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Epílogo

A viagem de volta para o Reino parece durar uma eternidade. O sol alto no céu queima minhas costas. O trote suave do cavalo batendo as patas contra o chão de terra me acalma e ao mesmo tempo aumenta a ansiedade em meu coração. Faz uma semana que parti para o Reino de Fora e não vejo a hora de voltar para casa, para Kya. 

Atravesso os portões apressado, desmontando do cavalo em um salto. Rapidamente adentro o Castelo e sou recebido com o som de uma música animada e um burburinho acolhedor que em muito me lembra as inúmeras recepções que sempre eram organizadas por minha mae. Dou de cara com convidados, alguns conhecidos, outros que não reconheço, em conversas animadas e taças de vinho em suas mãos. Percorro os olhos pela multidão dispersa que recobre o chão de mármore em busca de Kya. Me pergunto o motivo para tal festa e busco em minha mente por alguma data que possa ter esquecido.

— Ela anda... estranha, ultimamente. É a terceira festa desde que você partiu.  — A voz de Zader me pega de surpresa. Quando ele chegou aqui? Ele não me olha, ao contrário, encara um ponto distante na multidão. Seu olhar perdido, o semblante confuso começa a me preocupar. Sentindo a ansiedade percorrer meu corpo sem explicação, volto meu olhar para a multidão até encontrar a massa de cabelos castanhos envolvida por uma risada inesperada. 

Kya conversa com um grupo de mulheres que sorri de volta para ela. Sua mão percorre seus fios, retorcendo-os de forma distraída. Em sua cabeça, a coroa prateada perfeitamente estável e presa a seus fios brilha, pesada. Nao evito o franzir de cenho.

— Ela passou por muita coisa — digo, seguindo o instinto natural de tentar defendê-la, mesmo sabendo que ela e a última pessoa que precisa de defesa. — Merece uma folga. Um descanso.

No momento que as palavras saem da minha boca, sei que algo esta errado. Ainda que seja verdade, ainda que seja plausível uma comemoração após  tudo o que aconteceu nas últimas semanas, não é do feitio de Kya desperdiçar tanto tempo assim. Ela estava ansiosa e animada para, finalmente, começar a governar seu Reino, ajudar seu povo. Essa sempre foi a sua única e maior prioridade. Há muito aprendi a não questionar as atitudes da Rainha; no fim do dia, há sempre uma explicação por trás de cada ato, de cada gesto, de cada decisão. Mas ainda assim...

Desisto de tentar encontrar uma explicação razoável quando avisto um homem, no fundo do salão, de pé recostado na parede, me encarando com um sorriso no rosto. Ministro. Nao me movo, estático, surpreso, sem conseguir entender a presença do homem. Ele começa a andar em minha direção, devagar, como se saboreasse cada passo. Ele para de frente para mim, a centímetros de distância. Nossas alturas são similares, mas, ainda assim, tenho a impressão que ele me olha de cima, tamanha a arrogância que emana de seu corpo.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto, em choque. Seu sorriso aumenta e tenho certeza que ele está absorvendo minha confusão. Por um segundo, um segundo somente, uma onda medo cruza seus olhos, sendo rapidamente suprimido.

— Nao tenho ideia — confessa, dando os ombros. — Kya mandou me soltar alguns dias atrás. Alguma coisa sobre trabalharmos juntos se eu souber o meu lugar.

Olha para Zader, que tem os braços cruzados, parado à minha esquerda. Ele ergue uma sobrancelha, como quem me desafia a questionar a acusação escondida em suas palavras. Há algo errado. 

Kya nota, pela primeira vez, a minha presença. Ela diz alguma para o grupo e se retira, andando em nossa direção. Cada passo seu é como uma promessa a ser cumprida. Ela não desgruda os olhos dos meus, e um sorriso sedutor corta seu rosto. Seus braços enlaçam meu pescoço no segundo em que me alcança.

— Senti sua falta — ela sussurra em meu ouvido, seus lábios roçando minha pele. — Eu preciso voltar para os convidados. — diz, uma expressão de lamento em seus olhos. — Te espero mais tarde.

Com o bater de seu vestido, tão rápido quanto chegou, ela se vai, me deixando confuso encarando seus passos enquanto ela se distancia de mim. O que acabou de acontecer? Volto mais uma vez meu olhar para Zader, silenciosamente implorando por uma explicação. A única que suge em minha mente é que Kya se transformou em uma pessoa irreconhecível no momento em que teve em suas mãos o poder que sempre almejou. O poder faz, de fato, coisas estanhas com as pessoas. Mas me recuso a aceitar essa explicação.

— Ela passou por muita coisa, é verdade — ele diz. — Mas ainda nao acabou. — Abro a boca para perguntar o que ele quer dizer, mas ele volta a falar antes que eu tenha oportunidade. — A Profecia ainda não está completa. Falta alguma coisa para finalizar a jornada que foi incumbida a ela. 

Minha expressao em choque deve ter sido o suficiente para ele entender que não tenho ideia do que ele está falando.

- Fogo, terra, água e ar — ele explica, movendo as mãos no ar, impaciente, como quem fala com uma criança. — Está incompleto. Falta sua parte.

Pensamentos desconexos retumbam em minha mente por todo o dia. Quando a noite cai e o Castelo mergulha no silêncio vazio apos o fim da festa, a certeza instalada em mim é é uma verdade que não quero aceitar. Vou e volto, parando em frente a porta do quarto onde a Adaga está guardada, até, enfim, tomar coragem de abri-la. Em cima de um púlpito, isolado sozinho no meio do cômodo, a lâmina brilha. 

