Capítulo Seis: Trivialidades em anéis de noivado
Christopher estava em sua paleta unicolor, ele vestiu uma calça social preta, camisa e tênis da mesma cor das demais peças, passou um spray diluído de água com creme e reparador nos seus cabelos e os ajudou a enrolar um pouco melhor.
O perfume em seu corpo era de uma aroma calmo, estava um pouco cansado de cheiros fortes, então ficou com o cheiro de loção pós banho e oceano. Estava bom assim, era confortável. Não havia anéis em seus dedos, ou até mesmo cordões, somente seu brinco prata de estimação e sua pulseira que sempre estava consigo, presente de sua mãe.
É domingo à noite, uma calmaria oposta à sua manhã, que foi lotada pelas vozes animadas de Changbin, Hwasa, Seungmin e seus amigos de quarto se embolando pelo pequeno apartamento. Ele fez bom proveito daquele dia, tirou um momento para fazer seus trabalhos da faculdade, estudar e até trocar figurinhas – lê-se fofocar – com Heez e Yugyeom, ele conseguiu. Foi um bom dia, muito agradável e produtivo.
Chris checou seu reflexo no espelho. Parecia chique, e no fundo das roupas de grife, brincando entre os tecidos, ele via uma criança fingindo ser adulto. Porque ser um jovem adulto é sobre se sentir criança demais para carregar as responsabilidades e pesos que o substantivo "adulto" carrega, e ao mesmo tempo sentir-se velho demais para ser um adolescente inconsequente e extremamente sentimental.
Aquilo não era hora de entrar em conflito consigo mesmo, então ele se limitou a passar protetor labial, dar um esfumado leve nos olhos e corretivo em pequenos detalhes, só para esconder a "cara de morto".
A tela de seu celular brilhou pontualmente, era Minho.
Uma hora antes de estar com toda essa indumentária Chris havia recebido mensagens do coreano o convidando para jantar. Ele estranhou, então se animou apesar de sua mente estar cansada e seu corpo pedir cama.
Com uma última olhada no espelho ele juntou sua bolsa, colocou seus óculos de grau e saiu. Chris respondia a mensagem de Minho enquanto fechava a porta do apartamento, seu coração não estava muito agitado, na verdade a ideia de sair com o rapaz já estava se tornando normal para si. Ou ele só estava sonolento.
— Boa noite, capitão! — brincou assim que viu Minho encostado no carro, este que sorriu para si enquanto ia abrir a porta do carona, Chris aceitou de bom grado, se aprumando no banco, mentalmente dando pulinhos fofos — Estamos virando amigos mesmo, vê? Até sair pra jantar do nada estamos saindo.
— Eu vejo — Minho sorriu, ele deu partida no carro e então inalou profundamente — Gosto do seu perfume, tem cheiro de oceano.
— É bom, né? Me lembra do oceano também — Chris tocou os próprios dedos em seu colo, estava um pouco sonolento, mas passaria já, já —, me sinto leve.
— Aproveitou o dia?
— Sim... consegui adiantar algumas coisas da faculdade e meus amigos estiveram comigo de manhã, foi divertido. E você?
— Fui ajudar um casal de amigos com um presente pra não sei quem — ele espalmou as mãos no volante, parecia tentar lembrar de seu dia —, almocei com eles e depois fui ver umas papeladas com o Hyunjin e fofocamos até agora há pouco. Depois fui pra casa tentar descansar mas... não sei, acho que... O que eu queria não tava alí.
Oh.
— Acho que entendo — o australiano maneou com a cabeça, então pensou melhor —, ao menos o que isso me remete, entendo.
Minho torceu o cenho em curiosidade, ele deu um olhar de relance para Chris antes de voltar ao trânsito.
— Posso perguntar o que seria?
— Minha casa — contou, e cada palavra parecia adornada num pesado sentimento de saudades — O que eu quero, mas que não está aqui, é a minha casa. Minha família. Mamãe gritando pela casa, o som ligado com a mamãe Haeri ouvindo Take My Breath Away da Berlin, meus irmãos brigando, a mãe ameaçando eles com aquela faca comicamente gigante que ela sempre usa para cozinhar, por mais que a mãe Haeri tenha comprado uma faca menor.
Minho achou diferente, achou carinhoso, doce e distante. Era parecido com a sensação que ele tinha quando passava as tardes depois da escola na casa de Hyunjin. Porque ao contrário de Chaewoon, sua tia Jiwoon sempre foi muito amável e doce. O olhava como filho. E talvez só agora Minho esteja vendo que os Lee não são uma família.
