25. on three.
TESSA CHANNING, point of view
Seattle, Washington DC – USA
Fiz minha mãe de consultora de moda por quase uma hora inteira. Eu não tinha ideia de qual vestido usar, ou quais sapatos, ou brincos, ou a cor do batom, ou se eu deixava o cabelo solto ou amarrado. Foi uma confusão tão grande que, no fim, Pamela Channing me abandonou.
Acabei usando um vestido azul cobalto, com o busto colado, a saia solta e uma fenda que ia da metade da coxa até os pés. Calcei um salto preto, porque era o que mais combinava, e deixei o cabelo solto. Não passei muita maquiagem, apenas o que já estou acostumada a passar. Borrifei muito perfume, coloquei algumas coisas – tipo celular, batom, carteira e coisas do tipo – dentro de uma bolsa de mão preta e, por fim, estava pronta.
Vinnie bateu na minha porta dez minutos depois, e só aí eu percebi que ele e minha mãe ainda não se conheciam.
─ Sra Channing, é um prazer finalmente te conhecer! ─ Vinnie diz, e pisca pra mim quando abraça minha mãe.
─ Nada de Sra Channing, por favor, Pam é o suficiente. ─ minha mãe sorri. ─ Então você é o famoso Vinnie? ─ sim, mãe, o cara é famoso de fato. ─ A Tessa faltou pular da janela de tanto nervoso.
─ Mãe! ─ repreendo. Ela me olha rindo.
─ Se divirtam, mas não tanto. ─ ela pisca. Enquanto eu coro violentamente, Vinnie ri. ─ Me manda mensagem se não for voltar hoje, ok?
─ Ok, mãe. Tchau. ─ puxo Vinnie até o lado de fora e bato a porta.
Ele fica me encarando, com um sorrisinho de canto e as mãos nas costas. Reviro os olhos.
─ Você tá linda. ─ ele sussurra, se inclinando para me beijar. Sorrio.
Vinnie está usando uma calça jeans escura e uma camisa social preta com as mangas dobradas até os cotovelos, mostrando suas tatuagens em seu braço.
─ Você também. ─ respondo. Ele sorri e me dá o braço, me levando até o carro. ─ Onde vamos?
─ Jantar fora. ─ é tudo o que ele responde. É claro que eu sabia que iríamos jantar; não dá pra andar de skate de vestido, e festa em plena quarta-feira não é uma boa ideia. Ele sabe que eu perguntei onde vamos jantar, só quer fazer surpresa – como sempre. Mas não reclamo, não hoje.
Vinnie dirigiu por, pelo menos, quarenta minutos. De vez em quando ele me olhava e sorria, mas não dizia nada; na maior parte do tempo ele manteve a mão direita na minha coxa, e só tirava para trocar a marcha do carro vez ou outra.
Ao invés de seguir pela avenida, ele entra para a estrada de acesso à rua de hotéis. O encaro, confusa, mas ele não diz nada. Vinnie passa por muitos hotéis, até girar o volante e entrar para o estacionamento do The Edgewater, simplesmente um dos hotéis mais caros de Seattle, a beira mar.
─ Vincent Hacker... ─ a frase morre na metade assim que ele entra no estacionamento coberto, iluminado por luzes brancas e amarelas.
─ Vamos? ─ ele chama, descendo do carro. Vinnie corre ao redor do carro e abre minha porta, estendendo o braço para me ajudar. ─ Por favor, não me diga que você é das que não gosta que gastem dinheiro com você e blá blá blá?!
─ Meio que sim, mas prometo que não vou falar nada essa noite. ─ faço um x com os dedos sobre a boca e ele sorri. ─ Mas que isso é maluquice, com certeza é.
─ Ter dinheiro sobrando na conta e querer gastar com a minha gata é maluquice?
─ Sua gata? ─ ergo as sobrancelhas.
─ Minha gata. ─ ele sorri e me beija. ─ Com fome?
─ Sempre. ─ respondo e ele ri.
─ Ótimo, porque eu vou vou te encher de comida hoje. ─ ele pega meu rosto com as duas mãos e roça o nariz de leve no meu. ─ E não esquece de mandar mensagem pra sua mãe, porque vamos dormir aqui essa noite.
