Capítulo 18
- O que meu irmão está fazendo aqui? - Pergunto baixinho para Jake.
- Eu chamei ele e a Clary para nos visitarem. - Jake me responde também baixinho.
Clary e Nick ficam nos observando em silêncio, e por mais que eu esteja louca para dar um abraço no meu irmão eu me controlo.
- Acho melhor eu ir para meu quarto.
Me viro para trás e começo a caminhar em direção as escadarias, mas sou impedida de continuar quando Jake segura meu braço.
- Pare com isso Maya. - Jake pede.
- Eu não...
- Eu sei que ainda está magoada com seu irmão, mas em algum momento terá que encará-lo, então faça isso de uma vez. - Ele me corta.
Olho para Jake por alguns segundos, e tenho que assumir que nesse momento tenho vontade de matá-lo por ter chamado meu irmão até sua casa, mas também fico feliz por ele querer que eu resolva meus problemas com Nick.
A casa é sua e ele convida quem quer, mas eu acho que ele deveria ter me avisado com antecedência para eu ter me preparado psicologicamente para esse encontro.
- Na verdade não fui eu que chamei Nick para vir até aqui. - Ele se explica.
- Como assim? - Pergunto confusa.
- Ele queria fazer as pazes com você, então pediu minha ajuda.
Olho em direção a Nick que ainda continua me observando de longe, e então decido escutar o que ele tem a dizer.
- Vamos acabar com isso de uma vez. - Suspiro alto.
Começo a caminhar em direção à sala, enquanto Jake me segue de perto. Assim que me aproximo de Clary e Nick eles se levantam, e então dou um abraço apertado em minha amiga.
- Como você está? - Clary me pergunta.
- Estou ótima e você?
- Sinto sua falta. - Ela assume com um sorriso triste.
- Eu também sinto a sua. - Lhe puxo para um abraço novamente.
Clary e eu estávamos muito próximas ultimamente, mas depois que comecei a morar com Jake nos vimos apenas uma vez.
Sinto falta das nossas conversas e brincadeiras, e até mesmo sinto falta das suas broncas e puxões de orelha.
- Oi Maya.
Nick se aproxima de mim assim que me afasto da Clary, e então me dá um abraço desajeitado.
Ele se afasta depois de alguns segundos, e então se senta novamente com Clary ao seu lado.
- Você não parece nada bem Nick. - Falo.
- Eu não estou. - Ele assume.
Nick está mais magro e com sua feição abatida, e parece que não dorme bem há dias.
- Você está bem não está? - Ele pergunta para mim. - Jake está cuidando bem de você?
- Estou muito bem. - Digo. - E sim, Jake está cuidando bem de mim.
- Fico aliviado. - Nick olha para Jake e parece agradecê-lo com o olhar.
Se instala um silêncio constrangedor entre nós, enquanto ficamos olhando um para o outro sem dizer nada.
- Bem... - Jake se levanta rapidamente. - Me ajude a por a mesa Clary?
- Claro. - Ela também se levanta.
- Eu faço isso. - Digo.
- Hoje é seu dia de folga. - Jake sorri de canto. - Deixe comigo e com a Clary.
Lhe dou um olhar mortal, mas que é ignorado por Jake que começa a caminhar em direção à cozinha com Clary em seu encalço.
Depois de eu ter que cozinhar e lavar um monte de louça, o cínico tem a cara de pau de dizer que hoje é meu dia de folga.
Eu sei qual foi a intenção de Jake ao pedir a ajuda da Clary para por a mesa. Ele quis me deixar sozinha com meu irmão, mas eu não sei se estou preparada para o encarar sozinha.
- Posso me sentar ao seu lado? - Nick pergunta.
- Claro. - Digo apenas.
Nick se levanta e da alguns passos até o sofá onde estou, e logo em seguida se senta ao meu lado.
Me assusto quando ele pega minha mão, mas eu deixo que Nick a segure contra seu peito.
- Eu sei que não tenho o direito de pedir perdão depois do que eu fiz, mas eu vou lhe pedir mesmo assim. Me perdoe por ter sido um péssimo irmão esse tempo todo, me perdoe por não...
- Você não foi um péssimo irmão Nick. - O corto.
- Eu fui sim. - Ele abaixa a cabeça. - Eu passei a maior parte da minha vida com medo de te perder como nosso pais, que acabei te prendendo demais.