— Bom, você deveria visitá-los — ele diz, fingindo que seu coração não se perdeu num aperto doloroso — afinal, eles também devem estar com saudades de você!
— Eu vou... Vou assim que as coisas se acalmarem — ele assentiu. — Sentir cheiro de oceano, ouvir gritarias e tudo mais.
— O cheiro...
— É o sabonete favorito dos meus pais.
O assunto sobre perfumes perdurou, Minho gostava de perfumes suaves e de fundo amadeirado, refrescantes e cítricos, mas no verão ele preferia não usar, porque o calor misturado ao perfume perturbava seu olfato. Chris é um pouco oposto, ele gosta de cheiros marcantes, gosta de ser a praga com o cheiro que fica grudado por onde passa, mas também há aquele momento em que ele opta por algo suave, principalmente quando está cansado e procura conforto.
De perfume eles foram para sabão de lavar roupa, amaciante e tira manchas. A chegada no restaurante não interrompeu o assunto, Minho amava compartilhar dicas de casa e Chris tinha muitos truques caseiros na manga que aprendeu com sua mãe Haeri.
Ao descerem do carro Chris finalmente se permitiu admirar Minho em sua calça social e camisa de botões, era simples, mas ele estava tão bonito. De testa à mostra e brincos de prata, oh, isso o arrancou um suspiro.
A mesa próxima a janela foi oferecida, veio o menu, saíram os pedidos, viveram as taças e o vinho, então mais assuntos contornaram a mesa, Christopher um pouco mais desperto e Minho brincando com a taça em mãos como um gato malandro.
Vieram as entradas, o assunto não tinha fim entre eles, mas o silêncio também não era incômodo, por vezes sendo usado para pensar um pouco mais sobre o tema anteriormente dito.
Então Minho piscou, lembrando-se da voz de Hyunjin o alertando dos futuros eventos familiares, ele torceu o rosto com a lembrança, Chris olhou para ele com preocupação, mas Minho logo balançou as mãos para afastar aquele olhar do outro.
— Na terça, sem ser nessa e sim na outra, eu vou ter um acalorado jantar em família, se é que me entende — ele suspirou.
Chris se sentiu andando em ovos, considerando que Minho nunca tinha aberto o tópico sobre sua família fora a parte de pressionar sobre o casamento, então se lembrou que aquele era Minho, e que eles eram amigos, mas isso não o impedia de ser cuidadoso.
— Eles são ruins?
Lee sorriu, porque o toque gentil que Chris deu na costa de sua mão era de longe a coisa mais doce que já presenciou em sua vida. Ele vira a mão para deixar que suas palmas se encostem.
— São como qualquer família obcecada por poder — ele diz, mas sua cabeça está baixa enquanto analisa a mão do australiano na sua — arcaicos e loucos para passar a perna um no outro.
— Que horror! Você quer que eu vá contigo? — os olhos de Minho se ergueram, surpresos, e tudo o que ele encontrou foi um Chan decidido a apoiá-lo no meio do caos familiar, ele sente o aperto na sua mão — Deve ser desconfortável você estar sozinho no meio disso tudo.
— Você iria comigo?
A mente de Minho girou, então ele pensa no escândalo que seria chegar e apresentar Chan como seu noivo. E Oh Deus, isso significa mais. Ele estaria oficializando aquele vínculo, e não que ele não queira, mas ainda é tudo tão recente e mesmo que meramente contratual, ele sente seu coração perder-se em alguns batimentos. Porque Chris é um bom homem, mas...
Indo de encontro aos pensamentos conflitantes de Minho, a resposta de Chris mostrava que ele não tinha noção do inferno que poderia ser um jantar com os Lee, ou simplesmente não ligava.
— Claro que iria.
Minho afastou a mão, estava frio sem o calor alheio, ele toma um momento para comer.
— Isso é um assunto delicado — Minho baixou os talheres e olhou para o fantasma do toque que o australiano deixou em sua derme. — Eles são insensíveis e fazem picuinhas, cutucam suas feridas e tentam te diminuir. Além de que, honestamente, eu amaria virar a cabeça deles do avesso te apresentando como meu possível noivo. Mas Chan, isso quer dizer que você está realmente entrando nessa.
Em algum espaço no peito de Minho, ele temia que o outro o dissesse não.
