Capítulo X
ALEC
— Porra! — Tyron resmungou quando o prendi contra a parede suja do beco.
— Você é um desgraçado — cuspi, batendo-o contra a parede de pedras. Tyron conteve um gemido baixo e me olhou com seriedade.
— Vá se ferrar, irmãozinho. — Me empurrou, fugindo de mim. Observei sua língua passar entre os lábios, limpando o fiapo de sangue que escorria. — Eu estou fazendo um favor para você, apenas me agradeça por terminar algo que você não conseguiu e sai da porra da minha frente — mandou, olhando para cima. Para o quarto onde ela estava.
— Eu não a matei porque não consegui, mas porque eu não quis — declarei sem vergonha. Tyron me olhou como se eu fosse louco.
— Como você pode ser tão cego por uma mulher? — questionou, voltando a olhar para o andar de cima. Esperando uma oportunidade para ataca-la novamente. — Como pode defendê-la depois de ela tê-lo traído? E com um caçador nojento. — Tyron cuspiu no chão, mostrando desgosto e nojo.
A lembrança daquela noite fez meu coração parar, a forma que seu corpo mexia, do gemido que fugia dos seus lábios enquanto ela fudia com outro homem. Permitindo que ele a beijasse e tocasse, tocando o que me pertencia. A raiva que senti voltou a consumir meu coração, mas a imagem de eu rasgando sua pele no meio da floresta, fazendo-a sangrar e chorar, aquilo me destruiu completamente.
E mesmo que eu tenha prometido mata-la se um dia me traísse, eu não consegui fazer isso com ela.
— Apenas volte para a mansão e esquecerei o que você tentou fazer — apontei friamente, fazendo-o rir. — Aos dois — conclui, mas seu sorriso não morreu.
— Você não vai me parar, não agora — criticou e antes que eu pudesse reagir, ele socou meu estômago, tirando-me o fôlego e fazendo-me cuspir sangue. Cai no chão de joelhos, enquanto o ouvi escalando a parece como um animal louco.
Limpei a boca com as costas da mão, sentindo a raiva invadir meu coração. Olhei na sua direção, vendo-o entrar pelo buraco na parede e me teletransportando sem dificuldade.
— Desgraçada! — Ele resmungou ao notar o quarto vazio e destruído.
— Você não vai encontra-la — declarei, vendo-o passar os dedos entre os cabelos loiros e se virar para me encarar.
— Tem certeza? — Ele levantou uma sobrancelha. — Posso sentir o cheiro do sangue e sei que ela ainda está na cidade — apontou, levantando a cabeça e sorrindo. Por um momento, meu corpo tremeu com a possibilidade de ele encontra-la. Do que o seu ódio poderia fazer em quem entrar no seu caminho. — Eu... — O interrompi, jogando-o contra a parede mais próxima.
— Dei a você muitas chances Tyron — comecei, vendo-o ter dificuldades de levantar dos destroços.
— Talvez eu deva me ajoelhar e implorar? — sugeriu com deboche. Vejo seu sangue manchando seus cabelos dourados e seu rosto pálido.
— Talvez você deva! — apontei, vendo a raiva voltar para seus olhos vermelhos.
— Você se acha tão invencível — criticou, dando um passo na minha direção. — Sempre tão confiante de si mesmo. Acha que é melhor que tudo e todos, mas não passa de um garotinho burro que não sabe o que fazer com o poder e a imortalidade que dei a você. Se não fosse por mim, você não seria nada.
— Você me deu? — Franzi a testa, encarando-o seriamente. — Você deixou que um demônio entrasse em nossa casa. Ofereceu nossa própria irmã em troca de poder e vida eterna. Nossa mãe morreu tentando protegê-la e você apenas ficou sentado, esperando que o Deus Caído a destruísse. Você é uma desgraça para nossa família, um homem invejoso e louco. — cuspi com fúria. — Você me forçou a viver com essa maldição, me forçou a ter uma vida que não queria. Eu não devo nada a você! — gritei, sem conseguir me conter.
O silêncio pesado caiu sobre nós e senti a tensão em meus ombros.
E quando ele me atacou, eu o ataquei.
~*~
MARCO
Lia gritava sem parar.
Observei seu corpo se contorcendo na cama, enquanto Margery pega algumas toalhas e uma bacia com água. Lia apertava minha mão e me olhava com medo. Murmurei que tudo vai ficar bem, mas ela parece não acreditar em minhas palavras. Lia está muito fraca e tenho pavor que ela não consiga passar por isso.
— Como o Edgar está? — pergunta ela, em meio aos gemidos.
Olhei para o corpo inconsciente do Edgar no meio da sala. Ele parou de sangrar, suas feridas estavam se curando, mas ele ainda continuava apagado.
— Ele está bem, não se preocupe com ele agora — pedi, tirando uma mecha de cabelo escura do seu rosto. Lia umedeceu os lábios e tentou controlar a respiração. — Você vai ficar bem — repeti, fazendo-a me encarar.
