29. bad news and good news.
TESSA CHANNING, point of view
Seattle, Washington DC – USA
São onze da noite de uma sexta-feira, e eu estou em casa, no meu pijama mais confortável, maratonando The Vampire Diaries enquanto como um pote de sorvete inteiro. Minha mãe foi para, como ela chama, o happy-hour, e minhas amigas foram pra um barzinho com show ao vivo. Elas me chamaram, mas eu passei. Hoje cedo uma dor de cabeça dos infernos me pegou, e fiquei de cama o dia todo.
Meu celular toca bem na cena que o Klaus aparece, e eu resmungo. Um olhar no ecrã e vejo o nome de Vinnie com uma foto nossa, e sorrio.
─ É melhor você ter uma boa justificativa pra interromper na minha cena favorita. ─ falo assim que atendo, e ouço sua risada do outro lado da linha.
─ Só liguei pra avisar que vou dar um pulo aí, então não se assusta se a porta abrir de repente. ─ ele diz. Reviro os olhos.
─ A gente passou a tarde juntos, Vin. Já tá com saudades? ─ zombo.
─ Fiquei com saudades assim que entrei no carro, mas não é isso. ─ sinto a animação em sua voz, e minha curiosidade desperta na hora. ─ Tenho novidades. Uma boa e uma ruim.
─ Ah é?
─ É. Tô chegando aí, beijo. ─ a voz dele fica distante. ─ Amo você.
Meu estômago da uma cambalhota.
Como previsto, Vinnie chega e abre a porta, balançando o cabelo para se livrar do chuvisco.
─ Ei, totó, se seca em outro lugar. ─ ele me encara e levanta o dedo do meio, me fazendo rir. ─ Desembucha, quais são as novidades?
Ele tira a jaqueta e o tênis antes de se jogar no sofá, ao meu lado, e faz questão de esfregar o cabelo úmido no meu rosto. Rindo, empurro ele pro lado e pauso a série.
─ Anda, fala logo.
─ Primeiro você tem que me prometer uma coisa. ─ ergo as sobrancelhas. ─ Não surtar.
─ Por que eu surtaria? ─ cruzo os braços.
Vinnie se senta direito no sofá, com o corpo virado para mim, e pega minhas mãos.
─ A boa notícia é que eu recebi uma ligação faz umas duas horas, por aí. Era a representante de uma empresa, Social Gloves, que lida com internet e essas coisas. Enfim, ela me disse que eles estão reunindo um grupo de Tik Tokers e YouTubers, e me querem entre eles.
─ Pra que?
Ele esfrega as mãos, tão animado que mal consegue se conter.
─ Boxe. ─ tenho quase certeza de que falta muito pouco para as minhas sobrancelhas se unirem com o meu cabelo.
─ Eles querem colocar todo mundo pra lutar?
─ É, mais ou menos isso. As outras duplas já foram formadas, e cinco caras já foram escolhidos. Tenho certeza de que dois deles são Bryce Hall e Tayler Holder, mas não tenho certeza sobre os outros. ─ ele diz. ─ Eu já dei uma pesquisada no meu oponente; não parece uma presa fácil, mas acho que consigo lidar.
Pisco forte e lentamente.
─ Isso significa que você já aceitou? ─ questiono.
─ Sim e não. Eu disse que eles podiam contar comigo, mas só vai ser real quando eu assinar o contrato, em LA. E é aí que entra a notícia ruim. ─ ele coça a nuca, como faz quando fica aflito. ─ Meu voo precisou ser antecipado.
─ Antecipado? Pra quando?
─ Pra.. amanhã a noite. ─ ele diz, baixinho.
Suspiro.
─ Tá, deixa eu ver se entendi tudo certinho. ─ falo. ─ Te ligaram, de uma empresa, te propondo uma luta contra um cara do YouTube, e você aceitou, e agora você vai ter que voltar pra Los Angeles mais cedo pra assinar um contrato, é isso?
─ Exatamente isso. ─ ele morde o lábio. ─ E tem mais.
─ Claro que tem. ─ ironizo. ─ O que mais?
─ Eu quero que você venha comigo.
Se eu ainda estivesse comendo sorvete, tenho certeza que teria cuspido tudinho.
─ Sem pressão. ─ ele se apressa em dizer, provavelmente por causa da expressão no meu rosto. ─ Eu pensei que, sei lá, já que você também vai embora de qualquer maneira, não ia fazer mal ir um pouquinho mais cedo.
─ Um mês mais cedo. ─ corrijo. Esfrego os olhos, digerindo. ─ Beleza, digamos que eu vá. O que acontece depois?
─ Nada demais, eu acho. ─ ele mexe os ombros. ─ Você pode ficar no meu apê até sua mãe chegar em Santa Monica. Meus amigos estão loucos pra te conhecer, de qualquer maneira. ─ ele sorri. ─ E eu pensei em, sei lá, você me acompanhar nos treinos? Não sei, ok? Tô pensando na emoção.
Quase sorrio com a sua justificativa. Ele não precisa dizer, mas sei que ele quer que eu vá apenas para me ter por perto – porque duas semanas é tolerável, mas um mês? Tortura.
─ Los Angeles é onde sua fama está, certo? ─ ele assente. ─ E você quer que eu te acompanhe, e more com você até minha mãe viajar? ─ mais uma vez. ─ E se alguém te reconhecer na rua, comigo do seu lado?
Ele só parece cogitar isso agora.
─ Rose me disse que muitas fãs te reconheceram aqui mesmo, então eu não consigo nem imaginar como vai ser em LA. ─ continuo. ─ E eu te amo, amo mesmo, mas ainda não tô pronta pra tornar minha vida pública como a sua. ─ falo, o mais calmamente possível, para ele não entender como um insulto ou coisa do tipo.
─ Eu tinha esquecido dessa parte. ─ ele brinca, desabando no sofá por completo. ─ É um não, então?
─ É um talvez. ─ ele franze o cenho. ─ Se eu for, só tenho duas opções: ficar trancada na sua casa vinte e quatro horas por dia, ou fingir que eu e você somos apenas amigos, o que eu acho meio difícil. ─ ele sorri fraco. ─ O que você sugere?
Se isso fosse um desenho animado, teria uma lâmpada acesa acima da cabeça dele nesse exato momento.
─ Pra quem perguntar, a gente pode dizer que você é minha assistente. ─ ele sorri, como se aquela fosse a ideia mais genial que ele já teve.
─ Sua assistente? ─ faço uma careta. ─ Prefiro ser sua agente. Não vou viajar só pra ficar pegando cafézinho quando você mandar. ─ falo e ele ri alto.
─ É só fachada, Alteza. A gente sabe que quem manda é você. ─ ele pisca, e eu sorrio. ─ Mas o lance da assistente vai fazer sentido, com isso da luta. Eu vou precisar de alguém me ajudando, tecnicamente. Organizando treinos, encaixando na minha agenda e coisa do tipo.
─ Você tem uma agenda? ─ pergunto, incrédula.
─ É claro que não, mas ninguém precisa saber. ─ reviro os olhos. ─ O apartamento é grande, meus amigos são sossegados, e a gente não precisa sair pra nada além do necessário.
O encaro por um tempo muito longo, e observo enquanto o sorriso dele aparece e se alarga a cada segundo. Ele sabe a minha resposta.
Bufando, me levanto do sofá e começo a subir as escadas até o meu quarto.
─ Onde você vai? ─ ele pergunta, vindo atrás de mim.
Olho para trás, sorrindo.
─ O que você acha? Tô indo fazer as malas!
O29 | tessa e vinnie quem segura a coleira de quem eis a questão
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