— Não vejo problema. Eu nunca pensei em desistir, primeiramente.
Minho ficou em silêncio. Chris em momento algum desviou os olhos dele, sua energia era tão forte que o coreano podia sentir as pontas de sua visão ficarem turvas. Ele não esperava ter apoio, ele não costuma ser a pessoa que tem alguém.
— Tem certeza?
— Você quer um casamento pra ficar em paz e eu gosto da sua amizade, da segurança financeira e de poder confiar em ti. Nós podemos fazer isso, na verdade já estamos. Eu provavelmente vou entrar em parafusos de lá pra cá de tanto nervoso, mas eu quero ficar do seu lado. É justo, nós vamos... nos casar...
O peito de Minho apertou, seu coração o obrigava a sentir a instabilidade dos batimentos cardíacos até mesmo nos seus ouvidos. Pensar na palavra casamento tinha um peso diferente de a ouvir ser pronunciada pelos lábios carnudos daquele homem.
— Faremos isso então. Mas adianto que tudo pode acontecer nesse jantar. Você nem precisa ficar calado, eu sou naturalmente odiado.
— Precisamos de alianças de noivado?
— Hm... Seria mais divertido chegar com elas.
— Podemos procurá-las no sábado!
Minho sorriu.
— Acho ótimo.
Chan sorriu para ele de volta. Mas sua mente o lembrou de algo, de uma possibilidade.
O aniversário de Lucas, o talvez de levar Minho. Seria justo, igualitário. Minho estava abrindo o seu mundo, por mais hostil que fosse, para ele. Chan quer fazer o mesmo, só que há uma pulguinha atrás da orelha o pedindo para esperar.
Então ele espera.
Sábado, 20 de abril de 2024
— Tenho propostas para hoje — o Lee entregou o celular aberto no aplicativo de músicas para Bangchan.
Eles definitivamente estavam criando uma tradição em Minho dirigir e Chan escolher a música.
— Que seria? — ele se distraiu pesquisando Desperado da Rihanna, colocando o celular na coxa, virando-se para prestar atenção em Minho, que estava concentrado em tirar o carro do estacionamento do dormitório da EASYUni.
— Além de irmos escolher nossos anéis e ir ao cinema — seus dedos tamborilam no volante, ele está nervoso —, acho que precisamos melhorar algo na nossa amizade: contato físico.
— Nós colocamos isso no contrato, de tudo bem toques desde que consentidos.
Minho assentiu, mas ao invés de falar, esperou que Bangchan botasse seus pensamentos em ordem.
Porque sim havia uma cláusula sobre só se tocarem intimamente desde que houvesse o consentimento claro de ambos os lados. Mas os dois nunca fizeram uso dela, a distância entre eles é amigável e respeitosa, as mãos só se tocam como acontecera no jantar de domingo, quando Chan busca confortar Minho, e fora isso, o australiano não se lembra de ter tocado o homem mais velho.
— Toque também vai ser nossa forma de nos comunicarmos. Chan, eu não acho que vá se sentir confortável na terça então precisamos estar próximos se você quiser que eu entenda seus sinais de desconforto.
O Bang assimilou as palavras alheias. Toques. Como amigos se tocam, abraços, tapinhas nos joelhos e ombros.
— E pra todos os efeitos, nós somos noivos — declarou após um tempo quieto. — Mesmo que não seja algo romântico, é esperado que tenhamos o mínimo de toque íntimo. Justo. — Chan assentiu — Muito justo. Vamos tentar, então. Eu sou naturalmente pegajoso então... se eu ultrapassar algum limite me fale.
— Também aceito o guia. Eu sou... esquisito. Não sei se consigo definir em outra palavra — ele riu, achava estranho falar de si mesmo, mas estava se esforçando — Eu gosto de contato, mas... Aí, Jesus. Olha, o Hyunjin diz que eu pareço um gato em... aspectos de personalidade. Eu gosto de contato e carinho, não tenho problema com toque nos braços, ombros, mãos e pernas. Mas eu tenho repentes de introspecção — ele perguntou, ou afirmou, na verdade, nem ele sabia se era exatamente isso.
— Toda pessoa precisa de um momento para si. Onde você se fecha totalmente e se "recarrega" para poder voltar depois.
— Isso! Nossa, exatamente isso.
Minho estava aliviado, era bem verdade. Saber que suas mentes não estavam totalmente desalinhadas no campo de ideias e sentimentos era bom. Muito bom.
— Eu sou mais de contato físico — Chan falou, voltando a sentar corretamente e apoiando o celular no porta treco —, se eu chego num lugar eu aperto a mão das pessoas, abraço, beijo, faço carinho no ombro. E eu amo dar abraços, o Changbin me apelida de Abraçador Profissional quando eu fico agarrado nos meus amigos. É um hábito. Eu acho que não tenho limites, só sou um pouco sensível no pescoço, mas fora isso é tranquilo.
Foi nessa deixa que Minho colocou seu corpo mais próximo ao de Chris quando chegaram à joalheria. A recepção foi feita a largos sorrisos enquanto se aproximavam do balcão de joias.
— Senhores, no que posso ajudá-los?
— Queremos ver suas alianças de noivado — Minho deu o caminho, os olhos da atendente brilharam.
— Alguma preferência de modelo, Senhores?
— Quero algo grande — Minho gesticulou, ao seu lado Christopher o olhava de cara feia —, todo de pedras e ouro! Do mais caro!
Os olhos de Chris se arregalaram em horror e sua mão tocou o braço de Minho, o puxando com cuidado.
— Nem morto! — ele sussurrou, então gesticulou para ela — Desculpe querida, o que ele quis dizer é algo delicado e sóbrio. Nada muito chamativo!
— Eu vou buscar nossos melhores modelos — ela se esquivou para uma das prateleiras, largando os dois futuros noivos se espetando com palavras.
— Escute Christopher Bang, precisamos mostrar que isso é sério, uma joia cara e grande é o símbolo perfeito!
O australiano coçou entre as sobrancelhas em agonia.
— Eu não vou usar um trambolho gigante de brilhantes, Minho. Um anel mais comedido e sóbrio iria cair melhor.
Minho estava abismado.
— Você não entende!
— Posso não entender — ele cruzou os braços e virou a cara para os anéis que a moça havia trago —, mas também não aceitarei usar uma geringonça no dedo que pesa mais do que um álter de doze quilos.
— Chan, você precisa ser compreensivo!
— Não preciso. Veja esse — o rapaz apontou para o anel de ouro completamente liso de tamanho médio e com apenas uma pequena pedra brilhosa ornando — é simples e cumpre seu papel.
— É feia — Minho resmungou por cima do ombro. — Oh, olhe aquela ali — apontou para a vitrine ao lado da que estavam — grande e cheia de pedras o desenho lembra escamas.
— Muito grande — retrucou o australiano, sem nem mesmo dar importância, muito feliz vendo os anéis de prata.
— Ela é ideal — Minho rebateu, sentindo vontade de morder o braço de Chris para ver se ele lhe dava a devida atenção. — Queremos aquela!
— Queremos uma ova, cara pálida! Eu não quero! Veja querida — ele chamou a atendente, que estava com os pobres neurônios pifando sem saber a quem obedecer primeiro — procure para mim alianças como esses anéis aqui, podem haver detalhes e elevados, desde que não seja nada espalhafatoso.
— Dis di qui ni siji nidi ispilhifitisi — Minho revirou os olhos enquanto a moça assentiu e se retirou — Ai, fala sério!
— Fala sério digo eu! Você — Chris apontou para o peito de Minho, batendo o dedo ali a cada pontuação de sua fala. — Você deveria me ouvir! Se quiser coisas chamativas a gente cola um pavão nas suas costas e deixa ele de penas abertas, aí você tem o chamativo que tanto quer!
— Christopher, você vai ser meu noivo! — argumentou em desespero, os braços já gesticulando — Precisa ser chamativo! Além do mais, anéis não usam pavões!
— Anéis o quê?! — Christopher gargalhou da cara de Minho, que estava vermelho enquanto o outro se torcia de tanto rir, com todos os dentes amostra e os olhos ficando úmidos — Anéis não usam pavões!
— Para de rir! É "pavões não usam anéis"! Eu me confundi!
— Claro, claro — Chris enxugou uma lágrima, fungando um pouco — onde paramos?
— Na parte em que nós vamos ficar com o anel que eu escolhi. O grandão.
— Eu prefiro a morte do que usar aquele carro alegórico no dedo.
— Não é um carro alegórico, é um anel riquíssimo!
Chris bufou, descansando as mãos no quadril.
— Quem quer dar um de Falcão da história, que vai usar flor de girassol no bolso e estampa aleatória é você, querido, não eu. Use você esse tal anel gigante, eu quero que meu par seja discreto.
Minho balançou a cabeça em negação, completamente incrédulo. Ele com certeza quer enfiar os dentes no braço de Chan.
Espera.
— Você me chamou de quê?!
— Fal-cão — Chris falou lentamente, um sorriso travesso nos lábios.
— Aquele cantor cafona?! Como diabos você ousa me comprar com ele!
Chris deu de ombros, amando ver como as orelhas de Minho estavam vermelhas e sua fala tendia a ser cada vez mais rápida quando estava irritado. A próxima sequência de ofensas estava na ponta da língua, mas a atendente voltou com mais uma leva de anéis.
— Trouxe um pouco de tudo, mas procurando o meio termo entre o que os dois desejam! — a moça colocou os mostruários sobre o balcão.
Dentre elas havia uma, toda de prata com pedrinhas de diamante nas laterais levemente elevadas, sua construção lembrava pequenos ramos de árvore se enrolando ao metal, era bonita, discreta e ao mesmo tempo imponente.
— Me dê sua mão — Chris pediu, e Minho não entendeu mas deixou-a estendida, sendo surpreendido quando o australiano pegou o anel escolhido, segurando delicadamente a mão de Minho com a outra livre, o toque frio e metálico o atingindo, ele colocou o anel e o encaixe era perfeito. Chris admirou um pouco mais, a loja estava em um silêncio completo. — Você faz jus a esse anel. Eu disse que não precisa ser grande, só trazer o valor necessário.
Minho umedeceu os lábios, um pouco fora de si mesmo, o coração retumbando em suas orelhas, o peito subindo e descendo dolorosamente. Ele pegou o outro par do anel e pediu a mão de Bangchan, o encaixando em seu dedo, também no tamanho ideal. Eles admiravam as mãos próximas, subindo lentamente até os olhos um do outro, o ar se dissipando de uma vez.
— Vai ser esse — avisou o CEO, recobrando sua postura, ele tirou o anel e o colocou no balcão, Chris fez o mesmo. — Mande polir, buscarei ao final do dia.
Chan olhou para Minho, suas orelhas estavam a ponto de pegar fogo, ele achou fofo, mas nada disse.
Os dois caminhavam tranquilamente para dentro do shopping, Minho ainda bicudo por Chris ter acertado na escolha do anel e Chris quietinho por estar perdido em pensamentos que nem ele sabia onde estavam chegando.
— O que vamos ver? — Minho perguntou, porque ele realmente não sabia qual escolha seria boa — Faz tempo que não venho ao... — ele nem estava em órbita, Minho notou — Chan.
— Hm? — aqueles olhinhos de jabuticaba se direcionaram ao homem mais velho — Foi mal, não estava ouvindo. Pode repetir?
Um sorriso ameaçou tocar os lábios de Minho. Ele admirava como o rapaz não tinha medo de se expressar ou perguntar.
— Que tipo de filme você gosta, foi o que perguntei. Faz tempo que não venho ao cinema, então estou bem desatualizado.
— Gosto de todos gêneros, menos terror.
Minho ergueu as sobrancelhas surpreso, eles subiram a escada rolante.
— Uau, jurei que você gostava de terror, tô chocado — Chris torceu o nariz ao ouvir isso. Minho continuou — de qualquer forma, também não sou amante de terror, prefiro romance, ficção científica e suspense também.
Minho apoiou as mãos no meio das costas de Chris para que ele tomasse cuidado ao sair da escada rolante, Chris agradeceu e deixou a mão descansando no braço de Minho, que aceitou de bom grado.
Como eles pegaram o elevador do estacionamento direto para os últimos andares, após uma escada rolante eles estavam no andar do cinema. As pessoas em fila no caixa, telões e pôsteres, cheiro de pipoca e manteiga derretida.
— Vejamos o que tem em cartaz! Oh, — Chris deu pequenos apertos no braço de Minho, este que deixou o australiano guiar sua atenção — tem Divertidamente 2 e... oh, O Deus e o Músico parece ser muito interessante! A sinopse diz "Amaldiçoado em sua melhor idade, Donghyun passa boa parte de seus séculos no corpo fofinho de um furão. Enquanto isso, Seungkwan decide adotar um furão de estimação. No entanto, esse furão é um tanto exótico, até mesmo místico". É inspirado num livro de mesmo nome.
