22 ANOS DEPOIS

Ter a sensação de nostalgia invadindo meu corpo ao ver aqueles pequenos olhos que me encaravam, suas mãos eram tão pequeninas. Desde a primeira vez que vi meu filho diante de mim senti a mesma energia que meu irmão João me passava, eu sentia como se ali diante dos meus olhos fosse ele, no dia de seu nascimento guardei isso para mim.

Mas hoje ver a reação do meu velho pai ao ver seu segundo netinho pela primeira ver fui capaz de entender tudo o que sua mente estava imaginando naquele dia.

- Jamar, você sabe que não viverei para todo sempre, sabe que minha idade e meia problemas de saudade não iram deixar ver este garoto crescendo.

- Pai por favor, não fala assim, até parece que o senhor vai morrer hoje.

- Não pode ser hoje, mas sei que será em breve, durante anos achei que iria rever seu irmão após minha morte, mas se eu morrer hoje sei que morrerei feliz...

- Este pequeno... Bem ele não e seu irmão, não completamente, pois ainda lhe falta sua metade... Por favor me prometa que você não ira deixar nada acontecer com Júlio, não vai deixar que ninguém faça a ele e sua outra metade o que foi feito com João e Vinícius.

- Pai, fica calmo o senhor está agitado e me preocupando muito.

- Por favor me prometa!

- Pai, lógico que vou proteger meus filhos de toda a maldade do mundo, prometo que não deixarei nada de ruim acontecer ao Júlio.

Quando Júlio fez treze anos de idade, perdi minha esposa para o câncer, ali perdi parte do meu mundo, pois a mulher que mais amava não estava mas comigo.

Durante anos com alguns conselhos do meu pai criei sozinho meus filhos, dando a eles o melhor em tudo, meu pai sempre foi presente me ajudando e aconselhando em tudo, mesmo sendo um senhor já com uma idade avançada, as vezes eu achava que ele poderia estar perdendo o seu juízo, principalmente em relação a algumas coisas que ele falava sobre o Júlio.

Lembro que dias antes do meu pai falecer, ele me lembrou de uma história trágica que meu coração havia esquecido, ele me contou sobre como meu João é Vinícius vieram a falecer, sobre toda a tragédia que se abateu em nossas vidas e o motivo dele ter se mudado para são Paulo.

Além disso ele me confidenciou que descobriu quem foram os assassinos dos meninos, que seu Afonso o pai do Vinícius e Ele, pagaram alguns polícias para que os culpados tivessem uma morte pior que a de seus filhos, não julgo meu pai nem Afonso, pois no lugar deles eu mesmo teria matado eles.

Ouvir aquelas suas palavras me fazia pensar, sobre o que mamãe e ele sempre me dizia, que ambos tinham um dom natural de ver a "alma das pessoas", que meu pai conseguia ver a áurea de todos, sempre desejei ter herdado este dom deles, mas não tive está benção em minha vida.

[...]

Quando descobri que Júlio meu filho do meio estava namorando outro homem, única coisa que deseja fazer era acabar com aquela relação, eu não deseja que ele fosse assassinado, que sofresse o que meu irmão e Vinícius sofreram naquele dia trágico.

Porém ver o modo que ele estava sofrendo com uma ideia idiota que eu tive, me fez sofrer, já que com João e Vinícius, foram vítimas de uma tragédia, lembrava de como meu pai sempre apoiava o relacionamento dos dois e nunca em sua vida disse uma palavra se quer para tentar ofende nenhum deles.

Estava a mais de uma hora parado na frente da mansão do Leonard, esperava uma oportunidade para doer conversar com ele, eu havia errado e muito, antes de tentar o perdão de meu filho, bem eu deveria me desculpar com o amor de sua vida, talvez assim eu conseguiria remediar um pouco do meu erro com eles.

Assim que vi o carro de seus pais saindo esperei ao mais alguns minutos e tentei a todo custo entrar naquele lugar, de incio levei diversos não, mas não iria desistir facilmente.

Estava cansando e exausto com tudo àquilo, eu queria o perdão de meu filho, eu queria ver ele sorrindo novamente, me encostei naquele portão e a única coisa que me vinha a mente era o amor que meu irmão João tinha comigo, o modo carinhoso que ele e Vinícius sempre me trataram, e eu fui um covarde egoísta com Júlio, me recostei no portão e deixei as lágrimas saírem.

Eu era o único responsável, se o Júlio tivesse morrido está morte seria minha culpa, pois eu que jurei a minha amada esposa, ao meu pai que iria proteger ele fui o primeiro a jogar pedras, fui um idiota homofóbico.

Não sei quanto tempo fiquei ali preso na minha dor, nós meus pensamentos até que ouvi o barulho do portão se destravando, esperei para ver se alguém saia mas nada, não iria desperdiçar aquela oportunidade.

"Filho saiba que estamos dentro de um ciclo sem fim, nascer, viver e morrer"

A cada passo que dava em direção aquela mansão eu ouvia a voz do meu dentro de minha mente e coração.

"Eu sempre soube que um dia, que mais uma vez seu irmão iria nascer neste mundo, é ver Júlio crescendo, foi a certeza que seu irmão havia voltado"

Nunca havia entendido porque meu pai sempre me falava que via João em Júlio, que ele via a compaixão do meu irmão nós olhos do meu filho.

