Capítulo 6
- Eu não vi nada. - Jake fala.
No instante em que me viu nua, Jake se virou de costas para mim tão rápido que quase caiu no chão.
Meu coração está acelerado e todo meu corpo treme de nervosismo, mas me obrigo a pegar a mala no chão.
A coloco sobre a cama, em seguida a abro e pego um conjunto de lingerie e um vestido. Começo a me vestir rapidamente, mas acabo me atrapalhando toda por estar toda molhada, e nervosa.
Coloco o vestido na frente do meu corpo quando Jake começa a caminhar de costas lentamente em direção a cama.
- Eu esqueci de falar que não tinha toalha no banheiro. - Ele fala.
Quando sua perna se choca com a cama, Jake a coloca sobre ela, e em seguida começa a caminhar em direção à porta do quarto, mas dessa vez é em passos largos.
Ele fecha à porta assim que sai do quarto, e no mesmo instante desabo no chão sobre minhas pernas.
- Que merda Maya.
Foi muita idiotice minha não trancar à porta do quarto, mas nunca passou pela minha cabeça que algo desse tipo iria acontecer comigo.
Me obrigo a me levantar, em seguida começo a vestir minhas roupas, mas dessa vez com mais calma. Não me preocupo em ir trancar à porta, pois sei que Jake não irá voltar a abri-lá por agora.
Hoje realmente não é meu dia de sorte. Meu irmão me expulsa de casa, e o homem que amo mas que não retribui meus sentimentos acabou me vendo em um estado deplorável, digamos assim.
Não estávamos longe o suficiente para Jake não ter visto nada. Fiquei tão em choque no momento que acabei ficando sem reação alguma. Se Jake não tivesse se virado, eu provavelmente continuaria o encarando paralisada.
Se eu ao menos tivesse um corpo esbelto como as mulheres que Jake já namorou, não teria tanto motivo para estar envergonhada.
Sou magricela, e meus seios são grandes demais, deixando tudo desproporcional para o meu tamanho e meu peso, o que acaba me deixando meio estranha. Os glúteos que eram para sair em mim e Nick, foram parar tudo no traseiro do meu irmão, e isso me deixa muito irritada.
Sempre uso roupas largas, pois se usar algo justo, fico muito estranha. Me alimento como um cavalo para ver se engordo pelo menos alguns míseros quilinhos, mas infelizmente tudo o que como parece que desce para meus seios ao invés de todo o corpo.
Jake deve estar querendo arrancar os olhos depois do que viu. Eu mesma não acho nada em mim atraente, então não espero que outras pessoas achem. Meus olhos são grandes demais, e as sardas que tenho em meu rosto já me incomodou muito, mas conforme fui crescendo, acabei me acostumando com elas.
- Estou ferrada. - Me sento na beirada da cama.
Se eu soubesse que algo assim iria acontecer, teria passado à noite na rua. Como vou olhar para Jake? Estou morrendo de vergonha, agora imagina quando estiver em sua frente?
- Finja que nada aconteceu Maya. - Digo a mim mesma.
Me levanto da cama, e começo a caminhar em direção à porta do quarto. Levo a mão a maçaneta diversas vezes, mas quando estou prestes a pegá-la para abrir à porta eu desisto.
- May?
Quando escuto Jake me chamando, corro em direção a cama e me finjo que estou mexendo nas minhas roupas.
- Pode entrar! - Grito.
Meu coração está acelerado, e por mais que eu tente controlar minha respiração ofegante eu não consigo.
À porta se abre lentamente, e alguns segundos depois Jake coloca apenas a cabeça para dentro do quarto e fica me observando por um tempo.
Ele entra no quarto e fecha à porta, e em seguida caminha em minha direção. Cada passo que ele dá para mais perto de mim, mas eu sinto que posso desmaiar a qualquer momento.
- Você está bem? - Jake pergunta.
- Eu? Estou oti... ótima. - Forço um sorriso.
- Está pálida.
- Estou? - Finjo surpresa.
- Tem certeza que está bem? - Jake me olha preocupado.
- Sim, eu tenho certeza.
Ele olha para o que estou segurando nas mãos, mas da um leve sorriso enquanto pigarreia algo e olha para o lado.
