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8

— Trouxe salada de frutas! — anuncio com uma empolgação que não me pertence quando Nicole abre a porta do seu quarto.

Passa um pouco das oito da manhã e estou perfeitamente vestida com um biquini, descaradamente desfilando pelos corredores da pousada. Nic solta uma risada baixinha quando me vê e entra no quarto de novo, pegando sua enorme bolsa antes de vir comigo. Pega o potinho com frutas da minha mão e seguimos em direção à escada, chegando logo na piscina.

— Dormiu bem? — ela pergunta depois que se acomoda ao meu lado na espreguiçadeira.

— Como um anjinho — minto, recostando a cabeça e suspirando.

Dica para não se deixar afundar em problemas que você não pode resolver e não se perder em sentimentos que você não pode matar: finja que eles não existem. Minha vontade era mesmo me deitar no quarto, colocar uma música bem fossa, encher a bunda de sorvete e chorar até não poder mais. Vai adiantar alguma coisa? Não. Então vou poupar meu lindo rostinho de ficar com os olhos inchados.

A verdade é que, infelizmente, príncipes não existem. Contos de fadas não são reais. Essa história de amor eterno e homem perfeito é só coisa de livro mesmo. Na vida real, a gente tem que fazer funcionar. E já que meu destino é casar com um cara que mal conheço e de quem não gosto muito, pelo menos que seja rico. Vou sofrer em Paris. Paciência.

Depois da última noite, pelo menos tenho uma memória recente. Queria, sim, uma última vez com Miguel, uma lembrança de como somos bons juntos; talvez como uma forma de masoquismo por saber que não vou mais ter o que me faz tão bem, mas principalmente como uma forma de rebeldia particular. Papai pode decidir com quem vou passar o resto da minha vida, mas não pode decidir que eu amo, quem eu desejo.

— E essa carinha preocupada? O que houve? — pergunto para minha irmã.

Nic se senta com as costas esticadas, a pontinha do lábio preso entre os dentes.

— Bernardo chega hoje — diz. Olho-a de soslaio, sorrindo para o seu nervosismo. — Na hora do almoço.

— Finalmente vou conhecer meu cunhadinho — digo, batendo palmas, animada. O desespero nos olhos dela só aumenta e eu me apoio nos cotovelos, encarando-a com atenção. — Com o que você está tão preocupada, mulher?

— Não sei! — reclama. — Eu realmente gosto dele, Lola. Muito, com todo meu coração. Não quero estragar tudo.

— Você não vai. — Tento acalmá-la. — Se esse cara realmente te ama, vocês vão fazer funcionar, prometo.

— Eu sempre achei que você e Miguel fossem fazer funcionar também, e...

Desvio o olhar e encaro meus dedos, cutucando as cutículas inexistentes.

— Ai, meu Deus, Lola! Desculpa, eu não quis...

Movo a mão, dispensando o comentário. Forço um sorriso aberto e estendo a mão, alcançando o queixo dela.

— Você está feliz? — pergunto, segurando seu rosto para que olhe na minha direção.

Ela aperta os olhos e me olha, curiosa.

— Não lembro de te ver falando séria assim há muito tempo — brinca, mas não rio em resposta. Só mantenho meus olhos presos nos dela, esperando pela resposta. — Estou, Lola. Eu tenho um namorado maravilhoso, um trabalho que amo e uma irmã que é minha melhor amiga. Claro que estou feliz.

Aceno com a cabeça e solto seu queixo, voltando à postura que se tornou natural depois de tantos anos fingindo-a: um sorriso debochado nos lábios.

— Ótimo — digo, erguendo a mão quando vejo um garçom passando por perto. — Você pode me trazer um drink, por favor? — peço.

— Você sabe que não são nem nove da manhã, né? — Nic pergunta.

— São dez da noite na Austrália — respondo, dispensando-a. Volto a atenção para o homem que espera pela minha ordem. Hesito por um instante, mas me pego abrindo um sorriso dolorido. — Long Island, por favor.

Quando ele se afasta, demoro alguns segundos para notar minha irmã olhando-me embasbacada.

— Você não toma um Long Island desde que...

Eu sei.

Quero mentir para mim mesma e dizer que não estou caindo aos frangalhos, mas não posso. Estou sentindo o controle se esvair dos meus dedos, todo o esforço que fiz todos esses anos para viver fingindo que sou uma pessoa que não sou sendo jogado no lixo, porque simplesmente não consigo mais manter esse teatro ridículo. Culpo Miguel por isso. Tudo culpa dele.

Para evitar ter que me explicar, levanto-me e assopro um beijinho para ela.

— Quer alguma coisa do bufê? — pergunto, encaminhando-me para a área onde o café da manhã está sendo servido. Nic nega e logo se joga na piscina; eu sigo para beliscar mais algum pedaço de fruta.

Pelo menos é o meu plano, mas me vejo parando em frente à mesa lotada de pães doces e bolos. Meu olhar vai especificamente para um pão de mel, minha sobremesa favorita que não como há... anos.

— Está uma delícia.

Dou um pulinho no lugar, arqueando as costas ao sentir a voz de Miguel perto demais do meu ouvido. Olho por sobre o ombro para encontrá-lo parado ao meu lado, dentro de um uniforme que não devia fazer com que o filho da mãe ficasse gostoso, mas faz. A camisa social branca esconde todas as suas tatuagens, mas elas estão ali, o que faz ser só mais tentador.

Jogo o queixo para cima e apoio a mão na cintura.

— Eu sei — respondo. — Eu sempre estou uma delícia.

Miguel solta uma risada baixa e balança a cabeça. Estende a mão, alcança um pegador e coloca um pão de mel em um prato, entregando-me o doce. Pisco algumas vezes, sem realmente ficar surpresa por ele saber exatamente o que eu quero.

— Quase tão bom quanto o seu — diz, a cabeça levemente tombada para o lado. — Lembra da primeira vez que você me fez um desses?

Aceno com a cabeça, enfio um dedo no recheio e o levo à boca, soltando um gemido baixinho de satisfação.

— Foi no dia que a gente se conheceu — comento, cutucando novamente a doce de leite.

— Você estava coberta de açúcar quando entrei na cozinha da sua casa — relembra. — Achei que fosse a filha da cozinheira ajudando com o jantar...

— E aí você veio me ajudar a limpar tudo, e depois comemos o pão de mel no jardim, naquela noite.

Eu tinha quase dezesseis anos na época, Miguel tinha acabado de fazer dezoito. Era um rapaz um tanto tímido, inteligente como o inferno e tão desafiador quanto jamais tinha conhecido alguém antes. Nada disso mudou. Ele adquiriu uma confiança que o deixou sexy demais e um humor perfeitamente compatível com o meu. Moldamo-nos um ao outro e fomos perfeitos juntos por muito tempo.

— Você fingiu ser filha da cozinheira por uma semana inteira — ele comenta, apertando os olhos.

— Você nunca teria me beijado se eu soubesse que eu era filha do patrão do seu pai — justifico, dando de ombros.

— Não mesmo. Mas quando descobri, já estava louco por você e era tarde demais.

A discussão da noite anterior fica esquecida. A acidez dos últimos dias já não importa mais. Os últimos quatro anos separados parecem não ter passado, porque a sensação familiar de estar perto dele é tudo que sinto. Não há coração descompassado, não há mãos trêmulas, não há desespero para tê-lo. Há paz.

Paz foi tudo que sempre senti nos seus braços. Lembro-me que na noite do meu aniversário de dezessete anos, na noite da nossa primeira vez juntos, Miguel me envolveu em seus braços e sussurrou em meu ouvido. "Li em algum lugar que quando a gente acha nossa alma gêmea, se sente em paz, como se estivesse em casa." Fez perfeito sentido para mim na época, e ainda faz.

Pego-me estendendo a mão e tocando seu antebraço com a ponta dos dedos, perigosamente perto demais, meus olhos pousados em sua boca.

— Ruivinha, a gente pode conversar? — pergunta, a voz baixa e cuidadosa, os olhos suplicantes.

— Não sei se é uma boa ideia, Miguel — respondo no mesmo tom.

Ele alcança minha mão, enlaça meus dedos.

— Por favor? — insiste. — Eu já te perdi uma vez por uma idiotice, simplesmente porque não conversei com você. Me dá uma chance de não fazer a mesma besteira de novo.

Abro a boca para responder, sem ter certeza se para aceitar ou negar essa insanidade, mas sinto uma mão em volta do meu braço antes. Uma mão grande e pesada, diga-se de passagem.

Puxo meus dedos e imediatamente me afasto o suficiente para ficar em uma distância respeitosa de Miguel. Seus olhos se apertam na minha direção e sei exatamente o motivo: minha carinha linda mudou instantaneamente quando virei o rosto na direção de Túlio, que acabou de chegar. Qualquer um que esteja prestando atenção consegue notar a mudança.

— Achei que você não fosse estar por aqui hoje — comento, abrindo um sorriso para ele. Não tenho intenção de que saia como uma acusação, mas sai e não volto atrás.

Túlio me olha de cima a baixo, a insatisfação bem visível nos seus olhos quando nota o tamanho ridiculamente pequeno do meu biquíni.

