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Então é Natal.

O que é uma celebração familiar na maioria das residências brasileiras, na nada humilde mansão da família Albuquerque é um evento digno de capa de revista.

Não lembro de qualquer momento da minha vida em que as celebrações de fim de ano tenham sido só para nós quatro — eu, Nic e meus pais. Sempre foi um evento para empresários, amigos nem tão íntimos assim e qualquer um para quem papai quisesse se exibir. Ou a quem quisesse exibir Nic. Ou me exibir.

Minha irmã sempre odiou isso e bateu pé. Nunca se moldou às vontades de papai, nunca deu a mínima para seja lá que espécie reputação ele estivesse tentando manter tendo as filhas vestidas e comportadas como bonequinhas de porcelana desmioladas que só servem para serem bonitas. Saiu de casa assim que fez dezoito anos e ninguém podia a obrigar legalmente a ficar. Ela sempre foi muito talentosa e fazia alguns trabalhos freelancer desde nova. Então, não demorou para começar seu próprio negócio e dar um belo beijo de adeus a tudo.

Eu não fui tão rápida.

Tinha os mesmos planos, mas não fui tão impulsiva; esperei pelo tal momento que certo e meu timming foi péssimo: ele nunca chegou. Então, agora, suspiro e olho ao redor, pronta para mais uma noite de um espetáculo que nem sei como parar de performar.

Desfilo pelo andar de baixo da mansão dentro de um vestido vermelho longo com uma fenda generosa na minha coxa direita e um decote nas costas que acaba bem acima da minha bunda, uma taça de champagne na mão e um sorriso sereno no rosto, acenando com elegância para quem encontro pelo caminho, enquanto contorno as mesas onde o jantar será servido em breve.

— Laerte está um pouco bêbado demais e não são nem dez da noite ainda — sussurro no ouvido de minha mãe quando a encontro em um grupo de mulheres onde não reconheço ninguém. Aponto com a cabeça para amigo de negócios de papai que, dado seu histórico em eventos como esse, logo, logo vai perder qualquer senso de decoro e mergulhar em um comportamento completamente inapropriado, para dizer o mínimo.

— Deixe-o se divertir, querida — dona Regina me responde, mantendo o sorriso plácido no rosto, rapidamente olhando na direção que apontei antes de voltar sua atenção em arrumar o pingente do meu pescoço.

Reviro os olhos e me poupo dor de cabeça e rugas precoces, afastando-me dela. Mergulho em uma conversa frívola com quem quer que passe por mim e decido que minha noite não vai ser ótima quando percebo que não há ninguém que me interesse. Nem minha irmãzinha se deu ao trabalho de aparecer. Decidiu passar o Natal com o namorado sob a justificativa de que ele é mais sua família do que nossos pais, tão esforçados em viver de aparência que esquecem que têm filhas.

Está errada? Não.

É a verdade mais absoluta dessa família.

— Por que você não comanda o brinde esse ano?

Olho por sobre o ombro ao sentir a mão de meu pai apoiar meu ombro. Valentim Albuquerque me olha como se eu fosse seu maior motivo de orgulho, o que nós dois sabemos não ser verdade.

— Achei que mamãe fosse ser responsável pela condução de todos os eventos dessa família — aponto, e ele dispensa o comentário com a mão.

Balanço a cabeça, sabendo que há algum interesse por trás do pedido. Sempre há. Todas as vezes que meu pai precisa que eu me exiba por aí, algum motivo tem, normalmente um com a conta bancária maior que a nossa. Acato, curiosa para saber quem é o coitado que vai cair na minha mão dessa vez. Aceno com a cabeça e me dirijo ao centro do salão.

Tilinto na taça com as costas de uma faca, chamando atenção e cessando o burburinho ao redor.

— Boa noite. Em nome da família Albuquerque, gostaria de agradecer a presença de cada um aqui nessa noite tão especial. Natal é sobre reunir as pessoas mais importantes e celebrar a união desenvolvida ao longo do ano. É um honra receber cada um e...

Ah! Aí está. Enquanto continuo o discurso vazio, político e educado, divertido nas horas certas e curto o suficiente para prender a atenção de todos, meu olhar encontra meu pai novamente; agora, em o que parece ser uma conversa interessada com um homem que não reconheço, mas que mantém o olhar atento sobre mim. Ele ergue a taça que segura na minha direção e tomo um segundo analisando sua silhueta.

O estranho não deve ter mais de cinquenta anos, se chegar a isso tudo. Já é uma vantagem, não é mesmo? Sua postura é altiva, estoica, quase imperial. Aquele tipo de presença que se impõe apenas por existir e deixa claro que esse homem tem plena consciência do poder que detém. O que, em uma constatação rápida de quanto custa o terno que está usando, é muito, muito grande.

A pele é escura e o corpo é bem construído, dá para ver mesmo que todo coberto. Segunda vantagem: não é velho o suficiente para ser meu avô e ainda é atraente. Podia ser muito pior.