— Que loucura — Minho riu, porque a pessoa que pensou nesse filme com certeza havia fumado um pouco — será que é bom?
Christopher deu de ombros, realmente sem saber, em algum canto de sua memória ele lembra de ouvir Changbin e Seungmin comentarem sobre o livro.
— Tem tudo pra ser completamente louco, eu topo, o que acha?
Ele virou para olhar o australiano, seus rostos estavam próximos.
— Acho que temos sorte, — Chris deu mais um aperto no braço de Minho e usou a outra mão para apontar para o telão — vai ter uma sessão daqui a pouco. Vamos comprar os ingressos e pipoca!
Eles se dividiram, Minho comprando os ingressos para sala VIP e Chris indo direto para o balcão de pipocas, a tarde estava estranhamente fria e seus dedos sentiram falta de estar se esquentando no braço de Minho. Ele balançou a cabeça, afastando aquele pensamento.
— Dois baldes médios de pipoca salgada e duas coca-colas de copão. No crédito, por favor.
— Voltei — Chris ouviu a voz de Minho, ele está bem grudado a si, fazendo seu corpo ter um pequeno pane —, você não quer nenhum doce?
— Ah, não. Você?
— Hm, não. Pagamento no crédito — Minho falou ao rapaz do balcão, que estava prestes a estender a maquininha, agora confuso se entregava a Chris ou Minho, mas o Lee foi mais rápido, só aproximando o cartão e pegando o recibo.
— Estragou a brincadeira, eu ia pagar!
— Na próxima você paga. Vem — Minho pegou a primeira bandeja de pipoca e refrigerante estendida a ele, esperando que Chris fizesse o mesmo com a sua — nossa sessão começa em exatamente sete minutos.
— Que cadeiras você pegou?
— Meio e superior.
— Woah, muito bom — o rapaz admirou enquanto caminhavam juntos para as salas Vip, o mais velho liderando o caminho — A visão costuma ser melhor nelas. Excelente trabalho, Minho hyung!
Dessa vez não teve como segurar o sorriso e Minho não se sentiu exatamente culpado por isso. Mais ainda por Chris ter o chamado de "Hyung".
— Oh, escapou. Tudo bem eu ter te chamado assim?
— Por mim tudo bem. — Minho deu de ombros, então encontrou o número 4 na placa ao lado de duas grandes portas vermelhas abertas — Achei nossa sala.
Eles se organizaram ali, subindo cuidadosamente até encontrar qual a letra e número deles, a sala estava fria e Chris agradecia imensamente ter decidido levar a jaqueta consigo. Lugares encontrados, os dois se arrumaram confortavelmente, a sala estava com um pouco menos da metade de sua capacidade, Minho gostava assim, silencioso, sem muitas pessoas.
Seus dedos estavam gelados, ele olhou para sua mão e então sentiu um rubor tomar seu rosto.
— Tá com as mãos frias?
— Hm?
— Suas mãos — Chris às pegou para si, e as colocou em seu próprio pescoço, ele tremeu, as diferenças de temperatura o atingindo como gotas de chuva. — Meu Deus! Que frias! Tome isso — ele começou a tirar a jaqueta, enquanto Minho se desesperou, repetindo que o australiano não deveria fazer isso — Mas eu quero, você cuida de mim, eu também quero poder cuidar de você mesmo que seja em algo muito pequeno. Por favor.
Os olhos de Minho eram uma bagunça, como pontos brilhantes sendo estrelas na vastidão do universo. Ele aceitou, mas não perdeu, mesmo na pouca luminosidade, a pele de Chris se arrepiando.
Eles testaram os toques durante o filme, cutucadas, roubo de pipoca, então quando Minho sem querer esbarrou na mão de Chris e viu o quão fria estava, ele falou o mais baixo possível, sinceramente querendo que o outro não ouvisse.
— Posso segurar sua mão?
Mas Chris olhou para ele, o telão estava iluminando seus rostos, no filme o Deus estava no conselho dos deuses, mas Christopher tinha olhos brilhantes e lábios esticados em um sorriso adorável, de que importavam os deuses? Eles deram as mãos e Minho tentou acalmar seu coração bagunçado.
Ele achava que esse tipo de reação seria impossível para si, mas aqui está ele, de mãos dadas com o seu noivo, no cinema, roubando pipocas e comentando besteiras e piadas baixinho enquanto Chris ri de todas.
Se acalme coraçãozinho, se acalme. Ele repete.