Quase não percebo quando me inclino um pouco na direção dele, pronta para piscar os olhos de um jeito sedutor e colocar um bico manhoso no rosto, chamando sua atenção para mim. Isso porque os olhos dele, depois de saírem de mim, vão direto para Miguel com um desdém que me irrita. Mas me irrita muito mesmo. Túlio mostrou no jantar de algumas noites atrás a predisposição que ele tem em humilhar funcionários e, honestamente, não repondo por mim se ele tentar qualquer merda dessas com Miguel.

— Acabei de passar pela sua irmã. Vamos almoçar com o namorado dela — ele diz, os olhos ainda em Miguel.

Reviro os olhos. Honestamente, às vezes não sei o que Nicole tem na cabeça. Que péssima ideia.

— Você já pode ir — Túlio diz, encarando Miguel, que joga os olhos na minha direção antes de qualquer coisa.

Ah, eu conheço esse olhar.

Minha escola do ensino médio tinha organizado uma série de eventos com especialistas de áreas diversas para os alunos do últimos ano. Uma forcinha para os pobres adolescentes perdidos que não sabiam o que fazer da vida para o vestibular. Eu sabia. Tinha planos certeiros de cursar gastronomia e trabalhar meu próprio restaurante. Antes de papai solenemente me avisar que eu seria dona de quantos restaurantes eu quisesse, mas não colocaria os pés em uma cozinha enquanto ele vivesse. Não a princesinha dele, não. Desonra para família. Onde já se viu uma Albuquerque servindo outras pessoas. Impensável! Então, é claro que o pai do ano não assinou a autorização. E é claro que eu fui chorando para Miguel reclamar da minha difícil vida de pobre garota rica. Depois de me consolar como o bom namorado que era, ele me olhou, desse mesmo jeito que está olhando agora, e perguntou "você vai deixar por isso mesmo?".

Não deixei.

— Na verdade, Miguel estava me ajudando com o café da manhã — digo, abrindo um sorriso sereno para Túlio. — Não consigo decidir o que comer.

Não é difícil sustentar o olhar com o dele, mesmo que Túlio assuma uma postura intimidadora, claramente insatisfeita. Sorrio solenemente, doce e inocente. A menos que ele queira arrumar um barraco aqui, no meio do restaurante cheio, não tem o que fazer, não dá para me questionar muito. Mas ele também não vai embora. Isso aqui é uma clara demonstração de poder e ele não está disposto a perder. Então, abre um sorriso.

— Eu espero com você — diz.

Encaro-o, irritada. Volto meu olhar para Miguel e balanço a cabeça em negativa ao ver seu olhar um tanto ameaçador. Conheço a peça. De anjo, Miguel só tem o nome. De resto, é pecado puro, e sei que não custa muito para que ele me arranque dos braço de Túlio e arrume uma confusão enorme para nós dois. Foi por isso que não contei tudo para ele quatro anos atrás.

— Está mesmo uma delícia — digo, chamando a atenção para mim. — Vão servir na festa de hoje à noite? Não conta para ninguém, mas eu sou especialista em fugir de festas para comer doce.

Quer dizer, eu era. Espero que ele entenda, que lembre das tantas vezes que fizemos exatamente isso: aproveitamos um dos infinitos eventos na minha casa para escapar para o fundos da cama e dividir uma fatia de doce. Ele entende.

— Vou pedir para a cozinha guardar um para você, senhorita Albuquerque — responde com um leve repuxar de lábios.

Com um aceno de cabeça, Miguel se afasta. Acompanho-o com o olhar antes de respirar fundo e vestir novamente minha expressão sonsa, olhando para Túlio.

— Que ótima surpresa te ver aqui — digo, sorrindo. — Isso significa que já acabou todos os seus compromissos? Achei que fôssemos nos encontrar somente na festa.

Ele não responde. Apenas me encara, parecendo tentar decidir o que fazer. Mantenho o sorriso no rosto, mas, honestamente, minhas bochechas já estão doendo. Túlio se aproxima um pouco mais e toca meu rosto.

— Não sei com que tipo de homem você está acostumada a lidar, Lorena, mas não admito ser desrespeitado desse jeito — diz, abraçando-me pela cintura, sorrindo serenamente.

Tenho certeza que se alguém ver a cena de longe, vai enxergar um lindo casal feliz conversando e sei que é essa a exata intenção dele. Então, entro no jogo, apoio as mãos no peito dele e me aproximo.

— Como eu te desrespeitei, querido? — pergunto, cínica, como se não soubesse exatamente o motivo. Para qualquer homem de ego frágil, não ter suas vontades imediatamente acatadas é como uma facada no peito. E eu descobri nos últimos anos que, quando mais pesada a conta bancária, mais frágil é o ego. Túlio é desses que está acostumado a comprar o que quer e provavelmente não lembra a última vez que foi contrariado, pobrezinho.