Ele é descarado, porque não disfarça que sua atenção está longe de estar no meu rostinho de boneca. Os olhos escuros estão pousados no decote do vestido. Muito que bem então.

— Obrigada — encerro o pequeno discurso e ergo a taça por um instante antes de começar a contornar as mesas e chegar até onde o desconhecido gostoso está.

— Lorena, meu bem. Você foi perfeita — papai elogia, deixando um beijo na minha bochecha. — Túlio Monteiro Diniz — sussurra no meu ouvido antes de se afastar e voltar sua atenção para o convidado.

Monteiro Diniz? Em Monteiro Diniz maior construtora do país? Esse Monteiro Diniz? É com um acenar discreto de cabeça que papai confirma meus questionamentos silenciosos.

Olá, quarta maior fortuna do país. O quanto de trabalho você vai me dar?

— Túlio, essa é minha filha, Lorena — apresenta.

Ele alcança minha mão e beija o dorso, demorando tempo demais para tirar os lábios da minha pele.

— É um prazer — digo, com um sorriso contido no rosto.

— O prazer é meu, Lorena. Seu pai falou muito bem de você — comenta, tombando a cabeça para o lado por um instante.

Tenho certeza de que falou. Não há ninguém nesse mundo que tenha mais interesse em me arrumar um bom casamento do que ele. Está preocupado com a felicidade da sua garotinha? Não. Mas a fortuna da família poderia usar um bom contrato de casamento, herdeiros e um genro para administrar os negócios, já que o coitado do meu pai perdeu na loteria da vida e só teve duas filhas. Aparamente, nossos úteros nos fazem úteis apenas para sorrir em eventos.

Que diferença um pênis faz, não é verdade?

— Vou deixar vocês, crianças, conversando. Preciso resolver um assunto pendente com um cliente — meu pai aponta.

— É Natal, papai — comento, apoiando a mão no ombro dele. — Você não devia trabalhar tanto, eu me preocupo com a sua saúde.

De canto de olho, consigo ver um sorriso satisfeito nos lábios de Túlio com minha voz manhosa. Isso, linda, gostosa, rica e boa menina. Sou o pacote completo, prometo.

— Vou ficar bem, querida — papai responde. — Tenho ou não sorte de ter uma filha cuidadosa assim? — pergunta para Túlio.

— O senhor a educou muito bem — comenta. Ele certamente tentou, isso não posso negar. Se eu aprendi...

Papai tem dois segundos para sair daqui, porque é provavelmente todo o tempo que vou ser capaz de continuar essa coreografia ensaiada antes de bocejar. Como se lesse minha mente, despede-se em definitivo e se afasta, deixando-me sozinha com Túlio.

— O que você faz aqui em pleno Natal, senhor Monteiro? — pergunto.

E é agora que ele diz que posso chamá-lo pelo primeiro nome.

— Me chame Túlio, por favor — pede, e sorrio. Chega a ser chato como homens são tão previsíveis. Botam banca de espertos e donos da situação, mas são incapazes de reconhecer quando uma mulher está manipulando a situação a seu favor.

Ele me oferece o braço, e aceito. Começamos uma caminhada despretensiosa pelo salão, e finjo não notar quando ele lentamente nos conduz para uma área um pouco mais afastada de onde a maior parte das pessoas está concentrada.

— Era minha ex-mulher quem cuidava de organizar essas coisas, mal me dei conta que o fim de ano chegou. Sempre estive muito ocupado para me preocupar com essas coisas, sabe como é. Ela é quem tinha todo esse tempo livre — brinca com um sorriso cúmplice que retribuo, mordendo a língua.

Pronto. Posso apostar que o bonito enche a boca para dizer que está ocupado demais para tudo. Lembrar de aniversário? Bobagem. Quem tem tempo para isso? Eu digo quem. A esposa, que tenho certeza de que ele só lembrava que tinha quando esbarrava com algum cliente mais conservador que gosta dessa imagem de homem de família e exigia conhecer a dita-cuja.

Ex-mulher do Túlio, seja lá quem você for, espero que tenha arrancado uma boa bolada dele no divórcio e esteja agora em Paris torrando o dinheiro com algum garotão gotoso. Go, girl.

— Sinto muito pelo seu casamento — digo, despretensiosamente apoiando a palma aberta em seu peito.

— Não sinta. Sei que haverá algo melhor no meu futuro muito bem breve — responde, cobrindo minha mão com a sua, os olhos predadores sobre mim.

Hm. Gostaria de poder dizer o mesmo sobre o meu futuro.

Seguimos em uma conversa amena e surpreendentemente agradável pela próxima meia hora, até o jantar começar a ser servido, quando Túlio me convida para me sentar ao seu lado. Consigo sentir daqui o desespero da minha mãe por ter a arrumação impecável das mesas desfeita, mas aceito.

Quando chegamos à sobremesa, o sorriso em meu rosto não é mais tão forçado assim. Ele é uma companhia agradável, se eu ignorar as piadinhas machistas que escapam da sua boca, e tem uma conversa que não é tão entediante quanto a maioria desses caras costuma ter. Sinceramente, pelo tempo que já gastei ouvindo sobre transações comerciais, bolsa de valores e brechas contratuais, não preciso de qualquer formação acadêmica para ser capaz de fazer eu mesma o trabalho deles. Mas Túlio fala sobre ópera, ballet e galerias de arte. Viagens e restaurantes estrelados. Aqui e ali, entra em algum assunto que verdadeiramente me interessa e não me interrompe na metade de todas as frases. Podia ser pior.

Os toques nada acidentais durante o jantar completam o coreto e deixa bem escancarado o interesse em mim.

— Posso te roubar um pouco? — pergunta, sussurrando em meu ouvido disfarçadamente. — Ouvi dizer que o jardim é lindo.

— Absolutamente deslumbrante — concordo. — Acho que é minha obrigação como anfitriã oferecer um tour adequado.

Nós nos levantamos da mesa e pedimos licença aos demais, seguindo para o jardim atrás da casa. O trabalho de paisagismo é impecável e faz meu coração apertar. Túlio nos guia em direção à Flamboyant, minha árvore preferida do jardim, onde passei tardes e noites demais durante minha adolescência. Meu inferno particular, porque preciso segurar uma lágrima travessa toda vez que olho para essa bendita árvore. Então, sem que ele perceba, mudo de direção e guio nós dois para o outro extremo do lugar.

Túlio desenrola o braço do meu e leva a mão às minhas costas. Escorrega a palma até bem embaixo, tão perto quanto é possível do começo da minha bunda, e eu o olho com um misto de vergonha e desejo. Lá vou eu bancar a mocinha inocente e sonsa. Sempre funciona.

— Tudo bem? — ele pergunta, acariciando a pele exposta pela abertura do vestido. Aceno com a cabeça, e ele sorri satisfeito. Quando estamos longe o suficiente de todos, sozinhos entre arbustos e roseiras, ele se põe à minha frente, muito mais perto do que socialmente aceitável. — Quais seus planos para os próximos dias?

— Vou passar a virada do ano em Búzios — respondo.

Poderia dizer que não tenho nada planejado, porque é visível que existe um convite esperando por mim na ponta da língua dele, mas parecer disponível demais é sempre uma ideia ruim. Anotem as dicas, meninas. Quer dizer, não anotem não. Sou um péssimo exemplo.

— Um cliente da minha irmã está organizando uma festa de fim de ano e decidi acompanhá-la. — Levo o indicador ao lábio inferior em tapinhas leves, fingindo pensar, e vejo quando o olhar dele é atraído à minha boca. — Qual é mesmo o nome da empresa? Lo...

— Não me diga que é a festa da Lócus? — pergunta com um brilho interessado no olhar.

Aceno em positivo. É claro que é. É claro que ele está na restrita lista de convidados. A empresa em questão está entre os clientes da minha irmã há bons anos. Aparentemente, o vice-presidente tem uma tendência descarada a presentear a esposa com as mais caras joias disponíveis e os dois têm uma adoração suprema por Nicole.

— Bom, parece que o destino resolveu colaborar — comenta. — É exatamente para onde eu vou.

— Parece que vamos nos encontrar de novo lá, então — concluo.

— Na verdade, eu estava me perguntando se você tem algum compromisso para amanhã à noite — questiona. — Tenho reservas para o Bergerac e adoraria te levar para jantar.

Aperto os olhos na direção dele. Claro. Túlio tem reservas para o restaurante francês mais disputado da cidade, com uma lista de espera de três meses, assim, acidentalmente? Sorrio, mas não acho que ele note a irritação e acidez no gesto. Então não foi impressão minha que ele me olhou a noite inteira como se estivesse avaliando uma propriedade a ser comprada.

Posso ter conhecido Túlio hoje, mas duvido que seja a primeira vez que ele tenha ouvido sobre mim. Papai avisou que estava cansado de me ver dispensando um atrás do outro os homens que me apresentava, e não levei a sério. Aparentemente, deveria ter levado.

— Adoraria jantar com você — respondo, sutilmente projetando o corpo na direção dele, distraindo-o sua postura segura demais ao deixar à disposição dos seus olhos o meu decote. Preciso reverter esse jogo ao meu favor, caso contrário vou acabar ainda mais presa às vontades do meu querido pai.

Túlio me oferece um olhar satisfeito quando leva meus dedos à sua boca. Ele está satisfeito consigo mesmo. É o olhar de um homem que acha que acabou de vencer uma caça.

Eu sorrio, porque ele não tem ideia de que quem está caçando sou eu.

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