Uma fuga inesperada
-Como assim a Siena trocou o Bucky pelo Steve? - Natasha indagou, servindo salada no prato de todos.
Sam engasgou.
-Espera... Ela estava com você?
Bucky bufou e encarou ele.
-Óbvio que não, seu imbecil! Ela me trocou no sentido de tutor!
Todos os três encararam Bucky, que ignorou os olhares e começou a comer.
-O que você fez para ela? - Sam indagou.
Bucky baixou os talheres.
- Mas por quê todo mundo me pergunta isso?!
-Porque, obviamente, ela que quer manter distância de você ? - Clint Barton indagou.
Havia cerca de dez dias que Clint tinha voltado de uma missão secreta e estava hospedado no apartamento de Natasha.
Bucky o encarou, terminando de mastigar. Claro que não podia dizer que preferiu se afastar porque não saberia lidar com o fato de que Siena, claramente, escondia algo importante dele e sentia que ia se decepcionar.
-Ela é maluca! - Simplesmente disse.
-Aham. - Sam concordou, irônico e de boca cheia. - E você não,né?
-Sou mais normal que você!
-Cala a boca os dois! - Steve mandou.
Sam e Bucky ficaram se fuzilando com os olhos, até Steve suspirar e atrair a atenção de todo mundo.
-Você tem alguma dica para lidar com ela?
Bucky deu de ombros, fingindo pensar.
-Bem... Ela ama chocolate. Se quiser calar a boca dela, é só dar uma barra grande.
Natasha deu um leve sorriso.
-E como você sabe disso?
-Ela roubou minja barra há uns meses atrás e sempre rouba as que eu compro. Ah, cuidado! Ela tem a mão leve e ama esconder as coisas pra ver você ficar procurando...
-Gostei dela. - Clint sorriu.
Steve assentiu e continuou encarando Bucky.
-Mais alguma coisa?
-Ela é maluca, fala pelos cotovelos, e é um pouco grossa. Acho que vocês vão se dar bem. Ela é uma grande fã sua.
Natasha revirou os olhos, enquanto Steve sorria.
-Maluca e grossa? - Sam questionou. - Achamos uma versão feminina e tagarela sua, Bucky!
Bucky revirou os olhos.
-Desculpe, parei de prestar atenção quando o Sam abriu a boca. Alguém falou algo?
Clint cuspiu refrigerante longe, rindo. E Natasha engasgou com um alface. Sam deu um chute por debaixo da mesa e acertou a canela de Bucky, que revidou e acertou o tornozelo de Sam.
-Querem parar com isso, agora?! - Steve perdeu a paciência. - Parecem que tem quatro anos!
Bucky e Sam bufaram e cruzaram os braços ao mesmo tempo.
O resto do jantar seguiu silencioso. Quando Natasha apareceu com uma travessa de pudim e Bucky e Sam começaram a disputar a colher para pegar o pudim, a campainha foi ouvida.
Steve e Clint também disputavam a outra colher e Bucky não deu atenção nem ao fato de Natasha sair da cozinha, muito menos o grito dela.
Na verdade, ele comemorava o fato de ter conseguido pegar a colher e servir um bom pedaço de pudim quando Natasha apareceu, suja de sangue e parcendo desesperada.
-Me ajudem! É a Siena...
Bucky e Steve levantaram correndo e foram até a sala, seguindo Natasha.
Siena estava deitada no sofá, pressionando a barriga. Parecia pálida, fraca e suava em bicas. Estava suja de sangue até na testa e respirava com muita dificuldade.
-O que houve? - Steve indagou, um pouco desesperado.
Natasha levantou e puxou Steve.
-Precisa ir na farmácia, precisamos pegar coisas para...
Sam e Clint chegaram na sala.
-Ela tá tendo hemorragia, Nat! - Bucky ouviu Clint ao passar por ele. - Ela precisa de um Hospit...
-Hospital, não! - Siena gritou. - Precisa só tirar a bala daqui! Nada mais! Hospital, não!
O telefone de Steve tocou e ele foi atender, enquanto Natasha fazia uma lista rapidamente, para Sam ir correndo comprar. Steve gritou por Natasha e ela saiu correndo.
Bucky ainda se encontrava paralisado, sem entender como isso tinha acontecido.
-Bucky, segura aqui! - Clint pediu. - Preciso pegar algo para ela tomar.
Bucky agachou ao lado de Siena e ela deu um leve sorriso.
-Oi.
-Oi. O que aconteceu? - Bucky pressionou a ferida e ouviu ela gemer de dor.
-Minha irmã...
Bucky franziu a testa. Continuava sem entender ainda. Mas Siena já não parecia tão capaz de falar.
Clint apareceu, se agachando, com um copo na mão.
-Você vai embebedar ela?
-Bucky, conhece outra forma de aliviar uma dor na guerra?
Bucky revirou os olhos. O sangue já não brotava nas mãos dele, mas assim que as retirasse, sabia que voltaria a escorrer.
Steve e Natasha voltaram à sala, parecendo preocupados.
-Cadê o Sam? - Clint indagou.
Siena fazia força, pelo que Bucky reparou, para não dormir.
-Precisamos tirar ela logo daqui...
-Não... - Siena gemeu.
Natasha levou o celular à orelha, no segundo em que Sam abria a porta.
Clint e Steve começaram a ajudar Natasha com os preparativos. Sam pegou um abajur e posicionou em cima da barriga de Siena, enquanto Natasha cortava a blusa dela.
Bucky desviou o olhar. Não do buraco da bala, embaixo de sua mão, mas dos seios fartos dela, tampados apenas por um sutiã de renda fina.
Se sentindo um canalha por ter tais pensamentos numa hora daquela, se obrigou a prestar atenção no que Natasha estava fazendo.
-Você sabe fazer isso, Nat? - Steve indagou.
-Não. Mas vai ter que funcionar... - Natasha deu um meio sorriso para Siena. - Isso vai doer.
-Tá, eu aguento!
Bucky trocou um rápido olhar com Steve, sabendo que ela não ia aguentar. Ele correu porta a fora, pegando outra dose de bebida.
Quando Bucky ia levantar, sentiu sua mão ser puxada. Encarou os olhos escuros de Siena. Ela deu um meio sorriso.
-Fica? Por favor...
Bucky assentiu e entrelaçou os dedos de verdade com os dela. A mão quente de Bucky fazia um contraste imenso com a fria de Siena. As duas pegajosas e enchardas de sangue.
-É melhor você segurar ela, Bucky. - Natasha pediu.
-Eu tô segurando!
-No colo! Ela vai se debater!
Bucky não teve tempo de protestar, já que Steve e Sam ajudaram ela a erguer o troco para Bucky se encaixar atrás.
Natasha agradeceu, e se concentrou em mexer no machucado.
-Ai! - Siena gritou quando Natasha enfiou a pinça dentro do buraco da bala e tentou recuar, mas Bucky a segurou firme no local.
-Nat? - Sam chamou.
-Deixa eu me concentrar, Sam! Se a bala andar...
Clint voltou com mais uma dose para Siena que bebeu de um gole.
Cinco minutos de tensão palpável depois, Natasha sorriu.
-Achei e peguei. Agora fica quietinha, Si, eu vou puxar.
Bucky sentiu a mão dormente com o aperto de Siena. Natasha puxou de uma vez. Isso fez muito mais sangue brotar.
Sam se jogou na barriga de Siena, estancando. Bucky sentiu Siena ficar tensa e fez a coisa mais racional que pensou, quando Natasha jogou álcool sobre a ferida.
Abraçou ela, beijando o topo da cabeça de Siena e murmurando palavras que ele tinha certeza que ela não escutava. Siena mordeu a boca com tanta força para não gritar e tentar, em vão, ficar quieta, que sangrou.
-Caramba, garota! A gente concerta embaixo e você abre em cima! - Sam reclamou.
Todo mundo revirou os olhos, menos a própria Siena. Natasha apareceu com uma agulha e uma linha extensa.
Siena areegalou os olhos.
-Vai ter que me costurar?!
-Como você espera que eu faça? - Natasha retrucou.
Siena gritou e recuou quando a agulha encostou na pele dela.
-Bucky, segura ela! - Natasha reclamou.
-O que você acha que eu tô fazendo, Nat!
-Olha, deixa isso ai! Não quero ser costurada! Eu não sou uma boneca de pano, tá? Eu sou... Ai!
Steve se jogou sobre as pernas de Siena, e Bucky conseguiu a imobilizar e imobilizar os braços dela. Siena ficou quieta, reclamando e gemendo.
Bucky voltou a pensar besteira e esperou que Siena não tivesse reparado. Mas aparentemente, ela não reparou.
Seis pontos depois, Steve saiu de cima das pernas de Siena e Natasha sentou no chão. Siena fez menção de levantar, mas Bucky a segurou contra o corpo.
-Siena, para. Eu levanto, você não faz força... Vai abrir isso tudo!
-Ah, mas não vai mesmo ou eu mato ela! - Natasha reclamou.
-Eu ajudo! - Sam e Clint disseram em uníssono.
Siena foi empurrada pelo peito de Bucky e gemeu. Bucky não ousou a largar, o que fez ela relaxar e encostar total e perigosamente (para Bucky, claro) nele.
Siena olhou para o grupo e abaixou a cabeça, envergonhada.
-Obrigada pelo que fizeram por mim. E desculpem aparecer agora, mas eu não... - Siena fez uma careta quando Bucky esbarrou com o braço na barriga dela.
-O que aconteceu? - Bucky indagou.
-A irmã dela fugiu da prisão e armou uma fuga dos prisioneiros da Shield para resgatar ela, mas o Fury fez ela fugir. - Steve informou. - Ele me ligou agora, contando.
Siena acomodou a cabeça na curva do pescoço de Bucky e ele teve a sensação de que ela o cheirava. Achando isso estranho, voltou a olhar para Natasha, que sorria, enigmaticamente, para ele.
-O que vamos fazer?- Clint indagou.
-Vocês eu não sei, mas Fury pediu para eu levar ela para um local seguro.
Os quatro olharam para Steve. Bucky bufou alto.
-Nó dois vamos fazer isso, Steve.
-Mas nós...
-Nós dois.
Bucky afirmou convicto. Steve e Natasha trocaram olhares.
-Okay, nós dois vamos também! - Sam se manifestou, apontando para ele e Natasha.
Bucky respirou fundo.
-Não é uma boa idéia.
-É, sim! - Natasha argumentou. - Quem vai cuidar dela?
Steve e Bucky se entreolharam.
-Tá... Tudo bem. - Steve cedeu. - Me dá ela aqui? Temos que ir logo...
Bucky segurou Siena firme, entre os braços, quando Steve fez menção de puxar.
Oras, estava com ela esse tempo todo e Steve não pensou nem em chegar perto, agora chegava e queria levar ela? Não mesmo...
-Bucky, você não vai conseguir...
Bucky ignorou, passando um braço por debaixo dos joelhos dela e a erguendo de uma vez. Natasha correu para firmar a cabeça de Siena no peito dele, enquanto Bucky evitava olhar para o belo par de seios bem debaixo no nariz dele.
No tom de voz mais natural que conseguiu, indagou:
-Será que alguém consegue cobrir ela?
Natasha pediu um instante e correu para o quarto. Voltou dois minutos depois, com um casaco grande e macio e jogou sobre o corpo da garota.
Quando estavam quase alcançando o carro, na garagem, Ellen chamou Bucky. Ajeitando Siena no colo, deu um leve sorriso e acenou com a cabeça. Mas Ellen praticamente, o perseguiu.
-Nossa... Gente, o que houve?
-Nada. - Bucky tentou sorrir.
Ela arregalou os olhos.
-Jura? Por quê tem uma garota desmaiada no seu colo...
Natasha foi quem pensou mais rápido.
-Então, vizinha, ela é minha prima e tá grávida. A pressão caiu. O marido dela já tá esperando ela no hospital, temos que ir logo! - Natasha se virou para Bucky e o olhou mortalmente. - Entra no carro!
Bucky conseguiu entrar no carro e acomodar Siena com ele. Clint disse que ficaria para trás, até porquê, tinha vários trabalhos para fazer e podia investigar sobre o caso dela.
Finalmente, já na estrada para fora de Nova Iorque, Bucky se permitiu respirar completamente aliviado.
Olhou para Natasha e para Sam, no banco da frente.
-Onde estamos indo?
-Texas. - Natasha respondeu.
Bucky abriu a boca para reclamar, mas Steve fez sinal para ele ficar quieto.
Sutilmente, Siena acordou.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro