Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

O Homem com o Espírito Corrompido

O cinza melancólico que reinava sob a antiga Londres não era uma atração infrequente; a cidade estava sempre cercada por grossas camadas de nuvens e um clima incessante de frio que encorajava o uso, quase que diário, de guarda-chuva e casacos para frio. Nem mesmo a névoa fina que tremulava acima do chão ao passarem, soprada dos arredores e que se acumulavam no centro do cemitério, seria incomum nessa época do ano. A umidade do ar e o vento gélido pinicava na pele exposta e agradeceu mentalmente por ter se precavido com agasalhos extras ciente de que a baixa temperatura não daria trégua. Estremeceu sutilmente com o buquê em mãos, abraçando-o contra si instintivamente, resguardando-o da inclemente lufada que recebeu ao se embrenhar mais no lugar.

Atravessou um revelo irregular na terra enlameada e escorregou com um passo em falso, seu corpo se desnivelou para o lado em uma precipitação desastrosa que fora prontamente detida por um agarro delicado que a firmou de volta antes que despencasse em uma queda dolorosa. Fitou o dono da mão enluvada que a amparou e meneou a cabeça em um agradecimento solene, feliz de tê-lo ali para ser uma âncora no qual poderia contar junto de Margareth. Ter que lidar com esse dia sozinha teria sido mais árduo mesmo que a ferida maior, a aceitação da morte, já estivesse cicatrizada.

Com o fôlego renovado, Elizabeth se deslocou até a túmulo de sua mãe e sua irmãzinha em uma área destinada a famílias de renome, encarando a escultura de mármore minuciosamente esculpidas em base da aparência de sua mãe que se assemelhava a uma versão dela angelical e adormecida em um sono eterno portando em seus braços um bebê bem pequeno. A imagem em si trazia recordações agridoces.

Sem nada a dizer, se ajoelhou e depositou as flores sobre a lápide e orou conforme manda o protocolo, pensando se sua mãe ouviria seu clamor. Margareth fez o mesmo, agindo mais emocional, com algumas lágrimas deslizando pelas bochechas dela enquanto entrelaçava os dedos com fervor mais devoto. As duas se entreolharam como se a conexão que possuíam lhes permitisse sintonizar de uma forma que ninguém pudesse romper e uniram as mãos em contemplação.

Jack se resignou, respeitosamente, a observá-las em seu ritual familiar de homenagem ao parente falecido — duas irmãs que se encontravam diante do descanso final da mãe. Arregalou ligeiramente os olhos ao testemunhar, em uma neblina colorida que emanava, as duas cores se amalgamaram entrando na mesma frequência, um pulsar de dois corações que batiam no mesmo ritmo. Não era estranho, com a percepção, entender a dimensão do afeto de ambas.

Elizabeth foi a primeira a se recompor, virando-se para Jack com um vago sorriso. Margareth repetiu o ato, porém, diferente de Eliza, chorava sem ter vergonha do aspecto lacrimoso. Não havia muito a ser dito e não podia ser indiferente a necessidade tácita de apoio das duas, então, estendeu os braços para recebê-las, sentindo-as se encolherem involuntariamente sob seu contato em um abraço sincero.

Margareth se afastou sutilmente após alguns minutos e acenou com a cabeça.

— Eu vou na frente. — avisou mais recomposta. — Obrigada por nos acompanhar, senhor Smith. E Ellie, te vejo daqui a pouco.

Elizabeth assentiu.

— Agradeço por ter vindo, Jack. — Elizabeth murmurou mostrando gratidão pela amabilidade do cavalheiro.

— Não há porque agradecer, senhorita. Estou aqui também prestar minhas condolências. — disse em um tom consentâneo.

— Mesmo assim, você acaba indo de um lugar a outro por minha culpa. Deve ser frustrante ter alguém que te arrasta assim.

Elizabeth olhou para os outros túmulos mais distantes.

— Seria um mentiroso se dissesse que não me agrado com sua companhia — confidenciou com leveza, mirando Elizabeth que abriu a boca em um “O” surpreso. — É reconfortante, de certa forma, conhecer alguém como a senhorita.

O aroma floral o atingiu com força com o par de braços rodeando seu corpo, um gesto que certamente o afetou de maneiras que ele não soube explicar — não um abalo inconsistente ou uma perturbação ignóbil, algo que tirou ele do escuro que o sondava. Enquanto crescia, a única pessoa que o abraçou abarcando o mais primordial do afeto tinha sido sua mãe que sussurrava, com um brilho de expectativa nos olhos azuis, que ele nasceu para ser sua fonte de esperança. Ele mesmo, independente da miséria no qual viveu durante sua tenra infância, acreditou que não existia amor maior e absoluto que não fosse dela — uma obra de arte que deleitava seus olhos. No entanto, as cores falsas a tingiram e o que lhe fora dado não passava de uma afeição baseada em interesses, mas... Aquela dama, que conhecia sua vida suja regada a prazeres macabros e mãos manchadas de sangue, realmente se importava com sua pessoa.

Ela não vacilou, não recuou, não o negou. Elizabeth consagrou cada minuto em demonstrar que o deseja perto, que se alegrava por uma simplória conversa, compartilhavam gostos e até mesmo infortúnios. A cor dela não mudava tanto com a impertinente volatilidade das emoções humanas, o possibilitando de ver sua real face e o que ela genuinamente sentia. No entanto, nada falou mais alto sobre as emoções tempestuosas dela que os lábios rosáceos plantando um beijo próximos aos dele. Nenhuma dama ousaria ultrapassar a linha tênue de afeição física com tanta impetuosidade se não houvesse algo maior.

Jack sabia. Sempre soube.

Ao se afastar, Elizabeth baixou a cabeça envergonhada e orgulhosa pela explosão corajosa, ainda que não resultasse em nada.

Jack tocou, com a ponta dos dedos, onde foi beijado. Inicialmente um pouco assombrado e, depois, lisonjeado.

— Também prezo por sua companhia. — Eliza sorriu acanhada. — Melhor nós irmos, a Margareth deve estar preocupada conosco.

— Sim, senhora. — ajeitou o chapéu e foi no encalço da jovem dama.

Vez ou outra, para a desventura da mulher, ela se via na constrangedora situação de necessitar socorro sempre que pisava no chão lamacento de uma determinada zona que utilizaram como atalho, fazendo com que Jack, de bom grado, lhe oferecesse a mão para guiá-la longe dos perigos.

— Desculpe-me pelo atrevimento, mas a senhorita Bennet tem algum parentesco com você?

— Oh. — o olhou sem jeito. — Eu nunca comentei, não é? Bem — pausou, mirando o céu opaco. — Margareth e eu somos primas de nono grau, no caso, a mãe dela era prima distante da minha. Nós crescemos juntas.

Elizabeth suspirou.

— A mãe da Margareth faleceu ao dar a luz. — esclareceu, vislumbrando um anjo entalhado de uma das lápides. — E fomos criadas juntas como irmãs desde então.

— Sua mãe... Deve ter amado muito as duas. — o timbre desconexo de Jack, sombrio até, gerou um sentimento de fora da realidade em Elizabeth, como se confrontada com uma verdade terrível.

— Creio que sim. Normalmente uma mãe ama um filho acima de qualquer coisa, suponho.

Jack parou, sua imponente figura em meio ao nevoeiro e o chapéu ocultando parcialmente seu rosto enviou uma vibração nefasta ao redor, uma aura opressora e sórdida — um pecado indo para superfície para enfrentar o julgamento. Ele ergueu de leve a cabeça, expondo somente os lábios que se curvaram em um sorriso ensaiado.

— Minha mãe... — o eco de sua voz aveludada percorreu os metros que os separavam, sussurradas ao vento feito maldições. — Eu matei minha mãe. Matei com minhas próprias mãos. — elevou-as para que pudesse ver as “armas” de seu crime hediondo. — Ela tinha uma cor tão bonita. Uma cor que sempre busquei... Até encontrar a senhorita.

— O quê? — antes que pudesse assimilar a primeira informação, Jack soltou mais um delirante devaneio. Suas palavras jogadas denotavam certa leviandade, como se estivesse reavendo lembranças horrendas passadas enquanto as relatava com ar saudosista.

Por que ele estava contando aquilo?

— Está com medo? — ele questionou.

— Veja por si mesmo. — o desafiou confiante de que, apesar de sua naturalidade em lhe segredar algo tão terrível, seus sentimentos reprimidos não seriam facilmente alterados.

Ele agia com naturalidade desconcertante.

— A senhorita tem... Um coração forte. — Jack sorriu. — É alguém que deveria proteger a qualquer custo.

Elizabeth franziu o cenho.

— Por que...?

— Não quer ver por conta própria? — Jack se aproximou lentamente, colocando as mãos de Elizabeth em suas têmporas.

— Eu... Não acho que esse seja o lugar pra isso. — se afastou com o coração se espremendo em angústia. — Melhor nos apressarmos.

Jack assentiu, retomando a postura passiva.