— Madeliena — chamou Margery, deixando Lia mais tenso do que já estava e olhando-a seriamente. — Eu preciso que você empurre, está bem? — pediu, fazendo-a Lia jogar a cabeça no travesseiro.
— Eu não consigo — murmurou ela com dificuldade.
— Claro que consegue. Você está pronta, vamos lá, empurre! — mandou ela, com uma voz suave. Lia me olhou com preocupação e me senti completamente impotente.
Meu coração apertou quando Lia fez força. Seu rosto se contorceu em agonia, ela cravou as unhas em minha mão, mas não sinto dor.
— Você está indo muito bem — elogiou Margery posicionada entre as pernas de Lia. Sua pele ainda estava manchada de sangue, o que faz meu nariz arder. — Continue — pediu e Lia fez o melhor que pude. Analisei aquele mesmo processo por longos minutos. Lia suava e gritava se contorcia na cama e não parava de gemer. Era como se eu sentisse a sua dor. Porém, quando ouvi o choro da criança e seu corpo pequeno sendo erguido, eu sabia que tudo ficaria bem.
— Você conseguiu — falei, sem conter um sorriso. Lia respirou com força e tinha dificuldades para manter os olhos abertos. Levantei da cama, me aproximando de Margery, que limpava a bebe com toalhas úmidas. Analisei seus cabelos finos e negros, sua pele clara e seu copo magrinho. — Lia, é uma menina! — contei, sem acreditar que ela estava certa. Lia forçou um sorriso, mas continuou imóvel na cama.
— Eu quero vê-la — pediu com a voz fraca. Balancei a cabeça em concordância, esperando que Margery terminasse de cobri-la com a manta, mas ela não deixou que eu tocasse na criança e apenas se aproximou da Lia.
— Ela está bem — disse Margery apenas se inclinando para que Lia pudesse vê-la.
— Deixe-a segurá-la — mandei, tentando-a pegá-la dos seus braços. Lia se forçou a sentar na cama, esperando seu bebe, mas Margery apenas se afastou, deixando-me nervoso. — Margery — chamei como um aviso. Observei a mulher pegar a bolsa jogada no chão e coloca-la sobre o ombro. — Devolva-me a criança — repeti, dando um passo na sua direção, entretanto, Margery apenas abraçou o bebe com mais força, fugindo de mim.
— Você causou muitos problemas matando Belledisse, Madeliena — começou com um sorriso nos lábios. Fiquei parado, sem fazer movimentos bruscos. — Um grande e tolo problema para todos — criticou com raiva dessa vez. — Eu estava indo tão bem longe do clã, estava conseguindo viver à porra da minha vida. Mas você tinha que chamar a atenção dos caçadores naquela floresta. Tinha que ser burra e deixar nossos rastros para trás. Por causa do seu ato idiota, eles ficaram cientes da nossa existência, souberam que não havíamos desaparecidos e agora, estão todos atrás de nós. Atrás de mim! — cuspiu irritada.
Um barulho chamou minha atenção, meu olhar correu rapidamente para a cama, onde Lia havia tentado se levantar, mas caiu contra o chão.
— Sabe como é difícil uma bruxa viver longe do clã? Sem a proteção das outras? — questionou, dando outro passo para trás e me fazendo acompanha-la. — Não tente nada, Turno — apontou, olhando-me com escárnio. — Eu não vou hesitar em machuca-la, acredite em mim — sorriu, me forçando a recuar. — Eu não posso mais viver nas cidades, não posso mais tentar me esconder, eles sabem e foram muito bem treinados. Então, quando procurei auxílio com minhas antigas irmã, elas me contaram o que você fez e que toda essa confusão era culpa sua. Elas me fizeram um acordo, se eu trouxesse o seu corpo sem vida, seria aceita no clã novamente. Mas pelo que estou vendo, você não vai durar muito tempo e uma criança híbrida, isso é ainda melhor — apontou me deixando em pânico.
Eu cometi um grande erro.
— Obrigada por vir até mim, Turno — ela me olhou com diversão e não pude deixar de me sentir envergonhado. — Eu não teria conseguido me aproximar sem a sua ajuda.
— Margery, ela é apenas uma criança, não tem culpa. — Tentei, esperando que ela me ouvisse.
— Claro que tem culpa, ela é fruto dessa mulher burra que nos expôs sem ao menos pensar nas consequências — rebateu com fúria.
— Não posso deixar você ir embora — falei seriamente, olhando-a com cuidado.
— Marco — Lia chama em um fio de voz, mas não olhei para ela, sabendo que não teria uma segunda chance.
— Margery... — Tentei novamente, mas antes que eu pudesse terminar, senti uma pressão me jogar para trás, fazendo minhas costas baterem contra objetos e a parede. Tentei levantar, mas cada músculo do meu corpo estava paralisado e tenso, como se uma força estivesse me forçando a ficar no chão.
O que foi que eu fiz?
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Muito obrigada a todos por terem lido e espero de todo coração que tenham gostado e por cada estrelinha. Me digam o que estão achando da história?
❤️❤️❤️
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