Capítulo 4
- Deixa eu ver se ouvi bem. Você vai ser a governanta do Jake? - Clary pergunta.
- Exatamente. - Confirmo com a cabeça.
- Como Nick teve essa ideia?
- Ele achou que eu iria ficar brava, e então iria mudar de ideia quanto voltar a estudar, mas na verdade eu amei saber que serei a empregada doméstica na casa do Jake.
- Você só pode ser louca. - Clary balança a cabeça em negação.
- Talvez Jake se apaixone por mim quando começar a me ver todos os dias. - Digo esperançosa.
- Se seu irmão souber disse você está morta.
- Se você não contar ele não vai saber. - Sorrio abertamente.
- Não sei como ele ainda não descobriu, pois você não sabe disfarçar quando está perto do Jake.
- Meu irmão é meio burrinho, você já deveria ter percebido. - Digo.
Jake é o melhor amigo do meu irmão, e desde sempre sou apaixonada por ele. Nick nem imagina sobre meus sentimentos por seu amigo, como Jake também não sabe.
Meu irmão ficaria uma fera se descobrisse, mas ainda bem que ele não percebeu até hoje, e apenas acha que gosto muito de Jake como um irmão.
Infelizmente meu amor não é correspondido, pois Jake me enxerga apenas como a irmãzinha mais nova do seu amigo.
Ele é carinho e atencioso comigo, mas sempre foi sem segundas intenções. Nossa diferença de idade é gigantesca, e talvez seja por esse motivo que ele não me enxerga como uma mulher.
Eu não me importo se ele é muitos anos mais velho que eu, pois tenho em mente que quando se ama alguém de verdade, idade, ou status sociais não interferem em nada.
Com toda certeza existem pessoas que pensam diferente de mim, mas eu tenho essa opinião e não mudo.
Ainda sonho com o dia em que Jake vai retribuir meus sentimentos, mas eu tenho quase certeza que estou apenas me iludindo.
- Se Nick soubesse o que fez. - Clary sorri com malícia.
- Ele achou que eu iria fazer um escândalo, mas acabou me fazendo um grande favor ao me mandar para a casa do meu homem.
- Seu homem? - Clary começa rir alto.
- Ele ainda não sabe disso, mas talvez descubra algum dia que é meu homem.
- Espero que não vá se machucar por causa desse sentimento May. - Clary fica séria de repente. - Jake não é o tipo de homem que se envolveria com uma garota bem mais nova que ele, e muito menos a irmã do seu melhor amigo.
É difícil ouvir isso, mas infelizmente é a realidade que vivo faz tempo.
- Eu sei disso. - Suspiro alto.
- Saia com alguém da sua idade, e supere esse amor não correspondido. - Clary aperta minha mão de leve.
- Se fosse tão fácil assim, eu já teria feito isso.
- Eu sei que não é fácil, mas vai ficar perdendo seu tempo amando quem não te ama por quanto tempo? Vai acabar se magoando ainda mais quando Jake começar a namorar alguém, porque isso vai acontecer em algum momento.
Se eu ao menos não fosse tão covarde e dissesse a ele como me sinto, talvez eu já teria superado. Tenho medo da rejeição, e é por esse motivo que continuo em silêncio, mas se eu lhe contasse e fosse rejeitada, com toda certeza iria superar mesmo a força.
Eu tenho em mente que não posso continuar vivendo dessa forma. Ou eu conto a Jake como me sinto e luto por ele, ou faço de tudo para superar meus sentimentos com todas minhas forças e então seguir em frente.
- Sua vida amorosa é tão complicada. - Clary nega com a cabeça.
- Você tem razão.
- Você ama Jake em segredo, mas se por um milagre ele retribuísse seus sentimentos, Nick jamais iria permitir que ficassem juntos.
- Meu irmão deveria cuidar da vida dele. - Semicerro os olhos.
- Ele cuida da dele e da sua ao mesmo tempo.
- E logo vai cuidar da sua também. - Digo.
Se Jake fosse alguns anos mais novo, talvez ele não se importaria com meus sentimentos por ele, mas como nossa diferença de idade é enorme, tenho certeza que ele não iria aceitar de forma alguma.
Eu amo meu irmão e o respeito muito, mas se tratando dos meus sentimentos eu farei o que eu quiser mesmo que isso o deixe contrariado.
Se por um milagre Jake se apaixone por mim algum dia, irei lutar por meu amor Nick gostando ou não.
Fiz as suas vontades a maior parte da minha vida, e agora eu decidi viver para mim, e eu farei isso mesmo que o deixe bravo.
- Já conversou com Nick sobre morar só? - Clary pergunta.
- Ainda não. - Nego com a cabeça.
- Não vai mudar de ideia quanto a isso? Eu não quero que vá embora apenas porque vou me casar com seu irmão, é sua casa tanto quanto dele.
- Eu não quero ser um obstáculo na vida de vocês dois. - Falo.
- Como pode falar isso Maya? - Ela me olha incrédula. - Você nunca seria um obstáculo.
- Vocês precisam de privacidade, e comigo morando aqui não terão. - Digo.
- Ainda acho que está se precipitando.
- Talvez eu esteja. - Forço um sorriso. - Mas se algo der errado tenho vocês dois para me ajudarem.
Agora que tenho um emprego, poderei alugar um pequeno apartamento. Eu sei que Nick não vai concordar com minha mudança, mas eu já decidi fazer isso, e tudo o que ele pode fazer é aceitar minha decisão.
- Pense bem antes de tomar qualquer decisão.
- Eu já pensei sobre isso, então vou começar a procurar por algum apartamento.
Olho para trás quando escuto um barulho, e dou de cara com meu irmão me encarando sério.
- Você vai o que Maya?
- Eu decidi que vou me mudar. - Falo.
- Você não vai. - Ele nega com a cabeça.
- Eu vou.
- Não vai, e esse assunto está acabado. - Nick aponta o dedo para mim.
- Você querendo ou não eu já tomei minha decisão, então é melhor aceitar de uma vez.
Nick coloca a pasta de documentos sobre o sofá, caminha para mais perto de mim e pergunta:
- Você nem ao menos sabe se virar sozinha e quer mudar?
- Eu não sei porque você não deixa eu ter liberdade para fazer nada Nick.
- O quê?!
- Não estou reclamando de tudo o que fez por mim, muito pelo contrário, sou imensamente grata, mas eu preciso aprender a amadurecer sozinha, pois você não é eterno. - Digo. - Você precisa deixar eu fazer minhas próprias escolhas mesmo elas não sendo boas, só assim irei me tornar uma pessoa forte.
Nick é tão protetor que as vezes sufoca. Eu amo meu irmão e amo seu cuidado comigo, mas na maioria das vezes ele exagera, só que eu nunca reclamei.
- Você pode se tornar uma mulher forte enquanto mora comigo...
- Eu vou embora, então não precisa perder seu tempo tentando me fazer mudar de ideia ou me proibindo, pois dessa vez eu não vou escutá-lo. - O corto.
- Você vai fazer isso mesmo contra minha vontade? Sem a minha permissão? - Nick pergunta.
- Sim, eu farei isso.
Nick me dá as costas e começa a caminhar em direção ao meu quarto, então eu e Clary o seguimos de longe.
Assim que Nick entra no meu quarto, ele pega minha mala e a abre, e a coloca sobre a cama. Em seguida ele caminha até meu guarda roupa e pega algumas peças de roupa, se volta para a cama novamente e as jogam na mala.
- O que você está fazendo Nick? - Clary pergunta.
Ele não responde sua pergunta e continua colocando minhas roupas na mala, e logo em seguida caminha até o banheiro, e alguns segundos depois ele volta com meus produtos de higiene pessoal nos braços, e também os jogam na mala.
Continuo observando-o em silêncio, porque já sei o que ele está fazendo, mas isso não deixa de me magoar.
Nick fecha a mala e a coloca no chão, em seguida caminha até eu e a coloca ao meu lado.
- Se quer tanto ir embora pode ir. - Ele aponta em direção à porta.
- Está louco Nick? - Clary pergunta. - Como pode fazer isso com sua irmã?
- Tem certeza que vai ser assim Nick? - Pergunto para ele.
- Sim, eu tenho certeza. - Ele fala com convicção.
- Eu gostaria de ter o seu apoio quando eu tomar uma decisão. - Forço um sorriso. - Mas se eu passar por essa porta Nick, tenha em mente que eu jamais voltarei atrás mesmo que eu tenha que viver nas ruas.
Ele cruza os braços e não fala nada, então caminho até meu guarda roupa e pego uma bolsa, e em seguida guardo meus documento. Caminho até o criado mudo e pego um envelope com algum dinheiro que ele havia me dado e coloco na beirada da cama.
- Pegue seu dinheiro. - Falo.
- O que está fazando Maya? - Clary pergunta desesperada.
- Cuide bem do meu irmão. - Peço. - E se puder me fazer o favor de empacotar meus pertences, eu volto para pegar depois que achar um lugar para morar.
A puxo para um abraço, e quando me distancio coloco a alça da bolsa no ombro, pego a minha mala e começo a sair do quarto lentamente.
- Você está louco Nick?! - Clary grita com ele. - Como ela vai se virar sem dinheiro?
Nick não fala nada, então olho para trás uma última vez antes de fechar à porta do quarto, e o quando vejo meu irmão irredutível minha vontade é de chorar.
Eu sabia que ele não iria permitir tão facilmente que eu me mudasse, mas nunca imaginei que ele iria me expulsar de casa.
- May espere. - Clary pede.
- Sim?
- Você pode ficar na minha casa, é pequena mas podemos dar um jeito.
- Isso só vai fazer meu irmão ficar bravo com você, então não se preocupe comigo, eu darei um jeito. - Forço um sorriso. - Não quero que brigem por minha causa.
- Mas...
- Eu vou me virar sozinha. - A corto.
- Eu sinto muito. - Seus olhos se enchem de lágrimas.
- Eu também. - Falo.
É a primeira vez que tenho uma briga tão seria com meu irmão, mas já que ele me expulsou de casa tudo o que posso fazer é tentar me virar sozinha.
🌻
Estou sentada na calçada em frente à casa de Jake há um longo tempo sem ter coragem de apertar a campainha.
A chuva está tão gelada que parece que meus ossos estão se colegando a cada gota que cai no meu corpo.
- Que frio.
Junto minhas pernas e coloco minha testa sobre meu joelho, em seguida abraço minhas pernas com força na tentativa frustrada de aliviar o frio que estou sentindo.
Achei que minhas lágrimas já haviam acabado, mas me pego supresa quando começo chorar novamente. Percebo que a água da chuva não está mais pingando em mim, então olho para cima e no mesmo instante meu coração se acelera.
- Maya? O quê está fazendo aqui? - Jake pergunta.
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