— Imaginei que, sendo filha de quem é, você entendesse a importância de manter uma boa aparência. Conversar com os funcionários desfilando com um biquíni minúsculo pelo hotel, tratando-o pelo primeiro nome e jogando conversa fora assim não é a postura adequada. Esse tipo de intimidade é menos que o ideal.

Ah, se ele soubesse exatamente de quanta intimidade estamos falando... Aperto os olhos na sua direção. Olha só quem se olhou no espelho hoje e se achou o próprio Narciso. Como se não estivesse ruim o suficiente, ele continua falando:

— Seu pai me garantiu que você havia sido criada da maneira adequada — comenta, acariciando meu rosto. O gesto delicado não é o suficiente para disfarçar a ameaça na voz.

Ah, me poupe.

— O que você e papai parecem ter esquecido é que, da última vez que eu conferi, eu era maior de idade. O que significa que vocês dois podem apertar as mãos o quanto quiserem, mas, enquanto eu não assinar o contrato ridículo que vocês acertaram pelas minhas costas...

Os olhos dele se arregalam em surpresa.

— Pelas suas costas? — interrompe, falando cada palavra devagar. Analiso seu tom e sua postura que muda, vacila por um instante. Espera um pouco...

Preciso conter o sorriso ao entender a situação.

Casamentos arranjados assim são comuns no nosso meio, embora ninguém fale sobre isso. O tempo todo, aparece na mídia um casal de herdeiros, inesperado e superapaixonado, falando sobre um relacionamento secreto, dizendo que estão juntos há meses e só agora resolveram vir a público, porque estavam querendo preservar a privacidade. Aí todo mundo bate palmas e celebra a felicidade dos pombinhos, vibrando com a linda e inesperada história de amor, fingindo que não sabe exatamente do que se trata: um contrato muito bem escrito que vai fazer todo mundo ficar mais rico ainda.

É claro que Túlio achou que eu estivesse por dentro disso desde o começo.

Tremo os lábios, fingindo um choro. Desvio o olhar, mexo no cabelo e abraço meu próprio corpo assim que ele me solta. Encaro meus pés e fungo, arrastando a mão no rosto como se estivesse secando lágrimas que nem caíram.

— Lorena? — ele insiste, tocando meu queixo, mas não levanto a cabeça. — Você não está de acordo com isso?

— Estou — respondo rápido, arregalando os olhos pra ele. Abro um sorriso forçado e, dessa vez, deixo claro que é forçado, de modo que ele veja o quão fingida estou sendo. — Claro que estou, meu bem — repito com a voz forçadamente manhosa, piscando os olhos devagar, torcendo para o teatro ter o efeito que quero.

Parece funcionar.

Túlio me encara com cautela, como se tentasse avaliar a situação.

— Vamos? — pergunto, tocando-o os ombros.

Ele nega com a cabeça discretamente, as sobrancelhas ainda franzidas.

— Tenho outra reunião em alguns minutos — diz.

— Tem certeza? Nic te convidou para almoçar com o namorado dela, lembra? — insisto, vendo o desconforto em seus olhos.

Análise geral de Túlio Monteiro Diniz até o momento: rico, gostoso arrogante, voluntarioso. Trata mal funcionários e provavelmente não foi a melhor pessoa do mundo com a ex-mulher. Mas não parece nem um pouco disposto a lidar com uma mulher que não quer a mesma coisa que ele. Ora, mas vejam só. Quem diria?

— Vou tentar voltar a tempo, não deve demorar muito — garante, mas eu duvido muito. Sou capaz de colocar a mão inteira no fogo que a primeira coisa que ele vai fazer será ligar para papai e tirar essa história a limpo. Diante da minha cara preocupada e ansiosa, ele completa: — Passo no seu quarto às nove para chegarmos juntos na festa — combina.

Concordo com a cabeça, exibindo um sorriso fraco e triste, embora por dentro esteja dando pulinhos de alegria. Só Deus sabe o que papai vai inventar se esse acordo for por água abaixo. Vendo Túlio se afastar, chego à brilhante conclusão de que preciso conversar com Nicole.

As coisas são diferentes agora. Quando essa papagaiada toda começou, ela era uma menina tentando a vida, menor de idade, sem ter ideia do que estava acontecendo. Agora, já é uma mulher, tem um trabalho e está crescendo na área, com clientes estáveis. Não é como se papai pudesse prejudicar a vida dela ou forçá-la a fazer qualquer coisa que ele queira.

Talvez, só talvez, eu consiga me livrar desse hospício.

Está sentindo? É o cheiro de esperança.

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