Me aproximo, relutante, em negação. Encaro a arma, esperando que ela crie vida e me dê respostas, que fale, grite, explique. E é quando eu noto. Fui eu quem guardou a Adaga. E não foi na posição em que ela está. Alguém, em algum momento em que estive fora, entrou nesse quarto, apesar de a porta estar trancada. Lembro, então, do semblante de desamparo de Kya ao lembrar da irmã, da dor em sua alma por ter feito o que fez. Faz sentido que ela tenha vindo até aqui, como um último artificio, uma última esperança de estar perto de Layla. 

É uma explicação aceitável.

Certo?

Ouço passos se aproximando e viro-me em direção à porta e vejo Willahelm, surpreso em me ver.

— Alteza — ele me saúda, hesitante.

Seu olhar se prende em mim, mas desliza por um segundo em direção à Adaga atrás de mim. Quando ele volta a olhar em minha direção, um misto de alivio e preocupacao estampam seu semblante. Mas não há dor. Dias atrás, o homem andava pelos corredores, como um corpo sem alma tomado pelo sofrimento, pela perda. E agora, nada.

— O que aconteceu? — pergunto.

Bato na porta do quarto de Kya quando a madrugada se instaura. Poucos segundos se passam até que ela apareça, envolta em um roupão de linho, os olhos pesados de sono. Ela sorri.

— Achei que não viesse — diz, abrindo passagem e fechando a porta atras de si depois que entro.

Fogo, terra, agua e ar. Está incompleto.

— Está tudo bem, querido? — ela pergunta, a voz doce invadindo meus sentidos enquanto toca meu peito.

Sou invadido por flashes de memória. Vejo, vividamente, Kya se afogando no rio. Vejo as Ruínas caindo sobre nossas cabeças e Kya sumindo por dias. Vejo sua determinação cega em colocar o Sul debaixo de fogo. Seus discursos inflamados, sua alma incendiária.

Falta sua parte.

— Voce parece tenso. — Ela se inclina em minha direção , acariciando meu rosto.

Está incompleto.

Ar.

— Preciso falar com você — digo, tentando disfarçar a rouquidão em minha voz causada pelo medo e confusão. Ela me olha, esperando. — Queria agradecer por ser tão compreensiva sobre o que aconteceu com o Colar. Foi um acidente, afinal, mas sei como você era apegada àquela joia.

Seu cenho franze por um segundo e espero, e torço, e rezo para os Deuses, para que ela me olhe nos olhos e pergunte se eu estou louco. Ao invés disso, porém, ela abranda sua expressão e sorri.

— Nao seja bobo — diz. — É claro que está tudo bem. Jamais ficaria chateada com voce por causa de um colar bobo.

"Não podia deixar ela ir embora", Willahelm disse, em meio as lágrimas, encarando a Adaga pousada sobre a estrutura de mármore . "Preciso dela aqui".

Encaro seus olhos, cheios e verdes como esmeraldas. E vazios. Sem o fogo que sempre queimou em sua alma. Sem a paixão que exala de seus poros. Sem a determinação que envolve cada uma das suas palavras. Revolta por uma sensualidade vazia que não lhe cabe. Nunca fez parte de si.

Nao reconheço a mulher na minha frente.

"Uma pessoa não sobreviveria à lâmina, mas talvez um corpo que abrigue uma alma imortal, talvez?"

Rezo aos Deuses para que ela estivesse certa em sua suposição quando alcanço a Adaga presa em minha calça. Seus olhos se arregalam e posso sentir o medo quando prendo sua cintura com meu braço. Hesito por um segundo, com medo. Quando ela tenta me beijar na tentativa de me distrair, percebo que não tenho escolha. 

— Ela jamais se comportaria dessa forma — sussurro em seu ouvido. — Uma imitação barata como essa jamais sucederia.

Uma reclamação ameaça sair de sua boca quando sinto a lâmina adentrar sua pele.

Lágrimas escorrem como cachoeiras por meu rosto, um nó esgana minha garganta. Sinto seu corpo amolecer em meus braços enquanto começo a implorar aos Deuses, sem sequer saber ao certo o que estou pedindo. Removo, com mãos tremulas, a Adaga de seu peito, e um soluço doído escapa da minha garganta quando ela não se move.

Reclino sobre seu corpo, em preces desesperadas, apertando-a contra mim.

Um sopro de ar invade seus pulmões quando ela aperta minha mão e abre seus olhos confusos. Ela abre a boca mas impeço que qualquer palavra escape por sua garganta quando a prendo em um abraço apertado.

— Quando Zader falou que precisaria de você, não imaginei que fosse para isso — ela sussurra contra meu pescoço, em um misto de agradecimento e provocação. Rio, um riso profundo e histérico contra sua cabeça. —, Eu vou matar Willahelm — ela rosna, em um grunhido.

Aceno em concordância, embora não possa culpá-lo por tentar ficar perto da mulher que ama. Não acho que conheceria limites, não pouparia esforços para manter Kya perto de mim. Quando ele confessou que, em um surto desesperado, tentou devolver a alma presa naquela Adaga e, contra suas expectativas racionais, teve sucesso, uma onda de raiva me invadiu. Mas, ao mesmo tempo, eu entendi.

Não posso garantir que faria diferente. Que não moveria montanhas e faria o impossivel e o impensavel para ter Kya aqui.

Um mundo em que ela não exista é inconcebivel.

E não estou disposto a viver nesse mundo. 

— Pronta pra governar o mundo?

Meu coração não se alivia, contudo, ao olhar para os meus braços e ver o fogo queimando nos olhos da mulher que me encara, transbordando emoção em palavras que não precisam ser ditas.

Seu sorriso ferino é a única resposta necessária. Os Reinos estão em boas mãos.

Ou assim espero.

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