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CAPÍTULO 07
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🧛♂️🩸
Não pude deixar de pensar na imagem de Selena com as mãos sob o corpo do príncipe. Aquele nível de intimidade, as carícias trocadas, só se era pressuposto entre um casal, tal qual aquele que esperavam que eu e o príncipe nos tornássemos.
E então por um momento, me questionei se era nessa posição que Selena desejava estar, no meu lugar. E muito embora esse não fosse o destino o qual desejei para mim, por instantes cogitei ficar neste lugar.
Comecei a entender o desdém de minha dama de companhia por mim.
Assim como a imagem do palácio, meu pertencimento à realeza ficava cada vez mais distância à medida em que a floresta se tornava cada vez mais densa, escura e tenebrosa ao meu redor. O vento sussurrava e as folhas das arvores o acompanhavam em uma melodia fúnebre e sombria.
A cada sopro gélido fazia-me dolorosamente reprimir as súplicas silenciosas para que retornasse ao conforto do palácio. Poderia dizer a James que fora uma ideia imprudente, ou que apenas queria ver minha mãe. Mas assim que repeti todas as possibilidades de desculpas em minha mente, recobrei a consciência de que aquilo jamais seria justificável, ao menos não para o tipo de monstro com o qual estava lidando. Concluí que não gostaria de retornar a fim de descobrir o destino cujo o qual escolheria para mim após este fatídico dia de minha fuga, que com esperança, repetia para eu mesma a todo instante que seria bem sucedida.
Não tardou para que minha visão fosse guiada na direção oposta a qual eu seguia. O castelo encontrava-se consideravelmente longe, todavia, ainda que meu corpo implorasse pelo descanso merecido, minha mente praguejava mediante a certeza de que apenas atardara a chegada iminente dos guardas. Parar naquele momento seria uma ideia um tanto quanto estapafúrdia.
O medo se apoderou ainda mais sob mim ao observar a lua em seu ponto mais alto. Era noite de caçada. E eu estava ali, humana, fraca, indefesa e foragida, consciente de que ainda que corresse com mais voracidade, o vestido fino sob o vento gélido e um caminho rodeado de galhos, lama, raízes e demais obstáculos não era a vestimenta mais adequada para a ocasião. Em noites como essa, animais e seres humanos que ousassem se aventurar pelos caminhos e trilhas da montanha habitada pelo clã, desapareciam de forma misteriosa e com uma explicação a qual todos preferem deixar cair no esquecimento. Eram mortos.
— Droga!!! — Esbravejei. Estava perdida, sem sombra de dúvidas. Mas o remorso pelo infeliz comentário alcançou-me imediatamente, ao recordar-me da audição apurada daqueles quem eu temia me encontrar.
Um turbilhão de pensamentos se apoderava de minha mente a todo instante. Uma voz desesperada a qual eu tentava veementemente calar dentro de mim, levantava constantemente a sugestão de que havia sido tola o suficiente a ponto de cogitar não ter sido sequer notada por um príncipe cuja visão noturna e audição apurada poderiam me detectar a quilômetros de distância. Talvez tenha sido de fato um pensamento estapafúrdio, contudo conseguirá realizar aquilo que muitos não consideravam sequer remotamente possível, uma fuga.
Deixei de me importar com o vestido, então corri, corri, corri e corri.
— Que os deuses me ajudem!
Mas infelizmente, os deuses da noite eram deles, e não meus.
🧛♂️🩸
Exaustão. Ainda que o medo avassalador de encontrar com a guarda real ou demais vampiros a espreita aguardando por uma presa, já não mais conseguia ver o castelo, e meus pés, tal qual o vestido que Aurora me dera, encontravam-se demasiadamente destruídos pelo caminho percorrido.
Não tardou para que o descanso esperado, se tornasse o tormento seguido do doce gosto amargo do desespero iminente quando junto com o som de galhos se quebrando, a folhagem estremeceu não tão longe do pequeno tronco decepado no qual me encontrava.
Tentei urgentemente levantar-me, mas minhas pernas já não respondiam pela minha vontade ou instinto de sobrevivência. Encontrei-me então à mercê da exaustão, fadiga e seja lá o que tivesse a caminho de meu encontro. Com as lágrimas presas à garganta, desatei-me ao constante desejo de que seja lá o que fosse, não notasse minha presença no meio da floresta. Silenciei-me, e praguejei mentalmente pela necessidade de respirar.
— Não chore, não faça barulho, não chore, não faça barulho... — Repeti deliberadamente, o que pareceram centenas de vezes, silenciosamente.
A presença de alguém por perto se tornara cada vez mais real. E o que implorei para ser apenas um vislumbre de insanidade decorrente do medo constante, aproximava-se tão rapidamente quanto a esperança deixava-me por completo. Me joguei em meio as folhagens, e esperei.
— Sinto você aqui, pode sair de onde estiver. — brandiu a voz masculina, que em instantes, ofuscou o canto fúnebre da ventania.
Me sobressaltei. Permaneci imóvel, e as lágrimas que tanto lutei para permanecerem presas, rolaram pelo meu rosto, fazendo-me levar as mãos institivamente à boca, de forma a reprimir os sons e soluços que pudessem acompanhar minhas lágrimas.
Preparei-me então para levantar do chão, recobrando o movimento de minhas pernas e de todo meu corpo. Talvez já tivesse aceitado a morte, ou que meu destino não mais me pertencia desde o dia em que vim para o palácio. E então, antes mesmo de me levantar, uma voz masculina, diferente da que ouvira anteriormente, inundou seus ouvidos.
Talvez fosse a voz mais bonita que já ouvira em toda minha vida. E talvez naquele momento, ansiasse ainda mais pelo doce som da melodiosa voz, do que pelo vislumbre de liberdade que insistia em permanecer esperançosamente dentro de mim. Muito embora quisesse descobrir mais sobre ambos os cavaleiros que por ali vagavam, comecei silenciosamente pensar em um plano de fuga da situação na qual me encontrava.
— Ora, assim acaba com a brincadeira. — Disse a voz misteriosa.
— Não deverias estar aqui Robert, sabes bem disso. — retrucou ao dono da voz que me encantara. Entretanto, a pronúncia de seu nome emanado da boca do que até então parecia ser seu rival, fez-me questionar se aquele timbre estonteante não viria a pertencer à alguém cujo a índole não fosse tão bela quanto o som de sua voz.
— Tão longe assim do palácio, não achei que me depararia com vampiros inferiores como guardas sem ser por aqueles que rodeiam estas áreas a procura do que... bom, você sabe, Sebastian. — desdenhou Robert.
Talvez eu estivesse com sorte o suficiente para que eu pudesse escapar sem que ambos percebessem, ou talvez os deuses estivessem brincando comigo a partir de uma falsa sensação de conquista momentânea. Todavia, permanecer entre galhos e troncos na esperança de que não me notassem parecia-me um tanto quanto notoriamente idiota. Então, mesmo com o medo apoderando-se lentamente junto à certeza de uma morte certa, rastejei-me silenciosamente entre os galhos, com cuidado redobrado e torcida para que ambos estivessem mais concentrados em seus insultos ao invés dos sons ao seu redor.
Então rastejei, rastejei,
e rastejei.
— Não são suas terras, suas propriedades, se retire imediatamente desse reino, ou o príncipe herdeiro tomará conhecimento de sua chegada. — Proclamou o soldado.
Houve o som de uma gargalhada. Uma risada tão profunda, que apesar do tom de ameaça na fala do soldado, sua proclamação nada mais parecia além de uma boa piada na qual Robert poderia se deleitar.
— Meu caro amigo, não tenho medo de James, mas admiro vossa tentativa de intimidar o príncipe da morte. — Replicou enxugando as lágrimas que desceram por seu rosto enquanto ria.
E após as risadas incessantes, o silêncio predominou, e por instantes, me senti sozinha novamente. Cogitei levantar-me e correr para o mais longe possível. Um pensamento tolo e estúpido o qual não pude deixar de praguejar mentalmente. Olhei para os dois homens novamente.
Não os pude enxergar muito bem. E talvez fosse uma benção divina, e os deuses da noite, os deuses dele, houvessem ouvido minha prece, mas não tardei a perceber que um deles, aquele com o uniforme cujo carregava o brasão real, encontrava-se de costas para mim, bloqueando parcial ou totalmente a visão daquele que fora nomeado como Robert. Estavam a uma distância considerável, e ainda sim não conseguiria fugir sem ser pega de imediato por ambos e consequentemente condenada à morte por traição ao fugir do que consideravam ser a grande honra de se tornar rainha casando-se com o príncipe herdeiro.
Então encostei em uma árvore, e me ajeitando de forma suave, encarei os dois rapazes e escutei silenciosamente sua conversa.
— Não estou aqui para brincadeira. — continuou Robert, em um tom de voz mais sério e sombrio dessa vez. — Talvez eu estivesse com saudades de casa. — completou em tom melancólico.
— Não minta. Tenho ordens do rei e não hesitarei em cumpri-las . Diga, o que quer aqui!
— Que receptivo, não? É assim que recepciona seus visitantes? — Questionou Robert com demasiada ironia. — É simples, na verdade, eu...
E foi nesse momento, que meu coração pareceu parar de bater. A voz daquele que se autodenominara príncipe da morte se esvaíra, o silêncio preencheu a floresta novamente e o sangue parecera parar de circular em minhas veias. E tudo o que vi, fora a escuridão. Uma escuridão profunda, sombria, tenebrosa e ao mesmo tempo chamativa, convidativa. Um mar revolto de tempestade que te convidava a mergulhar e se afogar dentro dele. E um sorriso mortal, que não hesitou em acompanhar aquela maré de terror contemplativo que inundava-me pouco a pouco.
Calafrios percorreram meu corpo quando através da penumbra noturna, os lábios vermelhos como sangue se destacaram em uma curvatura cruel, convidativa e terminantemente mortal. Desejei mais uma vez outro milagre aos deus, pedi para qualquer um que estivesse me escutando que aquele maldito vampiro não estivesse olhando para mim, mas sim para outro local, além de onde me encontrava. Ele não estava. Era diretamente para mim que seu olhar estava direcionado.
Tremi. E aquela voz pela qual eu me fascinara agora assombrava meus pensamentos diante do que me pareciam ser meus últimos momentos de vida. Não segurei mais minhas lágrimas. E no momento seguinte, seu olhar havia se desviado do meu, e uma mão grossa circundou minha boca e os braços o restante do meu corpo.
Estava prestes a gritar, quando uma voz doce e feroz penetrou meus ouvidos, fazendo-me praguejar por ter confiado o suficiente em meu instinto para parar e descansar.
— Fique calada, princesa, ou teremos problemas maiores do que sua fuga esta noite.
James havia me encontrado.
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Olá meus amores, fiquei sem computador e simplesmente perdi tudo. Mas espero que gostem do capítulo!!! Até o próximo, amo vocês!!! <3
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