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Capítulo 21

Anastasia

Christian é um homem gentil e encantador, mas ao mesmo tempo galante e sedutor. A cada momento de nossa noite ele fez com que eu me sentisse importante. Sempre interessado no que eu tinha a dizer e isso faz com que todo aquele nervosismo a respeito da nossa conversa fosse se dissipando. Então não pensei duas vezes quando ele sugeriu que a gente fosse para o apartamento dele.

Diferente da última vez que estive aqui, o lugar agora estava bem decorado. Na sala, uma estante tinha várias fotos dele com Léo, inclusive a que Christian me mandou pelo WhatsApp.

— Essa foto tá tão linda. — me viro e Christian está parado, mãos nos bolsos e um sorriso orgulhoso no rosto.

— Ele adora esse lugar.

— O Parcão é lindo demais mesmo, mas eu prefiro a Redenção. — ele ri — Já levou ele no pedalinho?

— Não. — responde ele fazendo uma careta.

— Meu Deus, que tipo de pai você é que nunca levou ele no pedalinho da Redenção?

— Tem muitas coisas que eu tenho que consertar com meu filho e esse tipo de passeio é uma delas. — seu semblante se torna triste e me xingo mentalmente por isso.

— Desculpe, eu não quis te ofender nem nada do tipo. — vou na direção dele e toco seu braço.

— Não ofendeu, Ana. Tá tudo bem. — Christian me dá um sorriso e coloca sua mão sobre a minha — Você quer tomar alguma coisa? — pergunta ele, sua mão ainda está na minha e ele roça seu polegar distraidamente.

— Um vinho, pode ser.

— Senta. Fica à vontade.

Me acomodo no sofá como ele pediu e fico o observando andar pela cozinha abrindo portas e gavetas.

— Precisa de ajuda? — pergunto me aproximando dele que ri.

— Ainda estou me acostumando com esse lugar. — ele abre a porta do armário aéreo que está atras de mim, pelo tilintar que ouço ele encontrou as taças. — Aqui estão. — Christian fecha a porta do armário e apoia a sua mão nela, seu corpo está perto do meu. Seu olhar intenso me causa arrepios. — Você ainda não respondeu a minha pergunta. — sussurra colocado uma mecha do meu cabelo atras da orelha.

— Não lembro de você ter me perguntado nada. — me faço de desentendida e ele ri baixinho.

Christian encurta a distância entre nós e nossos corpos se tocam. Sua mão segue acariciando meu rosto e meu pescoço.

— Tem razão. — ele segura meu rosto com as duas mãos — Reformulado, disse a você mais cedo no restaurante que quero construir uma relação com você. Quero ser feliz ao seu lado e nesse momento a coisa que eu mais quero é beijar sua boca. Então, eu te pergunto Ana...

— Sim.

E no instante em que a palavra sai da minha boca, Christian me toma em seus braços e me beija de um jeito lento, calmo porém cheio de desejo. Ele segura meu cabelo com firmeza enquanto o outro braço me prende junto a ele. Como se eu quisesse estar em qualquer outro lugar nesse mundo.

— O gosto do seu beijo é ainda melhor do que eu lembrava. — diz ele roçando seu nariz no meu pescoço.

— Eu quero tentar, Christian, mas acho que devemos ir com calma. Você tem algumas batalhas pela frente.

— Eu sei. Você tem razão. — diz ele sem parar de me acariciar.

— Sei que você não quer falar da sua ex, mas a gente precisa conversar. Eu preciso te dizer uma coisa.

Com o semblante aflito, ele segura minha mão e me leva até o sofá. Sentamos um de frente para o outro, nossos joelhos se tocando.

— Pode falar. Sou todo ouvidos.

— Na primeira vez que me trouxe aqui você disse que estava preocupado com Léo, que vivia se machucando, lembra?

— Sim, lembro claro.

— Pois é, naquele mesmo dia ele deu entrada com sintomas de uma possível virose e eu fui chamada para atendê-lo. — Christian ouve atentamente sem esboçar nenhuma reação. Solto um suspiro pesado me preparando para dizer o que preciso — Leonardo teve nos últimos dois meses quatro entradas. Aparentemente todas por acidentes domésticos, ou doenças comuns da infância. Mas nesse dia a enfermeira que fez a triagem me disse que havia uma suspeita de maus tratos.

Christian se levanta num salto e anda de um lado para outro.

— Eu o avaliei e de fato estranhei o discurso da mãe e a postura da babá. Sem falar que o próprio Léo parecia estar com medo.

— Eu mato aquela desgraçada. — diz ele passando as mãos pelos cabelos.

— Pelas normas do hospital, o médico não pode atestar isso sozinho. É preciso que a assistente social avalie a criança. Então disse a sua ex que eu queria, mais exames para investigar e com isso eu conseguiria interná-lo.

— E o que mais você descobriu? — questiona ele aflito.

— Nada. Marcela fez o que pode para dificultar e me prejudicar com meu superior. Ela até alegou que eu sumi com Léo e meu chefe me obrigou a dar alta a ele. Christian, eu não tenho como te dar certeza, mas acho realmente que tem alguma coisa errada. Temo que Marcela esteja usando o filho de vocês para te trazer de volta.

— Eu estranhei quando Pati me disse aquele dia que Marcela tinha levado ele no hospital. Ela nunca foi a nenhuma consulta do pediatra, nunca levou a uma vacina. Sempre disse que tínhamos funcionários para isso.

— Ela deve ter ido para me afrontar ou algo assim.

— Eu vou matar Marcela. — dizia ele andando de um lado a outro da sala como um animal acuado.

— Christian, seu foco tem que estar no seu filho. — seguro sua mão e o faço sentar à minha frente outra vez — É só ele que importa.

— Você está certa. Obrigado Ana.

— Desculpe estragar a nossa noite com isso, mas eu precisava te contar. Se querermos começar algo não pode ser com segredos e mentiras.

— Não se desculpe. Eu agradeço por me alertar e sobre a nossa noite, não estragou nada. Eu amei cada momento.

— Bom, está ficando tarde e amanhã eu tenho plantão cedinho. Melhor eu ir para casa.

— Não quero te deixar ir, queria que ficasse mais. — lamenta ele fazendo um bico fofo, não resisto e dou um selinho demorado nele.

Quando nos afastamos ele sorri ajeirado meu cabelo mais uma vez. Christian se levanta e pega na estante o celular, a carteira e a chave

— Eu te levo em casa.

No trajeto para minha casa Christian tamborilava seus dedos no volante cantando baixinho enquanto dirigia pelas ruas vazias da cidade. Fico observando seus traços, seu jeito leve.

— O que foi? — pergunta ele me olhado de canto e só então me dou por conta de que estou sorrindo.

— Estava só te olhando.

— E pelo visto está gostando do que vê.

— Convencido. — dou uma tapinha leve no seu ombro. O sinal fecha e ele me olha e pisca.

Não demora e o sinal torna a ficar verde e Christian segue pelas ruas, sempre me olhando a cada oportunidade. Sinto que estou me apaixonando. A quem quero enganar, já estou apaixonada. Só preciso me deixar viver isso.

— Chegamos. — diz ele me tirando de meus devaneios.

Como nas outras vezes ele sai do carro e faz a volta para abrir a porta para mim. Christian segura minha mão e me acompanha até meu prédio.

— Boa noite. — seu João nos cumprimenta.

— Boa noite. — dissemos juntos nos fazendo rir.

— Bom, está entregue. Obrigado pela noite. Eu te ligo amanhã. — diz ele afagando meu rosto.

— Obrigada. Eu amei. — me coloco a pontas dos pés e dou-lhe um beijo casto de despedida — Até amanhã. 

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