Capítulo 12
Jake
- Bom dia Maya.
- Bom dia senhor. - Ela responde sem me olhar.
- Como passou à noite?
- Dormindo e o senhor? - Ela retruca.
- Bem eu também passei dormindo.
- Não sabe o quanto fico feliz. - Ela diz com sarcasmo. - Vai melhorar muito meu dia, o senhor não faz ideia.
Puxo uma cadeira e me sento, em seguida me sirvo um pouco de suco e dou um gole, e continuo ignorando o sarcasmos de Maya.
- O que irá servir no jantar de hoje? - Pergunto.
- Ovos mexidos.
- Está tentando me castigar Maya? - Pergunto.
Ela se vira para mim, a parece tão pacífica que chega me dar medo.
- Não faço ideia do que o senhor está falando.
- Só como ovos a uma semana, não aguento mais. - Digo.
- O senhor deve ter se esquecido, mas eu disse que precisava fazer compras. Sua dispensa estava praticamente vazia, mas o senhor disse que faríamos compras somente no final de semana não se lembra? - Ela pergunta. - Sua geladeira estava bem abastecida com ovos, e é por isso que só estou cozinhando isso, porque é a única coisa que tem.
- Entendi. - Digo apenas.
Maya se vira de costas para mim novamente, e então fala:
- Tantas pessoas passando fome, e você ainda reclama. Agradeça que tenha ovos, porque muitas pessoas nem isso tem.
- Nem vou falar nada, porque não adianta discutir com você nesse momento. - Retruco.
Maya joga isso na minha cara como se eu não soubesse. Com toda certeza não estou reclamando de barriga cheia, é que realmente não aguento mais comer ovos.
Ela cozinha ovos no café da manhã e no jantar, e isso já está se repetindo há dias. Ela continua me ignorando dia após dia, e quando fala alguma coisa e com submissão exagerada, como se eu fosse seu dono e não seu patrão.
Reconheço que a culpa pela sua mudança é toda minha, mas eu não aguento mais ver Maya como um robô obediente. Quero de volta a garota sorridente e brincalhona, que me tira a paciência e o sossego por razões que prefiro enterrar bem fundo em minha alma.
Sinto falta da sua risada, seu jeito descontraído e alegre, e até mesmo das suas provocações. Se Maya soubesse o que faz comido, iria evitar fazer certos tipos de brincadeira.
Ela é uma garota inocente, que não vê malícia em nada, e é por esse motivo que achei melhor colocar uma distância segura entre nós dois, mas tenho que assumir que não estou aguentando mais sua frieza.
Maya tem idade para ser praticamente minha filha, mas isso não me impede de sentir atração pela garotinha que vi crescer, e que ajudei Nick a cuidar.
Eu disse a mim mesmo que iria acabar com esse sentimento estranho que cresce cada vez mais no meu peito, e isso até era fácil quando não a via com muita frequência. Agora que estamos morando debaixo do mesmo teto, tenho medo de que eu não consiga me controlar, e então acabarei fazendo algo irreversível, e que terá consequências drásticas.
Maya precisa de um homem da sua idade, que goste das mesmas coisas que ela, e que faça o que os jovens fazem hoje em dia. Mas por quê sinto um aperto no peito só de imaginar ela com outro homem?
Eu aceitei que ela trabalhasse na minha casa porque Nick me pediu ajuda, para que a irmã pensasse direito sobre o que quer da vida, mas seus planos não saíram como previsto, e agora Maya está fazendo um trabalho impecável.
Eu relutei no início por causa da atração que sinto por ela, mas Nick insistiu tanto que acabei cedendo. Tenho em mente que não cedi por ele ser meu amigo, e sim porque eu queria vê-la com mais frequência, mas agora eu percebo que não foi uma boa ideia.
Se tivesse seguido meus instintos e negado ajudar Nick, eu não estaria em uma enrascada como estou agora. Eu quero continuar mantendo distância, mas ao mesmo tempo quero a antiga Maya de volta.
Continuo relutante, porque sei que quanto mais perto Maya estiver de mim, mas complicado será, e esse é o principal motivo de eu ainda não ter feito as pazes com ela.
Maya é uma garota imatura e inocente que jamais viveu um amor. Tenho medo de que em algum momento ela começa a confundir seus sentimentos a acabe pensando que está apaixonada por mim, mas na verdade seria apenas agradecimento por eu estar lhe ajudando.
Quanto mais distante eu ficar, melhor será para nós dois, mas eu não sei por quanto tempo conseguirei me manter longe, e isso me assusta.
Se Nick soubesse como me sinto relacionado a sua irmã, ele me mataria sem dó nem piedade. Eu não o culparia por isso porque faria o mesmo se tivesse uma irmã, que se envolvesse com um homem muito mais velho que ela.
Tenho 37 anos e Maya tem apenas 20, e mesmo que estejamos em um século de modernidade relacionado ao amor, eu sei que sou muito velho para ela.
Maya nem ao menos começou a viver, então se envolver com um homem 17 anos mais velho que ela está fora de cogitação.
Ela está se redescobrindo, e tornando uma pessoa independente, e amadurecendo sozinha, então não precisa do irmão, e muito menos de mim para atrapalhar sua vida.
Quero que ela tenha uma vida perfeita e feliz ao lado de um bom homem, que no caso não será eu.
Irei observá-la de longe, enquanto observo e torço por sua felicidade, mesmo que isso custe a minha.
Maya não precisa saber como me sinto, não quero que ela tenha medo ou me trate de forma diferente porque gosto dela, então irei levar esse segredo para o túmulo.
Em alguns momentos eu acho que fico pensando nela como mulher, apenas porque Maya seria um desafio impossível de conquistar, mas quando ela sorri para mim com tanta sinceridade, eu percebo que realmente fui nocauteado por seu jeito meigo e carinhoso.
Fico tentando arrumar alguma desculpa por estar interessado em uma garota bem mais jovem que eu, mas eu sei que estou apenas enganando a mim mesmo.
Eu me conheço bem o suficiente para saber quando gosto de alguém e quando não gosto. Não sou o tipo de homem que teria interesse em uma mulher apenas porque eu a veria como um desafio. Não sou nenhum santo, mas também não sou um safado que vê uma mulher como objeto e nada mais.
Não sou um príncipe montado em um cavalo branco e muito menos perfeito, mas eu sei do meu caráter como homem, e usar uma mulher sempre esteve fora dos meus objetivos de vida.
🌻
Abro os olhos lentamente quando sinto a brisa do vento soprar dentro do meu quarto, e então percebo que está chovendo.
Me levanto rapidamente e caminho em direção as janelas, e as fecho em seguida.
Começo a caminhar em direção a cama novamente quando um relâmpago clareia o quarto, e no mesmo instante me lembro da Maya.
Corro em direção à porta do quarto e a abro, dou alguns passos e começo a bater na porta da Maya.
- May! - A chamo.
Fico receoso em abrir à porta e ser expulso por ela, mas ao mesmo tempo tenho medo de que ela esteja sofrendo sozinha.
Abro à porta lentamente e olho em volta. As luzes estão apagadas, mas da para ver que ela está encolhida debaixo do cobertor quando relâmpagos clareiam o quarto.
- Maya. - A chamo novamente.
Me aproximo ainda mais, em seguida me sento na beirada da cama e começo a puxar o cobertor lentamente, e o que vejo corta meu coração.
Maya está toda encolhida enquanto treme de medo, mas quando ela percebe minha presença, Maya se levanta e se joga em mim como se eu fosse sua salvação.
- Está tudo bem. - Passo a mão por suas costas.
Percebo que ela vai se acalmando aos poucos, pois seu corpo já não treme com tanta frequência.
- Está se sentindo melhor? - Pergunto.
Ela não responde nada, então a abraço com ainda mais força enquanto ela faz o mesmo, como se estivesse evitando que eu fosse embora.
- Não vou a lugar nenhum. - Digo baixinho.
Me sinto mal por não poder fazer nada para ajudar a mulher que eu amo, mas enquanto eu puder consolá-la, e ajudar com seus medos mesmo que seja um pouquinho, eu farei isso.
Posso me manter distante como homem, mas isso não quer dizer que eu também deva fazer isso como amigo. Eu tenho em mente que é apenas uma desculpa para me aproximar dela, mas enquanto Maya me quiser por perto, e vê em mim uma saída para seu medo mais profundo, continuarei ao seu lado, e apenas isso será o suficiente para mim.
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