Capítulo 5: Segunda Fase
Voltamos à estaca zero, nos encontrávamos novamente só com a roupa do corpo e a pistola, mas no meio de um deserto. Fiquei pensando no que faríamos a partir daquele momento, qual seria nossa primeira decisão, só víamos areia e mais areia, o sol já começava a nos castigar, não podíamos ficar ali parados. Escolhi uma direção, desejando que a escolha do caminho tivesse bons resultados, maior resultado esse, água. Caminhamos por algumas horas, debaixo daquele sol, que parecia que queria nos queimar até virar cinzas. Começamos a sentir uma necessidade indescritível de água. Não conseguia pensar mais em nada, além de me saciar com muita água. Para piorar, o cansaço e o calor só piorava nossa situação.
Chegamos a um ponto onde o garoto não aguentou mais, tive que carregar ele. Obviamente que ele não suportaria tanto tempo andando naquele calor, com sede, ele tinha apenas 8 anos. Sempre nesses momentos me dava um aperto no coração, ver uma criança tendo que passar por todas essas coisas. Eu já não aguentava mais andar, minha pernas ficaram tão pesadas, o sol castigando sem piedade, e o pior de tudo era a sede avassaladora, estava quase para desmaiar. Chegamos em uma parte naquele deserto, onde começava a ter um pouco de vegetação. Não demorou muito e avistei um pequeno lago, juntei minha últimas forças e corri para ele. Me joguei na água, com o garoto nas minhas costas ainda. Nunca tinha bebido tanta água de uma vez só. Se demorasse mais um pouco para encontrarmos aquele lago, provavelmente teríamos morrido.
Ficamos na pequena lagoa por um tempo, nos refrescando e bebendo muita água. Não podíamos ficar muito tempo ali, tínhamos que sair daquele deserto, retomamos a caminhada novamente. Seguimos em frente, parando poucas vezes para descansar, estávamos muito fatigados. Para aliviar um pouco, a noite se aproximava, a caminhada já não seria tão difícil. A tão desejada noite chegou, e com ela veio o frio. Enquanto caminhávamos, vimos ao longe um corpo na areia. Corremos até o local, mas não nos aproximamos muito. Falei para o garoto ficar onde estava, e fui me aproximando com cuidado. O corpo estava deitado de bruços, não parecia ter muito tempo ali, chamei para ver se haveria alguma reação, mas não houve. Quando virei o corpo levei um susto, e fiquei horrorizado com o que vi.
Era um homem, nos seus quarenta anos, aparentemente. A barriga dele estava aberta, um grande buraco. E dentro não havia quase nada, parecia que tudo tinha sido retirado com violência. Fiquei pensando que tipo de criatura tinha feito aquilo, só podia ser uma daquelas aberrações. O certo a ser feito era se afastar daquele local, então voltamos caminhar, ficar ali tentando imaginar o que aconteceu com o pobre homem não nos levaria a nada. Enquanto andávamos, a minha esquerda, não muito longe, percebi uma movimentação na areia, depois outras movimentações próximas da primeira. Paramos para observar, o garoto deu um grito, me virei assustado para ver o porquê dele ter gritado. Da areia, começou a sair algo, de início parecia um ser humano, mas logo percebemos que não era uma pessoa e sim algo terrivelmente assustador.
Depois mais deles emergiram da areia. Eram altos, uns dois metros de altura, bem magros, a pele de um tom avermelhado, os dedos eram longos com unhas muito grandes, como garras. Mas o mais assustado, eram os rostos, tinham apenas boca e ouvidos, os dentes eram como os de tubarões. Eles emitiam um som agudo perturbador, que me fez estremecer de pavor. Surgiram ao todo seis desses seres.
—Prepare-se para correr—Disse a Peterson—Vamos nos afastar deles bem devagar
Porém, eles se aproximavam rapidamente em nossa direção. A audição deles era extremamente aguçada. O único jeito era correr, mas antes disso, tentei atirar em um deles, para pelos menos diminuir a quantidade na inevitável perseguição. E foi isso que eu fiz.
—Corre o mais rápido que puder—Falei para o garoto apontando a direção para onde ele devia ir.
Quando Peterson começou a correr, as criaturas perceberam de imediato, e aumentaram a velocidade ainda mais. Mirei no mais próximo e atirei, que por sorte o acertei. Eles começaram a emitir mais alto aquele som agudo que faziam. Mirei no segundo e o tiro foi certeiro, mais um eliminado, após matar o segundo comecei a correr o máximo que conseguia. Restavam 4 daquelas coisas que nos perseguiam furiosamente. Quanto mais corremos, mais eles se aproximavam. Se locomover na areia não é nem um pouco fácil. Tive que carregar Peterson novamente, isso dificultou mais ainda. Chegou ao ponto de eu não aguentar mais correr, de tanto que minhas pernas doíam. A hora de eu ter que enfrentar aquelas coisas tinha chegado. Coloquei o garoto no chão e mandei ele correr o máximo que ele pudesse, ele relutou um pouco, mas obedeceu. Naquele momento eu estava preparado para morrer, mas morreria lutando até minhas últimas forças. Porém, saber que Peterson poderia morrer também, me deixou muito triste e angustiado, mas não tínhamos escolha.
Quando chegaram a uma distância considerável, eu dei um tiro na direção de uma daquelas criaturas, mas errei, estava muito nervoso. Dei o segundo, acertou o braço de uma, mas não fez ele diminuir o avanço. O terceiro tiro atingiu a cabeça, menos uma. Faltavam três, que já estavam bem próximas. Comecei a atirar e correr ao mesmo tempo, mas não acertava nenhum tiro. Até que eles me alcançaram. A grande unha de um daqueles seres passou raspando no meu ombro, que me fez cair, isso fez com que eles se baterem um no outro, furiosos para me aniquilar. Aproveitei a oportunidade e atirei em mais um deles, só restavam dois. Enquanto eu me preparava para atirar novamente, a cabeça de um explodiu, em seguida a do outro. Fiquei sem entender nada, como aquilo foi possível. Quando olhei ao redor vi uma pessoa ao longe, ela se levantou, e tinha em mãos um rifle de precisão, e começou a vir em minha direção. Procurei pelo garoto, e o avistei vindo correndo para onde eu estava. Não demorou e a pessoa que salvou a minha vida ficou diante de mim. Era uma jovem, que aparentava ter vinte anos.
—Olá…obrigado por me ajudar a matar essas coisas—Falei um pouco sem jeito, porem muito agradecido.
— Não foi nada, fico feliz que eu tenha conseguido matar aquelas aberrações antes delas te atacarem, eu já presenciei essas coisas em ação, é uma coisa terrível—Ela me respondeu dando um leve sorriso.
Conversamos por um tempo, trocando informações de como chegamos, pelo o que passamos. Ela me disse que se chamava Cassandra, e que tinha 23 anos. Nossas histórias naquele lugar eram parecidas, nós dois também despertamos em uma floresta como a que eu e o garoto nos encontramos. A jovem contou que tinha encontrado outras pessoas, no local onde ela acordou, mas essas pessoas morreram por uma criatura terrível. Sugerir a ela que se quisesse, poderia se juntar a nós, ficaríamos mais fortes juntos, ela aceitou, e seguimos caminhando naquele deserto.
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