Capítulo 27
Christian
Essa sem sombra de dúvidas foi a pior noite da minha vida. Nem nos meus piores pesadelos imaginei que Marcela seria capaz disso. Sabia do seu desequilíbrio, só não sabia que sua loucura chegaria a tal ponto. Atingir meu bem mais precioso para manter um casamento fracassado.
— Ele vai ficar bem! — Elliot diz apertando meu ombro.
—Ele tem que ficar. — minha voz sai carregada de medo e dor.
— Ele vai. — meu irmão diz com firmeza olhando no fundo dos meus olhos.
— Eu não consigo apagar da minha mente aquela cena. — cubro meu rosto com as minhas mãos deixando as lágrimas rolarem.
— Não se martirize, meu filho. Não foi sua culpa. — minha mãe afaga minhas costas tentando me trazer conforto.
— Como mãe? — levanto os olhos e a encaro — Se meu filho tá em algum lugar desse hospital lutando pra viver porque eu falhei em protegê-lo da maluca da mãe dele.
— Seu irmão e sua mãe estão certos, filho. Não foi culpa sua. — diz meu pai com sua voz grave e fica evidente a tristeza em sua voz. Meu pai tinha Marcela como filha.
Mesmo eu tendo dito que não era necessário que eles ficassem, minha família ficou ao meu lado e isso foi o que me impediu de surtar. A cirurgia já leva quase seis horas e por mais que Ana tenha prometido que estaria lá acompanhando tudo, eu não consigo ficar calmo, não consigo não ter medo.
Com um suspiro pesado me levanto e caminho até a janela, mas no mesmo instante ouço as portas se abrindo. Solto um suspiro aliviado ao ver Ana junto de um outro médico. Mas o semblante sério de ambos faz meu corpo gelar.
— Olá senhor Grey, eu sou doutor Bruno, o neurocirurgião que operou seu filho.
— Como ele tá? — vou direto ao ponto sem paciência para amenidades.
— A cirurgia foi bastante delicada. A lesão do seu filho era mais extensa que esperávamos e a hemorragia foi bem difícil de ser contida, mas nós conseguimos. — ele faz uma pausa — Porém ainda não sabemos qual a extensão dos danos causados.
—Desculpe, não compreendo.
— O que o Doutor Bruno quis dizer é que só vamos saber se a lesão causou algum comprometimento cerebral quando o Léo acordar. — explica Ana.
— Se ele acordar. — completa o médico.
— Meu Deus! — exclama minha mãe chorando.
— O senhor está dizendo que existe a possibilidade de meu filho não acordar mais?
— Infelizmente existe essa possibilidade.
Sinto como se o mundo parasse de girar nesse momento, as palavras ressoam em minha mente, mas não fazem sentido.
Não!
Não pode ser. Meu filho, meu menino alegre e doce pode nunca mais voltar a acordar. Não vou ver seus olhos brilhando ou ouvir sua risada quando lhe faço cocegas. Minhas pernas falham, mas antes que eu caia sinto braços me segurando. Olho ao meu redor e vejo que é meu pai e o meu irmão que me impedem de cair e me levam até as cadeiras.
— Diz que é mentira. — peço a Ana, mas vejo minha dor espelhada nos olhos dela.
— Eu queria poder dizer que nada disso é real, mas infelizmente eu não posso. — sua voz embarga e outra vez e entrego ao desespero.
— Senhor Grey! — um homem de terno e um sorriso forçado se aproxima de nós — Eu lamento muito pelo acidente da sua esposa. — ele estende sua mão a minha direção, mas ao ver que não aceito seu cumprimento ele a recolhe sem jeito— Quero que saiba que o nosso hospital está à disposição de vocês, inclusive tomei a liberdade de entrar em contato com o Pronto Socorro para garantir que a sua esposa terá o melhor tratamento.
Levo algum tempo para absorver as palavras do homem. Ele está preocupado com a Marcela? Meu sangue ferve e antes que eu possa me dar conta estou segurando ele pelo colarinho da camisa.
— Ela. Não. É. Minha. Esposa. — ele engole em seco — Você devia era estar preocupado com o meu filho. Um menino de cinco anos que quase morreu por conta da mãe louca que te. É com ele que você deveria se preocupar não com aquela infeliz.
— Senhor... — ele tenta falar, mas não permito.
— Cale sua boca, não quero suas desculpas esfarrapadas. Meu filho tá nessa situação por culpa sua que ignorou o alerta da Dra. Anastasia sobre os maus tratos da mãe.
Sinto que sou puxado para longe do homem. Meu corpo treme pela raiva.
— Christian, não! — Elliot está me segurando.
— Não vale a pena meu filho. — diz meu pai — E o senhor, nos vemos no tribunal.
Respiro fundo tentando me acalmar.