Quando abaixo minha cabeça e vejo que estou com um conjunto velho de lingerie, que parece ser mais de uma vozinha do que uma jovem, a enfio na mala no mesmo instante e a fecho.
Se instala um silêncio constrangedor, mas ao mesmo tempo sinto meu coração batendo tão rápido, que me pergunto se Jake não está escutando.
- Sobre...
- Não precisa me explicar. - Ele me corta. - Acho que é normal garotas da sua idade usar lageries mais confortáveis.
- Bem... sim, não... algumas sim, outras não.
Primeiro Jake vê um palito nú, se é que isso existe, e depois vê minha calcinha de vovó na mão. Deve estar achando que sou uma adolescente sem graça, perto das lindas mulheres que ele já saiu.
Eu sei que usar esse tipo de coisa não é nem um pouco sexy, mas não tenho para quem exibir, então me visto como me sinto confortável.
- Se puder fingir que não viu nada eu agradeceria.
- Mas eu não vi nada. - Jake mente.
- Que ótimo então. - Forço um sorriso.
Tenho certeza que ele está mentindo, mas eu sei que ele não viu nada inesquecível, então vai se esquecer logo.
Jake se senta na beirada da cama, bate com a palma da mão ao se lado e fala:
- Sente-se aqui Maya.
O obedeço mais que depressa e me sento ao seu lado, até mais próximo que o necessário.
- O que aconteceu? - Ele pergunta.
- Nick me expulsou de casa.
- O quê?! - Jake se levanta rapidamente. - Como assim te expulsou de casa?
- Depois que eu disse a ele que iria morar sozinha, ele foi até meu quarto, colocou alguns dos meus pertences na minha mala, e me mandou ir embora.
Fico cabisbaixa quando sinto vontade de chorar de novo, então Jake se senta ao meu lado novamente, leva a mão até meu queixo e levanta minha cabeça.
- Você disse que ia morar só? - Jake pergunta.
- Nick vai se casar em breve, e eu não queria atrapalhar os dois. - Explico. - Decidi arrumar um emprego, e então iria alugar um pequeno apartamento para me mudar, mas Nick não aceitou a minha decisão. Quando eu disse a ele que dessa vez iria fazer algo sozinha e que ele não iria me fazer mudar de ideia ou me proibir, Nick me expulsou de casa como um cachorro.
- Você não está inventando isso não é Maya? - Jake pergunta.
Me levanto rapidamente e o encaro incrédula.
- Acha que sou infantil para inventar algo desse jeito Jake? Por quê eu faria isso?
- Eu não acho nada disso, só não consigo acreditar que Nick tenha sido capaz de fazer algo desse tipo.
Jake pega minha mão e me puxa para sentar ao seu lado novamente.
- Eu nunca imaginei que ele faria isso com a irmã que tanto protege. Como Nick teve coragem de fazer isso?
- Ele quer controlar minha vida, mas quando eu decidi fazer algo sozinha ele surtou.
- Não sei o motivo que levou ele fazer algo assim, mas seu irmão te ama e quer o melhor para você.
- Estou começando a duvidar disso. - Falo.
- Você só está tendo dúvidas porque está brava, mas é óbvio que ele te ama.
O celular de Jake começa a tocar, então ele o pega no bolso da calça e atende a ligação:
- Oi Nick.
- Não diga que estou aqui. - Cochicho baixinho.
Ele olha para mim e fica em silêncio de repente.
- Não, Maya não apareceu aqui em casa.
Os dois conversam por um tempo, e quando Jake finaliza a ligação ele pergunta:
- Por que não quer que seu irmão saiba que está na minha casa?
- Eu quero que ele sofra imaginando ou eu deva estar. - Dou de ombros.
- Desde quando se tornou uma pessoa rancorosa?
- Eu não sou, só estou magoada, então é aceitável que eu queira que Nick sofra por enquanto.
- Ele está preocupado. - Jake fala.
- Se não tivesse me expulsado de casa não teria motivo para estar preocupado. - Dou de ombros novamente.
Se não fosse tão idiota e controlador, tudo isso teria sido evitado, e agora ele que aguente as consequências dos seus atos impensados.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro