Duas vidas e um Destino
Judy passava boa parte de seus dias treinando como nunca, nas salas especiais que o sargento Spencer havia construído especialmente para ela. A jovem soldado tentava de todas as maneiras tentar esquecer aquela conversa que teve com Evans Clark, imaginando que o garoto que ela amava era praticamente cúmplice do assassino de sua melhor amiga.
No entanto, no meio da simulação, Judy começou a ser invadida por vários sentimentos de frustração, deixando lágrimas escorrer por seus olhos azuis.
Spencer ao perceber que a garota estava emocionada, parou com o treinamento e pediu que ela se retirasse do local.
- O que está havendo, projeto J?
- Como assim, sargento? - Disse a menina enxugando seu rosto disfarçadamente
- Você está chorando?
- Não senhor...
- Amanhã nós voltaremos a treinar. Preciso que você se recomponha e lide com essas emoções inúteis que não vai te levar para lugar algum!
- Eu estou bem, sargento.
- Essa não é a tal da Judy que eu conheço! Está sendo fraca! A próxima vez espero não ver uma lágrima em seus olhos!
- Ok, senhor. - Respondeu a jovem desanimada
Spencer saiu do local friamente, chegando a bater a porta com força, aborrecido por ver Judy tendo emoções humanas.
A loirinha se sentia inútil por um instante e pegando suas coisas, ela se dirigia até o seu quarto de descanso.
A garota estava se sentindo sozinha e sem amigos, era como se o mundo todo resolvesse ficar contra ela naquele momento, a verdade é que ela nunca esteve tão triste desde a partida de seu melhor amigo, Rubens Jensen.
" Primeiro foi a doutora Brooke e agora o idiota do Jensen... Talvez seja o meu destino, não ser amada por ninguém "... - Pensou a loirinha enquanto caminhava.
Inesperadamente ela acaba trombando com alguém, fazendo ela se aborrecer e disse:
- Não olha por onde anda?!
- Foi mal.. é que eu...
- Joe?
- Judy? Olha só, quem é viva sempre aparece.
- Tem hora que gostaria de estar morta.
- Não diga uma coisa dessas. Como você está? Você sumiu nesses últimos dias.
- Tenho treinado muito com o sargento Spencer.
- Sei que é importante treinar e manter o foco nas missõe, mas não esqueça das pessoas que gostam de você.
- Ninguém gosta de mim, Joe. Eu apenas tenho o dom de afastar as pessoas.
- Como pode dizer isso? Eu mesmo não parei de pensar em você.
- Mentiroso. Me trocou por aquela garota chamada Carmem. - Protestou Judy de forma cômica
- A Carmem?! Eu e ela somos apenas amigos... Tipo eu e você, sabe?
- Amigos? Tipo eu e você? - Perguntou a loirinha desconfiada
- Sim...
- Quem disse que somos amigos? - Disse Judy se retirando de um jeito convencida, deixando o jovem soldado rindo de nervoso e corado.
Enquanto isso no Mundo Isolado...
Evans Clark andava com a cara de poucos amigos, aborrecido com tudo o que estava acontecendo em sua vida e por onde morava.
No refeitório, a maioria dos mutantes comiam juntos, inclusive os Nefilins e os moradores de rua.
Porém, Mastodonte sente a falta do jovem sniper e perguntou:
- Alguém aqui sabe onde Evans está? Esse garoto não almoça conosco já faz 3 dias.
- Ele anda treinando boxe sozinho na Garagem. - Afirmou Robby enquanto devorava uma coxa de frango
- Treinando sozinho? Ele nunca foi de treinar sozinho. - Disse Mastodonte - Ele sempre me chamava pra lutar.
- Evans é um idiota, só isso. - Comentou Shaula com deboche
- Não deveria falar assim de seus colegas! Principalmente se tratando do Clark!
- Ok, foi mal. Já não está mais aqui quem falou. - Respondeu a Nefilin se retirando da mesa
O anão olhou para aquela cena constrangedora e comentou com Craby, que almoçava ao seu lado:
- E saber que estão predestinados a ficarem juntos. Nem parecem um casal.
- Queria entender melhor essa profecia de vocês.
- A pessoa mais indicada para te contar é o Harry, ele é um dos Nefilins mais antigos de nossa equipe.
- Interessante.
Após a refeição, Mastodonte se dirigiu até a Garagem, se encontrar com o jovem guerreiro.
A Garagem era o local onde os mutantes usavam para descansar e treinar, haviam vários equipamentos de academia e até mesmo um ringue, onde usavam para promover pequenas batalhas entre si.
Evans socava sozinho um saco de areia, pendurado pelo teto, usado por boxeadores profissionais.
Mastodonte ao ver aquilo, se aproximou tranquilamente até o rapaz e com um pequeno sorriso, disse:
- Estou gostando de ver, está ficando cada vez mais forte.
- Ainda não o suficiente. - Comentou o garoto enquanto continuava batendo
- Por que quer tanto ficar mais poderoso? Você sabe que nós não somos assim, não é da natureza dos Nefilins...
- Eu não tô nem aí para o que pensam de nós!
- O que disse?
- Olhe pra nós, Mastodonte! Somos tratados iguais ou piores do que os mutantes! Vivemos escondidos para trabalhar para pessoas que no fundo nos desprezam!
- Por que está dizendo isso? - Perguntou o líder deles, curioso
- Por que é a VERDADE! Não importa o quanto a gente se esforce, nunca seremos vistos como pessoas normais e jamais seremos amados como humanos!
O enorme mutante Nefilin parece entender o que se passava no coração de Evans.
Pegando em seus braços, ele interrompe o seu treinamento e olhando em seus olhos claros, afirmou:
- Você sabe muito bem que tudo o que fazemos não tem nada a ver com reconhecimento ou gratidão. É simplesmente o nosso dever e isso foi o melhor método que encontramos para sobrevivermos.
- Mas...
- Preste atenção de uma vez por todas, garoto... Quando a gente ama alguém de verdade, não fazemos algo em busca de recompensa, fazemos por que sabemos que aquilo é o certo a se fazer! Entende?
- Sim.
- Se as pessoas não reconhecem quem nós somos realmente, isso é um problema delas e não nosso! Se você conhece o seu coração, então você conhece a si mesmo!
- Obrigado. - Agradeceu Evans um pouco triste
- Dê uma chance a si mesmo. - Finalizou Mastodonte se retirando e olhando o colar dourado no pescoço dele, que logo entende o recado.
Enquanto isso na base do exército...
Judy conversava com Joe enquanto ela se aquecia antes de iniciar seus treinamentos, ao lado do sargento Spencer.
A loirinha treinava duas vezes ao dia, sendo supervisionada pelo oficial, que fazia questão de acompanhar a sua evolução diária e tinha planos misteriosos para a jovem mutante das forças armadas, mesmo que ela já estivesse tendo o cargo de tenente.
Porém o soldado Joe nunca se esqueceu do pedido que Rubens Jensen fez a ele, sobre cuidar e olhar de maneira mais empática para ela, só não imaginou que esse pedido fosse acompanhado por um misto de emoções como paixão e amizade.
- Então quer dizer que a Carmem pediu pra você falar com aquele idiota do Stewart?
- Exatamente.
- Mas por que? Aquele garoto é um escroto!
- Você pode não gostar dele, mas aquele playboy tem muita influência em Los Angeles. Ele conhece muita gente famosa e poderosa, e quando a Carmem soube disso, me pediu pra marcar um encontro entre eles, afinal ela é uma atriz e quer ganhar mais destaque.
- Ela sabe quem ele realmente é? Sinto que isso vai sair caro pra ela.
- Stewart pode ser um imbecil e concordo com você. Mas ele não é louco de passar dos limites.
- Como sabe, senhor espertão? - Perguntou a menina curiosa enquanto colocava suas luvas
- O pai dele é um grande empresário de petróleo e tem muita influência no mercado americano e europeu.
- Interessante. E o que você pediu em troca? Sei que tem algo que pediu a ela.
- O que?! Nada não... Por que você acha...
- Conta vai... Foi um beijo? Ou um encontro...
Joe fica com o rosto corado e um pouco tímido com aquelas insinuações da jovem loira. Entretanto, ela avista ele segurando um iPad e tomando de surpresa de suas mãos, o rapaz se assusta e tenta pegar de volta, mas Judy o impede, segurando ele e lê em voz alta, em tom de brincadeira o que estava escrito:
Como Conquistar uma Amiga em 10 Passos...
- Sério isso? Você acha mesmo que a Carmem pode te ajudar a conquistar... - Judy muda sua expressão ficando mais séria, ao se lembrar que ela mesma poderia ser essa "amiga".
O soldado pega o livro digital de volta e envergonhado, disse:
- Sei o que deve estar pensando.
- Olha Joe, eu...
- Eu preciso te dizer uma coisa, Judy.
- O que? - Perguntou ela sentindo o coração bater mais forte
- Eu confesso que sempre te vi como uma arma militar do exército, nada além disso. Porém, depois que o senhor Rubens me pediu para ficar de olho em você...
- Ele pediu pra você me vigiar?
- Não! Eu quis dizer que ele queria que você ficasse bem na ausência dele, onde alguém poderia estar do seu lado quando precisasse.
- ... - A garota fica observando, prestando atenção em cada palavra
- O fato é que eu aprendi realmente a gostar de você, entende? Já não te vejo como uma arma e muito menos um soldado. Te vejo...
- Como?
- Te vejo... Como mulher! E gostaria muito de um segundo encontro com você, senhorita Cooper. - Finalizou ele com um sorriso sem jeito, coçando a nuca.
Judy abaixou a cabeça pensativa e voltando seu olhar para o amigo, acabou contando toda a verdade que ela ela havia passado nos últimos dias, desde as primeiras missões com o Rubens Jensen até o recente romance com Evans Clark.
Também explicou para o militar que o agente mutante Craby estava no Mundo Isolado, sendo acolhido pelos Nefilins e isso tinha afastado ela do jovem sniper.
Joe senta-se ao lado da loirinha e perguntou:
- Então quer dizer que eles estão protegendo o verdadeiro assassino da doutora Brooke?
- Exatamente. Na verdade eu acho que eles estão sendo manipulados por ele.
- Pra mim isso não me parece manipulação. Eles estão realmente do lado desse mutante, você fez o certo em se afastar desse Evans.
- Eu gosto dele, apesar de tudo.
- Mas ele gosta de você? Se ele realmente quisesse o seu bem, não ajudaria um criminoso como Craby. Eu deveria saber que você era inocente, me perdoe.
- Tudo bem Joe. Ninguém poderia imaginar.
O rapaz de farda segura nas mãos da menina e encarando seus olhos azuis, falou:
- Eu prometi ao senhor Jensen que cuidaria de você, então permita que eu te ajude de alguma forma. Não deixarei ninguém te enganar ou te prejudicar.
- Obrigada, você é um amor. - Disse ela abraçando ele fortemente e dando um beijo em seu rosto, fazendo ele sorrir
Porém o momento feliz é interrompido por sargento Spencer, que aparece ao lado do casal e não gosta daquela cena.
Ao dar uma tosse disfarçadamente, eles percebem a presença do oficial e acabam se afastando um do outro. No entanto, ele perguntou para a tenente:
- Está preparada para mais um treinamento, projeto J?
- Sim senhor.
- O nome dela é Judy Cooper, sargento! - Afirmou Joe encarando seu superior
O poderoso militar deu uma olhada para o garoto e se aproximando dele, indagou:
- Eu te perguntei alguma coisa, recruta?
- Não senhor...
- Então por que está se metendo onde não deve? Não deveria estar com seus colegas de farda? Essa é uma área restrita!
- Ela também é minha amiga! E estou apenas vendo se ela está bem!
- Ela estará melhor com a sua ausência, soldado!
- Com todo respeito, sargento. Mas acho que isso quem decide é ela!
Ao ver que o clima estava ficando mais tenso e perigoso, Judy interrompe a conversa e disse:
- Bom, acho que já está na hora do meu treinamento. Obrigada Joe, eu te vejo depois ok?
- Tudo bem, Judy. Bom treino. Com licença, sargento.
Spencer apenas ficou observando Joe ao longe, com certa estranheza, tentando imaginar por que aquele rapaz de aparência inofensiva, parecia querer desafia-lo de certa forma.
Ao adentrar na sala de treinamento, o oficial olhava Judy através do outro lado do vidro blindado, esperando que ele acionasse o controle.
Porém, ele encarou a menina e interrogou:
- Há algo que eu precise saber, senhorita J?
- Do que o senhor está falando?
- Devo me preocupar com aquele seu amiguinho soldado? Ele me parecia bem atrevido pro meu gosto.
- Joe é só um amigo, sargento. Não o leve a sério, ele gosta de mim.
- Gosta de você? Assim como o Rubens Jensen?
- Senhor, eu não quero falar sobre isso.
- Já avisei e vou avisar de novo! Não perca tempo com emoções inúteis, você precisa estar forte e focada para os próximos passos.
- Não se preocupe, Spencer! Eu sei o que estou fazendo! Vamos treinar ou não?!
- Ok, prepare-se...
Enquanto isso no terraço de um prédio abandonado....
Evans Clark estava sozinho novamente, sentado em uma coluna de pedra, observando a cidade iluminada de Los Angeles e segurando o colar dourado em seu pescoço, como se estivesse esperando alguém.
Com certa tristeza, ele jogava algumas pedrinhas lá do alto, desanimado com a vida, até ouvir uma voz feminina:
- Ela não apareceu denovo, não é?
- Shaula?! O que está fazendo aqui?!
A Nefilin coreana estava sentada em um pequeno telhado de madeira, do outro lado do prédio, um pouco acima do rapaz.
Desta vez ela estava com um casaco preto, tipo uma jaqueta de frio.
- Você é mesmo um idiota, sabia? Fica aí se rebaixando por causa daquela garota loira mimada!
- Não fale assim da Judy! Você não a conhece!
- E pelo visto você também não!
- E por que você se importa?! Já não deixou claro que não liga pro amor?!
A jovem da um salto e fica de frente para o sniper e de mãos no bolso de seu casaco, ela disse:
- Apesar de tudo, eu me importo com você! Não é legal ver um rapaz forte e destemido, ser rejeitado por uma qualquer! Ela não te ama, entenda isso!
- Vai embora daqui! Você nem conhece a história dela!
- Mas eu conheço a sua e sei que você não merece passar por isso, idiota!
- A verdade é que ela não entende direito o que está acontecendo, conversei com ela outro dia e...
- Vamos embora logo, o Mastodonte está nos esperando. Depois você fala disso...
Quando Shaula começa a caminhar novamente, Evans se aborrece com a indiferença da coreana e ele diz em voz alta:
- CRABY NÃO CONTOU TODA A VERDADE!
- O que?! - Indagou ela, parando os seus passos e voltou a olhar para o Nefilin.
- Ele não é tão inocente como vocês acham. E se ele quiser ser realmente um de nós, terá que provar isso.
- Como assim?!
- O agente Walker já matou uma doutora na Área 52, que era a melhor amiga da Judy. No entanto, ele não contou essa parte pra gente.
- Por que será? - Perguntou Shaula confusa
- Essa é a questão! E ele vai ter que contar tudo, desta vez!
Rubens Jensen: Sabe aquela sensação de você estar se sentindo dividido entre dois lugares ou duas pessoas? Ultimamente eu tenho sentido muito isso e acredito que muita gente passa por essa fase algum dia da vida 😬.
Eu quero muito retornar ao Brasil e rever a minha gata Cibelle 😍 mas confesso que ao mesmo tempo, estou encontrando cada dia mais motivos para continuar em Los Angeles 👀.
No final das contas, a decisão final sempre vai ser de nós mesmos e nunca da opinião de outras pessoas. Portanto, se tiver que escolher entre a Lua ou o Sol, apenas certifique-se de que esteja fazendo a coisa certa 🫡.
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