— Eu quero vê-lo. — peço a Ana, mas é Dr. Bruno que responde.
— Léo está na UTI para receber os cuidados que precisa e infelizmente eu não posso liberar visitas.
— Vai pra casa, toma um banho e tenta comer alguma coisa. — Ana pede.
— Eu não vou sair daqui.
— Christian, não vai adiantar fica aqui.
— Eu não posso deixar ele sozinho.
— Ele não vai ficar sozinho, eu fico aqui. — um nó se forma na minha garganta — Eu vou cuidar dele. — promete Ana segurando minhas mãos.
— A senhora também precisa descansar, doutora. Já está aqui a mais de 24 horas. — alerta o outro médico.
— Eu fico com meu neto. — minha mãe diz firme.
— Mãe, a senhora também precisa descansar. — argumenta meu irmão.
— Nesse momento o melhor que todos vocês fazem é ir para casa. Léo vai ser muito bem cuidado, temos uma excelente equipe de profissionais e se houver qualquer alteração no quadro eu aviso.
— Não gosto da ideia de deixar meu neto aqui sozinho, filho. E se ligássemos para a Patrícia?
— Meu Deus! — Ana leva as mãos a boca os olhos cheios de preocupação e medo.
— Eu me esqueci completamente da Pati. — pego meu telefone do bolso e ligo para ela. Chama até cair.
— Não atende. Vou tentar outra vez.
— Você acha que... — Ana pergunta aflita.
— Não sei, mas eu vou te lá conferir.
— Não atendeu de novo. Vou até a casa da Marcela.
— Eu vou contigo. — meu irmão diz firme.
— Eu também vou. — meu pai se ofereceu também.
— Nada disso. Elliot você precisa pensar na Kate. Vá para casa. E o senhor pai, leve a mamãe para descansar.
Minha família concordou em irem para casa a muito custo, mas Anastasia não arredou o pé de ir comigo atrás de Paty. Não gosto disso, não sabemos o que vamos encontrar, mas Ana é teimosa demais.
A casa não fica longe e por sorte o trânsito colaborou, o que é um milagre a essa hora da manhã. Ao chegarmos uma viatura da polícia estava na frente da casa. Quando Ana e eu saímos do carro um homem negro e alto sai da viatura também.
Ele está vestido com calça e blusa preta e tem a expressão seria no rosto.
— Você deve ser Christian Grey. — ele me estende sua mão e eu o cumprimento um tanto confuso pela sua presença — Seu pai me ligou. Sou Lucas, investigador que está cuidando do caso da sua ex-esposa e seu filho. — explica ele. — Desculpe, não lhe cumprimentei. — diz ele estendendo sua mão para Ana.
— Muito prazer, Ana. — o homem olha para mim e depois volta seus olhos para Ana novamente.
— Seu pai relatou que a babá do seu filho estaria desaparecida desde o ocorrido, procede?
— Sim, falei com ela ontem no meio do dia e depois não tive mais notícias. Então resolvemos vir conferir.
— Ok, então irei acompanhá-los. — ele acena em direção a entrada da luxuosa casa da minha ex.
Toco a campainha diversas vezes e ninguém atende.
— E agora? — questiona Ana.
— Eu tenho chave. — respondo e ela e encara confusa.
— Por qual motivo o senhor mantém a chave da casa da sua ex?
— Eu só esqueci de tirar do meu chaveiro. — explico com um suspiro ao abrir a porta. — E essa casa também é minha ainda.
A casa está vazia e silenciosa. Chamo por Paty e os outros funcionários, mas ninguém responde. Ana e o policial me seguem enquanto vou de cômodo em cômodo procurando por alguém, mas é em vão.
Subo então para o andar de cima da casa e ais uma vez vou abrindo cada uma das portas. Ao abrir o quarto de Marcela nos deparamos com tudo revirado pelo chão, fecho a porta ao ver que não há ninguém ali. Sigo então para a última porta que restou, o quarto do meu filho.
— Tá trancada.
—Paty você está aí? — grito sem resposta.
Bato na porta várias vezes chamado por Patrícia, quando estou quase desistindo ouço um barulho.
— Paty é você que está aí?
— Christian... — sua voz parece estranha.
— Abra a porta, Paty.
— Não posso. Ela me trancou, Christian.
Arrombo a porta e Paty está parada no meio do quarto, ela cambaleia na minha direção com o olhar confuso.
— Que bom que você veio, Christian! — diz com a voz embargada ao enlaçar meu pescoço com seus braços e no instante seguinte desmaia.
Seguros seu corpo desfalecido impedindo que ela caia.
Deus do céu! O que será Marcela fez com Patrícia?
Quando olho para Ana ela está me encarando, mas não consigo decifrar seu olhar. Já não posso dizer o mesmo do investigador que me julga com os olhos sem nem disfarçar.
Obrigada por lerem!🙏
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