Injustiçado
Assim que o misterioso sniper foi embora, Judy apenas ficou observando o rapaz se afastar ao longe pelas ruas, sem nem imaginar o motivo dela mesma ter tido aquela atitude inesperada.
Logo em seguida, surge Rubens eufórico e cansado, segurando sua arma e perguntou o por que dela ter soltado o atirador.
- Eu não sei, Jensen.
- O que? Como assim?
- Eu também não entendi por que fiz isso. Mas algo me dizia pra deixar ele em paz.
- Do que você está falando? Ele tentou me matar, esqueceu? Viu a cara dele, pelo menos?!
- Sim, eu vi. - Disse ela com um pequeno sorriso tímido - Não parecia ameaçador
Rubens ficou observando a adolescente, desconfiado, percebia algo diferente em Judy depois daquele encontro repentino com o rapaz estranho.
A garota parecia pensativa e quando tocava no assunto, avistava seu rosto corar de vergonha, e por ter a pele bem clara, era nítido o seu nervosismo em relação ao jovem.
Sem muitas delongas, o ex-soldado da SEA indagou para a loira:
- Você gostou daquele bandido?
- O que?! Você ficou maluco?! Claro que não! Por que eu iria gostar...
- Não precisa ficar nervosa, foi só uma pergunta.
- Isso foi muito desnecessário, Jensen! Acho que você está novamente tentando me distrair da missão! Temos que entregar esse relatório amanhã cedo para o comandante!
- Não está mais aqui, quem falou. Mas se quiser conversar a respeito, estou aqui.
- BOA NOITE, RUBENS! - Falou ela fechando a porta do seu quarto no apartamento.
O homem apenas sorriu sozinho e comentou:
- Esse olhar não me engana, ela está apaixonada por aquele meliante. Era só o que me faltava.
Na manhã seguinte, a dupla dinâmica retornou ao quartel general, se encontrar com o comandante Christian para entregar o relatório da investigação sobre o caso dos mutantes.
Rubens foi o primeiro a se pronunciar diante do oficial e disse assim que colocou os documentos sobre a mesa do superior.
- Aqui está tudo anotado, comandante. Descobrimos muitas coisas nessas conversas secretas. Essa máfia é muito maior do que a gente pode imaginar.
- Fico feliz que tenham conseguido, senhor Jensen. E surpreso que tenha sobrevivido ao lado da nossa soldado especial, Judy.
- Realmente ela não é qualquer uma, tive que ser bem cauteloso.
- Exatamente. Judy é uma grande arma para nós do exército. Que bom que ocorreu tudo bem.
- Sim...
- Dispensado, soldado.
- Com licença, senhor.
Assim que Rubens se retirava do local para ir embora, ele voltou e disse olhando para o oficial:
- Me perdoe, comandante... Mas eu gostaria de deixar uma coisa clara.
- O que foi, Jensen?
- Seria bom que nós não víssemos a soldado Judy apenas como uma arma militar.
- O que? Como assim?
- Eu percebi que ela é muito mais do que isso, capitão. Acho que deveríamos reconsiderar o fato dela ser apenas uma ferramenta das forças armadas, ela pode ter sentimentos.
- Do que você está falando? Não trate aquela garota como humana, acho que você já sabia disso.
- Sim senhor, mas...
- Ela tem sido eficiente desde que a treinamos para ser uma arma especial da nossa equipe, humanizar ela pode nos trazer problemas sérios. Você já viu o tamanho do seu poder?!
- Tenho uma noção...
- Você não faz ideia! Agradeço sua preocupação senhor Rubens Jensen, mas deixe isso como está.
- Ok, comandante. Me desculpe.
- Dispensado.
Quando Rubens saiu, o militar ficou sozinho em sua sala e olhando aquele relatório em suas mãos, pensou na possibilidade daquele homem ter razão em relação a Judy.
Talvez aquela super proteção que eles davam pra ela, poderia ser prejudicial para seu desenvolvimento, afinal a jovem estava crescendo com o tempo, coisa que não ocorria desde a sua origem.
Por um instante, o oficial se recordou de uma cena do passado, onde o antigo general Rillston dava um sermão para todos seus homens, assim que capturaram a criança misteriosa de Chernobyl.