─ Sim, senhor.
Cruzamos o estacionamento até uma das portas de vidro; passamos por um corredor claro até uma outra porta, dessa vez marrom, e entramos de fato no hotel.
─ Posso ajudar? ─ pergunta a recepcionista.
─ Fiz uma reserva no nome de Vincent Hacker para hoje. ─ ele diz. ─ Com o restaurante incluso.
A recepcionista digita alguma coisa no computador e logo nos olha de volta.
─ Suíte 522? ─ Vinnie assente. A mulher alcança o armário atrás dela e pega um cartão. ─ Essa é a chave do quarto e a comanda do restaurante, qualquer dano ou perda e será cobrada uma multa.
─ Tudo bem, obrigada. ─ ele pega o cartão magnético e saímos de lá. Entramos no elevador e ele aperta o botão do andar seis.
O nome do restaurante daqui é Six Seven, e fica nos andares seis e sete. Nunca vim aqui, mas já passei pela praia e sei que a vista deve ser incrível.
E é. Uma das coisas mais bonitas que eu já vi. Mesmo de noite, o céu está ligeiramente claro – não o normalmente preto, mas um azul não tão escuro. Cheio de nuvens e estrelas. E o mar está agitado, as ondas subindo e batendo. É maravilhoso.
Vinnie apresenta o cartão para uma segunda recepcionista, dessa vez a do restaurante, e ela nos leva até uma mesa bem ao lado da janela, dizendo que um garçom já viria anotar nossos pedidos, e saiu.
─ O que achou? ─ ele pergunta.
─ É incrível! ─ respondo, sorrindo. ─ Nunca fui em nenhum lugar assim.
─ Fico feliz que a sua primeira vez seja comigo. ─ ele brinca e, sorrindo, reviro os olhos. ─ Você costuma sair muito pra jantar e essas coisas?
─ Só em ocasiões especiais, mas já faz um tempo que eu não vou em algum restaurante. ─ respondo. ─ E você?
─ Minha mãe usa qualquer desculpa pra ir em qualquer restaurante da cidade, ela é meio viciada nisso. ─ rimos. ─ Mas também já fazia um tempo que eu não saía pra jantar. Principalmente em Los Angeles, nenhum dos meus amigos perdia tempo se arrumando, a gente só pedia um delivery e pronto.
Sorrio.
─ Você quase nunca fala dos seus amigos de lá. Como eles são?
─ Incríveis, sério! ─ o sorriso dele se alarga. ─ Somos em quatro: eu, Jordan, Aaron e Maddy. Jordan é o mais bagunceiro e engraçadinho, vive fazendo piadinha e essas coisas. Aaron é mais na dele, ele é o nosso cozinheiro – quando não pedimos comida pronta – e foi ele que decorou o apartamento inteiro. A Maddy é tipo uma mãe, mas uma mãe louca e alcoólatra. Ela e o Jordan não querem assumir nada, mas todo mundo sabe que eles se gostam e vivem se pegando as escondidas.
─ Eles parecem legais.
─ Eles são o máximo. Eles já sabem de.. nós, ─ ele vacila um pouco. ─ e querem muito te conhecer.
─ Também quero conhecer eles. Talvez um dia eu te visite, quem sabe. ─ mexo os ombros.
No momento em que Vinnie ia dizer alguma coisa, um garçom parou na nossa mesa. Ele anotou nossos pedidos – muita carne e uma garrafa de vinho tinto que Vinnie escolheu – e logo saiu.
─ Tessa, eu tenho uma coisa pra te contar. ─ ele diz, aflito.
─ Eu também tenho uma coisa pra te contar. ─ falo, sorrindo fraco. Ele parece surpreso.
─ No três?
─ No três.
Baixinho, contamos até três. No fim, falamos juntos:
─ Preciso voltar para Los Angeles em duas semanas.
─ Eu e minha mãe vamos para a Califórnia em um mês.
Eu não poderia dizer quem ficou mais surpreso. Ou aliviado.
O25 | ninguem separa meu tessinnie nao hein
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