- Você fez muito por mim ao longo da minha vida, mas agora eu preciso caminhar com meus próprios pés. - Falo. - Eu preciso amadurecer sozinha.
Nick errou feio comigo, mas eu reconheço todos os sacrifícios que ele fez por mim no passado. Seu cuidado acabou se tornando algo que me sufocava, e que não deixava eu viver a minha própria vida.
Quando enfim ele viu que eu queria seguir meu caminho e fazer algo sem sua ajuda, Nick me expulsou de casa.
- Nunca passou pela minha mente que você tinha medo de me perder, mas isso não lhe dava o direito de tentar me controlar o tempo todo. - Digo. - Sempre serei grata por tudo o que fez por mim, e com toda certeza quero retribuir de alguma forma algum dia, mas você precisa deixar eu me tornar uma mulher adulta Nick, e sem a sua ajuda.
- Quis te proteger do mundo, mas acabei fazendo tudo errado. - Ele diz. - Te conheço melhor do que ninguém...
- Na verdade você conhece o que eu deixei você ver. - O corto. - Você não sabe pelo que eu já passei.
- Do que está falando Maya? - Ele me olha preocupado.
- Você não sabe que tenho medo de dias chuvosos...
- Você amava isso. - Ele me corta.
- Eu amava, antes dos nossos pais morrerem. - Assumo.
- Por que nunca me disse nada? - Ele pergunta.
- Todos esses anos eu tentei te contar diversas vezes, mas eu nunca consegui falar como eu me desespero quando começa uma tempestade. Você já teve que lidar com uma irmã mais nova ainda adolescente, eu não queria aumentar seu fardo ainda mais.
Conheço muito bem meu irmão para saber que ele iria tentar me curar a todo custo, mas nunca tivemos uma condição financeira muito boa. Eu sabia que Nick acabaria desistindo da sua faculdade por minha causa, então eu me calei.
- Me perdoe. - Ele me abraça. - Me perdoe por tudo Maya.
- A culpa nunca foi sua.
- Se eu ao menos soubesse poderia ter te ajudado de alguma forma. - Ele fala.
- Eu sei, e é por isso que nunca lhe contei. - Assumo. - Eu sabia que iria tirar de você para dar para mim, e eu não queria que fizesse mais um sacrifício por minha causa.
- Eu fiz muitos sacrifícios, mas todos eles valeram a pena. - Nick sorri abertamente. - No final das contas está se tornando uma mulher forte e sem a minha ajuda.
Por mais que você queira proteger alguém do mundo nunca será possível, por isso a melhor opção é preparar essa pessoa para ele.
Ao londo da minha vida irei cair e me levantar, irei chorar mas também irei sorrir. Em alguns momentos estarei disposta a abraçar e confortar alguém, mas em outros momentos irei querer ser abraçada e confortada.
Um dia eu ensino, no outro eu aprendo e assim continuamos a viver dia após dia. Eu quero estar preparada para os momentos bons, mas também quero estar preparada para os dias ruins mesmo que seja algo difícil de aceitar e encarar.
Meu irmão não é eterno como qualquer outra pessoa neste vasto mundo, e é por isso que eu preciso e quero ser independente mesmo que a vida não me ofereça apenas momentos agradáveis.
- Você quer voltar para casa? - Nick pergunta.
- Não. - Nego com a cabeça.
- Tem certeza?
- Tenho sim. - Digo com convicção.
- Por mais que seja difícil vou aceitar as escolhas que fará na sua vida de agora em diante. - Nick pega minha mão e segura com firmeza. - Mas você sabe que nossa casa sempre estará de portas abertas.
- Eu sei e agradeço. - Sorrio largo. - E obrigada por me entender. Por entender minhas escolhas.
- Fui um completo idiota, mas eu aprendi minha lição. Se precisar de algo é só me falar.
- Obrigada. - Agradeço.
Nick beija a minha testa, em seguida me puxa para um abraço e fala.
- Obrigado por me perdoar.
Eu estava magoada com meu irmão, mas na verdade eu nunca o odiei completamente. Nick errou muito, mas ele é a única família que me resta, então não quero perder mais tempo sendo uma pessoa rancorosa, sendo que eu posso aproveitar bons momentos ao seu lado.
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