🧛♂️05.
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O jantar, divinamente preparado, fora um banquete digno dos deuses. A comida, além de suculenta, parecia ter sido preparada com cautela e demasiada atenção, para que viesse a ser servida com a qualidade exigida pelo padrão da nobreza. Ademais, cada garfada degustada por mim, fazia-me desejar cada vez mais da refeição à minha frente.
A mesa, farta, dispunha de diferentes tipos de comida, alguns os quais jamais achei que pudesse vir a consumir em minha vida. Além das partes nobres de animais, bebidas e legumes frascos, o jantar também contava com uma enorme variedade de especiarias caracterizadas pelo aroma e sabor acentuado. Entre elas, raízes, cascas, frutos e sementes evidenciavam tamanha riqueza das pessoas à minha volta. Por serem importadas, o custo das especiarias são muito altos, devido à isso, em suma são consumidas pelos mais ricos e membros pertencentes à nobreza.
Enquanto o rei e seus convidados sorriam em deleite pela fartura que os é oferecida, observo com pesar toda comida à minha frente. Ele e sua família dispunham de tanta riqueza, desde uma simples janela até o banquete demasiadamente generoso servido no horário das refeições; enquanto isso, em contraste com tamanha fortuna, crianças e suas famílias morrem de fome todos os dias por toda extensão do Reino dominado pelo clã dos vampiros. Senti a tristeza me consumir aos poucos, desde o primeiro momento em que vi aquele lugar, tive a convicção de que meus vizinhos e até mesmo minha família jamais viriam a dispor do luxo que estava sendo-me oferecido. Comida à vontade, um bom quarto, uma boa condição de vida. Todavia, a ideia de que tudo o que está sendo-me oferecido deva ser um direito de todos e não um luxo, ainda persiste em meus pensamentos, deixando-me levemente culpada por estar usufruindo dos recursos disponibilizados à mim pela família real.
A fim de espantar os pensamentos acerca da desigualdade iminente, observei com um misto de medo e curiosidade todos os membros presentes na sala de jantar. Ao lado de sua alteza, James conversava com seu pai de forma discreta a respeito de, pelo o que pude entender brevemente, relações comerciais entre o Reino vampiro e seus vizinhos, afinal, um reino sem boas relações políticas e comercias, por mais bem comandado que seja, torna-se um reino fraco e consequentemente alvo de ataque no que diz respeito à guerras e golpes de estado. E vulnerabilidade é algo que os vampiros não costumam demonstrar.
Qualquer um poderia saber disso.
Já ao lado esquerdo do rei, uma cadeira acolchoada avermelhada permanecera vazia desde o ínicio da nossa refeição. Contudo, apesar de não haver ninguém ocupando aquele lugar, os pratos e talheres foram postos de mesma forma, como se ainda esperassem que alguém fosse juntar-se à nós durante a ceia. Esse detalhe me fez crer na possibilidade de que aquele assento pertencesse à falecida rainha; Além disso, cogitei a hipótese de que talvez o amor do rei por sua rainha fosse tão grande, que ele ainda a aguardava levantar de seu sono eterno dado pela morte, para que finalmente tomasse novamente seu lugar à mesa para mais uma ceia.
Indaguei-me se deveria questionar ao rei se estávamos à espera de alguém, ou até mesmo se aquele lugar pertencia à mãe se James. Entretanto, senti um aperto em meu peito, e uma sensação ruim invadir-me sem aviso prévio, fazendo-me optar por permanecer em silêncio, julgando ser essa a melhor opção.
Deveria acostumar-me mais cedo ou mais tarde de que residindo nesse palácio nunca poderia obter todas as respostas que desejo. Eu sou apenas uma mulher, e por ter nascido em um corpo biológicamente feminino tiraram-me o direito de questionar e até mesmo o de obter as respostas que necessito para sanar minhas dúvidas, a sociedade não concedeu-me esse direito. E sem que ao menos me permitissem decidir, e esse poder de fazer escolhas me foi negado de uma forma que nem ao menos percebi quando o perdi, designaram um homem para comandar e ditar como seria minha vida. Por isso, por mais que eu tente obter as respostas das quais preciso nesse momento ou me esforce para demonstrar-me digna de compreenção para que eles me julguem capaz de entender a situação em que me encontro, eu não irei conseguir aquilo que tanto quero. Eu sou mulher, e por isso concluem que sou incapaz de compreender aquilo que um homem compreenderia facilmente.
Já ao lado do assento vazio que instigou minha curiosidade, Selena fazia sua refeição acompanhada de três outras damas. Assim como minha dama de companhia, as outras três moças visitam vestidos tão pretos quanto a escuridão da noite, e a pele demasiadamente clara deixava em destaque os lábios avermelhados. Apesar de não as conhecer ou sequer ter conhecimento de seus nomes, as encarei maravilhada, eram perfeitas como uma noite de luar repleta de estrelas. Os cabelos presos em coques perfeitos, e o ar misterioso que as rodeava. Talvez fossem tão sombrias quanto Selena, ou poderiam ser amigáveis e doces como uma manhã de verão, mas não arrisquei demonstrar para elas nenhuma feição que não fosse a de neutralidade, afinal, em quem eu poderia confiar ali senão em mim mesma? Meu olhar foi retribuido por um ar de desprezo oriundo ds três mulheres, o que me fez desviar o olhar gradualmente para que não demonstrasse medo diante da reação delas.
Sendo assim, me concentrei nos três homens que estavam sentados ao meu lado esquerdo, pareciam conversar animadamente sobre riquezas, títulos e posses que haviam ganhado através de casamentos bem arranjados. Todos eles tratavam ternos pretos e gravatas borboletas em uma tonalidade esbranquiçada. O tecido renomado de suas vestes fazia com que a fortuna que acumularam durante suas vidas e que muito provavelmente foram herdadas de um parente ou tomadas através de guerras, fosse bastante aparente.
O olhar com o qual retribuiram o meu foi semelhante ao que as três damas ao lado de Selena me direcionaram. Intimidada por estar em um meio de desconhecido, limitei-me a dar-lhes um sorriso amigável e não demorei para encarar a comida à minha frente novamente. Eu não era desejada pela maioria naquele local, mas mesmo assim insistiam em manter-me presa ali.
Será que meu irmão sabia que trariam-me para cá?
Sinto a mão de James tocar a minha sobre minha coxa, fazendo com que eu o encare assustada e com as bochechas levemente coradas por causa do gesto. Muito embora não fosse a primeira vez que ele tenha me tocado, retirei minha mão rapidamente de seu toque, todavia não tão rápido quanto o desejado, e pus-me a ajeitar os talheres sobre meu prato e ajeitar-me em meu lugar a fim de disfarçar meu desconforto.
- Está gostando da comida, Milady? - James pergunta e eu o encaro.
Em seu rosto, um sorriso zombeteiro se forma gradualmente. Eu estava visivelmente nervosa, e ele parecia se divertir bastante com isso.
- Não sou uma Milady senhor, e acho que a maneira como se dirige à mim é bastante formal. Prefiro que chamem-me pelo nome, Alteza. - Digo atraindo com minha fala os olhares indignados de todos. - Mesmo que eu esteja aqui contra a minha vontade, creio que ao menos devemos nos tratar para além das formalidades, James. E apesar de estar na presença de figuras não tão agradáveis, acho que tudo que me foi oferecido até agora está de bom tamanho. É o mínimo que poderiam fazer por alguém que estão forçando a seguir um destino que não lhe é desejado.
E após minha fala, todos os olhares, até mesmo dos guardas que antes tentavam se manter alheios à situação, estavam situados sobre mim. Na face dos três homens à minha esquerda, e das quatro mulheres do outro lado da mesa, uma feição com um misto de indignação e horror era lançada em minha direção. Por instantes, senti-me como se tivesse cometido um grave crime contra a coroa, cujo o delito poderia sentenciar-me à pena de morte.
Por breves segundos, dirigi disfarçadamente o meu olhar para o rei, que por sua vez se mantinha sério parecendo aguardar a atitude apropriada de seu filho a respeito do meu pronunciamento inadequado e inoportuno de acordo com o decoro da nobreza. Apesar disso, ele parecia tentar a todo custo manter-se imparcial mediante a situação, afinal, seu filho já era um homem, e creio eu que ele julgou que James tivesse discernimento o suficiente para saber contornar a situação.
Não tardei então a olhar de forma sucinta para o príncipe. Estava com medo. Diferentemente dos demais, sua expressão não havia mudado com o que eu havia dito, ele mantinha-se sorrindo enquanto parecia analisar a situação com destreza e bastante cautela. Tenho para mim, que apesar da pressão para que ele desse-me uma resposta que pusesse-me em meu devido lugar, ele estava se divertindo com todo o ocorrido. Parecia não ter se incomodado com minha sinceridade exagerada.
-E desde quando você tem o direito de exigir algo, querida? - Selena se pronuncia quebrando o silêncio que havia se instaurado no local.
- James me fez uma pergunta, eu apenas respondi, Selena. - Digo a encarando, levando a taça de água à minha frente até meus lábios.
- Não é James, querida, é vossa alteza. Tenha mais respeito pelos seus superiores, garota! - Repreendeu-me raivosamente enquanto me mostra suas presas, fazendo com que meu corpo chegue levemente para trás devido ao susto. - Me desculpe Majestade. Eu avisei que ela deveria ficar calada! Se me deixarem com ela um minuto prometo que receberá o castigo adequado. - Continuou olhando para o rei.
- Ela precisa ser devidamente punida para que isso jamais se repita! - Falou um dos homens sentados próximo à mim. - Onde já se viu! Mulheres com opinião e direito de escolha. Agora só falta dizer-me que dispõe do discernimento adequado para exercer as mesmas funções que um homem. - Conluiu a fala, arrancando risadas dos presentes.
- Belo senso de humor, Vossa Grassa. - Respondeu Selena limpando os lábios com a ponta do guardanapo e sorrindo para o homem.
- Não me interessa se gostaria ou não de estar aqui, minha querida Lúcia, se é assim que gosta de ser chamada. - Diz James interrompendo as risadas e se inclinando enquanto toca em meu rosto delicadamente com seus dedos. - Entretanto, creio que devo deixá-la ciente de algo que já deveriam tê-la ensinado. - Deu continuidade à sua fala enquanto aos poucos segurava em meu queixo com um pouco mais de brutalidade. - Eu sou um homem, e sendo assim, sei o que é melhor para você. Não espero que compreenda, ou até mesmo que julgue ser o certo ou errado o que estamos fazendo, mas essa é sua vida agora, aquilo que seu destino te reservou, quer você queira ou não.
Sinto as lágrimas escorrerem pela minha face. Por mais que eu desejasse não demonstrar fraqueza diante de todos aqueles desconhecidos, não pude conter a tristeza que tomava conta de mim naquele instante. Engoli a seco e balançando minha cabeça, consegui livrar-me do aperto de meu noivo e fixar minha atenção em meu vestido.
-Vossa Alteza, se me permitir, posso acompanhar a Senhorita Lúcia até seus aposentos, e dar-lhe a lição adequada. - Disse Selena enquanto se preparava para levantar de seu assento.
Encolho-me na cadeira e sinto meu corpo estremecer. Ela era perversa, e muito provavelmente uma das pessoas mais maldosa que já pude ter a oportunidade de conhecer, e mesmo que eu não estivesse há muito tempo ali, sabia que aquela mulher nutria um ódio incalculável por mim, o que me fez ter a certeza de qualquer tipo de castigo que ela viesse a me submeter, talvez pudesse levar-me à óbito.
-Creio que não será necessário, Selena. Obrigada pela sua disponibilidade, contudo acredito que as palavras mencionadas por minha nora não tenho sido nada mais do que um deslize a fim de proporcionar uma maior diverção. Afinal, convenhamos que talvez essa refeição estivesse um tanto desanimada, não é Milady? - Pronunciou-se o rei encarando-me ao fim de sua fala.
- Com toda certeza, Majestade. - Todos disseram em uníssono, exceto por mim, que permaneci calada sentindo o olhar de James sobre mim.
- Espero que ao menos tenha se deliciado com o banquete, minha nora. Uma mulher precisa se alimentar corretamente até mesmo para que possa gerar herdeiros fortes! - Continuou o Rei.
- Herdeiros? - Perguntei indignada juntamente à Selena, que me acompanhou quasetão espantada quanto eu em meu questionamento.
- Herdeiros! Ou espera que meu filho se case sem ter alguém que possa herdar seu lugar por direito? - Perguntou rindo, como se nossa pergunta viesse acompanhada de uma resposta tão óbvia que até o mais ignorante dos seres poderia deduzir.
- Não consigo perceber como uma simples mortal e camponesa poderia dar à luz a alguém digno de herdar a coroa. - Uma das damas sentadas ao outro lado da mesa disse rindo, sendo acompanhada pela risada de todas as outras moças.
- E eu não consigo entender como meu pai permite que as concubinas do Duque senten-se à mesa conosco! Francamente! - Exclamou James.
- Por favor, contenham-se. - Pediu o rei. - Duque, presumi que tais moças fossem suas familiares. É um desrespeito trazer damas desse calão para juntar-se a mesa da realeza!
- Mil perdões, Majestade. Não irá se repetir. - Desculpou-se o homem ao meu lado.
- Guardas! - Chamou a Majestade e vejo os guardas obedecendo ao seu chamado de imediato. - Prendam-no juntamente com as três damas do outro lado da mesa. Não permitirei tamanho desrespeito.
- Majestade, por favor! Não vejo necessidade de tamanha atitude! - Súplicou o velho que agora estava sendo acorrentado ao mesmo tempo que as outras jovens, enquanto se debatiam incessantemente em meio à protestos quanto à sentença dada pelo rei.
- Conversaremos depois, Duque. Por hora, apenas fique feliz por eu não sentencia-lo à morte imediatamente! - Ordenou, enquanto o Duque por sua vez ainda suplicava pela misericórdia sem obter êxito.
O som dos gritos do Duque permaneceram por mais alguns momentos, até que ele e suas acompanhantes estivessem longe o suficiente para que seus lamentos se tornassem completamente inaudíves para todos nós.
Mais uma vez o clima ficou pesado no recinto. Para um jantar cujo as expectativas nutriam calmaria, fora demasiadamente conturbado, e completamente fora do esperado pela família real.
De maneira rápida e silenciosa, os criados começam a retirar a refeição da mesa, juntamente aos nossos pratos e talheres, enquanto o rei e seus convidados permaneciam em um silêncio voraz, que consumia cada canto do recinto. Encolhi-me em meu assento ao notar que fora minha fala que causou toda a confusão que se estendeu durante o encontro, portanto, diante da fúria do rei devido ao desrespeito que se originou em minha fala, permaneci em silêncio na intenção de não me notarem ali para que não recebesse castigo até mesmo pior que o do Duque.
- Já está ficando tarde, e acho que deva ter sido um dia cansativo para todos aqui. - Começou James, se levantando de seu lugar. - Portanto, sugiro que o mais sensato nesse momento seja que cada um vá para seus devidos aposentos e descanse pois amanhã será um dia agitado. Sobretudo para Lúcia. - Concluiu, deixando-me curiosa.
- Mais é claro, meu filho. Acompanhe sua adorável dama até seu quarto. Depois peço que me encontre em meu escritório, precisamos conversar. - Disse enquanto James fazia-lhe uma reverência.
Caminhando lentamente até mim, James me oferece sua mão para que possa me ajudar a levantar. Aceito de bom grado seu gesto, e quando por vim me ponho de pé, faço a reverência para o rei da mesma forma que o príncipe havia feito, e caminho para fora da grande sala luxuosa.
O castelo parecia ser o abrigo dos corredores mais sombrios dos quatro reinos. Repletos pela escuridão, desejei que nunca tivesse que passar por eles sozinha. Recordei-me da visão que havia tido mais cedo, cujo a qual me fizeram acreditar ser fruto do meu cançaso, e senti meu corpo se arrepiar por completo.
Esse lugar me deixa aterrorizada.
- Espero que não seja a conversa sobre herdeiros que tenha te deixado tão acanhada, querida. - James se pronuncia após um tempo de caminhada.
- E espero que meu silêncio não o tenha ocasiosanado uma interpretação errônea, Alteza. Ainda permaneço com concepções distintas da do senhor. - Respondo-o sorrindo levemente, observando seu olhar de divertimento cair sobre mim.
- Mulheres não deveriam ter opiniões, Milady. Um homem é capaz de dispor das melhores decisões.
- E um homem não deveria se achar superior apenas por ter nascido em um corpo biológicamente masculino. Ademais, acho que o senhor nem é tudo isso. - respondo entre risos.
- Tudo isso? A senhorita é ousada nas palavras e perspicaz em suas leituras. Espero que seja tão boa na criação de herdeiros quanto é com questionamentos, Lúcia. - Disse sorrindo enquanto seguia em frente.
E naquele momento, por mais que eu não quisesse estar ali, não pude deixar de sorrir também.
Caminhamos silenciosamente por mais alguns minutos, até que eu reconhecesse o corredor que estávamos adentrando. Estávamos chegando ao meu quarto, e por mais irritante que pudesse ser a presença do príncipe, eu não queria ficar sozinha ali novamente.
- Estamos chegando. - Digo tentando quebrar o silêncio, e ouço um riso escapar pelos seus lábios.
- Evidentemente, Milady.
- Posso te pedir algo? - Perguntei parando de andar, fazendo com que ele me olhe e pare sua caminhada também.
- Faz tão pouco tempo que chegaste e já tens tantas opiniões e exigências. - Disse balançando a cabeça. - Diga-me Milady, como posso satisfazê-la para que suas vontades sejam sanadas?
E parecendo prever uma possível fala minha, ele continuou:
- Contudo, sabes bem que já tenho minha resposta para as outras questões. Por isso, se seus desejos forem relacionados a elas, receio não poder te ajudar, bela dama.
- Uma lástima tomar ciência de que talvez um príncipe não seja tão poderoso assim ao ponto de satisfazer todas as vontades de sua futura esposa. - Brinco. - Mas não era sobre isso que gostaria de falar com o senhor. - Concluí colocando uma mecha de cabelo atrás de minha orelha.
- Então diga-me, se estiver ao meu alcance, irei te responder, Milady.
Exitei por alguns instantes, analisei se poderia ou não confiar no homem que estava em pé na minha frente. Eu me arrependerá depois?
- Mais cedo, eu estava com um vestido com o qual fui presenteada pela minha mãe. - Comecei meio receosa, mas ao ver ele se aproximar, creio que para ouvir com mais atenção, tomei coragem e dei continuidade à minha fala. - Selena juntamente à uma senhora chamada Nana, pouco antes do jantar, viabilizou a hipótese de descartá-lo. Eu falei que falaria com o senhor, Alteza, e ela disse que não o jogaria fora, mas tenho certeza que foi apenas para que eu não contasse ao senhor. Ela disse-me que aqui eu iria dispor de vestes mais luxuosas, mas aquele vestido tem um significado para mim. Por favor, eu lhe imploro, prometo a ti que serei uma boa menina, mas não deixe que ela descarte a única lembrança que tenho de minha família.
- Vejo que seu apreço pelo vestido é realmente muito grande, Querida.
- Por favor, não quero que tirem-me ele, James.
- E Não irão. - Fala aproximando -se e colocando a mão sobre a minha cintura. - Por agora, fique em seu quarto e descanse o máximo possível. Amanhã começará a aprender como ser uma boa princesa, e fique tranquila, ninguém tocará em suas roupas contra sua vontade, irei dar ordem direta à ambas. -Completa.
Não consigo conter-me, abraço-lhe sem pensar, agradecida por não permitir que me tirem a parte que restava de minha família. Demorou um pouco, todavia meu gesto inexperado fora correspondido pelo príncipe, que envolveu seus braços em minha cintura e permaneceu com o rosto apoiado em meus cabelos durante todo o momento em que continuei o abraçando.
Em seu abraço, tentei achar um conforto, não necessariamente familiar, porém algo que pudesse fazer-me lembrar que talvez ainda houvessem pessoas que se importam com meu bem estar por perto. Quando finalmente tomei coragem para afastar-me dele, corro para para o meu quarto e fecho a porta atrás de mim.
Após ter a certeza de que ele não tentaria entrar em meu quarto, livro-me de meus sapatos e jogo-me na cama. Havia sido um dia especialmente agitado, e sem que eu percebesse, caio no sono novamente, imersa em meus sonhos e na saudade avassaladora que eu sentia do meu verdadeiro lar.
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EDITADO EM 15/12/2020
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