Revelação
-Escolheu seu quarto? - Bucky puxou Siena pela cintura assim que Steve desapareceu do seu campo de visão.
Siena negou, abraçando o pescoço dele na pontinha do pé. Deu de ombros, o olhando.
-Eu estava vendo se a Darla e o Sam vão se matar...
-Posso apostar cem na Darla? - Bucky questionou, rindo.
Siena sorriu junto e Bucky sentiu o peito derreter por isso. Ele admitia para si mesmo, e não tinha vergonha: Era total e completamente rendido por Siena.
-Só se eu puder apostar no Sam.
Os dois riram e Bucky fez um carinho com os nós dos dedos na bochecha dela. Escorregou, suavemente, a mão para a nuca de Siena e a puxou de encontro a sua boca, não demorando nada a usar a língua para explorar a dela. Se separaram entre sorrisos e beijinhos castos pelo rosto um do outro.
Finalmente, Bucky se deu conta de que estava agarrado, no meio exato do corredor, com Siena e isso era constrangedor.
Relutantemente, soltou Siena e a puxou para a direção do Sótão.
-Você disse que não escolheu um quarto?
-É... Ainda não.
Bucky a olhou nos olhos e se sentiu derreter novamente. Céus, sempre seria assim quando estivesse ao lado dela?
-Dorme comigo, Beija-Flor?
Siena ergueu uma sombrancelha, nervosa e surpresa. Não tinha esperado mesmo esse convite. Mas em seguida, deu de ombros e sorriu.
-Se o Doutor Benner não se importar...
Bucky negou.
-Não. Ele até falou que seria bom se algum casal quisesse dividir o quarto.
Bucky entrou no sótão, seguido por Siena que arregalou os olhos e olhou ao redor, com as sombrancelhas erguidas. Virou para ele e suspirou.
-Uau...
Bucky deu um sorriso de lado e sentou na cama, de Buda, vendo Siena se aproximar dele e se encaixar entre as pernas de Bucky.
-Vai dormir comigo?
-Claro! - Siena sorriu e abraçou o pescoço dele. - Bucky?
Bucky encarou Siena, a abraçando pela cintura. Percebeu quando os ombros dela se retesaram e quando a expressão mudou no rosto dela. Com uma mão, puxou Siena pelo queixo e a encarou.
-Está tudo bem?
-Não. - Siena levantou do colo dele e andou até a janela, permanecendo de costas, abraçada aos braços. - Tem uma coisa que eu nunca te contei...
Bucky franziu a testa, sentindo o coração martelar contra o peito.
-Sie?
-Eu... Menti. - Siena ainda olhava para fora. - Menti porquê fiquei com medo de vocês não quererem me ajudar. Mas a Darla vai falar de qualquer forma.
Bucky levantou e andou até Siena a envolvendo em um abraço, pela cintura.
-Mentiu? Por quê?
-Você não confiava em mim, Bucky! - Siena virou de frente. - Eu juro que pensei em contar mil vezes...
-Mas...?
-Fiquei com medo de você não gostar mais de mim.
Bucky negou.
-Não tem nada que me faça gostar menos de você, Beija-Flor.
Siena suspirou e mordeu a própria boca. Se afastou um passo, recuando. E olhou para algum ponto atrás de Bucky.
Bucky acompanhou o olhar. E deixou o queixo cair. Piscou, atordoado, durante alguns instantes.
-Mas o que...?
Siena suspirou.
Bucky observou a cadeira voltar para o chão, no local exato onde flutuava, segundos antes. A janela abriu, levando uma lufada de ar gelado ao rosto de Bucky e Siena sentou no chão, chorando, de costas para Bucky.
-Você fez isso?!- Bucky questionou, sentindo talvez, um pouco de raiva por ela não ter dito nada.
Mas se controlou. A culpa não era dela.
-Fiz... Eu odeio isso! Odeio!
Bucky se ajoelhou atrás dela e, com delicadeza, puxou Siena para si. Sabia, exatamente, como era se odiar por algo que não tinha controle.
-Você faz só isso? - Bucky questionou, enrolando um cacho no dedo.
-Eu... Faço mais coisas. - Siena deu de ombros. - Eu sou uma aberração.
Bucky bufou e foi para a frente de Siena. Encarou os olhos escuros dela e negou.
-Não, você não é!
-Sou, sim. É isso que a Hydra e a Kgb quer. Meu sangue. Ou o fator nele. Já ouviu falar do fator H-?
Bucky negou.
-Apenas um por cento da parcela da população nasce com esse sangue. Eu nasci, a Darla não. É como se fosse uma evolução. E a KGB trabalha nisso há um século, no mínimo. Já leu X-Men?
Bucky franziu a testa e negou. Siena respirou fundo.
-Mas já ouviu falar de mutantes?
-Só em quadrinhos... E filmes.
-Eu sou uma espécie de mutante, Bucky.
Bucky encarou Siena. Cabeça rodava.
-Mas... Você não parece uma... Mutante.
Siena sorriu, meio chorando e bufou.
-É... Não pareço, né? Nunca se perguntou porque eu sou tão bonita?
Bucky ergueu as sombrancelhas. Siena continuou.
-Ou porquê eu tenho reflexos tão bons? Ou como sou tão boa de luta? Uma mira excelente...
Bucky franziu a testa e Siena suspirou.
-Errei todas as balas de propósito na sala de tiros e naquele chalé. Eu não queria que desconfiassem.
Bucky respirou fundo, segurando o ar nos pulmões.
-Tem mais alguma coisa? - Bucky observou Siena prender o ar. - Não me diz que sabe ler mentes?
Bucky comentou, rindo. Mas perdeu a cor ao ver o olhar dela.
-Siena...?
-Não advinho pensamentos. Mas posso invadir a sua mente se eu quiser. Posso alterar uma memória ou infiltrar algum pensamento...
Bucky arregalou os olhos e a encarou.
-Espera...
Siena mordeu a boca e ficou imóvel. Bucky arfou.
-Foi você! Você colocou aqueles sonhos na minha cabeça! Você mexeu com a minha cabeça! Siena! Como você pôde fazer isso?!
Ela recomeçou a chorar e abraçou as pernas. Bucky se deu conta de que tinha gritado e recuado. Escutou a voz abafada de Siena dizendo:
-Desculpe! Por favor, desculpe! Eu só queria te fazer lembrar! Eu queria que você... Que a gente...
Siena levantou de supetão e saiu correndo do sótão. Bucky levantou atrás, com um segundo de atraso. Ainda estava em choque. Por isso, ficou extremamente irritado quando percebeu que ela trancou a porta e ele não tinha a chave.
Começou a espancar a porta, até ver que ninguém escutaria. Então, respirou fundo e puxou a porta, destruindo a maçaneta e liberando o acesso. Desceu correndo as escadas e olhou para todos os lados, até achar Darla e Sam discutindo sobre quadrinhos.
Uma pequena olhada para Darla fez ela suspirar e revirar os olhos.
-Deixa eu advinhar... Você descobriu?
-Onde ela está? - Bucky indagou, sem paciência.
-Onde quem está? - Sam franziu a testa.
-A Siena.
-Ela disse que ia ver você. - Darla deu de ombros. - E subiu as escadas.
-Isso faz vinte minutos! Ela desceu há cinco!
Darla e Sam se entreolharam e levantaram do sofá. Depois de ajudarem a revirar a casa, Darla ficou branca e encostou na parede, no corredor.
-O que você disse para ela, Seu Energúmeno?
Bucky encarou o rosto de Darla. Tão parecido com o de Siena. Mas comum. E se perguntou se Siena tinha mentido sobre elas não serem univutelinas. Deviam ser.
-Não falei nada. Ela que, literalmente falando, do nada disse que mentiu, que tinha uma coisa para me contar e saiu falando! - Bucky se defendeu. - Cadê o Steve?
-Saiu. - Sam exclamou.
Darla suspirou.
-Okay... Okay. Tá. Vamos manter a calma. Ela já fez isso antes.
Sam encarou Darla.
-Levaram quanto tempo para achar?
-Quatro anos.
-Quatro anos?! - Bucky e Sam arfaram.
Os três sentaram no sofá, esperando os outros quatro chegarem em casa para avisar que tinham problemas e dos grandes, depois que o Falcão de Sam vasculhou ao redor da propriedade e não achou nem mesmo um fio de cabelo dela.
Batendo a perna, Bucky cruzou os braços e encarou Darla.
-Quanto da mente ela pode alterar e quanto não?
Darla franziu a testa. E suspirou, franzindo o cenho.
-Ah... Então, ela "manipulou" uma memória sua, né? - Vendo que Bucky não responderia, Darla deu de ombros. - Ela pode passear pela sua mente, implantar uma ou duas memórias delas e despertar as que você não lembra. Mas ela não ouve, adivinha, coloca pensamentos... Ela só mexe com o que já está dentro.
Bucky continuou encarando Darla. Sam olhava, ansioso, de um ao outro.
-Então... Ela não poderia manipular uma lembrança? Quero dizer... Inventar algo...?
Darla negou.
-Não, ela não pode. Só mexe com o que você já lembra.
Bucky levantou, odiando a sensação de impotência. Odiando ter gritado com ela. Odiando ter duvidado dela. Mas como controlar aquela parte irracional chamada Soldado Invernal?
Sentindo o telefone vibrar e achando que poderia ser Steve, respirou fundo e encarou a tela. Soltando todo o ar, atendeu, sob o olhar curioso dos dois ao seu lado.
-Siena, graças a Deus! Cadê você?
-Está mais calmo? - A voz dela soou mais tranquila, mesmo ainda abalada no telefone. - Não queria ter te contado agora, nem dessa forma. Mas isso já seria discutido e não tinha como não contar.
Pausa.
-Por favor, Bucky! Não fica com raiva de mim! Eu só queria que você lembrasse da gente e eu não tinha outra forma! Achei que os sonhos seriam sutis e...
-Não tô com raiva, amor! - Bucky passou a mão pelos cabelos e ignorando a sensação de ser observado, enquanto andava pela sala. - Eu só tô preocupado. Onde você está?
Siena suspirou.
-No lago.
Bucky franziu a testa.
-O Sam procurou tudo com o Falcão...
-Ele não vasculhou onde paramos o carro.
-Quer que eu vá aí, Sie? Eu... Tô confuso e meio tonto, mas pelo amor de Deus! Isso não é motivo para você sumir assim!
-Você gritou comigo, Bucky! O que queria que eu fizesse?
-Tá... Tem razão. Desculpe. Eu sou um imbecil. -Bucky suspirou. - Volta para cá, Sie. Vamos conversar. Eu fui pego de surpresa, agora... Enfim, volta pra cá, amor.
-Conta dez a quinze minutos.
-Okay.
Bucky desligou a ligação e se jogou no sofá, dando um tapa na cabeça de Sam.
-Ai, idiota! O que foi?
-Seu Falcão não podia ter procurado no carro?!
-Ah, e você também não lembrou! Tá querendo cobrar o que?
Darla revirou os olhos.
-Achou ela, né? Que bom! Tem certeza de que ainda ama ela mesmo sabendo que é uma esquisita?
Bucky ficou vermelho e a encarou.
-Eu nunca disse que eu amo ela!
-E precisa dizer? - Darla ergueu uma sombrancelha.
Bucky desviou o olhar constrangido. Sam suspirou. Audivelmente.
-Okay, agora... Vocês podem explicar do que diabos estão falando?!
Darla e Bucky se entreolharam. Antes que pudesse abrir a boca, Darla interrompeu Bucky, mandando ele contar. Bucky bufou e ainda discutiu alguns minutos, até que Darla perdesse a paciência e acabasse, ela mesma contando.
Deixou que os dois se entendessem e saiu, sentando nos degraus da varanda da casa, olhando na direção em que tinham estacionado o carro.
Cerca de cinco minutos depois, viu Siena aparecer no horizonte, pisando duro, com as mãos enfiadas no bolso do casaco.
Bucky quase se estapeou por ter gritado com ela. Era um imbecil. E talvez nem merecesse o amor dela. Sempre soube que Siena era demais para ele e sempre a evitou por saber que ela merecia algo muito melhor do que.
Ela merecia alguém que tivesse paciência e que não fosse tão ignorante. Alguém que a amasse profundamente e que não fosse gritar ou tratar ela mal sem nem sentir que fazia isso.
Se todas as vezes que ela escondesse algo ele fizesse isso, a ponto de fazê-la chorar, sabia que ela se cansaria dele. Afinal, não fazia nem mesmo idéia de como tinha conquistado o amor dela.
Talvez...
Mesmo sem querer, começou a pensar que talvez, não fosse amor. Talvez, ela ainda quisesse o Soldado Invernal.
É claro que doeu como o inferno. Ela sendo apaixonada pelo Soldado ou por ele, Bucky ainda a amava.
E se a amava, sabia que teria que abrir mão dela para que Siena fosse feliz de verdade.
Abaixou a cabeça, decidindo o que faria.
Siena ergueu os olhos e viu Bucky, parando durante alguns segundos, respirou fundo. Então, voltou a andar com o mesmo afinco. E só parou em frente a ele.
-Oi.
Bucky ergueu a cabeça. E Siena perdeu o ar.
-O que houve?
-Precisamos conversar, Siena.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro