CAPÍTULO 6 - MINHA
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Charlotte
Eu estava pressentindo que um dia as coisas iam ficar feias para mim e Ben, só não sabia que seria tão rápido. Meu coração estava quase pulando pra fora do peito enquanto eu subia pro meu quarto com Francisca, a mãe de Ben.
Ela pediu para que eu escolhesse um lugar confortável para conversar e escolhi meu quarto. Entramos e ela fechou a porta, me sentei perto da cabeceira da cama e puxei um urso de pelúcia para o meu colo. Fran se sentiu à minha frente, não tão perto, mas perto o suficiente pra gente conversar baixo e nos entendermos.
— Você está bem, Char? — Ela começou a conversa, seu semblante demonstrava preocupação genuína, ela se importava mesmo comigo.
— Estou muito bem, Fran.
— Que bom. — ela sorriu e deixou o semblante tranquilo, me deixando confortável. — Seu pai me contou que você e Ben estavam assistindo TV na sala hoje. O que estavam vendo?
— Um filme de romance — disse, achando que ela ia começar me dando algum sermão ou me colocando na parede.
— Ah, eu sempre gostei muito de assistir comédias românticas, assisto até hoje, na verdade. Mas Ben nunca curtiu, ele é turrão igual ao pai. — Revirou os olhos.
— Sim, ele não prestou muita atenção. — Confessei, me sentindo mesmo à vontade.
— Ben quem pediu para vocês deitarem juntos?
— Sim, mas eu quis. Não fizemos nada demais! — falei apressadamente, apesar de estar mentindo, hoje realmente não fizemos muito mais do que já vínhamos fazendo.
— Tudo bem, Char, não estou aqui para brigar com você. — Ela acariciou meu braço que estava em volta do urso. — Só quero entender o que aconteceu. Seu pai está muito preocupado.
— É porque eu sou menina, ele sempre se preocupou demais.
— É normal, os pais se preocupam mais com as meninas mesmo, e agora você está uma moça tão bonita e crescida...
— Obrigada. — Sorri, tímida.
— Nessa idade, normalmente os hormônios estão mais aflorados, não é? É quando achamos aquele menino da escola bonitinho e sentimos a necessidade de arrumar logo um namorado, né?
— Sim! Tinha um garoto na escola que eu achava bem bonito, mas agora eu acho um babaca, depois do que Ben fez ele nem olha na minha cara. Não que antes ele olhasse...
— Você gostava do menino que Ben bateu? — Ela ergueu uma sobrancelha.
— Sim, mas só um pouco. Eu nem conhecia ele direito.
— E Ben, você gosta dele? — Ela não me parecia com raiva nem nada, então não consegui mentir para ela.
— Gosto muito de Ben. Ele cuida de mim.
— Como um irmão mais velho?
Baixo o olhar para minhas mãos, me sinto um pouco tímida agora. Não sei se devo confiar em Fran para dizer isso, não quero colocar Ben em apuros, mas ela está perguntando dos meus sentimentos e não dos dele.
— Não como irmão. Gosto dele como um namorado. Me desculpe, eu sei que não deveria.
— Ah, Charlotte — diz Fran, com a mão no peito e parecendo um pouco desolada, mas logo ela se recupera. Suspira e olha para mim de novo, dessa vez parecendo mais curiosa. — E Ben, ele sabe dos seus sentimentos?
— Eu acho que sim, a gente... A gente se gosta.
— Charlotte, Benoah já tocou em você? — Ela está segurando em meu braço novamente, miro seus olhos e não consigo responder. Eles não podem saber de nada, Ben disse isso. E sei que ele terá que voltar para casa do pai se souberem. Eu acho.
Não respondi.
— Eu posso tomar o seu silêncio como um "sim"? — Mai silêncio. — Charlotte, você sabe o que é anticoncepcional e para o que serve?
— Sei. — Engoli em seco.
— Você acha que deve começar a tomar?
— Ham... — Ai meu Deus, o que eu vou fazer agora? — Já estou tomando, estou me cuidando.
Fran arregala os olhos de leve e se aproxima mais de mim.
— Você e Ben estão tendo relações sexuais?
— Se eu responder isso, vamos ficar de castigo e Ben vai voltar pro pai dele?
— Ah, meu Deus — Fran me solta e coloca as duas mãos no rosto. — Não acredito que você fez isso, Benoah!
Ela falou sozinha, suspirando e esfregando o rosto.
— Fran, Ben não fez nada sozinha, eu quis tudo que a gente fez. Mas não pode contar pro meu pai, ele vai acabar com a minha vida.
— Não vai, não, Charlotte. Por favor, me diz que usaram camisinha. — Voltou a erguer os olhos pra mim, parecendo suplicar. Dessa vez eu queria chorar, estava tudo dando errado, Ben ia me matar por estar contando tudo pra mãe dele.
— Bem, não, mas... Ah! — exclamei de repente e dessa vez foi a minha vez de colocar as mãos na boca ao me lembrar da nossa primeira vez.
Eu tinha guardado tudo na memória, lembro de Ben dizer que gozaria fora, mas agora me recordo de estar toda molecada da porra dele. Ben gozou dentro e naquela hora eu estava cansada demais para perceber ou questionar. Meu pai vai me matar. Ou a Ben.
— Charlotte, faz quanto tempo?
— Não sei, acho que um mês.
— Caramba, vocês foram tão irresponsáveis, Charlotte. Eu não percebi o que estava acontecendo entre os dois e não queria me meter na sua vida sexual, quando não imaginei que você estava tendo uma. Achei que poderia conversar com você quando tivesse gostando de alguém, mas não pensei que isso já tinha acontecido e que muito menos que fosse Ben.
— A gente não queria isso. — Fiquei de pé também. — Só aconteceu. E a gente se ama.
— Vamos precisar fazer um teste de gravidez e te levar ao médico. — Olhou pra mim, com a mão na cintura. A mulher que entrou aqui calma e pacífico já era outra pessoa.
— Só você e eu? Sem meu pai saber?
— Me desculpe, Charlotte, mas ele é seu pai, não posso esconder isso dele.
— Ah, muito obrigada, ao invés de me levar ao médico, por quê você não me leva pra comprar um caixão? — Alterei a voz, eu estava ficando com raiva e nervosa.
— Não seja dramática, vamos todos conversar, seu pai não vai matar ninguém. E vamos resolver da melhor forma. — Ela indicou que devíamos descer, mas escutei quando sussurrou: — Assim espero.
Quando chegamos ao andar de baixo, vi meu pai sentado do sofá olhando pro nada e com as mãos juntas. Procurei por Ben e o encontrei na cozinha, ele estava sentado do mesmo jeito, com as mãos juntas. Olhei para ele suplicando para me entender, ele logo ficou de pé, sério, notando que fomos descobertos.
— E então? — Meu pai ficou de pé quando nos viu e se aproximou um pouco. Ben também, parou no caminho entre a cozinha e a sala.
— Eu acho que todos devemos sentar e conversar, civilizadamente. — Fran estava parada estrategicamente na minha frente. Meu pai pareceu ficar mais sério, se aproximou mais da gente.
— Fale logo, Fran, o que aconteceu?
— Julio, por favor. Vamos nos sentar? — Fran estendeu uma mão a frente.
Ben e eu trocamos olhares, o meu semblante era de alguém desesperada. Ben apenas encarava meu pai seriamente, com as mãos nos bolsos da calça escura.
— Eu não quero me sentar, Francisca, quero saber o que minha filha estava fazendo no sofá com seu filho. — Meu pai já estava furioso, as coisas não iam ficar bem. Acho que nunca o vi tão bravo.
— Você precisa se acalmar, Julio! Eu disse a ela que você ia nos ouvir. Mas vou falar de uma vez, precisamos levar Charlotte ao ginecologista.
— Por que? — Ben e meu pai perguntaram juntos. Eu comecei a chorar de nervosismo, meu pai tentou passar por Fran, que colocou a mão no seu peito. Ben se aproximou da gente também.
— Pai, por favor! — Implorei, talvez para ele não querer me matar.
— Eu quero saber agora o que está acontecendo! — gritou meu pai.
— Charlotte e eu estamos juntos. — Ben nos choca ao falar diretamente com meu pai, que se vira para ele, bufando.
— Como é, moleque?
— É isso que ouviu, sua filha é minha agora.
Agora meu pai saiu mesmo do sério. Ele parte pra cima de Ben e o derruba com um soco na cara. Fran e eu gritamos, correndo imediatamente na direção dos dois. Ben se levanta rapidamente e quando meu pai ergue o punho para acertar ele de novo, Ben segura sua mão. Seu rosto está muito sério e a bochecha começa a ficar vermelha onde meu pai bateu, com um pequeno corte.
— Julio, não faça isso! — Fran grita.
— Pai, deixa ele! — Consigo me colocar entre os dois, Ben solta meu pai apenas para me colocar atrás dele. A este ponto, Fran já está na frente do meu pai, tentando contê-lo.
— Violência não resolve as coisas, Julio. Achei que a gente concordasse sobre isso. — Fran falava com meu pai, ela parecia bem magoada.
— Você não tem uma filha, Francisca. Seu filho tirou a virgindade da minha filha e você está de boa com isso?
— Eu não estou de boa com isso, querido. Só estou pensando com a razão, deveríamos sentar e conversar. Sei que Ben passou dos limites, você não tem noção do quão chateada também estou com essa situação. Mas você não tem noção ainda de como andam as coisas e já estourou, dessa forma Charlotte só se fechará ainda mais pra você.
— As coisas não podem estar piores do que esse garoto abusado dizer que minha filha é dele. — Meu pai ergueu os olhos pra gente e encarou Ben com sangue nos olhos. — Minha menina nunca vai ser sua, pode sumir da minha frente agora!
— Ela é minha, sim. Nem o senhor e nem ninguém vai tirá-la de mim.
— Filho da puta! — Meu pai se lança pra frente e Fran volta a tentar segurar o homem 2 vezes mais alto do que ele. Assim como entro na frente para proteger Ben que é bem maior do que eu.
— Cale a boca, Benoah! — Fran olha feio para ele.
— Charlotte, suba pro seu quarto agora. — Meu pai aponta para as escadas.
Ben circula minha cintura com um braço, me mantendo perto dele.
— Pai, eu amo Ben.
— Vocês só podem estar de brincadeira! — Meu pai gargalha sem humor e se afasta de todos, andando até a sala e puxando os cabelos.
— Julio, a gente precisa conversar, com calma. Só assim que consegui a confiança de Charlotte. — Fran diz com meu pai, como se eu não estivesse ouvindo. — E só assim descobri que eles estão tendo relações sem uso da camisinha. Ela precisa ir ao médico amanhã mesmo, eu a levo.
— Não estou acreditando nisso. — Meu pai olha pra mim com algo parecido como nojo. Ou perto disso. — Charlotte, o que deu em você? Você não era assim.
— Até parece que matei alguém, papai.
— Você me decepcionou também, Ben. Te demos um teto, comida, roupa... Eu realmente fui um pai burro por pensar que minha filha teria um irmão mais velho que a protegeria e não o contrário.
— É o que faço, senhor Simon, jamais deixaria
que algo acontecesse com ela. Não controlo os meus sentimentos e estou apaixonado por Charlotte.
Ele diz a palavra "apaixonado" roucamente e sei que a sua vontade era de dizer obcecado. Como ele já tinha falado pra mim.
— Eu não aceito isso. — Meu pai vira de costas, andando até a janela da sala.
— O senhor não tem que aceitar nada, já fez sua parte, agora é minha vez.
— Ben, cale a boca! — Dessa vez Fran e eu que falamos em uníssono, olhando para a cara deslavada de Ben.
Meu pai está com ainda mais raiva.
— Benoah, se você não percebeu ainda, Charlotte tem 17 anos. Eu sou totalmente responsável por ela. Eu mando nela e nas suas ações. Vocês foram totalmente irresponsáveis e se tiver algo de errado com ela amanhã no médico, faço questão de te mandar de volta pro buraco de onde saiu. Charlotte não tem idade pra namorar, ela está estudando e é só nisso que ela tem que pensar. Se você for inteligente o suficiente, vai se afastar e deixar minha filha em paz.
— Eu deixaria, senhor Julio. Se fosse também o desejo dela. Mas Charlotte também me quer e não vou desistir dela, nem que isso custe a minha vida.
— Soa como um maluco.
— Eu nunca disse que não era.
O semblante do meu pai é de total desgosto. Não sei como, mas Fran já está com sua bolsa na mão e uma mochila de Ben na outra, que ela joga pra ela. Ela não olha pro meu pai, se vira pra mim e segura minhas mãos.
— Vou ao médico amanhã com você se precisar. Eu gostaria muito de estar com você, na verdade, se você deixar. Me liga que eu venho correndo, tá bom?
— Está bem. Aonde vocês vão?
— Vamos deixar que todos esfriem a cabeça um pouco. Você vai ficar bem e tudo vai ser resolvido.
— Para onde você vai? — Meu pai perguntou, somente para Fran, ele estava surpreso também. Ela não olhou para ele enquanto caminhava até a porta.
— Ben e eu vamos para um hotel. Pode deixar que vou conversar seriamente com ele e sinto muito por todo esse transtorno.
— Eu não vou embora sem a Charlotte. — Ben olha pra mim, a mochila nas costas. Seguro seu braço, também não quero ficar sozinha com meu pai, apesar de ter certeza que ele só vai me pôr de castigo para sempre.
— Vamos, Ben. Agora. — Fran abre a porta e o aguarda. Meu pai não sabe para onde olhar, pra gente ou para Fran o deixando.
— Vai, eu te ligo. — sussurro para Ben, e ele se abaixa para me dar um selinho rapidamente. Por incrível que pareça, meu pai não diz nada, mas acho que ele não viu, está indo atrás de Fran e chamando ela.
Observo a cena, Ben passa pelo meu pai e vai até o carro de sua mãe. Fran ignora meu pai e se desculpa novamente, mas antes que ele diga algo, ela entra no carro e se vai. Queria ir com eles, mas sei que as coisas não estão boas. Então, antes que meu pai volte, corro pro meu quarto e tranco a porta.
Penso que meu pai já tinha falado tudo que queria, mas ele vai até o meu quarto e bate na porta, me chamando. Não respondo.
— Sabe que tenho a chave, não é?
— Se fizer isso, vai ser invasão de privacidade. Eu não quero conversar.
— Só quero saber como você está. E saber da sua boca o que realmente aconteceu entre vocês durante esse tempo todo.
— Você não vai querer saber dos detalhes. — Me sento na cama e agarro meu urso de novo, olhando pra porta. Ouço um movimento e um gemido vindo dele, acho que o velho se sentou no chão. Essa conversa seria longa e constrangedora.
— Me conte tudo, sem os detalhes.
— Mas o senhor é homem, eu já contei tudo pra Fran. É como se ela fosse minha mãe, certo?
— Mas você a vê assim?
— Não sei, ela vai voltar pra casa?
Ele demora 1 minuto e meio para responder, eu conto pelo relógio da parede.
— Na verdade eu não sei.
— Ela está brava com o senhor. Bateu no filho dela.
— O filho dela que tirou a inocência da minha filha? Esse? Acho que eu não estava no erro.
— Pai, eu não sou inocente. Tenho 17 anos. E nossa política é sem agressão, xingamentos ou desrespeito, não é?
— Mas como uma pessoa burla toda essa política, as coisas mudam um pouco o rumo, não é? E Ben fez isso.
— Mas, pai, dá um desconto, ele cresceu só com o pai. Ben me contou que o pai não dava atenção para ele, nunca deu. Ele só vivia trabalhando e fora com mulheres, Ben foi criado pelas funcionárias que trabalham na casa do pai dele.
— Ele sabe que estava errado, Benoah não é inocente, Charlotte. Não usar camisinha? Olha o tamanho desse problema.
— Desculpa, pai, a culpa foi de nós dois. Ele não pode sofrer as consequências sozinho. Se ele voltar para o pai, eu vou ficar arrasada. — digo, secando as lágrimas que começam a cair dos meus olhos.
— O que mais devo saber, Charlotte? — Ele ignora o que acabei de falar.
— Ben compra anticoncepcional pra mim.
— Então só começaram a... Ter relações depois do uso da pílula?
— Bem, não.
— Ah, meu Deus.
— Pai, eu tô bem!
— Que bom, Charlotte, pois eu não! Nunca pensei que fosse passar por isso, você sempre foi uma menina doce, educada, sempre me contou as coisas. Ben pediu para esconder isso da gente?
Pediu.
— A gente sabia que se falasse, ia acontecer exatamente o que aconteceu, vocês não iam aceitar.
— Óbvio que não! Você é adolescente e ele é filho da sua madrasta. Não perceberam o quanto isso é errado?
— Mas, pai, não temos nenhum parentesco. Eu nunca vi Ben como um possível irmão.
— Agora eu vejo isso, caramba. Mas vocês podiam ter conversado com a gente, antes de começar tudo.
— Vocês iam mandar Ben de volta para o pai dele, ele não ia poder ficar se quisesse namorar comigo, não é? Você acabou de dizer na cara dele.
Meu pai fica em silêncio. Ouço a sua respiração pesada. Depois ele se levanta e se afasta da porta, vejo por sua sombra, então se aproxima de novo.
— Charlotte.
— Sim, papai?
— Eu te amo. Não mente mais pra mim.
— Eu também te amo, pai. — Meus olhos voltam a encher de lágrimas.
— Amanhã vai faltar a escola, vamos ao ginecologista bem cedo.
— Tudo bem.
Me deitei e nem pensei no fato de que ninguém jantou hoje. Eu perdi totalmente a fome e provavelmente eles também. Pego meu celular e vejo uma mensagem de Ben dizendo que já estão no hotel, ele também diz que me ama e que ninguém vai nos separar.
Respondo com uma declaração curta também e envio uma foto deitada e agarrada ao meu urso. Ele responde que gostaria de ser o urso no momento e depois me pede para descansar, pois amanhã será um longo dia.
E ele está certo, por isso adormeço com o celular na mão, e tenho um sonho que minha barriga cresce e vira uma bola até explodir e chover ursinhos de pelúcia que saíram de dentro dela. Muito louco.
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O sonho da gata kkkkk
Sonhos são mesmo estranhos, vamos interagir? Me conte o sonho mais doido que você já teve!
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