" Jay eu não sei como dizer isso, eu só sei que amo muito seu irmão"

Aquelas lembranças viam tão forte a minha mente, a nossa última viajem, o último dia que conversei com Vinícius, o brilho naquele seu olhar ao falar do meu irmão, sempre achei tão engraçado seus olhos terem cores diferentes, que eu mesmo queria que os meus fossem assim.

Quando cheguei a entrada daquela casa vi o motorista de Leonard me esperando, sua expressão de raiva era muito evidente, sabia que não era bem vindo ali, eu sabia que ele tinha todos os motivos para me odiar.

O comprimento, mas a única resposta que eu tive foi o desprezo que seu olhar tinha sobre mim, ele me indicou o caminho e o segui em silêncio, quando passamos na frente de um grande espelho que havia no corredor que estávamos vi minha expressão abatida, meus olhos fundos e com círculos negros, eu só lembrava de ter ficado assim outras duas vezes em minha vida.

Quando por fim chegamos em uma grande sala, notei que Leonard me esperava, seu olhar que estava sobre mim era de matar qualquer pessoa, mas novamente como na primeira vez que nos conhecemos sentia a mesma sensação nostálgica, fechei meus olhos tentando lembrar o porquê daquele sentimento, o porquê daquela palpitação que sentia no meu peito, e a imagem que se formou diante de mim foi somente uma.

Eu sentia de algum modo que Vinícius agora vivia naquele rapaz, àquilo só me fez acelerar meu passo em sua direção, me ajoelhei diante dele pedindo desculpas por tudo o que havia feito, eu tentava controlar minhas lágrimas mas era inevitável.

Leonard me pedia calma, ele me perguntava o que havia acontecido com Júlio, que se ele tivesse se machucado por minha culpa, ele iria acabar comigo. Disse que não havia acontecido nada com meu filho, é pedi a ele uma chance, que eu somente queria poder voltar no tempo, que eu não deveria ter tratado ele do modo que tratei.

Leo, me olhava sem entender o porquê de minha mudança, ele disse que não acreditava no que eu estava falando, somente lhe falei para ouvir minha história, que se depois de tudo isso ele não puder me perdoar eu iria entender, é que também não tentaria mas atrapalhar o seu relacionamento com meu filho.

[...]

Quando terminei de falar a ele sobre tudo, sobre o dia que meus pais me falaram que João era gay, de seu amor por Vinícius, do modo cruel como eles vieram a falecer, e de todo meu medo de algo assim acontecer com ele, vi naquele garoto a mesma compaixão do meu falecido cunhado, ele não me disse nada além de pedir um abraço.

Chorei muito com aquela sua simples atitude, de demostrar o amor ao seu próximo, vi que sua expressão cansado deu lugar a um rosto vivo e alegre. Um pouco antes de sairmos para a casa de Júlio, seus pais voltaram, é também conversei com eles e pedi seu perdão por tudo, sua mãe dona Nanda, levou algumas semanas para conseguir provar a ela que eu havia mudado.

Já na casa do Júlio, contei de forma mais resumida o que havia acontecido com seu Tio João, Júlio também teve a mesma atitude de Léo é me desculpou.

Hoje já se fazem mais de seis anos desde o casamento dos garotos, para mim era inevitável, toda vez que os via juntos e felizes com seu filho Thomas, eu via a realização da vida de João e Vinícius.

O sonho de uma vida de felicidade que foi tirada deles tão cedo por pessoas homofóbicas, mas mesmo assim a existência deles voltou a vida anos depois, agora entendia as palavras do senhor Pedro

"O amor verdadeiro dificilmente surge do nada, bem era isso que eu pensava Jay, esse é um sentimento construído ao longo de inúmeras encarnações, de outras vidas, é um processo evolutivo no qual, em vida, duas pessoas se ajudam e crescem de forma mútua e conjunta, de forma constante.

Pela grande força das experiências vividas e da união deste amor, os laços afetivos criados entre essas duas almas sobrevivem à morte do corpo físico e se tornam eternas, assim como seus espíritos. Mas é possível reconhecer um amor de vidas passadas?

Pense um pouco comigo, o amor e simplismente amor, mas já pensou na possibilidade deste amor entre almas gêmeas, eles são como dois imãs, não importa onde está a outra metade, não importa a distância física entre elas, as baterias que possam existir, com o tempo os caminhos iram se cruzar.

— Mas pai então o senhor que dizer mesmo que minha alma gêmea esteja do outro lado do mundo...

Exatamente, vocês vão se ver algum dia e todo este amor que existe entre vocês iria fluir de um para o outro, veja seu Irmão e Vinícius, eles são a junção de dois corações, de duas almas, eles são dois homens, mas isso não impede em nada o amor entre eles, e isso que importa meu filho o Amor!

Nunca deixei ninguém dizer contrário, não seja a pessoa que vai descriminar ou menos prezar o sentido verdadeiro que cada um carrega em seu peito, somente desejo que você aprenda;

O Amor é a força que movimento o universo, ele e a Maior que existe

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Amor não é doença
Amor e a cura para seu preconceito

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Chegamos ao final desta história

Em Breve falo sobre mais
Algum novo projeto

Mil bjs a todos vocês
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