apertou ainda mais o bruxo e puxou-o para mais perto bruscamente. — Mas lembre-se, se você der a qualquer um de nós um motivo para duvidar de você ou trair a confiança de Hermione em você, eu irei procurá-lo na lua cheia. — ele avisou levemente com um pequeno sorriso brincando em seus lábios.
Snape empurrou de volta com outro sorriso de escárnio. — Observado.
— Remus, você a encontrou? — uma voz suave chamou do salão em tom doce.
Hermione notou imediatamente quando Snape enrijeceu rigidamente. Lily entrou na sala, congelando quando notou o trio parado perto do fogo, seu sorriso desaparecendo quando seus olhos ficaram fixos em Snape.
— Severus... — ela cumprimentou suavemente.
— Lily... — ele respondeu, tão incerto quanto Hermione já o tinha ouvido.
Ela se mexeu desconfortavelmente por um segundo antes de entrar na sala. — Estou feliz que você esteja aqui. — ela disse honestamente. — Já era hora de você mudar de lado.
— Como eu não poderia? — Snape disse suavemente, seus olhos não deixando os dela. — Você era minha melhor amiga.
Lily desviou os olhos rapidamente e Hermione observou a interação entre os dois, um pouco confusa. Quando ela olhou para Remus, ele apenas deu de ombros em resposta.
— Sinto muito, mas o que aconteceu entre vocês dois? Por que vocês deixaram de ser amigos? — Hermione perguntou hesitante, odiando cortar a tensão na sala com sua pergunta aparentemente estranha.
— É minha culpa. — Snape disse rispidamente. — Eu estava com raiva de alguns outros grifinórios, e Lily me pegou bem quando eu estava sendo humilhado. E eu ataquei ela. — Snape olhou para Lily com emoção. — É um dos meus maiores arrependimentos, até hoje.
— Não foi culpa sua, foi nossa. — Remus disse vergonhosamente. — Snape estava cuidando da própria vida quando James e Sirius o pegaram de surpresa. Eram dois contra um, e nós não tornamos as coisas exatamente fáceis para ele.
— Mas independentemente disso. — Snape interrompeu com desdém. — Eu nunca deveria ter te chamado dessa palavra miserável. Nunca acreditei, nem por um segundo.
Lily olhou para sua amiga de infância com tristeza, seus olhos inundados de lágrimas não derramadas. — Oh Severus, já faz um bom tempo desde que eu te perdoei por me chamar de sangue ruim. Afinal, quando você começou a dormir fora da sala comunal da Grifinória, ficou bem claro que você não dava a mínima para o meu status sanguíneo. — ela riu tristemente.
O queixo de Hermione caiu enquanto ela lutava para conter o choque. Snape? Dormir do lado de fora da torre da Grifinória para se desculpar?
— Então por que...? — ele implorou.
— Eu estava sendo uma covarde. — admitiu Lily, olhando para os sapatos. — Mesmo que você não quisesse dizer isso, a cada ano você se aproximava de seus amigos da Sonserina, e eu estava com medo do caminho que isso levaria você. Eu não queria ficar por aqui apenas para que você decidisse que estava do lado um grupo que queria pessoas como eu mortas.
— Droga, Lily. — Snape grunhiu em frustração. — Sua garota boba. — disse ele com tristeza, observando-a com pesar. — A principal razão pela qual me juntei a eles foi para ter a vantagem de mantê-la segura, mesmo que eles chegassem até você.
Os três grifinórios congelaram em choque com sua confissão inesperada. Os pensamentos de Hermione corriam ao seu redor como uma chave de portal.
— Então por que? — Lily chorou baixinho, lágrimas escorrendo por seu rosto a essa altura. Ela falou, sua voz ficando cada vez mais aquecida a cada declaração que passava. — Por que você se juntou a eles? Por que não fica ao meu lado? Por que não luta pela luz?
— Como eu poderia? — ele sussurrou. — Você não me deixava mais ficar ao seu lado. Você era a única coisa boa na minha vida, sem você a escuridão era a única coisa que eu poderia recorrer.
Com um soluço abafado, Lily atravessou a sala, jogando os braços em volta do pescoço de Snape, puxando-o para um abraço esmagador. Ele congelou em descrença por um breve momento antes de envolver Lily com os braços, afundando-se em seu abraço. Apesar de mudar para o lado da luz, esta era a redenção que mais importava para ele – o fantasma de Lily que o assombrava até hoje. Hermione sentiu seu coração derreter com o reencontro, sorrindo timidamente para Remus, que retribuiu sua alegria com um sorriso próprio. Mesmo que já tenham se passado anos, ele sempre sentiu muita culpa pelo garoto que Snape foi e por sua complacência nos eventos que levaram à separação dele e de Lílian; ele sempre soube o quanto aquela amizade significava para ela.
— Estou feliz que você esteja aqui. — Lily disse novamente quando finalmente se afastou ligeiramente de Severus.
— Eu também. — disse ele, finalmente parecendo satisfeito enquanto olhava para ela.
— Tire suas mãos da minha esposa. — o olhar de todos disparou para a porta onde James estava praticamente fervendo de raiva.
— James... — Lily tentou acalmá-lo.
