Make it Right
tema do desafio: Ano Novo na Times Square
– Onde vamos passar a virada de ano? – a pergunta era retórica, nenhuma das duas queria sair da cama. Estavam ambas com os respectivos celulares, deitadas cada uma de um lado do sofá ouvindo Make it right pela decima vez.
– Os meninos vão tocar na Times Square. Quer ir?
– Ah, mas vai estar tão cheio! – resmungou em resposta, os olhos presos numa foto de Taehyung no ensaio para o evento. – E eu acho que eles não estão muito felizes com essa apresentação, olha a cara do Taetae! – virou o celular para a amiga, indignada. Tinha a leve impressão de que alguém havia magoado seu menino e agora nada era bom o suficiente. Tudo o que ele fazia era cumprir a agenda, sem sorrisos ou momentos espontâneos.
Voltaram a encarar os próprios celulares, cada uma perdida no próprio pensamento, criando mentalmente inúmeras fanfics sobre o que fariam caso ficassem próximas dos ídolos.
– OK, NÓS VAMOS! – gritaram juntas, jogando os celulares no sofá e levantando-se de um pulo. Caíram na risada em seguida. Era sempre assim, nunca combinavam nada, sempre falavam as coisas ao mesmo tempo.
Quando finalmente saíram dos próprios quartos, a noite já havia chegado há muito tempo. Mas não podiam desanimar mais, não depois de todo o processo para criarem coragem – processo esse que envolveu uma overdose de fotos e musicas do BTS. A Times Square era quase sempre muito cheia, muito, muito cheia, e nenhuma das duas gostava de passar por ali exatamente por terem a mesma fobia de multidões. Mas nada se comparava à quantidade de pessoas que viram quando saíram da estação de metrô.
Havia um palco enorme montado bem no meio da rua, com acesso de todos os lados e muita gente amontoada em todos eles.
– Já me arrependi. – murmurou Ana.
– Agora não tem mais volta, eu que não entro no metrô de novo depois de ter vindo até aqui. Anda, vamos tentar um lugar perto do palco. – respondeu Raquel, entrelaçando o próprio braço no de Ana e puxando-a para o meio da multidão.
Seria praticamente impossível chegarem ate a grade? Provavelmente, mas já que estava ali, ia pelo menos tentar. Tinha que ver de perto de Taehyung estava mesmo tão contrariado quanto ela desconfiava. No palco, um cantor mexicano que nenhuma das duas conhecia cantava suas três músicas do repertório planejado para aquele evento. Ana não tentou esconder a careta por ter que se enfiar no meio de tanta gente, mas algumas pessoas olharam feio em resposta, como se sua expressão fosse, na verdade, pelo artista que se apresentava.
Raquel andava rápido, segurando a mão de Ana e abrindo caminho entre as pessoas, mas era difícil desviar de tantos espectadores e parecia que todo mundo tinha decidido sair dali e ir para a frente do palco.
– Alguma ideia de que horas eles vão entrar no palco? – perguntou parando ao lado de uma das grades da parte de trás do palco e se virando para falar com Ana, mas não a encontrou. Era outra pessoa que segurava sua mão. Perdeu a fala, a coragem, a alma ao reparar que segurava a mão de J-Hope, o próprio.
– RAQUEL! – ouviu Ana gritar de algum ponto atrás daquele homem. Apesar de ouvir a amiga, não conseguiu desviar os olhos do sorriso que aquele homem lhe dava. Ele olhou dela para a mão e de volta para ela.
– Pode soltar a minha mão? – a pergunta foi em coreano, mas aquele olhar foi a única coisa que ela precisou para entender que precisava soltar a mão dele.
– Claro! Desculpe-me! – exclamou, seguindo o olhar dele e soltando sua mão imediatamente. Hoseok sorriu e inclinou o corpo levemente, seguindo seu caminho. Foi só nesse momento que ela percebeu onde estava. Ao redor de si, além de Ana que parecia ficar cada vez mais pálida de choque, estavam todos os membros do BTS.
– RAQUEL! – Ana gritou de novo, tentando passar entre Jimin e Jungkook sem incomodar nenhum dos dois e fingir que era super normal ela estar bem no meio de seu grupo favorito por acidente. Jimin sorriu para ela e a ajudou a passar para o outro lado. Ana agarrou o braço da amiga imediatamente.
– COMO FOI QUE VIEMOS PARAR AQUI?
– Já é a vez de vocês, andem! – ouviram uma moça com um microfone lateral dizer perto deles.
Ainda naquele momento estranho e aleatório, as duas amigas se viram acompanhando o grupo todo como se fossem parte da equipe que os acompanhavam. Ana teve que apertar o braço de Raquel com força quando recebeu um sorriso lateral de Suga ao passar por ela.
– Se isso for sonho, não me acorde. Eu vou ficar muito puta se isso acontecer. – exclamou.
– Ta bom, amiga, mas solta meu braço porque eu quero terminar a noite tendo ele anexado ao meu corpo ainda. – aquela frase provocou um riso grave e quase gutural atrás de Ana e ela finalmente viu Taehyung ali. Sentiu as pernas fraquejarem levemente e quase tropeçou nos próprios pés no caminho, mas a mão grande dele a amparou a tempo para que não caísse bem ao pé da escada que deveriam subir em direção ao palco.
– Cuidado.
– Obrigada.
Ele lhe sorriu fechado novamente e seguiu os outros meninos para o palco. Ana ficou para trás e segurou novamente a mão de Raquel, ambas sem palavras sobre o que estava acontecendo em suas vidas. Aquilo era um sonho, tinham certeza absoluta disso, ou alguma droga forte que soltaram na ventilação do metrô e as atingiu em cheio, não tinha outra explicação.
– Como foi que a gente veio parar aqui?
– Não tenho ideia, mas quem quer que seja que tenha me atrapalhado quando tentávamos passar por aquele portãozinho, é a ele que devemos agradecer.
Como que anestesiadas, as duas assistiram eles dançando Make it Right. Dali onde estava, realmente parecia a Ana que Taehyung estava cansado e levemente irritado. Não se importou em seguir perfeitamente os movimentos que normalmente eram tão precisos em Boy With Love quando cantaram a música. Isso a fez sentir uma vontade absurda de abraça-lo apertado e dizer que tudo ficaria bem, independente do que tivesse acontecido.
Raquel, por sua vez, não conseguia tirar os olhos de Yoongi, todo feliz e sorridente. Vê-lo sorrindo daquele jeito aquecia seu coração e a fazia agradecer aos deuses, qualquer que fossem eles, por ter-lhe dado coragem para sair de casa naquele frio. Seu coração de army estava pleno naquele momento.
As duas aplaudiram com entusiasmo junto com o resto do publico, e sentiram o mundo parar quando todos os sete membros vieram em sua direção no fim da apresentação. Estavam, de alguma forma, em meio ao staff americano e coreano, e não abriram a boca quando puxadas para sair do palco junto com eles. Faltava muito pouco para a virada do ano e, secretamente, elas desejavam que eles, de alguma forma, seguissem a tradição americana de trocar um beijo no momento da virada.
– Uma army pode sonhar... – murmurou Ana com o olhar perdido no cabelo ondulado de Taehyung a poucos metros de distância.
– Oi?
– Nada. Será que nossa sorte vai durar até a hora da virada? – perguntou a Raquel. A amiga não respondeu de imediato, estava concentrada em não chamar a atenção da equipe mais próxima dos meninos. Quando eles se afastaram a uma distância segura, ela sussurrou sua resposta.
– Não faço ideia, mas só de ter esses minutos aqui, por acidente ou não, já posso dizer que 2020 vai ser meu melhor ano.
E com a mesma rapidez com que a apresentação deles havia passado, o momento da virada havia chegado e elas se viram em meio a vários artistas além do BTS.
– DEZ! NOVE! OITO! SETE! SEIS! CINCO! QUATRO! TRÊS! DOIS! UM! FELIZ ANO NOVO!!!!!
Todo mundo se abraçou apertado, as duas amigas principalmente, os olhos marejados de lágrimas. Já era o quinto ano novo que passavam juntas e agora, além de terem uma à outra, tinham o BTS ao lado, literalmente.
– Feliz Ano Novo, Noona!! – foi a ultima coisa que ouviram antes de se sentirem sendo abraçadas por sete pares de braços. O resto da noite passou como um borrão.
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