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Capítulo 28

- Neka – Ouço Arath chamar, em um tom de advertência. Ouço um burburinho atrás de mim, uma movimentação nervosa que reflete muito bem como eu mesma me sinto.

Eles se olham, Arath e Neka, como se estivessem travando uma batalha silenciosa. O silêncio se estende por tempo demais e fico agitada. O homem calado que me olha com desconfiança faz com que um arrepio percorra minha espinha.

O que ela quer dizer com descartados? Enviados de volta para seus Reinos? Vão continuar vivendo suas vidas como se nada disso tivesse acontecido e me deixar, livre e sozinha para, finalmente, encerrar esse assunto de uma vez por todas? Ou ela quer dizer mortos? Por mais que não queria acreditar, a segunda opção soa mais plausível.

Olho ao redor procurando por Zader. Não me permito gastar mais do que alguns segundos me indagando sobre o que significa esse gesto involuntário. Ele, que estava há apenas um minuto ao meu lado, agora se encontra de pé, as mãos atrás das costas, no alto do monte que a Neka apontara. Ele me encara, em silêncio e, mesmo à distância, tenho a impressão de poder ver seus olhos queimarem em minha direção. Mas não sei o que isso significa.

Fogo é o mais poderoso dos elementos, cria e destrói, queima e protege. O fogo nos olhos de Zader me toca como chama revolta, fogueira arisca em um dia frio de inverno. Convidativo. Acolhedor. Tenho a sensação de que pode facilmente se transformar em um incêndio descontrolado. Não consigo entender o que é essa ligação, essa linha invisível que me puxa a ele, e odeio que meus pensamentos sejam atormentados por isso aqui, agora, quando meu futuro e o futuro de tudo que por toda minha vida lutei está em risco. Quando estou em meio a fogo cruzado, forçada a escolher um lado, forçada a dedicar minha lealdade sem saber as consequências das minhas escolhas.

Essa Profecia foi sobre isso desde o começo: a fé cega de que meu destino está traçado e de que eu faria tudo o que fosse preciso para recuperar meu Reino. Não somente pelo poder de tê-lo sob meu comando, mas porque verdadeiramente acredito que essa é a melhor maneira, a única maneira, de fazer com que o Norte prospere e que meu povo esteja seguro. Foi com isso em mente que propus esse casamento político para o Príncipe Herdeiro do Reino de Fora.

Tobiah.

Não consigo evitar uma careta de frustração quando me dou conta, com um suspiro derrotado, que Tobiah fugiu do meu controle sem que eu ao menos percebesse. Se Zader tem sobre mim uma influência quase sobrenatural, sem que razão possa explicar esse sentimento, como fogo incerto, Tobiah cresceu como chama branda, sólida e estável. Confiável. Ao menos até o incidente no rio, coisa que ainda sou incapaz de entender.
Minha vontade real é de gritar aos Quatro Reinos, acusar sua traição, questionar seus sentimentos e escolhas e decretá-lo culpado pelo crime cometido. Mas a verdade é que não consigo, não consigo questionar sua lealdade.

Quando crianças, Layla e eu costumávamos passar horas escondidas por entre as estantes de madeira envelhecida da biblioteca. Minha irmã debruçava-se por horas em romances antigos, que contavam infinitas histórias de amor entre casais apaixonados. Nunca conseguir nutrir interesse profundo por essas histórias, sempre me pareceram uma fabricação fantasiosa de relacionamento infalíveis, todas com o final comum, iludindo minha inocente irmã com seus discursos de felicidade eterna e irreal. Fator comum a todos era, espantosamente, o fato de o casal sempre, se uma forma ou de outra, encontrar-se em um momento onde a inabalável confiança entre os dois simplesmente era quebrada e, ao sinal do menor indício de contravenção, todo o relacionamento era descartado. Não consigo entender esse conceito de amor, onde não existe lealdade.

Por isso, por mais que me recuse a admitir, por mais que prefira apodrecer ao chão nesta grama macia em terras desconhecidas que não me pertencem, sou incapaz de questionar a lealdade de Tobiah. Sou incapaz de cegamente seguir as demandas dessa Deusa que parece querer se apossar de minhas decisões e definir o meu destino.

Meu destino.

Não importa o quão cegamente segui essa Profecia até aqui, ainda é meu destino. E meu destino continua sendo o trono. E a verdade é que, de uma maneira ou de outra, estou disposta a qualquer coisa pelo meu trono.

Percebo que encarei o horizonte vazio por tempo demais quando sinto meus olhos lacrimejarem pela luz incidente sobre eles. Arath me olha, apreensivo. Receoso. Como se estivesse lidando com um animal arredio e fora de controle, sem saber a que momento pode ser atacado. Não preciso olhar para Neka para saber que sua familiar expressão de tédio contorna suas feições rígidas em uma atitude que é estranhamente familiar a mim. Ouço passos inquietos, inconstantes, pés pesados batendo de forma abafada contra as folhas esverdeadas que recobrem o chão. O pânico crescente de Laurunda é quase audível, denso, sufocante. Seus olhos imploram em silêncio por uma misericórdia que ela não acredita existir.

E ela está certa.

Não há espaço para misericórdia.

Permito, finalmente, que meu olhar se estenda a Tobiah, dizendo em silêncio a verdade que ele sempre soube. Nunca houve espaço para romance em minha vida, nunca houve espaço para nada que se mostrasse como obstáculo entre meu destino e eu. Meu coração pertence ao meu povo, ao meu Reino, à minha coroa. Ela acena com a cabeça, em silêncio, um sorriso travesso crescendo no canto de seu rosto. Seus olhos brilham em admiração e confiança e, nesse momento, se esvaem todas das dúvidas, todos os questionamentos sobre onde sua lealdade está firmada. Nem por um segundo sua postura perde a altivez, nem por um momento sequer ele duvida da minha escolha. Sua confiança é cega a mim, ilimitada, irredutível. É olhando em seus olhos que vocalizo minha decisão final.

- Faça o que quiser com eles.

A visão do sol tocando o mar por detrás das elevações de terra que parecem se estender por além de territórios conhecidos é um espetáculo particular a ser apreciado em silêncio, por longas horas enquanto a escuridão começa a tocar, pouco a pouco, o solo até então iluminado pela luz esbranquiçada emanada pela grande bola de fogo que recobre os céus. O brilho prateado lentamente começa a recobrir as planícies, refletindo nas águas pacatas o tremeluzir da luz etérea.

O silêncio, companheiro querido, é, contudo, quebrado quando a figura masculina que caminha ao meu lado para, prostrando-se a minha frente, bloqueando minha visão e meu caminho. Um misto de surpresa e confusão estampa seu rosto, seus olhos violetas me encaram de cima, silenciosamente demandando uma explicação. Ele abre os braços em direção aos céus quando meu silêncio permanece.

Sua boca abre e fecha, repetidamente, como um peixe retirado de águas salobras que tenta respirar o ar sufocante da superfície. Suspiro.

- No instante em que percebeu o destino que a esperava, Laurunda começou a falar de forma descontrolada – narro. – Disse que Hadaward tentaria tomar o Norte, que ela ouviu uma conversa entre ele e o Rei do Sul, semanas antes da morte de meu pai. Me pergunto se foi ele o responsável pela morte do Rei. – Pauso por um segundo e, com um pigarro desajeitado, forço as lágrimas rebeldes para longe de meus olhos. – Não consigo imaginar o que ela passou para se ver obrigada a construir essa armadura em volta de si, esse desprezo por tudo que representa a Realeza. Eu admiro o instinto de sobrevivência dela, realmente admiro. Mas no momento em que percebeu que estaria em perigo, não pensou duas vezes antes de entregar todos os segredos de seu Reino. Como posso esperar lealdade de alguém assim?

Zader me encara em silêncio, um vinco profundo entre suas sobrancelhas. Ele suspira, um suspiro profundo que não me permite saber o que se passa em sua mente. Seus olhos cintilam em dúvida e incerteza, o violeta assumindo um tom profundo de confusão. E expectativa. Ele espera algo de mim, mas não tenho certeza do que é. Antes que ele tenha a oportunidade de dizer alguma coisa, desvio da barreira física que seu corpo se tornou e continuo a caminhar na direção que ele indicou.

Não vejo nada de especial a minha frente, apenas campos abertos e montanhas recobertas em relva suave. O que estamos procurando?

- Cathal... – Balanço a cabeça e fecho meus olhos por um segundo, uma risada cansada escapa pela minha garganta. Sinto a presença silenciosa dele ao meu lado, mas isso pouco importa. Não estou falando com Zader, não estou falando com ninguém. – Espero que um dia eu consiga uma explicação do porquê ele estar aqui. A primeira coisa que me cruzou a mente foi que Layla o enviara para me proteger. Era a única explicação plausível para que seu noivo arriscasse a vida dessa forma com essa Profecia que diz respeito apenas a mim.

- Você sabia que era ele o noivo de Layla. – Não é uma pergunta. Há um misto de surpresa e admiração em sua voz.

Reviro os olhos.

Duzentos e cinco anos, e ainda me subestimam.

Foi exatamente esse o erro de Cathal. Minha desconfiança sobre ele talvez não fosse tão profunda caso ele tivesse revelado sua verdadeira ligação comigo, mas não o fez. Existe, certamente, a possibilidade de ele apenas querer preservar essa informação por algum motivo pessoal que desconheço. Esperava que ele sucumbisse, como fez Laurunda, e usasse de qualquer informação possível para ao menos postergar sua existência. Afinal, que monstro eu seria se não ao menos tentasse poupar a vida de meu futuro cunhado? Mas ele não disse uma palavra.

Uma luz alaranjada brilha ao longe, como um ponto luminoso perdido no horizonte. Parece distante, mas ao mesmo tempo perto o suficiente para ser tocada com a palma de minhas mãos. E é então que acontece.

O formigamento, a corrente elétrica que senti percorrer meu corpo nos primeiros dias depois de cruzar a fronteira, que foi amenizado depois de quase ter me afogado nas águas do rio. Me atinge por inteiro, consumido meu corpo, queimando minha pele. Um gemido abafado de dor me cala quando acerto o chão macio com meus joelhos cansados.

- Estamos quase lá. – Zader sussurra ao meu ouvido, enquanto tenta me por de pé.

Apoiada em seu ombro, caminho alguns metros com dificuldade, mas percebo que, pouco a pouco, meu corpo começa a se acostumar com a sensação esmagadora. A dor não passa, apenas torna-se um incômodo pulsar, uma coceira persistente. A luz torna-se maior e assume um formato retangular, como uma pilastra de tijolos maciços que brilha no escuro. Sinto uma força magnética ao redor da pilastra, me puxando para perto de si, exigindo minha presença. Já consigo andar, com dificuldade, mas capaz de me por de pé sozinha, e libero o apoio de Zader.

Quando estamos a apenas alguns passos da construção, e posso vê-la em toda sua completude, os detalhes encravados nas rochas tingidas que emanam luz própria, uma cavidade arredondada em seu centro, como uma porta que guarda um segredo, Zader põe-se, mais uma vez, em meu caminho.

Isso já está começando a ficar cansativo.

- Tobiah – ele silaba. Uma única palavra, um único nome. Não preciso de nenhuma informação adicional para ter certeza do que ele me pergunta. Empino o queixo em sua direção e o encaro com uma feição rígida.

- Ele me traiu – digo, rispidamente. A explicação simples que justifica qualquer reação que eu possa ter. Zader sorri. Um sorriso debochado, um sorriso petulante. Ele balança a cabeça negativamente.

- Você sabe que isso não é verdade. Não minta para mim. – Ele cruza os braços na frente do peito e me olha, como quem encara uma criança travessa que foi pega contando uma mentira. Reviro os olhos. Posso não entender a motivação que levou Tobiah a fazer o que fez, mas tenho certeza que existe uma. Não consigo acusá-lo cegamente de traição.

- Você é o Deus da Morte – digo, dando os ombros, e seus olhos arregalam em compreensão. Ele entende, então, que não depositei o futuro de Tobiah a um caminho incerto. Não confiei sua existência a Arath ou Neka. Confiei a ele. E Zader jamais faria qualquer coisa para me ferir. Não tenho certeza como sei disso, e talvez sofra as consequências dessa confiança cega. Mas foram muitos os versos da Profecia que falavam sobre escolhas e confiança e essa é minha cartada final. Nenhum mal será feito a Tobiah, tenho certeza, porque tenho certeza que Zader não vai permitir, e ele é o único dos três Deuses que tem poder para decidir isso.

Ele me encara aliviado, como se precisasse dessa explicação para ser capaz de me encarar nos olhos. Como se, só agora, reconhecesse a pessoa que está na sua frente.

- Você mudou – ele diz, inclinando a cabeça para o lado. – Não é a mesma garotinha que criamos.

Não tenho certeza a que tempo ele se refere, ou a que criação. Mas ele tem razão.

Eu mudei, certamente desde que fui arrancada de meu Reino, de minha zona de conforto, da minha vida centrada. E agradeço por isso.

Dou um passo em direção à pilastra e ele me para mais uma vez.

- E a informação que Laurunda te deu sobre o Príncipe Hadaward?
Suspiro e não consigo evitar sorrir.

- O Sul está sob controle.

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