Nenhuma das suas conjecturas, em ócio, forneceu uma resposta coerente para as dúvidas que eclodiam em seu interior sempre que as palavras de Jack cruzavam sua mente tampouco apaziguasse a inquietação que esmagava seu coração. Procurou entender o propósito dele em lhe contar seu crime tão levianamente sem temer represálias, ou ele tinha plena ciência de que nunca, pelo tempo que se conhecem, o desprezaria. Se perguntou se esse história antiga tenha moldado a percepção dele sobre a vida a um nível que tudo sobre ele se resumisse ao trabalho que presta a Organização Sentinela, um assassino excêntrico com sérios problemas, uma pessoa quebrada.

Será que ele sofre por isso?

Elizabeth se virou com o ritmado toque em sua porta.

— Pode entrar.

Seu pai, entrou no cômodo, em passos contidos, como se esperasse ser renegado — um extremo que Elizabeth nunca chegaria independente de quão divergentes fossem suas opiniões.

— Foi visitar a mamãe? — ela perguntou com legítima curiosidade.

— Sim, não tinha como não ir. — ele forçou um sorriso. — Sinto muito por ainda querer mudar... — pausou por um instante, suspirando. — As vezes é difícil voltar aqui com todas essas lembranças. Negligenciei sua vontade por estar muito ensimesmado com o luto. Tem razão, foram mais de dez anos, mas não posso evitar.

— Eu sei, você amava ela. — Elizabeth mirou o pai com empatia. — Como eu disse no hospital, papai, realmente entendo. Talvez não tão poderoso como o de vocês, mas sei a sensação.

O senhor Borton ponderou cético antes de arriscar um palpite infundado.

— É o senhor Smith?

Eliza assentiu vagarosamente.

— Eu sei que... Amar alguém significa que as memórias sempre viverão mesmo que o objeto de afeto de vá... — ela fechou os olhos pondo na balança se deveria ou não buscar um conselho pra um dilema tão dúbio. — Papai, se a mamãe te contasse um segredo terrível sobre ela, você sentiria o mesmo? Você ainda a amaria com a mesma intensidade? Conseguiria viver com o peso dessa verdade?

— É uma pergunta bastante fácil de responder: sim, ainda a amaria. Você amar alguém não quer dizer que desconheça seus defeitos. — afirmou segurando a mão pálida de sua filha. — As até mesmo podemos nos apaixonar por verdadeiros monstros. Os sentimentos fundamentalmente são muito mais complexos que só uma questão de “sim” e “não”, minha querida.

Elizabeth exalou longamente, aliviada por ter despejado, sem revelar diretamente, uma parcela da tensão que carregava.

— Eu preciso ir, Lizzie. — a abraçou apertado. — Estarei de volto logo mais.

— Se cuide, pai.

Pelo resto da noite, Elizabeth se obrigou a ocupar o máximo que lhe outorgava de horas insones em atividades que não exigiam muito de sua concentração. Se privou de se corroer por um segredo que sequer lhe pertencia meramente por se importar em demasia pelo homem que povoava sua mente, um inquilino enigmático e retilíneo sobre sua natureza profana.

Marchou de um lado a outro para acalmar o nervosismo crescente, se condenando por não conseguir assegurar o controle de suas emoções que estava a flor da pele. Se pudesse, ao menos, por em pauta o que sentia por ele e dissecá-lo para dar uma lógica ao fato de ansiar revê-lo apesar dos pesares, ficaria satisfeita em parecer uma amante apreensiva — um papel que não lhe correspondia.

A mágoa altera as estações e as horas de repouso, fazendo da noite dia e do dia noite — entoou como uma brisa cálida e melíflua.

Elizabeth reconheceu tanto a citação quanto quem a recitava com tamanha eloquência. Não era uma acompanhante assídua das obras de Shakespeare em contrapartida do homem que se infiltrou em seu quarto para decorar as linhas da composição, porém, sabia o suficiente para dar um nome e supôs ser de Ricardo III.

Jack estava acomodado na poltrona acolchoada próximo a janela destrancada. O brilho incisivo e obstinado de seus olhos bicolores a tirou do transe de segundos antes de se dar conta, da autoconsciência, de estar vestida com uma camisola na frente dele, uma peça simples que a tornou mais e mais atenta ao entorno e como a decoração influiria na opinião dele sobre ela como pessoa tendo até mesmo uma coleção de bonequinhas de pano em um canto do cômodo que se recusava a renunciar.

Ruborizou.

— Pensei que... Não viria.

— Costumo cumprir minhas promessas, essa não seria diferente.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro