Os Descendentes
Rubens e Judy seguiam o estranho Nefilin por uma rua escura e isolada, fazendo a dupla se olharem desconfiados.
Até que ao chegarem num beco sem saída, o poderoso homem observou ao redor, para confirmar se estavam apenas eles e abriu a tampa de um bueiro da calçada.
O policial olhou aquilo e comentou:
- Agora nós vamos virar as tartarugas ninjas?
- Fica quieto, Jensen. - Bronqueia a menina
- Não é o que parece meu caro. Venham e vejam com seus próprios olhos...
Assim que eles desceram para o subsolo, notou que haviam vários túneis subterrâneos e o mais impressionante era que haviam muitos mutantes vivendo na parte de baixo das ruas de Los Angeles, totalmente escondidos da sociedade e vivendo suas vidas na medida do possível.
Judy ficou perplexa com a quantidade de seres estranhos vivendo por ali e disse:
- Isso é... Surreal...
- Esse é um dos únicos pontos escondidos e estratégicos que dá acesso ao Mundo Isolado.
- Mundo Isolado? - Perguntou Rubens
- Sim. Aqui não vivem apenas mutantes, existe minha equipe de nefilins que considero minha família, moradores de rua e até pessoas com deficiência ou deformidade que não se sentem bem entre os civis considerados "normais".
- Isso é muito triste. As coisas não deveriam ser assim, era pra todos se unirem.
- Falar é fácil, garotinha. O difícil é convencê-los a se juntar a causa. Somos tachados como monstros desde sempre.
- Há quanto tempo vivem aqui?
- Desde a invasão dos alienígenas sobre a terra. Aproveitamos aquele momento para nos reagrupar e viver nas escuras.
- Onde estão os outros? Da sua equipe?
- Venham comigo, estão logo ali.
Logo em seguida, surgiram os outros nefilins, onde Mastodonte faz as devidas apresentações, falando sobre cada um deles.
Um homem de cabeça raspada e brincos se aproximou e o líder deles, disse:
- Esse é o Harry. Um dos nefilins mais puros da nossa equipe, pois mantém quase a mesma aparência que nosso maior ancestral, Keyjah.
Ele tem um poder místico impressionante, capaz de até mesmo prever o futuro, dependendo da situação. É o mais reservado de nossa família e quase não fala muito, mas sua lealdade está acima de qualquer coisa.
Com um olhar sério, surge uma jovem asiática e muito bonita. Ela usava um traje preto e apertado, muito parecido com que agentes secretos usavam em missões. E para impressionar sua imagem, ela abre suas asas enormes, assustando Judy e Rubens, fazendo a Nefilin dar um pequeno sorriso.
- Essa é a Shaula, a mais bela e a mais preciosa da família. Ela nasceu na Coreia do Sul, sempre chamou a atenção por sua beleza angelical e também por suas asas que foram crescendo com o tempo. Muitos a chamavam de 'aberração das alturas", e excluíram ela da sociedade. Porém eu a treinei para ser um dos nossos, Shaula conhece todos os estilos de luta no mundo e aprendeu a sobreviver. Ninguém consegue vence-la num combate. Mas o mais precioso nela é que seu pai é Uriel.
- O QUE?! - Perguntaram os dois surpresos
- Exatamente. O pai dela é o arcanjo Uriel e sua mãe uma criminosa da Coreia, ela foi rejeitada quando nasceu e viveu boa parte de sua infância nas ruas e em orfanatos. Mas eu a acolhi em nossa equipe e hoje é a nossa maior arma celestial.
Quando Mastodonte disse isso, Judy ficou pensativa por alguns segundos, imaginando que aquela expressão "nossa maior arma", também poderia se referir a ela, da mesma maneira que seus colegas da farda também lhe tratavam, uma arma militar e nada além disso. O único que a enxergava como humana era Rubens Jensen e ela o olhou com carinho e respeito por seu parceiro de equipe.
Em terceiro, surgiu um anão caminhando até eles de forma engraçada e carregando uma arma na cintura, maior do que ele. Quando ele chegou entre seus "irmãos", olhou para cima e perguntou ao Mastodonte:
- E de mim? Não vai falar?
- Claro Robby. Como poderia te esquecer?
- Não me diga que esse nanico é filho de algum arcanjo?! - Perguntou Rubens
- Calado, seu idiota! Ou quer que eu vá aí te dar uma surra?! - Respondeu o anão
- Tenta a sorte...
Mastodonte e os outros riram, mas o líder deles pede que se acalmassem e explicou:
- Senhores, esse é o Robby Cringer, ele é quase um Nefilin na verdade. O pai dele é um Bárbaro que viveu na idade média e se relacionou com uma nefilin virgem, escravizada pelos reis. A espécie de Robby pode viver milhares de anos, não sabemos exatamente. Robby cresceu e se tornou um guerreiro, mas com o passar do tempo, também começou a ser ridicularizado, não apenas por seu tamanho, mas por sua origem. Muitos o chamavam de aberração por possuir orelhas pontudas e barriga grande. Mas poucos sabem que Robby é um híbrido de Nefilin mais corajosos que já vi na terra, praticamente não tem medo de ninguém. Possui uma memória surpreendente, capaz de gravar lugares e imagens rapidamente. E entre nós é o melhor em construir armas brancas e eficazes.
O pequeno homem ficou orgulhoso com as palavras de seu líder, até que Judy olhou todos eles e disse:
- Tem mais alguém? Além de você? Nessa equipe estranha?
- Claro. Eu diria que é o principal de nossa família e o motivo dos meus ataques sobre aqueles policiais corruptos.
- Nem todos. - Falou Rubens
- Existem poucas excessões. - Disse o ser mutante
- Afinal, quem é esse?! - Indagou a adolescente impaciente
Mastodonte pegou seu comunicador digital, parecido um iPad pequeno e mostrou a imagem do garoto para Judy e Jensen. A menina ficou sem fala ao rever aquele rosto, era o mesmo rapaz que havia ajudado eles, lutando contra aqueles drones de Collins.
O homem então guardou e disse:
- O nome dele é Evans Clark, o mais novo da nossa equipe e o mais inteligente. Ele também é filho de uma Nefilin e um Arcanjo. Seu pai é Samuel e sua mãe, uma sobrinha do nosso mestre Keyjah. No entanto, sua mãe biológico ficou doente e entregou ele para uma mulher viúva que não podia ter filhos. O garoto cresceu e já sabendo de suas origens, porém nunca conheceu seu pai, isso deu a ele uma espécie de depressão profunda e ansiedade. Suas emoções são maiores do que um ser humano normal, pois ele tem sangue sagrado percorrendo em suas veias. Mas ao saber da história dele, eu recrutei o rapaz para nossa equipe e o treinei como soldado tático. Evans é um jovem de coração enorme e alma de luz, mas não deixa de lado seu jeito guerreiro. Por isso ele é tão importante para nós, por que ele tem um destino que precisa ser traçado.
- Que destino? - Perguntou Judy curiosa
- Ele deve se casar em breve com Shaula. Pois eles são os únicos verdadeiros e puros da nossa família. Dessa forma, não apenas continuará a linhagem de nefilins originais, como deixará nossa raça muito mais poderosa.
Judy ficou chocada com aquela "profecia", que mais parecia uma vontade deles e não um desejo do universo. Ela olhou para a coreana que observava seu lider seriamente com suas palavras e entendia claramente o que ele estava querendo dizer.
No entanto, Rubens perguntou:
- E você? De onde veio?
- Meu nome original é Piers Harvin. Mas mudei para Mastodonte. Sempre fui um cara alto que chamava a atenção, tinha uma força surpreendente, que muitos garotos da minha idade não conseguia. Eu vencia todo mundo no braço de ferro na escola, cheguei a participar de clubes de luta e ganhei prêmios. Porém, perto dos meus dezoito anos, meus pais me revelaram minha origem, eu era filho de um Nefilin e uma mulher mutante de Chernobyl.
- O que?!
- Exatamente! Minha mãe era uma mulher forte e meu pai se apaixonou por ela. Ela teve seu corpo transformado após a radiação e mesmo assim meu pai, que era um dos aliados de Keyjah, amou ela até o fim de sua vida. Sem condições de me criar, minha mãe me abandonou em um orfanato ainda bebê. Então fui adotado por esse casal que cuidou de mim até minha fase adulta. Isso me fez pesquisar a vida de Keyjah e percebi o quanto ele foi incrível no Apocalipse. Treinei duro para ser tão importante como ele, mesmo não sendo meu parente.
