A aparência dele era semelhante a um macaco, porém muito mais alto e largo, o corpo coberto por uma pelagem muito branca, o rabo era grande e grosso, o rosto, as mãos e os pés eram totalmente pretos, com aqueles olhos vermelhos que me dava pavor ao olhar eles. Esse ser se movia muito rápido, fiquei impressionado como ele pulava de árvore para árvore com tanta rapidez e muito sendo muito silencioso considerando o tamanho dele. Quando ele chegou a quase alcançar Cassandra, dei um tiro na criatura, mas acertou uma árvore próxima a ele, infelizmente errei, porém fiz ele parar o ataque. A coisa semelhante a um macaco me olhou furiosamente, e passou sua atenção toda para mim, não me deixei intimidar, eu iria enfrentá-lo. A criatura veio em minha direção lentamente, me olhando com aqueles olhos penetrantes, quando a distância entre nós diminuiu pela metade, ela parou, e com uma velocidade surpreendente, começou a pular de árvore em árvore ao meu redor. Eu tentava acompanhar o deslocamento desse ser, mas era difícil, aquela criatura se movimentava com grande velocidade.

  A aberração estava brincando comigo, tentei ficar atento o máximo possível, para quando ela atacasse, eu estava muito em desvantagem naquele momento. O ser deu o primeiro ataque, mas consegui me esquivar a tempo, a criatura voltou a pular de uma árvore para outra novamente. Guardei a arma, ela não estava sendo muito útil naquela hora, peguei a espada, segurei ela com toda a força, esperando o segundo ataque, e ele veio, dessa vez me desviei por pouco. Para minha sorte estava de dia, à noite eu não teria chance alguma, eu não poderia deixar passar a oportunidade de matá-lo. No terceiro ataque eu consegui desviar e acertar a criatura, mas foi só um pequeno corte no braço dela, isso fez ela parar em uma das árvores, e ficou quieta me olhando. Cassandra se aproximou para me ajudar, mas eu disse para ela ficar onde estava, era melhor tentar lidar sozinho com a criatura, se estivéssemos juntos, acabariamos atrapalhando um ao outro, ainda mais por ela estar visivelmente muito cansada, mas enquanto eu estava me desviando dos ataque daquele macaco monstruoso, ela deu um tiro com a arma de precisão, o tiro acertou a perna dele, fazendo ele cair do alto de uma das árvore. Aproveitei a oportunidade para atirar nele também, porém ele se levantou rapidamente e correu. Até tentei ir atrás dele, mas a criatura era muito rápida, até ferido aquele ser se movia com grande velocidade, e eu também estava muito cansado pelo nosso breve duelo, não aguentaria perseguir ele. Cassandra provavelmente salvou minha vida novamente.

—E Peterson? Onde está o garoto?—Perguntei a Cassandra.
—Nos separamos quando a criatura apareceu diante de nós, acabamos nos separando—Ela respondeu.
—Vamos procurar por ele, precisamos acha-lo logo.

  Procuramos por Peterson, mas para nossa infelicidade não o achamos, porém encontramos pegadas, que indicavam serem as dele. Chamamos pelo garoto várias vezes, mas não houve resposta alguma, decidimos seguir o rastro das pegadas, tínhamos que aproveitar que a neve ainda não tinha apagado. Seguimos as pequenas pegadas, em dado momento, percebemos algo estranho nas marcas do pé na neve, a distância de um passo para o outro era estranhamente distante, dava a entender que estava dando saltos, logo duvidamos se as pegadas eram de Peterson, ou de mais uma criatura bizarra, que estava nos atraindo para uma armadilha.

  Mesmo temerosos, seguimos as pegadas estranhas, sendo do garoto ou não, era a única pista de onde ele poderia ter ido. Tínhamos ainda outro problema, a criatura branca, poderia aparecer novamente, eu tinha certeza que ela não desistiria de nos caçar, e depois de levar aquele tiro, seu humor não estaria nem um pouco bom. O rastro nos levou para uma grande caverna, a maior que já tínhamos encontrado. Fizemos duas tochas, fazer elas nos custou um certo tempo, depois de feitas, entramos na enorme caverna. Logo descobrimos que era muito profunda, mas prosseguimos, não iríamos desistir de encontrar Peterson, não importava onde teríamos que ir. Adentramos muito a caverna, mas nenhum sinal dele, porém ouvíamos ao que parecia ser uma voz rindo, um riso maléfico, que me arrepiava. Percebemos que essa voz se afastava enquanto avançávamos, isso só nos fez ter certeza que estávamos sendo atraídos, mas decidimos continuar em frente, passávamos que talvez o garoto teria sido atraído também para aquele lugar, e estivesse precisando de ajuda, então seguimos em frente.

  Enquanto caminhávamos, ouvimos perto de nós algo se mexer, nos assustamos e imediatamente paramos para ouvir com mais atenção. Durante esse tempo tentando escutar o que estava se movendo, algo agarrou forte minha pernas, e senti perfurações que me levou a gritar de dor, aproximei a tocha para ver o que perfurou a minha perna, era uma mão asquerosa, esquelética. Em  seguida vir todo o corpo daquela coisa, era uma visão terrível, um corpo muito esquelético, a pele acinzentada cheia de feridas em putrefação, isso explicava o odor horrível que sentíamos um pouco antes de encontrar esse ser. Peguei a espada e cortei aquela mão asquerosa, o que quer que seja aquilo, emitiu um grito horrendo, depois começou a choramingar, observei aquele ser com mais atenção, e percebi que se parecia com um humano, naquela hora até imaginei se um dia aquilo foi um ser humano normal.

  O ser começou a se mover em minha direção, pela expressão não gostou nem um pouco de ter perdido a mão. Matei a criatura rapidamente, foi algo muito fácil de fazer, ela se movia devagar e rastejando. Seguimos caverna adentro. Enquanto avançávamos, o cheiro podre que sentíamos aumentou muito, quanto mais andávamos o cheiro aumentava, eu já não aguentava mais, porém tínhamos que seguir em frente. Em certo momento encontramos o motivo daquele odor terrível, havia vários daqueles seres que agarrou a minha perna. Todos estávamos como o primeiro, esqueléticos, o corpo com muitas feridas em putrefação, e  também se arrastavam pelo chão. Assim que eles perceberam nossa presença, avançaram para nos atacar, lidamos facilmente com eles. O que mais incomodava era aquele mal cheiro, quase vomitei diversas vezes.

  A caverna parecia que não tinha fim, avançámos  por horas dentro dela, começamos a nos sentir muito cansados de tanto caminhar, então decidimos parar um pouco para descansar. Nos sentamos por alguns minutos depois seguimos caminhando novamente. Chegamos em um lugar bem aberto na caverna, no centro do lugar havia uma grande quantidade de água, mas não sabíamos a profundidade. Olhamos todo o local, não encontramos nenhuma outra entrada para aquela parte, e nenhum sinal de Peterson. Andamos tanto por aquela caverna e não achamos o garoto, nossa preocupação só aumentava, antes de voltarmos, resolvemos descansar um pouco, estávamos muito cansados. Em dado momento ouvimos um barulho na água, logo levantamos e fomos averiguar o que era, quando iluminamos a água, ela estava criando muitas ondulações, havia algo se mexendo lá dentro. Não podíamos ficar ali esperando para ver o que seria aquilo, porém antes de nos afastarmos, um grande tentáculo saiu de dentro da água e se enrolou na perna de Cassandra, imediatamente cortei aquele tentáculo, mas após isso vários saíram de dentro daquelas águas.