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Sentindo saudades

É claro que Bucky e Natasha chamaram muita atenção pelas roupas encharcadas de sangue, e até assustaram algumas pessoas em uma loja, mas assim que Natasha comentou em voz alta sobre "Aquele terrível acidente que eles presenciaram e chamaram a ambulância... Onde Bucky foi um ótimo e coerente enfermeiro!", Bucky reparou que as pessoas desviaram o olhar e o foco passou a ser o acidente na estrada.

-Natasha, você tem certeza que tem dinheiro para isso tudo? - Bucky indagou, observando a quantidade de roupas que ela pegava nos cabides e dava para ele segurar. 

-Claro que tenho! 

-E não vai fazer falta? 

Natasha sorriu, colocando uma blusa do Capitão América na frente do corpo dele. 

-O que acha? Muito exagerado? Muito gay? 

-Gay? 

-É, sabe? Porque você é o melhor amigo dele... 

Bucky revirou os olhos. 

-Natasha, você escutou o que eu perguntei? 

-Você acha que eu sou burra a ponto de usar o meu cartão ou mexer na minha conta, Bucky? É óbvio que não vai fazer falta... Ao menos, para mim! 

Bucky respirou bem fundo antes de questionar: 

-Vai fazer para quem? 

-Stark. - Ela deu de ombros. - Peguei o cartão dele emprestado há meses, uso direto e ele nunca viu. 

Bucky suspirou. E enfiou as roupas no carrinho. 

Natasha reconferiu a lista. 

-Ótimo, agora só faltam roupas para... 

-Nat... 

-Que , Bucky? 

Bucky a encarou e esperou ela erguer os olhos. 

-Você sabe de algo sobre a Siena que eu não sei, não é? 

Natasha ficou com o rosto imóvel, mas o olhar treinado de Bucky capitou um músculo tremendo no queixo. 

-Não. 

-Você tá mentindo. 

-Se tem tanta certeza, pra quê perguntou? 

Natasha arrastou Bucky pelo braço até a sessão feminina. Ele esperou até que ela estivesse distraída, observando umas blusas. 

-Eu conhecia ela, né? 

-Você disse que ela tentou mat... 

-Isso foi o que ela disse para mim. 

Natasha suspirou, ficando irritada. Voltou a ignorar a presença de Bucky. Ele esperou de novo. 

-Mas o que ela disse a você? 

Natasha deixou três ou quatro cabides caírem no chão  e enquanto se agachava para catar, olhou bem para ele. 

-Ai, eu tô começando a me arrepender de ter te trazido comigo, Bucky! - Levantou. - O que te faz achar que ela falou algo sobre você comigo? 

Bucky seguiu Natasha pela loja até a sessão de roupa íntima. 

-Talvez o fato de você ter ido falar com ela antes de mim. E ter me sugerido para ser o tutor dela... 

-Pelo amor de Deus, Bucky! Isso faz três meses! 

-E além disso, os olhares que você troca com ela toda vez que eu tô perto! 

Natasha o fuzilou com o olhar. 

-Não, eu não sei de nada! As únicas vezes que ela abriu a boca para falar de você, foi para dizer o quanto você é insuportável! E eu concordo! 

Bucky rolou os olhos, sem acreditar. Mas não insistiu mais no assunto. 

Três horas depois, estavam de volta ao Hotel. Natasha deu um sorrisinho para Bucky ao sair do carro e ele suspirou, prevendo a piada. 

-O que foi, Romanoff? 

-Vai ficar no meu ou no quarto da Siena? - Natasha bateu a porta do carro. - Escolhe, vocês tem duas gatas à sua disposição! 

Bucky tentou. Muito. Mas foi obrigado a dar, ao menos um sorriso. 

-Você não tem jeito, não é, Natasha? 

-Já tentaram me concertar umas duas vezes, no mínimo. Nunca deu certo! 

Bucky suspirou, olhando na direção do quarto que seria dele. Não viu movimento. Como o Sol jà baixava no Horizonte, achou que Steve e Siena deviam estar dormindo e coçou a nuca, sentindo um leve formigamento pelo corpo ao pensar neles dividindo uma cama de casal. 

-Bem... Considerando que Siena e Steve devem estar a agarradinhos lá em cima, acho que deveríamos ir dormir e... 

Natasha fechou o rosto e jogou algumas das sacolas para Bucky. 

-Tá! Beleza! Mas eu vou entregar as roupas para o Sam e você para os dois! 

Natasha deu as costas antes que Bucky pudesse protestar. 

Obviamente, ele não queria interromper o futuro casal, mas eles precisavam de roupas, com certeza. 

Relutante, subiu as escadas e bateu na porta, esperando. E esperando. E esperando. 

Bateu de novo. Como não obteve resposta, encostou a orelha na porta. 

Havia um barulho de televisão e um chuveiro ligado. E se não estivesse enganado, talvez, o ronco de Steve. 

Encostou na porta, esperando, enquanto observava a coloração do céu. Haviam inúmeras perguntas rondando a cabeça dele, o deixando mais em alerta do que tranquilo por estar longe. 

Afinal, por qual motivo estava mesmo arriscando a vida por Siena? Fury não disse porquê era importante que eles fossem para o raio que os parta. 

-Bucky? 

A porta abriu levemente e Bucky virou, vendo Siena com os cabelos molhados e enrolada em uma toalha. Bucky desviou o olhar e esticou uma sacola cheia de coisas para ela. 

-São para você... A Nat pediu para te entregar e disse que não precisa se preocupar em devolver. Aí, tem remédios e curativos. 

Ela assentiu, pegando. 

-Ah, então isso que vocês foram fazer... 

-Achou que tínhamos ido fazer o quê? 

-Sei lá... Mas o Sam apostava que vocês foram se pegar em alguma estrada. 

Bucky revirou os olhos e a observou. 

-Você está bem? 

-Vou sobreviver. 

Bucky assentiu e virou as costas. Andou alguns passos até ouvir Siena o chamando. 

-O que? 

-Para onde, exatamente, estamos indo?.

Bucky suspirou e voltou até a porta do quarto, fazendo questão de olhar nos olhos dela. 

-O Tony tem uma fazenda no Texas e ela é quase impenetrável. Foi lá que eu e o pessoal nos escondemos há algum tempo atrás. Natasha ganhou de presente de aniversário, agora é dela. 

Ela segurou a mão dele, o puxando para perto. 

-Obrigada por ter ficado comigo. 

-Não foi nada. 

Bucky puxou a mão de volta, sentindo ela formigar, e encarou ela durante algum tempo. Era como se a pele dele tivesse queimando no exato local que Siena tocou. Não como um fogo, mas ele sentia a eletricidade subir e descer pelo braço dele. Encarou Siena, assustado, pela saudade que sentiu do toque dela. 

Piscou, atordoado, quando Siena o chamou pela terceira vez. 

-Você está bem? É melhor eu acordar o Steve? 

-Que? Ah, não... 

Bucky enfiou a mão no bolso tentando acalmar as batidas do coração, afinal... Isso era insano! 

-Você escutou o que eu disse? - Siena soou irritada e Bucky percebeu que estava ignorando ela de novo, sem perceber. 

-O que? 

-Eu acho que meus pontos inflamaram... O Steve disse para eu esperar a Natasha. Ela está onde? 

Bucky sacudiu a cabeça. Pensou no qaunto Natasha parecia cansada e achou melhor não atrapalhar. 

Empurrou Siena para o lado (ignorando o fato dela estar de toalha ainda) e entrou no quarto. Olhou ao redor, vendo que Steve dormia à sono solto na cama de casal. 

O quarto tinha paredes em tons claros, mas cortinas e lençóis em tons de vermelho. Um sofá embaixo da janela e uma televisão no alto da parede. 

Antes que tivesse que abrir a boca para pedir para Siena se vestir, ela entrou no banheiro e voltou, cinco minutos depois, com uma calça jens, um sutiã azul e uma blusa preta na mão. Sentou no sofá, fazendo sinal para Bucky fazer silêncio e olhou para Steve. 

Bucky sentou do lado dela, revirando os olhos e puxando a gaze, para constatar que sim, estava inflamado. 

-Não se preocupe, não vou acordar seu namorado... 

Siena respirou muito fundo, e soltou todo o ar de vez. Bucky viu a mão dela abrir e fechar como se estivesse tentando controlar a vontade de socar ele. 

-Vou ter que limpar... - Bucky encarou os olhos escuros dela. - Tudo bem? 

-Sabe o que tá fazendo ou vai me matar? 

Bucky não se deu ao trabalho de responder. Começou a limpar o ferimento, retirando toda a secreção inflamatória, o que fez Siena gemer algumas vezes, tampando a boca. 

Terminou alguns minutos depois e tornou a guardar todos os produtos. Ajudou Siena a enfiar a blusa e, mesmo sem necessidade, a ajudou a deitar ao lado de Steve, que se remexeu, mas não acordou. 

Virou as costas, mas de novo, Siena pegou em sua mão. Bucky virou, prestes a perder a paciência e questionar o que mais ela queria, mas assim que fitou os olhos dela, desistiu. Estavam marejados. 

-O que foi? 

Ela negou e deu de ombros. 

-Nada... 

-Eu vou dormir, então. 

-Tá. 

Bucky ajeitou o lençol, cobrindo o corpo dela e, automaticamente e sem saber porque, abaixou e deu um beijo demorado na testa dela. 

Só reparou no qua havia feito quando fitou os olhos surpresos de Siena. Levantou de uma vez, se amaldiçoando por isso e assim que pôs a mão na maçaneta, a ouviu chamar. Virou. 

-Sim? 

Ela exitou. Por dez longos segundos. Então, engoliu em seco e deu um sorriso amarelo, dando de ombros. 

-Nada... Só... Agradece a Nat pelas roupas? 

Bucky tentou não ficar decepcionado. Afinal, não esperava nada, esperava? Não... 

Encontrou Natasha dormindo esparramada na cama. Foi direto ao chuveiro e pondo roupas limpas, desabou no sofá, minutos depois. 

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