09. no surprises here.
TESSA CHANNING, point of view
Seattle, Washington DC – USA
Segunda-feira. O primeiro dia de aula pós baile. Eu não estava nem um pouquinho ansiosa para pisar dentro do colégio, muito menos ver a cara lavada de Jordan e Katie por aí, mas não posso faltar logo agora que estou prestes a me formar.
A primeira e a segunda aula passam tranquilamente. Pelo que pude perceber, ninguém sabe do que aconteceu no sábado; apenas algumas dúvidas do porquê eu deixei Jordan plantado no pé do palco e dancei com um desconhecido – que não é realmente um desconhecido, se for levar em conta os seus milhões de seguidores.
A partir da terceira aula, as coisas começaram a ficar estranhas. Meus colegas de classe começaram a me olhar de canto, e a cochichar também. Mas não dei bola.
Quando o sinal para o intervalo tocou, juntei minhas coisas e saí da sala, com o destino ao refeitório. Mas só consegui chegar até a metade do corredor, quando meu braço foi puxado para dentro do laboratório de química.
Jordan apoiou as costas contra a porta, me impedindo de sair. Revirei os olhos e suspirei, impaciente.
─ Jordan, agora não é hora. Me deixa sair. ─ peço, mas ele nega.
─ Não até conversarmos.
─ E eu tenho cara de psicóloga agora, Powell? Que porra. Abre essa porta! ─ mando, mas nada.
─ Vinnie Hacker. Esse nome é familiar? ─ ele cruza os braços.
Gargalho alto.
─ Você realmente descobriu sozinho, hein? Meus parabéns. ─ bato palmas para ele, e ele revira os olhos. ─ Sério, Jordan, me deixa sair.
─ Pra onde ele te levou? ─ ergo as sobrancelhas.
─ Em que planeta você acha que eu ainda te devo satisfação? ─ questiono. ─ Você sabe que a gente acabou no segundo em que eu te peguei beijando a minha irmã no corredor. Não se faz de idiota.
Só então percebo que ele ainda não tinha aquela informação.
─ É por isso que você tá aqui, tentando se explicar, não é? Você achou que eu não tinha visto. ─ um riso de escárnio me escapa. ─ E o que você pensou? Que, se alguém me contasse, bastava duas palavrinhas suas e eu cairia no seu papo?
─ Tessa, por favor... ─ ele suspira. ─ Eu sei que eu vacilei, beleza? Vacilei feio, mas eu... ─ ele trava.
─ Você o que, Jordan? ─ molho os lábios, subitamente nervosa. ─ Anda, fala.
─ Eu te amo, caralho!
O mundo fica silencioso a partir daí. E, na minha mente, todas as vezes em que eu disse "eu te amo" para o garoto na minha frente passaram como pedaços de um filme.
Como eu fui idiota.
─ Eu te amo, Tessa. Mas você estava distante ultimamente, só queria saber de ficar dentro do quarto e ler, não me dava mais atenção... ─ ele funga. ─ Eu pisei na bola, e eu sei disso. Não tô aqui pra tentar me fazer de bonzinho, beleza? Eu estava bêbado e carente, tenta entender.
O encaro por bons dois minutos. Percorro o meu olhar pelo seu cabelo, seus olhos, o nariz com piercing, a boca desenhada, as tatuagens, tudo. Como eu fui idiota.
─ Então você quer me dizer que a culpa de você ter enfiado o pau na minha irmã é minha, por não te dar tanta atenção? ─ eu sequer sabia se os dois haviam transado, mas eu joguei isso no ar naquela noite e nenhum dos dois me contrariou, então acho que apostei certo. ─ É isso? Eu sou a culpada?
─ Eu não disse isso, Tessa! Você tá distorcendo tudo o que eu falo! ─ ele reclama.
Me aproximo dele, o suficiente para nossos sapatos quase se tocarem. Ele endireita a postura e continua me encarando.
─ Eu quero que você pegue tudo o que é meu na sua casa e deixe separado. Eu passo pra buscar tudo ainda essa semana. ─ murmuro. ─ E nunca mais, nunca mais mesmo, olha na minha cara.
─ Tessa... ─ ele estende a mão, mas me afasto. ─ Eu disse que te amo.
─ Se depois de tantas mentiras que já saíram dessa sua boca imunda você realmente espera que eu acredite nisso, então você é duas vezes mais idiota do que eu. ─ sorrio. ─ Passar bem.
Como eu sabia que ele insistiria em uma conversa e não me deixaria passar, praticamente corri até a porta dos fundos antes que ele tivesse a chance de se lembrar dela. Fui direto para o refeitório e me sentei em uma mesa vazia.
Que ficou vazia por exatos quarenta segundos.
Nailea apareceu com uma bandeja, mas a abandonou em cima da mesa assim que se sentou do meu lado.
─ Tá tudo bem? ─ ela pergunta, e eu franzo o cenho. ─ Vinnie é meu amigo, ele me contou o que aconteceu. Eu espero que você não se importe.
─ Não me importo. Ele me ajudou pra caramba no sábado. ─ falo. ─ E, respondendo a sua pergunta, eu tô bem.
─ Mesmo? Eu já assisti muitos casos criminais, sei como sumir alguém do mapa. Estou a seus serviços. ─ Sophi aparece, ocupando o meu outro lado.
─ Como você...
─ Eu estava lá. Não te segui nem nada, mas precisava pegar uma coisa no meu carro e acabei vendo os dois. E meio que postaram no twitter que vocês provavelmente terminaram, porque você dançou com outro cara. Sinto muito. ─ ela responde.
─ Tudo bem, obrigada. ─ sorrio para ela. Seu cabelo vermelho e preto em corte chanel balançou quando ele colocou as duas pernas para dentro do banco.
A última que chegou foi Rose. Ela estava tão fofa quanto no dia do baile. Sentou-se entre Nailea e Sophi e sorriu pra mim.
─ Seu irmão te contou, presumo. ─ falo, também sorrindo.
Ok, ser traída não é a melhor coisa do mundo. Mas também não é a pior. Talvez, ser traída por alguém que você realmente ama deve ser muito pior do que isso.
─ Então... Minha oferta ainda tá de pé, caso você precise. ─ Sophi diz.
No instante em que eu ia responder, a porta do refeitório se abriu mais uma vez. E o que eu vi não me deixou nada surpresa.
Jordan Powell e Katie Channing, de mãos dadas e sorrindo um para o outro.
Se Katie quer ser conhecida como a garota que roubou o namorado da própria irmã, quem sou eu para impedir?
─ Eu passo. ─ respondo para Sophi. ─ Ficar com ela é castigo o suficiente.
O nome de Jordan não é mais citado naquela mesa.
O9 | odeio homens af
(a sophi já ta no cast)
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro