Livros que viraram filme
Ensaio sobre a cegueira - José Saramago.
Olá, amigos leitor do Projeto "Vamos conversar". Já comentamos aqui obras de grandes mestres da literatura. Dentre estes podemos citar Machado de Assis, se você gosta de clássicos nacionais; J. K. Rowling, se é fã de obras que levam sua imaginação para as nuvens, como se em uma partida de quadribol; falamos também de Stephen King, para aqueles que não abrem mão de uns bons arrepios na espinha. Falamos de obras que recebem ovações, mas também comentamos aquelas que de critica em critica constroem a própria fama, como é o caso de "Saga Crepúsculo, Stephenie Meyer".
Nestas breves onze semanas de encontros, falamos de livros, filmes e musicas dos mais variados gêneros. Por que estou enchendo linguiça? Bom, estive triste nestes últimos dias (um tanto culpado), por ignorar um dos maiores gênios da literatura de todos os tempos. Como pude eu deixar de lado o magnifico e extasiante mestre da arte escrita, José Saramago?
Pois bem, prezados amigos, vamos corrigir este erro. O livro de hoje é nada mais nada menos que "Ensaio sobre a cegueira".
Para quem ainda não teve o prazer de deleitar-se com os textos de Saramago, antes de mais falar, quero deixar aqui as palavras do meu antigo professor de Português "e quando é que virá um novo Saramago?".
Naquela época, ainda mais cru do que estou agora, não entendi as palavras do sábio mestre, mas quando peguei nas mãos o livro que aqui abordaremos, caro interlocutor, as palavras de Silvano vieram à tona e minha mente se abriu: Saramago foge à regra; Saramago conta a história; Saramago cria o mundo; Saramago foi, é e para sempre será uma referência para aqueles que desejam se aprimorar e ir além dos textos genéricos.
Sei que não tenho um currículo primoroso, mas, amigos, é de coração que digo, se queres evoluir a própria escrita, leia Saramago.
"Mas, Wagner, vai falar desse livro?".
Pois então, amigo, vamos começar.
Leitor que tanto me suporta, eu poderia escolher qualquer das obras de Saramago, mas como o nome desta coluna é livros que viraram filme, infelizmente minhas opções são reduzidas. Contudo, caro colega, há um tributo ao saudoso mestre que abre horizontes para nossa análise.
Em 2008 foi lançado a adaptação do livro. O filme me agradou, caro amigo. Claro, nas telonas e telinhas não podemos perceber a desenvoltura como o gênio escreveu sua obra, mas ele se calca com solidez ao texto original. E isso dá prazer em uma adaptação. Senti falta de algumas cenas e tal, mas nada que prejudique o entendimento. Recomendo tanto o livro quanto o filme. Não sei se vai seguir minha sugestão, mas se seguir não se arrependerá.
"Ah, você falou muito, mas também disse coisa alguma. Do que fala esse livro da cegueira?".
Pois então, caro amigo, "Ensaio sobre a cegueira" narra os dias de pessoas comuns que de uma hora para a outra se viram cegas; perdidas no meio do desconhecido; imersos em um mar de leite. Um dos pontos fortes do livro está na forma como nos é apresentado um dos maiores dramas inerentes ao ser humano: o medo do desconhecido.
Essa doença, a cegueira branca, que surge de uma hora para a outra (primeiro em um único cidadão, depois dois, depois quatro...), é o desconhecido. Ela não tem cura e se espalha como fagulhas no ar. O Estado se vê incapaz de solucionar o problema; as pessoas estão apavoradas; os infectados só aumentam. O que fazer agora? Eles estão ferrados e estão nos ferrando também! Qual a escolha mais acertada?
Caro amigo, somos humanos e tememos aquilo que não conhecemos e não entendemos.
Por mais que sejamos os mais puritanos idealistas e pró-direitos fundamentais, um pouco de nossa civilidade se perderia nesse processo de medo e receios. Eis aí uma análise perfeita das escolhas do homem diante do perigo: isola-se os infectados em uma quarentena que bem mais de 40 dias durará, deixa-os morrer à míngua, mas salva os demais.
Amigo, da mesma forma que o Estado por medo isolou os infectados, os reclusos também apresentavam o medo inerente ao nosso ser. São nessas horas que o mais lapidado dos homens revela seu verdadeiro eu, revela sua verdadeira natureza e entrega-se aos primitivos instintos de sobrevivência. Mas já falei demais.
Amigo, antes de encerrar o texto de hoje, deixou aqui uma pergunta: e se você ficasse cego agora, o que faria? Iria chorar? Gritar? Pedir por socorro?
Por fim, caro amigo, os modos e a refinação que tanto exibimos em sociedade são como uma crosta de cera que nos reveste para esconder a podridão que há dentro de nossos corpos, Mas o medo é uma fogueira que irradia as ondas de calor que tanto recusamos. Recusamos porque quando este fogo nos toca, a cera derrete e nossas verdadeiras faces são reveladas. É nessa hora, então, que percebemos a verdade: somos animais!
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