Área 52: 10 de novembro de 2084
Judy brincava com alguns brinquedos em uma sala isolada e super protegida, cientistas do local observavam a criança através das câmeras de monitoramento e um espelho falso na parede.
Ali se iniciava uma intensa investigação para descobrir a origem daquela criança e qual o motivo dela ser tão poderosa, capaz de derrotar alguns soldados sem muito esforço.
Nesse momento, general Rillston das forças armadas estava reunido com alguns militares em sua sala, onde conversavam a respeito sobre a menina.
- Já disse várias vezes e vou repetir. Essa garotinha precisa de muitos cuidados.
- SENHOR, ELA É UMA ABERRAÇÃO! MATOU MEUS AMIGOS A SANGUE FRIO!
- Tenha calma, soldado Spencer! Você está se precipitando!
- O QUE?!
- Foram eles que a provocaram, não é? Tentaram interagir com ela sem nem ao menos conhecê-la!
- Sim, mas...
- O que aconteceu com aqueles militares foi uma fatalidade! Eu não vou condenar uma criança de 7 anos que estava sozinha e perdida!
- O que devemos fazer, general? - Perguntou sargento Christian
Rillston olhou para seus homens pensativo, e cruzando os dedos sobre sua mesa, ordenou:
- Vamos apagar a memória dela.
- O que?! - Falaram assustados
- Mas não totalmente, só os acontecimentos mais recentes e conturbados. Essa criança deve ter passado por um verdadeiro inferno nesse mundo, é o nosso dever cuidar dela com responsabilidade.
- E quanto aos poderes? - Indagou Spencer
- Vamos usar isso a nosso favor. Ela será muito útil em missões e combates. Portanto, vamos aos poucos desenvolver todo esse processo. Judy será uma arma militar!
- Acho ótimo! Afinal isso manterá essa criaturinha sob nosso controle!
- Certamente, senhor Spencer. Mas quero deixar bem claro para todos. Não importa o quanto ela seja eficiente ou poderosa. Lembrem-se que ela também é HUMANA...
Seu pensamento é interrompido com a chegada do sargento Spencer com cara de poucos amigos.
O oficial fez continência e disse para seu superior:
- Com licença comandante. Soube que o soldado Jensen retornou com o projeto J?
- Sim, sargento. Por que?
- Gostaria de se me permite, interrogasse ele senhor. Ouvi falar que ele esteve interagindo de forma errada com nossa arma. Frequentou lanchonetes, bares e até se envolveu numa perseguição desnecessária, envolvendo um mutante!
- O que? Ele não me falou nada disso, apenas me entregou o relatório.
- Eu não confio nele para essas tarefas senhor Christian. Ele vai comprometer nossa corporação.
- Por que acha isso? - Perguntou o militar
- Apesar de ter sido da SEA, ele só pensa em bebida e não tem responsabilidade e nem perfil para ser um dos nossos. Talvez tenha sido um erro contrata-lo!
O comandante se levantou de sua cadeira e observando o homem com seriedade, analisou rapidamente as páginas do relatório e comentou, enquanto lia:
- Ele me disse que deveríamos tratar a J como humana e não como arma militar. Talvez eu acho que...
- Percebe, senhor? Ele não é apto para a missão. Tratar aquela garota como humana vai arruinar as forças armadas.
- O que acha que devo fazer?
- Prenda-o, até que tudo seja esclarecido e resolvido. Vai saber o que mais ele fez com ela?
- Eu confio no soldado Rubens. Mas manter ele preso seja uma boa ideia, até que tudo se resolva. Pelo bem da nossa equipe.
- Exatamente, comandante. Vou agora mesmo decretar a sua prisão.
Neste momento, Rubens Jensen conversava com outros soldados, incluindo seu novo amigo, Joe.
Ele e mais três militares descansavam numa área tranquila da base, onde muitos aproveitavam para ler um livro, dormir ou até mesmo recarregar suas armas.
Ao tomar um suco de laranja ao lado do rapaz, o ex-integrante da SEA, falou:
- Vocês tinham que ver o tamanho daquele cara. Era o mutante mais forte que já vi.
- É por que você não conhece o Tyrant!
- Quem é esse? - Perguntou Rubens
- Ele é um lutador geneticamente modificado, ou seja é um mutante. Ninguém até hoje conseguiu derrotar ele em um combate. O prêmio tá estimado em quase 1 milhão de dólares para quem vence-lo na arena!
- Acho que dou conta do recado. - Falou Jensen mostrando seus bíceps de forma engraçada
- Com esse projeto de músculo, você não ganha nem da Judy! Hahahahahaha
- Agora você pegou pesado...
Nessa hora todos começaram a rir do comentário do homem.
No entanto, o clima descontraído é interrompido por sargento Spencer, acompanhado por mais dois militares armados com fuzis táticos.
Imediatamente todos se levantaram em sinal de respeito, onde Rubens observou aquilo revirando os olhos, mas mesmo assim obedeceu, se igualando aos seus colegas.
Um silêncio intenso havia tomado conta do local, até que o oficial de mãos para trás, observou todos e comentou:
- Lamento atrapalhar essa festinha de vocês, mas lugar de jogar conversa fora é longe do quartel! Entendidos?!
- Sim senhor! - Disseram todos, menos Rubens, que parecia aborrecido com a situação
Spencer observou o ex-integrante da SEA e encarando o homem, olhou em seus olhos claros e disse:
- Soube que você e a projeto J executaram muito bem o plano.
- O nome dela é Judy, sargento. - Respondeu ele
- O nome científico dela é Js5000. Judy Cooper não existe mais, soldado! Ela parece uma pessoa comum, mas é uma arma militar do nosso exército.
- Ela não me pareceu ser apenas uma arma. Ela é uma grande garota, com um potencial enorme.
- Esse é o seu problema, caro Jensen! Acho que passou muito tempo no Brasil e o sol queimou seus miolos!
- Como assim?
- Você ficará recluso em nossas celas particulares até o fim das investigações.
- O que?! Por que?! - Gritou Rubens
- Não deveria tratar a projeto J como humana. Isso pode arruinar nossos planos e comprometer toda a equipe. Por enquanto você ficará preso até segunda ordem!
- Mas ...
- Algemem ele! - Ordenou Spencer
Todos ficaram chocados e surpresos com a prisão repentina de Rubens, não imaginavam que o sargento chegasse a esse ponto.
Jensen ficou isolado numa cela particular da própria base.
Sem entender o que estava acontecendo de fato, ele sentou desanimado e acendeu um cigarro, enquanto pensava em sua vida, até que disse sozinho:
- Por que fui atender aquele telefonema?
Mais tarde, ele recebe a visita de seu novo amigo, Joe.
O soldado parecia aflito e preocupado com seu colega de trabalho.
Ao ver ele naquele estado, comentou:
- Cara, eu te avisei que não deveria tratar a J como humana. Ela é uma arma! Olha as consequências.
- Judy é tão humana como nós, talvez mais! Quando você e sua tropa vão entender isso?
- Sei que suas intenções são boas Jensen, mas ela pode ser fatal.
- Do que você está falando?
- Você nunca soube do ataque da Sala Sul?
- Não.
- Uma cientista renomada da Área 52 foi assassinada por Judy a sangue frio! Ela também tinha a mesma opinião que a sua, que poderia controlar a menina e se ofereceu para ser a melhor amiga da garota. Até que um dia a criança surtou e arrancou os seus membros apenas com a força da mente...
- O que?!.. - Perguntou Rubens incrédulo
- Desde então, ignoraram o pedido do saudoso general Rillston e resolveram manter a garota sob controle do exército, apenas como uma arma secreta e usá-la em algumas missões.
- Eu não sabia disso. Isso não me parece ser a mesma Judy que eu conheço.
- A doutora achava a mesma coisa.
No entanto, a notícia da prisão temporária de Rubens logo se espalhou por toda a base militar, chegando aos ouvidos de Judy.
A jovem mutante estava em sua sala privada, uma espécie de cúpula de energia preparada para ela, com a função de repor suas forças e também usava para dormir ou se concentrar antes das missões.
Aborrecida com a atitude de seus colegas de trabalho, ela aborda um soldado no meio dos corredores e perguntou:
- Ei você! Por que o Jensen está detido?
- Eu não sei. Pergunta pro comandante...
Ao dizer isso, a menina prensa o rapaz contra a parede com força, deixando ele assustado, mesmo armado.
- FALA! - Ordenou a garota
- Não sei ao certo. Dizem que foi por causa de você...
- De mim? Por que?
- Vocês estavam muito próximos e ele desobedeceu o protocolo.
- O que...
- Todo mundo sabe que você é apenas uma arma do exército, ou melhor, um projeto subdesenvolvido das forças armadas!
- IDIOTA!
Judy arremessou o oficial longe, assustando até quem passava ao seu lado.
Sem pensar duas vezes, ela começa a caminhar em direção ao escritório do comandante Christian, tirar satisfação sobre o que estava realmente acontecendo de fato.
Ao chegar no local, haviam dois militares protegendo a entrada com fuzis, um deles não permite sua entrada e disse:
- Você não está autorizada a entrar aqui sem uma autorização superior.
- Quer mesmo tentar me impedir?! - Disse ela encarando o soldado, que fica constrangido e deixa ela acessar sem dificuldade.
Assim que ela entrou na sala do seu chefe, o homem a olhou espantado e disse:
- Proje... senhorita J! O que está fazendo aqui?
- Por que o senhor mandou prender o Jensen?
- Isso é coisa nossa, não deveria se meter nesse assunto. Ele quebrou nosso acordo e...
- Que acordo, comandante?! De me levar em uma lanchonete, comer hambúrguer?! Me defender de mutantes na estrada?! Ou o pior crime que ele poderia ter cometido... Me tratar como HUMANA!!
Ao dizer isso, o oficial ficou perplexo e sem fala sobre o que acabara de ouvir. Nunca imaginou que o projeto J realmente pudesse agir daquela maneira e tão pouco se expressar de um jeito tão lógico.
Talvez no fundo, o general Rillston tinha razão ao afirmar que apesar de tudo, Judy Cooper era uma pessoa comum por dentro e tinha que ser considerada como gente afinal de contas.
O comandante apenas observava a menina e depois de um tempo se encarando, ele disse:
- Ele fez bem pra você, senhorita Judy?
- Ele não é a pessoa mais inteligente do mundo e as vezes é meio idiota. Mas Jensen é inocente ok? Ele não me influenciou em nada! Posso ser considerada apenas como uma arma pra vocês, mas sou muito mais do que isso!
- Não duvido da sua capacidade intelectual, só não queremos que a missão saia do controle caso...
- O que?
- Esquece. Já que você faz questão da liberdade do soldado Rubens vou pedir que soltem-no.
- Obrigada capitão. A investigação continua?
- Sim. Ainda temos muito o que descobrir sobre essa máfia poderosa envolvendo mutantes.
Mais tarde, Judy surge na cela de Rubens ao lado de um oficial do exército.
Quando viu a menina, ele logo sorriu e ao perguntar o que estava acontecendo, ela respondeu:
- Estou te tirando daqui, não tá vendo? O que seria de você sem mim?
- Obrigado, pequena.
- Vamos. Ainda temos muito trabalho a fazer.
- Achei que nossa parceria tinha terminado, depois da bronca que levei do sargento Spencer.
- A missão só acaba quando eu disser que acabou.
- Gostei de ver...
- E outra coisa... você tá me devendo um milk shake! Por ter te tirado dessa!
- Justo.
Rubens Jensen: As vezes eu penso: qual é a do sargento Spencer?! Acho que ele não vai com a minha cara! Desde quando é crime ser amigo de alguém?! 🤨 O problema maior são eles que enxergam Judy apenas como uma arma militar e não como uma adolescente 🙄.
Sinto que ela gostou mesmo daquele rapaz de moto, será que joguei pedra na cruz? 😩.
De qualquer maneira estou feliz por estar livre novamente e continuar meu trabalho com essa garota poderosa 😁❤️. Ela é osso duro de roer quando quer alguma coisa 😅.
No fundo sei que ela gosta da minha amizade 😉
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