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Capítulo 30

- Não é que você seja uma força que precisa ser destruída, não nos leve a mal. – Arath começou a se explicar. – A verdade é que a sua existência, por si só, põe toda estrutura da Criação em risco.

Eu tinha vinte e sete anos quando montei no meu cavalo pela primeira vez em direção a uma jornada que tinha prometido a mim mesma fazer. Foi há tanto tempo, mas parece que foi ontem que parti, sozinha, rumo ao Reino do Sul. Layla deveria fazer isso, era dela a função de coordenar os Mestres e ter certeza de que nosso trabalho está sendo feito corretamente, mas ela não quis me acompanhar. Minha função era me preparar para assumir o Trono, saber tudo que pudesse ser sabido sobre o Norte, conhecer meu povo pelo nome. A Layla, cabia o papel de manter boas relações com os Reinos vizinhos, e isso ela fazia com maestria. E faz, até hoje. Nunca conheci ninguém mais paciente e doce que minha irmã. Espero que ela não esteja sendo consumida pela maldade contida no coração do Ministro. 

Quando cheguei ao Sul, fui recepcionada no castelo como convidada de honra. Com toda a pompa esperada, e mais. Os regentes não pouparam esforços, ou riquezas, para fazer uma festa digna das mais extravagantes celebrações. E tudo que eu queria era uma taça de vinho e uma noite de sono. De preferência em uma taberna reclusa nos cantos mais isolados, onde as pessoas de verdade viviam.

Grande foi meu choque quando cheguei à entrada das Minas e vi em que condições viviam aqueles trabalhadores. Miguel era o nome do garoto que estava escondido atrás de uma montanha de pedra, olhando de soslaio a movimentação inusitada. Foi batizado em homenagem a um anjo conhecido da história do Mundo Antigo, ele me disse. Não devia ter mais do que onze anos.

Magro demais, sujo demais, cansado demais. Suas mãos estavam cobertas por calos onde deveria ter nada além de brinquedos e cadernos.

Quando perguntei onde estavam os Mestres, ele me disse que só tinham autorização para aparecer uma vez por semana, que o resto do tempo todos deviam trabalhar se quisessem ter o que comer no fim do dia.

- Então porque simplesmente não me matam? – pergunto, fixando meus olhos em Zader. Ele é o Deus que controla todas as almas, afinal. Não seria um trabalho tão grande se livrar da minha. O que, então, estou fazendo aqui.

O Ministro tem razão. Sempre teve. Eu quero guerra. Quero o Sul destruído em pedaços tão pequenos que jamais será capaz de se reerguer.

Mas não porque sou uma irresponsável egoísta.

Por justiça. Por Miguel.

E jamais irei me desculpar por isso.

- Não posso matar uma alma imortal, Kya. A Adaga funciona como uma espécie de urna. É um dos objetos primordiais da criação do mundo. Não causa nenhum dano ao corpo físico que atinge, mas remove a alma que nele habita e a prende dentro de seu receptáculo. Aqui. – Zader aponta para uma pedra grande, arredondada, que brilha violeta no cabo da arma. – Assim como o Colar e a Coroa, só funciona em almas imortais. Se usada em uma pessoa comum, aí sim, é uma arma letal.

- Colar? – interrompo sua explicação, instintivamente levando a mão ao meu pescoço vazio.

Arath acena com a cabeça, em concordância.

- É a Trindade de Poder. A representação física do governo supremo. A Coroa sobre a cabeça confere ao seu portador o reconhecimento de poder absoluto de decisão. A Adaga, o poder sobre a imortalidade. O Colar é a representação máxima de conhecimento. O pingente de espelho reflete a realidade de seu portador. Quando usados em conjunto, conferem ao seu usuário as habilidades necessárias para comandar um império.

O brilho em seus olhos reflete o saudosismo de um tempo onde tudo o que ele descreve era real. Arath não está mais falando comigo, ele fala consigo mesmo. Penso no cordão que ganhei de presente do Rei.

- O que, exatamente, esse Colar faz? – pergunto. – Se não for usado em conjunto com as outras coisas.

Zader franze o cenho ao me olhar.

- Não existe motivo para isso acontecer, mas... – Ele pausa por um momento, considerando minha pergunta. – Acredito que se uma pessoa usa o Colar e outra usa a Coroa, o primeiro vai desempenhar sua função de servir como espelho de seus passos.

Levo um momento para processar a informação que me foi dada. Isso significa que, quem quer que tivesse acesso à Coroa, podia vigiar meus passos?

Foi por isso que Tobiah arrancou o cordão de mim? Parece improvável. Droga, homem. Qual a dificuldade em conversar comigo? Me pergunto se ele está bem. Se todos eles estão bem.

- Você não me respondeu. – Viro minha atenção para Zader. – Por que não me mata, armazena minha alma na sua caixinha, ou o que for?

Ele me olha, a cabeça inclinada para o lado, os olhos repletos de um brilho curioso, como se me analisasse.

- Não vou matar minha mais brilhante criação. Além do mais, todos nós queremos você governando esse Reino. Foi para isso que você foi criada. Sua existência faz a vida de todo mundo um pouco mais complicada? Sim. Mas até aí nenhuma novidade – ele completa, zombeteiro.

Reviro os olhos para a sua tentativa de diminuir a tensão do ambiente. Não é hora para isso. Não tenho tempo para isso. Preciso entender, de uma vez por todas, o que precisa ser feito.

Arath suspira.

- O que ele quer dizer é que ele representa as trevas das quais estamos tentando fugir. Se ele for capaz de colocar as mãos nessa Adaga e subir ao Trono, o mundo como você conhece hoje estará acabado. – Arath levanta, limpando resquícios de grama grudada em sua roupa. – Além do mais, ele jamais te faria qualquer mal, nem que fosse para salvar a humanidade inteira – disse, apontando para Zader, enquanto virava as costas para se retirar. – Maldito sentimentalista. Não demorem vocês dois. Temos o fim do mundo para impedir.

Escolho ignorar. Estou começando a ficar sem paciência para todas essas explicações evasivas e filosóficas. Preciso de respostas práticas.

- Como funciona essa Adaga?

Caminhando de volta pelo caminho onde viemos, giro a ponta afiada da Adaga em minhas mãos. A noite está abafada, a brisa suave do pôr-do-sol foi substituída pelo ar parado sufocante. Ouço o burburinho típico de uma pequena cidade, o cheiro de comida fresca escapando pelas fretas das casas.

Inifinitas perguntas ainda assolam minha mente quando entramos no castelo. Não estou certa do que fazer; todas as explicações foram tão vagas quanto a Profecia em si. Parece que estão apenas depositando em mim as esperanças de fazer a coisa certa. O problema é que não tenho ideia do que certo significa. E quem, pelos Deuses, é ele?

- Como ele está? – A pergunta escapa por meus lábios antes que eu tenha a chance de impedi-la. Seu bem estar não deveria ser minha prioridade e tento me convencer de que a preocupação existe unicamente porque meu futuro está entrelaçado ao de Tobiah e preciso que ele esteja bem, e vivo, para que nossos Reinos se unam.

Essa explicação soa exageradamente egoísta e irreal até mesmo para mim. Zader sorri em minha direção, um sorriso genuíno que me desarma por um segundo. Envolve seu braço no meu em um toque carinhoso e acolhedor.

Sinto o impulso de me desculpar por me preocupar com outra pessoa tanto assim, por mais irreal que isso seja. Não entendo essa ligação com ele, ou o que é o magnetismo pela sua presença, sequer sei como reagir ao que potencialmente ele possa sentir por mim. Minha vontade é simplesmente virar as costas e sair andando, não tenho tempo para esse drama. Nunca quis isso, fugi minha vida inteira de qualquer coisa que desviasse meu foco.

Não consigo evitar um grunhido.

Nada disso foi o que eu teria escolhido.

Por que os Deuses me odeiam tanto?

Antes que tenha a chance de dizer qualquer coisa, contudo, ele me conduz pelos corredores familiares, recobertos em adornos prateados.

- Não há qualquer regra na natureza que obrigue você a amar apenas uma pessoa por vez, Kya. Não há qualquer regra que defina que, para justificar esse amor, você deva estar em um relacionamento romântico com a pessoa amada. – Ele pausa, seu olhar não mais sobre mim, mas contemplando algo que parece estar além do alcance de seus olhos. – Não os criamos assim, sabe? Não consigo entender porque foi esse o caminho para o qual humanos evoluíram.

Escuto suas palavras em silêncio, absorvendo seu significado. O sentimento conflitante em meu peito arde, queima, confunde minha mente e meu coração. Há menos de um dia, sequer sabia da existência de Zader, mas agora não consigo imaginar a eternidade sem tê-lo ao meu lado. Mas ao mesmo tempo...

- O amor que você sente por Tobiah não é igual ao amor que você sente por mim. – Ele interrompe meus pensamentos, como se pudesse ouvi-los. Me pergunto se falei em voz alta. - Essa sensação de que sua alma me pertence, bom, realmente me pertence. – Ele ri e aguarda alguns segundos para que eu entenda o significado de suas palavras.

- Porque você é o Deus da Vida – murmuro, sem conseguir conter o traço de irritação em minha voz.

- E da Morte – ele completa, como se se esforçasse para que eu entenda a magnitude de sua existência. – Mas o amor que você sente não tem relação com isso. A alma de todos me pertence e ninguém mais me ama. Ouso dizer que a maioria me odeia – ele diz, um sorriso debochado despontando de seus lados e uma risada cansada escapa por minha garganta. – Seu amor, nosso amor, é tão antigo quanto a criação do mundo. Quase como se não houvesse escolha além de amar.

- Como almas gêmeas. – concluo a estranha linha de raciocínio, e ele balança a cabeça negativamente.

- Não existem almas gêmeas, Kya. Imagine, em um mundo tão grande, se você estivesse destinado a amar apenas uma pessoa, e ninguém mais. O que acontece caso você nunca conheça essa pessoa, caso nunca se cruzem, nunca se esbarrem acidentalmente? Sua alma estará condenada a viver sozinha por toda a eternidade? – ele pergunta

- Cada alma é ligada a várias outras. – concluo o pensamento, e ele acena positivamente, um sorriso estampado em seus lábios. – Então Tobiah...

- Tobiah escolheu você para amar, e você também o escolheu. Sim, escolheu sim, Kya – ele insiste quando eu balanço a cabeça em discordância. – E o fato de você estar tão relutante em aceitar isso é a prova maior de seu sentimento por ele. Você nunca acreditou em contos de fadas, em nenhuma de suas vidas. Sempre foi um espírito livre, dona da própria felicidade. É a primeira vez que a vejo tão ligada a um humano, com tanto medo do que fazer. Não deixe que esse medo te paralise, Kya.

Não me paralisa. Não digo isso em voz alta, mas não é medo. É... preguiça. Nunca estive disposta a ter que lidar com outras pessoas e me recuso a aceitar que isso esteja mudando agora, logo agora, com tanta coisa acontecendo.

- Há muito mais em jogo do que simplesmente um possível relacionamento. Seu destino, nosso destino, o destino do seu Reino que você tanto preza, tudo isso depende da forma como você escolhe lidar com seus sentimentos, e quem você escolhe para ficar ao seu lado. – Ele pausa por um momento e me vira em sua direção, segurando meus ombros. – Tobiah é muito mais importante no resultado final do que você imagina. Para bem ou para mal, a participação dele vai depender de você tomar a decisão certa sobre tê-lo na sua vida ou não.

Solto um suspiro de frustração.

Como se eu já não tivesse o suficiente com o que me preocupar.

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