Já era tarde quando Bucky se levantou e deixou Siena dormindo na cama, depois de prometer levar um café da manhã para ela dalí a um tempo. 

Catando as roupas pelo quarto, deu uma rápida olhada pelo corredor e, ao não ver ninguém, correu para o chuveiro tomando um banho demorado. 

A água quente bateu nas costas dele e Bucky estremeceu com a ardência das unhas de Siena em suas costas. 

Repassou toda a noite anterior enquanto tomava um banho e ao ver um sorriso abobalhado no rosto, no reflexo do espelho, tratou de tentar disfarçar. 

Entrou na cozinha encontrando Steve e Sam. Indo até a geladeira, pegou uma maçã e mordeu, bem forte, próximo a orelha de Steve. Como ele estava com a cabeça abaixada, quase dormindo, estremeceu de susto, arrancando gargalhadas de Sam. 

-Bom dia, Steve! Você estava dormindo? 

Steve fanziu os olhos, enquanto esfregava o rosto. Bucky reparou que Sam tinha um sorrisinho no rosto, mas não questionou nada. Não ia perder a oportunidade rara de zoar Steve. 

-Claro que n.... - A Fala de Steve foi interompida por um enorme bocejo. - Nããão! 

Bucky riu. Sam também. 

-A Nat acabou com você, é? 

Steve assentiu, enfiando a cabeça na curva do cotovelo e voltando à posição inicial. 

-Ela fala pelos cotovelos... 

-A Natasha ?! - Sam questionou, com espanto. 

-Aham. - Steve maneou positivamente, falando alto para a voz sair .- Ela está na TPM, é um horror! Ela quer ficar abraçada o tempo todo e eu ainda tenho que escutar, opinar e interagir, se não, ela me belisca! 

Sam quase caiu da cadeira com a gargalhada e Bucky cuspiu os pedacinhos de maçã que estava mastigando. Steve ergueu a cabeça e os fuzilou com os olhos. 

-Tá achando Graça, Sam? - Steve desafiou. - Por que não nos conta como foi sua noite? 

Sam parou de rir, mas não tirou o sorrisinho do rosto. Apenas cruzou os braços. 

-E por que eu diria? 

-Porquê eu quero ver de qual hospício ela saiu! - Bucky mordeu de novo a maçã.- Conta! 

Sam suspirou e chegou mais para frente, como se estivesse planejando contar o plano para assaltar um banco ou joalheria. Os dois homens em frente a ele se inclinaram juntos. 

Sam sorriu, levemente. 

-Querem saber como foi a minha noite? 

-Aham. - Bucky e Steve concordaram. 

Os três começaram a sorrir maliciosamente um para o outro. 

-Primeiro... - Sam falou baixo. - O James conta como ele e a Siena foram parar na cama... Porque eu tô muito curioso! 

Steve deu uma gargalhada, se inclinando para trás e quase caindo da cadeira. Bucky se limitou a responder com um dedo do meio e cruzar os braços. Sam parecia estar tendo uma convulsão. Mas ainda sim, encontrou forças para falar: 

-Qual é, Bucky? Você acha que alguém ia cair na historinha de que a Siena estava com cólica e que você estava com dor de cabeça? Além disso... Eu sou idiota, não burro. Vocês não estavam se falando e não queriam se ver nem pintados de ouro! Ai, aparecem trocando sorrisinhos e olhares a tarde inteira... Sendo que você ia voltar para Nov...

-Eu já entendi! - Bucky se irritou. - Chega! Demos bandeira, que coisa... 

-Bandeira eu não sei, mas que tivemos um mastro, nós tivemos, não é? 

-Sam! - Steve brigou, rindo. 

Bucky tacou o resto da maçã na direção de Sam, mas ele desviou no último segundo. Então, parou de rir e apoiou o queixo na mão, suspirando. 

-O Nome dela é Jane. Parece que é uma Agente da Shield... 

-Parece? - Bucky questionou. Sam deu de ombros. 

-Não falamos de trabalho. Só de coisas leves, sabe? Ela tem 27 e é linda! Acho que é a mulher mais linda desse mundo todo! 

-Não é, não! 

Bucky e Steve responderam juntos e se entreolharam. Os três começaram a rir com afinco. 

Mas pararam assim que Natasha entrou e jogou um tablet na mesa. 

-Okay, acho que conseguimos descobrir como a Darla achou vocês naquele dia, no shopping. 

Bucky pegou o tablet e analisou as informações. Natasha continuou falando. 

-É incrível como ninguém lembrou disso antes, sabe? 

Bucky quase se estapeou. Era óbvio que tinham achado invadindo algum sistema de segurança e acessando a localização do GPS na pulseira e no chip no pulso de Siena. 

-Então... - Steve raciocinou. - Eles sempre vão achar a gente? 

Natasha negou. 

-Não, meu amor. - Bucky observou que ela usou o tom de voz de quem fala com uma criança de cinco anos. - Eu chamei um amigo aqui. Ele tem como tirar o chip dela e quem sabe, confundir o código de rastreamento da pulseira. O cara é um gênio... 

Bucky riu ao ver Sam imitando uma ânsia de vômito. Natasha e Steve não pareceram notar nada. 

-Não me diz que você chamou....? 

-Chamei. 

-Ah, não, Nat! 

-Steve! A Siena não merece ser perseguida assim! 

-Não foi isso que eu disse, Nat! 

-De quem vocês estão falando? - Sam indagou. 

-Tony! - Natasha, Steve e Bucky responderam. 

Sam murchou na cadeira e revirou os olhos. Siena entrou na cozinha, pegando uma xícara de café e andando até eles. 

-Quem é Tony? 

Siena sentou de lado no colo de Bucky e esticou o pescoço para dar um beijinho nele. 

-Um amigo. - Natasha respondeu. 

-Eu ia levar para você! - Bucky protestou. 

Siena deu de ombros, tomando um longo gole de café. Bucky apoiou uma das mãos na coxa dela. Sam bufou. 

-Bem, Não vejo a hora da Jane aparecer para eu não ter que segurar vela! 

Siena sorriu e o encarou. 

-Quem é Jane, Samuel? 

-A nova namoradinha dele! - Bucky respondeu. 

-Não é minha namoradinha! - Sam reclamou. 

-Ainda! - Steve piscou para Siena, que riu. 

-Até tu, Rogers?! - Sam levantou, indignado. - Quer saber? Se comam aí! Vou trocar de roupas... 

Mas antes que pudesse sequer se mexer, a campainha tocou. Todos se entreolharam. 

-É um pouco cedo para a Jane... - Sam admitiu. 

-E é impossível ser o Tony! - Natasha exclamou. 

Siena murchou no colo de Bucky. 

-Ah... Deve ser o Richard! Merda! 

Bucky respirou fundo quando Sam se encaminhou para a porta e a voz de Richard se fez presente. 

-Bucky? - Steve chamou. 

-Que? 

-Você está amassando o garfo. 

Siena controlou a risada e Bucky ficou avermelhado ao ver que sim, tinha envergado o garfo ao meio. 

Dois minutos depois, Sam voltou com um enorme buquê de flores. 

-Esse homem tem algum problema? Dois buquês em menos de doze horas?! 

Siena deu de ombros. 

-Ele é do tipo que acha que tudo se resolve com flores.

Natasha olhou na direção de Siena e Bucky e deu um pequeno sorrisinho. 

-Eu juro que se vocês aguentarem essa situação mais três dias, eu consigo provas suficientes e levo ele preso... 

Bucky acenou positivamente e Siena agradeceu. O olhar de Natasha ficou preso na mão de Bucky, que subia e descia, apertando, pela coxa de Siena, em um carinho automático. 

Era óbvio que eles tinham intimidade e se sentiam bem um com o outro. E era mais óbvio ainda, pela forma como Bucky encarava Siena, que ele sentia algo muito forte por ela. Natasha só não entendia como em tão pouco tempo, mas supôs que tinha a ver com o tempo que passaram juntos antes. 

Eles claramente estavam apaixonados. E claramente, tinham um nível de conforto com o toque que só casais antigos demonstravam. 

Era de enlouquecer qualquer analista. 

Siena terminou o café e se virou para Bucky, levando as duas mãos ao rosto dele e o puxando para um beijo. Bucky odiava beijar na frente dos outros, sempre odiou. 

Mas Siena parecia não se importar. Então, ele apenas tentou retribuir. 

Mais alguns beijos intensos, beijinhos mais superficiais e selinhos foram trocados. E só Então, perceberam estar sozinhos na cozinha. 

Falando baixo, Siena o encarou, sorrindo. 

-Eu acabei com você ontem, não acabei? 

Bucky rolou os olhos, a puxando pela cintura e ajeitando Siena sobre as pernas. 

-Espera para ver a próxima vez, Siena, quando eu ficar no comando! Você não vai lembrar nem seu nome... 

Bucky viu Siena ficar completamente vermelha e riu, atraindo a atenção dela. 

-O que foi? 

-Como você consegue? Em uma hora, você é tão segura de si, que conseguiu me deixar doidinho... E ninguém consegue isso! E em outra você é completamente... - Bucky fez uma pausa e acariciou o rosto dela. - Completamente fofa e tímida, ficando avermelhada à toa... 

Siena deu de ombros. 

-Normalmente, eu sou mais timida, Bucky. Por exemplo, eu levei cerca de 20 minutos para vencer a vergonha do que eu fiz ontem, sabe? E só então, desci. Mas tem coisas, que na hora que eu to fazendo, eu me deixo levar e nem penso. 

Bucky sorriu e beijou a pontinha do nariz dela. 

-Eu amo quando você é fofa! 

-E não ama quando eu sou mais ousada? 

-Não! 

-Por quê? 

-Porque, pelo que vi e lembro, isso significa que, normalmente, eu perco o raciocínio. E eu odeio isso! 

Siena riu. Uma risada melodiosa e profunda, quase como uma música. Bucky sorriu igual a um bobo e voltou a beijar Siena, com vontade, com paixão. 

A campainha tocou, mas nenhum dos dois reparou nisso. Só se separaram quando ouviram uma voz exclamar: 

-Oh, céus! Quem é a louca, de mau gosto para homens? 

Bucky bufou, enquanto Siena levantava do colo dele e encarava Tony Stark, parado na porta da cozinha. Ele cruzou os braços e sorriu. 

-Ah, imagina! Não precisa dessa recepção calorosa, poxa! Muito obrigada pelos aplausos, eu agradeço... 

-Ah, cala a boca! - Steve reclamou, passando entre Tony e a porta, trazendo um notebook. 

Sentando ao lado de Bucky, olhou para Siena e suspirou. 

-Sie, esse é o Tony Stark. Tony, essa é a Sie. Bucky, Tony, vocês já se conhecem. 

-Infelizmente... - Bucky levantou da cadeira e foi até a cafeteira, enchendo a mesma de café até a borda e tomando puro. 

Tony ergueu uma sombrancelha e encarou Bucky debochadamente, enquanto Bucky só revirou os olhos e prestou atenção em Steve, que explicava para Siena o que, exatamente, Tony tinha ido fazer lá. 

Tony andou até Steve e o empurrou com a bunda, tirando ele da cadeira e sentando ao lado de Siena. 

-Okay, Capitão! Chega de enrolação, me deixe trabalhar! 

Natasha e Sam entraram na cozinha e foram para o lado de Bucky, enquanto Tony se apresentava para Siena. 

-Bem, como já foi dito, sou o Tony. Gênio, playboy, bilionário, filantropo... Já deve ter ouvido falar de mim, não? 

-Na verdade, invadi o sistema de segurança da sua casa uma vez... 

Tony parou de mexer no computador enquanto todos explodiam em risadas. Tony encarou Siena. 

-Para...? 

-Prender meu pai dentro da sua mansão e dar tempo da polícia chegar. 

Steve e Bucky trocaram um olhar. Então, tinha sido Siena a entregar o próprio pai depois que ele tentou matar o Steve no ano anterior? 

Tony pigarreou, claramente desconcertado. 

-Bem, acredito que tenha encontrado muita dificuldade em desbloquear os pins numéricos da segurança... 

-Não. 

-Não?! 

-Só no primeiro. A partir do segundo foi fácil. Suas senhas são fracas e com o programa de computador certo, dá para, em alguns minutos, descripicografar a senha com uma combinação aleatória de 10 elevado a cem... 

-Tá, tudo bem! Já entendi! - Tony revirou os olhos. - Vou reforçar a segurança das senhas, obrigado. 

Bucky reprimiu a risada e piscou para Siena, que retribuiu o sorriso. Um silêncio se instaurou na cozinha, enquanto Tony teclava no notebook. Siena se inclinou para frente. 

-Você invadiu o sistema de segurança americano?! Puxa, tem que me ensinar como fazer isso... - Os olhares se voltaram a ela, que começou a rir. - Eu estou brincando, gente! Calma! Não é isso que eu quero invadir... 

O olhar trocado entre Siena e Bucky não passou despercebido e ele começou a abanar a blusa com o calor que sentiu. 

Siena sorriu e voltou a prestar atenção em Tony, quando ele exclamou: 

-Vou fingir que não entendi o cunho sexual que tinha nessa frase... Ah, interessante... 

-O que é interessante? - Natasha andou e foi até a cadeira de Tony, se inclinando sobre ele e olhando a tela. 

-Ela tem uma pasta secreta no Governo. 

-Tenho?! - Siena arregalou os olhos e se inclinou, por cima do ombro de Tony. 

-E o que isso quer dizer? - Sam indagou. 

-Não sei... - Tony sussurrou. - Tá trancada... Acha que consegue destravar, Natasha? 

Natasha começou a teclar e puxou um pendrive do bolso, conectando o aparelho. Depois de mais uns dez minutos, Natasha suspirou. 

-Pode acabar levando alguns dias, mas acho que consigo. Já baixei o arquivo inteiro, Tony. Pode continuar desativando o chip e a pulseira... 

Siena levantou de uma vez e puxou a arma da cintura de Natasha. Por um momento, Bucky achou que ela tinha apontado a arma para Steve e o coração dele gelou, pensando que, enfim, Siena tinha se revelado. 

Siena atirou. 

O tiro passou por cima do ombro de Sam e atingiu o vidro da porta da cozinha, sendo seguido por mais um disparo que veio do lado de fora. 

Lado de fora? 

Bucky, que tinha se jogado no chão, olhou para a porta, vendo quando Siena saltou por cima dos cacos e saiu correndo até o lado de fora, no jardim. 

-Mas que porra é essa?! - Tony levantou, com as luvas em punho. 

Steve ergueu a cabeça e olhou, prestes a sair correndo, atrás de Siena, mas Natasha o impediu. 

-É o Richard! 

Mais um disparo foi ouvido e um grito de dor. Bucky nem respirou, sentindo o coração martelar nos ouvidos. 

-Alguém pode ajudar aqui?! Ele é pesado! 

Bucky respirou fundo, soltando o ar em seguida e sentando no chão. O gosto do arrependimento de ter pensado que ela mataria todo mundo invadiu a boca dele e Bucky deixou Tony, Steve e Natasha irem ajudar Siena. 

Sam parou na frente dele e esticou a mão. 

-Você também achou que ela ia matar todo mundo, né? 

Bucky aceitou a ajuda e se levantou. 

-É melhor a gente não dizer isso a ela... 

Sam acenou positivamente com a cabeça, enquanto Bucky observava Steve e Tony trazendo Richard sangrando no ombro.