Capítulo 14
Christian Grey
Meu irmão salvou minha vida. Graças a ele consegui um apartamento perfeito, bem localizado e em tempo recorde. Depois de toda a burocracia para a aquisição finalmente eu tinha um novo lar.
Um problema a menos!
Mas eu estava ficando preocupado com a falta de notícias do meu filho, tentei diversas vezes ligar para a sua babá sem sucesso. Cogitei até ligar para Marcela, mas logo desisti. Não estava disposto a discutir com minha ex.
— Está tudo bem, Christian. — minha cunhada Kate aperta minha mão em conforto.
Elliot insistiu que eu almoçasse com ele e sua mulher e no fim foi uma ótima ideia. Minha vida anda tão caótica que eu nem notei que precisava mesmo relaxar, ter uma conversa leve e agradável.
— Isso é coisa da cobra. Aposto que ela está fazendo isso pra você voltar. — completa Elliot.
— Mas você não vai. Entendeu Grey? Eu mato você! — Kate aponta o dedo para mim — Não ouse irritar uma mulher grávida.
— Eu prometo. Acabou de verdade. — seguro a mão dela e beijo — Agora eu tenho que ir. Fica bem, tá! E você cuide bem das suas meninas. — digo a meu irmão dando um soquinho leve em seu ombro.
— Isso, livre-se da cobra e vai atrás da futura madrinha da minha filha. — Kate diz com seu jeito mandão me fazendo rir.
De volta ao escritório a primeira coisa que fiz foi telefonar ao meu advogado e as notícias não eram as melhores. O representante da Marcela disse que um acordo está fora de cogitação e nem quis discutir a proposta.
Não sei porque eu ainda me surpreendo. É claro que ela faria isso.
Minha tarde foi cheia de reuniões e compromissos, mas a cada pequena oportunidade eu ligava para Patrícia que seguia sem atender a porcaria do celular. Certamente Marcela a proibiu. Como pode ser tão baixa? Como eu pude suportar isso por tanto tempo? Furioso peguei minhas coisas decidido a ir até lá.
— Fernanda, estou indo embora. Por favor remarque meus compromissos. — disse a minha secretária ao passar por sua mesa.
— Sim, senhor Grey.
Marcela passou de todos os limites. Eu não vou deixá-la usar novamente o nosso filho e muito menos o afastar de mim. Meu telefone toca, atendo pelo viva voz enquanto dirijo até a casa que um dia chamei de lar.
— Alô!
— Sou eu cara — diz meu irmão — Teve notícias do Léo?
— Ainda não. Estou indo até a casa dela. Marcela vai me ouvir.
— Não faça nenhuma besteira, irmão. É isso mesmo o que ela quer.
— Vou tentar.
— Pergunta como foi com a doutora? — ouço Kate gritando ao fundo.
— Diz a Kate que ainda não liguei.
— Christian você não era assim tão lento. Aquela mulher estragou mesmo você, meu irmão.
— Eu tentei cara, mas hoje aconteceu tudo ao mesmo tempo. — Elliot suspira, meu celular notifica uma chamada em espera, confiro rapidamente. É Patrícia. — Elliot tenho que desligar, Patrícia está me ligando.
— Ok. Manda notícias. — ele encerra a chamada e eu atendo a babá do meu filho.
— Oi Patrícia.
— Senhor Grey, graças a Deus consegui ligar para o senhor.
— O que aconteceu? Eu te liguei várias vezes. — digo irritado.
— Eu sei, senhor. Me desculpe, não pude atender, dona Macela me proibiu. Eu não posso demorar. Léo passou mal.
— O que ele tem? — questiono alarmado.
— Ele estava vomitando muito, a doutora Anastasia Steele disse que é virose.
— Vocês estão no hospital? — pergunto sentindo meu coração bater acelerado. Não posso acreditar que meu filho passou mal e a mãe dele não deixou que me dissessem. E para completar a loucura Ana o atendeu outra vez.
— Não, estou no estacionamento, dentro do carro. A dona Marcela foi falar com o diretor do hospital. Foi só por isso que eu pude ligar para o senhor.
— Porque ela foi falar com o diretor?
Patrícia fica em silencio por um tempo, apenas a sua respiração ressoa através da linha.
— Olha o senhor me desculpa, mas eu preciso falar. Eu acho que o senhor devia ir falar com a doutora. Ela estava estranha e queria manter ele internado, mas dona Marcela não deixou. Eu preciso desligar, ela tá voltando.
Patrícia encerra a ligação sem me dar maiores explicações. Deus, isso tá estranho demais. Marcela nunca levou nosso filho em uma consulta pessoalmente, e Pati disse que Ana queria internar. Viro na primeira esquina mudando meu destino, Mais do que nunca eu tenho que falar com Anastasia.
Assim que cheguei ao hospital pedi na recepção que chamassem Ana, mas a atendente se recusou dizendo que apenas com consulta marcada para falar com algum médico.
Mas a sorte parecia ao menos dessa ver estar ao meu lado. Ana surgiu no saguão acompanhada outras duas médicas. Ao me ver ela hesita.
— Ana, nós precisamos conversar. Por favor. — ela me ignora e segue seu caminho na direção do estacionamento — Por favor. — insisto.
— Se é sobre seu filho senhor Grey, eu expliquei tudo a sua esposa. — sua voz sai carregada de mágoa.
— Ela não é minha esposa. — Ana ri e eu passo minhas mãos no meu cabelo nervoso — Será que a gente pode conversar em um lugar mais privado — ela cruza os braços — Ao menos me ouve, me deixa te explicar. Tem um restaurante bem legal aqui perto, a gente pode ir até lá.
— O máximo que eu vou com você é na cafeteria do hospital. — ela diz firme.
— Tudo bem.
Ela então se vira para as duas mulheres dizendo que fala com elas depois e sai pisando firme. Sigo Ana em silencio admirando seu jeito. Ela sorri para cada pessoa que passa por ela cumprimentando e quando entramos na cafeteria ela toda gentil pede uma mesa reservada e dois cafés. Impossível não rir do fato de ela nem se quer ter me perguntado o que eu queria.
— Pode falar, estou ouvindo. — ela delicadamente apoia os cotovelos na mesa e seu queixo delicado em suas mãos me encarando com aqueles olhos penetrantes e quase perco a sanidade.
— Tudo o que eu te disse naquela noite era verdade. Eu estava de fato separado. — ela ri e eu decido contar desde o princípio — Marcela e eu nos casamos muito cedo, ela engravidou do Léo e eu não pensei duas vezes em casar e formar uma família, mas aos poucos a mulher doce que eu achava que conhecia foi se transformando em uma mulher extremamente ciumenta, neurótica e possessiva.
— Talvez ela tenha seus motivos.
— Eu nunca a traí, nunca. Mas ela desconfiava de cada mulher com que eu me relacionava, me afastou de minha cunhada que sempre foi como minha irmã e várias vezes fez da vida das funcionárias do hotel um inferno com seus escândalos. Eu relevei o quanto pude, até alguns dias antes daquela noite no bar quando cheguei do trabalho mais tarde e ela outra vez fez uma briga sem motivos. Então dei um basta, disse a Marcela que não queria mais, que pediria a separação. Ela me ameaçou dizendo que se eu a deixasse se mataria, mas eu achei que era da boca pra fora. — a expressão de Ana muda e ela se recosta na cadeira, seus olhos estão aflitos agora e não mais carregados de desconfiança — Naquela noite no bar sai para espairecer depois de uma reunião de trabalho, meu telefone tocava o tempo todo, mas eu apenas ignorava, até que irritado decidi atender para dar um basta, mas era meu filho do outro lado da linha. A mãe dele tinha tentado se matar com uma grande quantidade de medicamentos.
O garçom se aproxima trazendo nosso pedido.
— Obrigada! — ela sorri para ele.
— As ordens, doutora.
Assim que ele se afasta ela toma um longo gole da sua bebida e eu faço o mesmo.
— Continue.
— Me senti o pior ser humano na face da terra quando meu filho pequeno me disse que a mãe dele não acordava. Me senti culpado, por ele e por Marcela. Voltei para onde estávamos para falar com você, mas você já não estava mais ali e eu não tinha tempo a perder. Peguei o primeiro voo de volta a Porto Alegre. No hospital o médico disse que ela precisava de ajuda e cuidados, então movido pela culpa decidi cuidar dela já que ela tinha feito essa loucura por minha causa.
— E vocês reataram. — ela se levanta num salto — Olha eu agradeço por você ter vindo até aqui me dizer isso.
— Ana. — seguro seu braço impedindo que ela se vá. — Me deixa terminar. — peço.
Com um sorriso ela pega seu copo de café da mesa.
— Não, já ouvi o suficiente. Até nunca mais senhor Grey.
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