— Tire suas mãos antes que eu o azare. — James avisou novamente, praticamente rosnando.
Sirius entrou correndo na sala, quase esbarrando nas costas de James. Seus olhos se arregalaram com a tensão na sala, percebendo rapidamente o que estava acontecendo.
— James! — Lily repreendeu. — Eu o abracei. E além disso, estamos todos do mesmo lado agora, é hora de acabar com as rivalidades bobas da infância.
James estremeceu ligeiramente, recuando com as palavras dela. — Lils, como você pode perdoá-lo? Ele te chamou de palavra com S! Ele é um Comensal da Morte!
— Ex-Comensal da Morte. — Hermione corrigiu automaticamente, ganhando um olhar furioso do homem frustrado.
— Éramos todos crianças. — Lily suspirou finalmente. — E todos nós nos arrependemos de como as coisas aconteceram. Estou optando por deixar isso para trás. Você sabe o quanto minha amizade com Severus significou para mim.
Snape ficou quieto atrás de Lily, pela primeira vez optando por não incitá-los ou instigar uma briga como ele estava ansioso para fazer. Não agora, não quando Lily o estava defendendo mais uma vez, depois de anos só sendo capaz de observá-la à distância.
— Caramba, Lily, você pode ter amizade em mente, mas ele claramente não tem! O maldito patrono dele é o mesmo que o seu, claramente ele ainda está apaixonado por você! — James chorou frustrado, passando as mãos pelos cabelos em um hábito semelhante ao de seu filho.
Lily fez uma pausa antes de simplesmente dizer. — Existem muitos tipos de amor, James. Severus e eu éramos amigos de infância, existem muitos laços profundos aí.
James desanimou com a defesa silenciosa de Lily sobre seu velho amigo, a luta saindo dele. Ele parecia absolutamente arrasado.
— Você ainda o ama também. — ele acusou suavemente.
Na fração de segundo que Lily hesitou, James virou-se, passou por Sirius e saiu pela porta.
— James... — ela gritou em pânico. Mas ele não parou, nem voltou.
Sirius olhou entre os outros incerto antes de olhar para Lily de forma tranquilizadora. — Eu irei atrás dele, Red. Não se preocupe.
Segundos depois, Lily estava fora da porta, tentando desesperadamente conter os soluços.
★
— Lily... — Hermione sussurrou preocupada.
Ela encontrou a ruiva na mesma alcova para onde ela fugiu semanas antes, quando Sirius a atacou. Sem saber como consolar a bruxa chateada, Hermione caiu no chão, sentando-se à sua frente, simplesmente lhe fazendo companhia.
— Eu não consegui encontrar James. — ela soluçou. — Ele nem estava de volta ao chalé; não sei para onde mais ele iria.
— Ele estava certo? Você ama Snape.
Lily levantou a cabeça para encontrar os olhos de Hermione.
— Eu amo. — ela admitiu. — Mas Severus é praticamente como uma família. Nós crescemos juntos, passamos os verões juntos. Ele não era exatamente como um irmão, mas ainda era uma família. É claro que eu o amava, e agora que ele está fazendo as pazes, esse amor simplesmente não vai embora.
— Oh, Lily. — Hermione murmurou. — James vai entender, você só precisa dizer isso a ele.
— Você sabe que eu nunca o vi tão desapontado? — Lily disse trêmula. — Quando estávamos em Hogwarts, ele me convidava para sair o tempo todo, e todas as vezes eu o rejeitava cruelmente. Mas isso nunca o incomodou, nem uma vez. — ela exalou instável. — Mas aquele olhar que ele me deu quando saiu furioso...
— Vocês dois são Lily e James Potter. — enfatizou Hermione. — Mesmo na minha época, mesmo quando você não estava por perto, todos nós ouvimos sobre o casal de ouro que os Potters formaram. Tenho certeza que você vai resolver isso, você precisa. Ele só precisa se acalmar.
— Tem que ser. — Lily concordou preocupada. — Hermione... Eu estou... Eu estou...
— O que foi, Lily? — Hermione persuadiu suavemente.
Os olhos verdes musgosos de Lily encontraram os dela com medo. — Estou grávida.
Hermione sentiu o ar escapar de seus pulmões de uma só vez. — Quanto tempo?
— Um pouco mais de dois meses?
— Dois meses? — Hermione gritou, fazendo as contas rapidamente. — Merlin, Lily! Isso significa que você já estava grávida quando cheguei aqui! Harry deveria ter uma irmã ou irmão mais novo se Voldemort não tivesse...
Lily assentiu, tentando sufocar as lágrimas. — Eu não contei a James. Eu só descobri recentemente, não fiquei doente desta vez e com esta guerra acontecendo, eu não estava exatamente acompanhando meus ciclos.
— Lily... — Hermione enfatizou, estendendo a mão para agarrar a mão dela de forma tranquilizadora. — James vai ficar emocionado. Vai ficar tudo bem.
— Mas onde ele está? Não é seguro lá fora. — ela sussurrou entrecortada.
Hermione puxou a bruxa trêmula para seus braços, acalmando-a. — Ele voltará para você, ele sempre encontrará você.
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