Doze anos de escravidão – Salomon Northup.

Olá, querido amigo leitor. Hoje vamos conversar sobre uma das mais inspiradoras, senão a mais, entre tantas autobiografias já escritas. "Doze anos de escravidão" é um retrato da bárbara realidade dos tempos da exploração da mão-de-obra escrava, seja aqui, seja nos EUA, seja em qualquer lugar do mundo. Se você, colega das quintas-feiras, deseja conhecer mais desse período sombrio da historia ou somente agregar conhecimento com as informações de alguém que viveu na pele a dura realidade de ser um "objeto", leia o livro citado. Sei que o tema "escravidão" já foi muito abordado em novelas, filmes, jogos, mas leia a obra de Salomon Northup... sinta aquilo que ele sentiu... veja aquilo que ele viu... sofra junto dele aquilo que incontáveis outros já sofreram. O livro de hoje é leitura indispensável. Leia!

"Eu ouvi falar dessa história, Wagner".

Então me entenderá.

Imagine-se no lugar de Salomon, caros leitores. Se vejam em mundo dividido ao meio, o seu mundo. Imagine-se vivendo em uma terra dividida entre norte e sul: no norte todos seus semelhantes são livres e gozam de igualdade com os demais, enquanto no sul, por sua vez, seu povo é subjugado, comercializado, maltratado e assassinado. Você, caro leitor, nasceu no norte. Nasceu um homem livre. É respeitado, tem uma família que lhe ama, é reconhecido e tem sonhos. Seu mundo é perfeito, não acha? Mas agora abra seus olhos e se veja sendo arrancado de tudo! Do dia para noite sua realidade muda. Do dia para a noite você perdeu tudo que tem de mais precioso: sua liberdade, sua família, sua identidade. De agora em diante você não é mais Salomon, Vitória, Tatiane, Henrique. À partir desse momento você não é mais um ser-humano, você é patrimônio de alguém; de agora em diante você não tem passado nem presente, você é aquele servo sem alma nem esperanças. Seu único dever é baixar a cabeça e servir.

Companheiro que está usando alguns minutos do dia para ler livros que viraram filme, no mundo para onde fora enviado você não é ninguém. Você nunca mais verá seu cônjuge, seus filhos, seus pais. E a única forma de sobreviver a tudo isso é esconder de todos o seu verdadeiro eu, é esconder seu nome e seus talentos. Daquele momento em diante você é/será aquilo que eles lhe impuserem.

Salomon, em detalhes minuciosos, nos descreve seus doze anos como escravo e tudo que fez para, mais que sobreviver, voltar a viver. Digo sem medo de errar: ele é um exemplo de determinação e força de vontade.

Caro amigo leitor, vamos conversar: oque você faria se fosse tomado hoje por escravo? Tentaria manter-se firme a quem você é e as suas tradições ou faria o necessário para sobreviver?

"Ainda bem que não existe mais escravidão".

Vish... tem certeza? A escravidão é real, ainda é real e se apresenta nas mais diversas formas. Mas darei, hoje, apenas três exemplos de escravidão nos dias atuais:

1º - homens e mulheres na zona rural. Pobres seres-humanos que são levados para zonas isoladas, tem seus documentos apreendidos e acabam trabalhando em troca do pão.

2º - pessoas que são iludidas com falsas promessas de glória e acabam se tornando escravas sexuais no estrangeiro (ou aqui no Brasil mesmo, se assim você preferir analisar).

3º - pessoas cuja senzala é um escritório, o fantasma do desemprego é o chicote, o consumismo é o grilhão e um homem de confiança é o feitor. Estes somos nós: escravos da crise, escravos do capitalismo, escravos de nós mesmo!

Escravidão, para muitos, é algo que vai muito além das páginas dos livros de história. Não acha, pessoa legal?

Por fim, caro amigo, deixo uma pergunta: o que para você é ser escravo?