Logo quando começaram a surgir experiências com pessoas comuns em mutantes, eu me ofereci para um cientista, que me aplicou uma forte dose de anabolizantes modificados. Eu quase morri, mas resisti por ter uma resistência sobrehumana e fiquei ainda maior. Desde então prometi olhando para os céus que me tornaria um grande líder assim como Keyjah e daria um significado ainda maior para os Nefilins.
Rubens Jensen olhou todos ao redor e verificando cada membro da equipe, perguntou ao líder deles:
- Mas como vocês sobrevivem de fato? Já que não vivem normalmente na parte de cima? Entre a sociedade.
- Curiosamente, existem pessoas que sabem de nossa existência e sabe onde nos procurar para prestar serviços particulares.
- Que tipo de serviços? - Indagou Judy
Nesse momento, o homem de cabeça raspada e brincos se aproximou da adolescente e fumando um cigarro, comentou:
- Na maioria das vezes somos contratados para proteger alguém ou algum local, servindo de guardiões.
- Caramba!
- Porém não revelamos quem são nossos clientes. Negócios são negócios.
Shaula então pega o cigarro das mãos do parceiro e sentando-se num banco ao lado, comentou:
- E o último trabalho está bem aqui. Na nossa frente.
- Quem? - Perguntou Rubens
- Você mesmo, bonitão. Evans foi enviado até seu apartamento para te proteger. Uma pessoa nos pediu essa missão, por que sabe que você corre risco de vida em Los Angeles.
- O QUE?! COMO ASSIM?! QUEM PEDIU?!
- É tudo muito secreto. Não podemos revelar. Mas saiba que existem pessoas poderosas querendo sua cabeça.
- Eu sabia que o Evans não queria te matar! Não falei, Jensen? - Falou a loirinha com um sorriso para o amigo
Rubens olhou para ela aborrecido e um pouco desconfiado de toda aquela história. Mas o chefe da equipe, cruzou os braços e encarando a dupla policial, disse:
- Agora que vocês já sabem de toda a verdade, o que pretendem fazer? Vai nos denunciar para o exército? Ou para aquele cretino do Collins?
- Nada disso! Não somos bandidos, e nem viemos aqui para condená-los. - Respondeu Judy
- Mesmo um pouco desconfiado dessa história de proteção particular sobre mim, estamos dispostos a resgatar o garoto. - Comentou Jensen
- Eu agradeço muito, de verdade. Com vocês auxiliando nós, será bem mais fácil explodir aquela base da polícia local.
- O que?! Não! Primeiro vamos tentar soltar ele de forma legal, se não der certo, partiremos para o plano B.
- Jensen está certo. - Respondeu a loirinha - Estamos em uma investigação federal, qualquer erro pode ser fatal para a missão.
Mastodonte fez cara de poucos amigos e sentando-se ao lado do anão, observou a adolescente e o investigador, dizendo:
- Eu vou dar um voto de confiança em vocês. Não vou atacar mais nenhum policial da cidade, mas quero que vocês me tragam o Evans em 48hrs. Ou eu e minha família vamos mostrar para eles que os Nefilins não são tão pacíficos como imaginam!
- Ok. - Falou Rubens
- De acordo, pode contar conosco. - Afirmou Judy
Os dois retornaram para a superfície, sem imaginarem que estavam sendo observados por alguém. Do outro lado da rua, estava o agente Craby, dentro da Ferrari da doutora Kerry, usando um binóculo tecnológico. Ele seguia os passos da dupla com o dispositivo e comentou sozinho:
- O que esses dois estavam fazendo nas redes dos esgotos de Los Angeles? Isso tá ficando cada vez mais estranho e bizarro. Kerry vai adorar saber disso.
Rubens Jensen: Pior do que saber que está correndo risco de vida, é imaginar que tem uma pessoa desconhecida te vigiando 😰.
Eu não sei onde vamos parar com toda essa situação e confesso que Mastodonte me causou arrepios com o tamanho dele 😅😬. Eu acho que não teria coragem de enfrentar ele na porrada 🫣😁.
Ainda estou intrigado com essa história do jovem Evans Clark me proteger. Me proteger do que? E de quem?! 🧐🤔.
Só espero que a Judy tenha um bom plano para resgatar aquele rapaz, e vou até o fim desse caso, custe o que custar 😠🔥.
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