Eles terminaram o filme, Chan pediu para que eles fossem na livraria, e foram. Minho estava um pouco bagunçado sentimentalmente depois de todos os toques e cuidados. Ele se sentia bobo, desprotegido, tinha medo dos tropeços de seu próprio coração. Não era culpa de Chris, de modo algum, mas havia pegadas de relacionamentos anteriores que ainda estavam sujando na mente de Minho.
Christopher voltou, a camisa preta caindo bem em seus ombros largos, o óculos de grau sendo empurrado para cima por seu nariz, eles tinham alturas realmente próximas, mas Minho sentia como se o australiano fosse grande e sufocante. Ele queria ir pra casa.
— Prontinho! — o outro sorriu, então observou os olhos de Minho correndo de um lado para o outro — Tá tudo bem?
— Eu... Sim — ele piscou, forçando a recobrar sua consciência. — Foi só... excesso de telas gigantes, tô um pouco fora de órbita ainda.
Chan não acreditou muito.
— Tudo bem então... vamos?
— Sim, vamos. O que você comprou?
— Presentes, pra Hannah e pro Jeongin. Meus irmãos.
Minho não se lembra de ler sobre nenhum Jeongin na ficha de Chris, mas deixa isso de lado, para descobrir quando for a hora certa. Ele está um pouco cansado de pensar, talvez mande mensagens para Hyunjin.
— Quando chegarmos, me lembre de te entregar seu bolo.
— Você fez mais um?
— Sim, é meu regulador emocional.
Minho olhou para Chris pelo espelho do elevador assim que entraram. Dada a quantidade de bolos que o australiano fazia, a coisa era... preocupante.
— Não comente — censurou.
Minho nem comentou.
Hyunjin deixou a taça na mesinha de centro enquanto Minho embaralhou um maço de cartas. Ele já havia deixado Chris no dormitório, e após entrar em parafusos contra o volante do carro, ele estava na sua casa, devidamente banhado e relaxado.
— O quanto mais você vai empurrar o assunto?
Talvez não tão relaxado.
O mais novo não olhou para cima, fingindo estar entretido no som do embaralhado das cartas uma sobre a outra.
— Até onde eu achar que consigo aguentar. Não deve ser difícil. Ainda quer jogar? — perguntou, finalmente olhando para Hyunjin, que balançou a cabeça negativamente, Minho tornou a organizar as cartas. — Bangchan disse que vai cuidar de mim mesmo que seja algo muito pequeno, não sabe o peso das palavras que usou, fim. O que significa pra ele não é o mesmo que significa pra mim. Fim.
— E isso não o impede de ter... razões e verdade no que diz! As intenções serem verdadeiras, me entende?
— Não hyung — ele colocou as cartas na caixinha e se levantou —, eu não entendo. E também não entendo porquê você quer me fazer acreditar que sim. Eu odeio acreditar em alguém. Já aconteceu antes, com o... enfim. Pode ser uma farsa, um teatro, mentira pura só por interesse, pode ser qualquer coisa — diz, e talvez esteja desesperado para acreditar que realmente é algo bobo, ao mesmo tempo que uma parte de si implora para que seja sincero.
— Você decidiu apresentar ele pra sua família, Minho.
— Sim mas... — ele não tinha palavras, não sabia o que pensar. Minho soltou as cartas e esfregou o couro cabeludo enquanto tentava acalmar sua mente.
Hyunjin parou, analisando a si mesmo. Ele acreditava nas boas intenções de Chris, porque algo o dizia que deveria e ele confiava nisso. E sinceramente, Hwang passou longos e penosos dias analisando o rapaz até chegar a essa conclusão. Mas sabia que esse tipo de afirmação não viria a encantar a mente de Minho. Era algo mais "confiança infundada" do que qualquer coisa.
O Hwang se levanta assim que o caçula também o faz, seguindo Minho pelo caminho até a cozinha, ele senta no banco da ilha e vê Minho abrir a geladeira em busca de alguma coisa.
— Só me escute, por qual motivo ele se sujeitaria a ir no inferno que vai ser aquele jantar?
— Porque ele é idiota — Minho colocou a cabeça pra fora da geladeira para falar, então empurra a porta com o pé e pega uma prataria com a metade de um bolo — e não sabe o verdadeiro pandemônio saído de um manicômio de segurança máxima que nossa família pode ser. Ele não sabe.
— Não tenho argumentos pra isso, mas quando eu tiver, me aguarde! — Hyunjin apontou, o mais novo balançou a cabeça, uma pequena ponta de alívio se instalou no coração do Hwang ao vê-lo sorrir — Dongsaeng me ouça, se a intenção do Bangchan fosse te passar a perna e nadar em toda a grana que você dá pra ele, você não o veria ter o mínimo de cuidado e senso de gasto com o que você dá. Eu sei que você daria mais, no entanto, ele não deixa. Isso diz muito, o quão agradecido e cuidadoso ele é, o quanto ele sabe que não pode te retornar em valores, mas ele te faz bolos porque você gosta, confeita e tudo mais. Como você se sentiu no cinema?
Minho é simplista, fingindo não ouvir atentamente o que Hyunjin fala. Ele pega a espátula de corte e aponta da guloseima para o moreno.
— Foi bom. Quer um pedaço de bolo?
— Minho.
— Você quer um pedaço de bolo?
— Se você me responder direito.
Minho olhou para seu primo com desdém.
— E quem disse que eu quero dividir meu precioso bolinho contigo? Tô sendo educado.
De qualquer maneira, ele serviu um pedaço para Hyunjin.
— Ele escolheu um anel discreto — relembrou, porque Minho havia contado toda a porra do dia dele com Chris, como ele sempre fazia — Você queria um cheio de diamantes chamativos.
— E o que diabos isso tem a ver? — Minho tirou sua parte de bolo, a depositando num pratinho.
— Um anel como você queria é vendido por um valor infinitamente mais caro.
"E?" Minho resmungou, guardando o bolo de volta na geladeira. Hyunjin revirou os olhos.
— Não te faz de besta pra mim porque eu te conheço até virado do avesso, Lee Minho.
Ele viu os ombros do mais novo caírem, seus olhos foram em direção ao bolo, o creme escorregando pela massa fofinha, as raspinhas de limão enfeitando tudo, algo em Minho se entristeceu. Talvez seu coração não estivesse pronto para tratar daquilo como Hyunjin queria.
— Eu quero implicar com os detalhes, ficar chocado com o cuidado, ter medo, receio, não me deixar aprofundar, eu preciso ter um pé atrás, hyung. Quando... quando ele me disse aquilo no cinema, sobre cuidar de mim... cara eu queria sair correndo e chorar até definhar. — diz, as mãos puxando seus fios escuros para trás enquanto lembra do quanto seu coração entrou em desespero ao mesmo tempo que se afundava num sentimento bom — Desculpe se você confia no Chan e seu sexto sentido te diz isso com toda certeza, mas eu não tenho sexto sentido e a minha vida toda as pessoas só me queriam por interesse e você sabe disse como ninguém — ele cutucou o bolo. Hyunjin via as lágrimas escorrendo pelas bochechas dele — Tu é meu melhor amigo, nós crescemos juntos. Quem tava do meu lado quando mamãe me empurrava pros outros, quando os amigos do papai me apresentavam as filhas deles, quando brincavam comigo na escolinha porque minha família tinha dinheiro e quando tentaram transar comigo por causa do dinheiro louco do nosso nome... Você viu o jogo sujo, as trambicagens da mamãe. Então me diz Hyunjin, eu tenho direito de acreditar que alguém que eu nem conheço se importa comigo? Eu preciso me machucar pela enésima vez? O que eu já vivi não serve de lição?
Hyunjin se levantou, indo para o outro lado da ilha e puxando Minho para si, o agarrando em um abraço, o pequeno Lee parecia miúdo, encolhido no peito da pessoa que sempre esteve consigo. Ele beijou os cabelos escuros de Minho, sussurrando pedidos de desculpa com os olhos úmidos.
— Desculpe querido, me desculpe — ele disse contra os fios bonitos do mais novo, o abraçando mais forte, afagando seus cabelos — Você está na sua razão de não confiar. Mas eu espero que consiga ver o mesmo que eu quando for o momento. No tempo que tiver de ser.
— Ele esquentou minhas mãos porque eu tava com frio no cinema — Minho falou em um muxoxo contra a camisa de Hyunjin, apertando o abraço, como se aquilo pudesse o manter estável, e mantinha, sempre mantinha. Porque era Hyunjin.
— Sim Saeng, e o que mais?
— Nós brigamos na joalheria e ele me chamou de pavão. E de Falcão.
— Falcão? Aquele cantor super brega? — Hyunjin engasgou, Minho o beliscou. — Ai!
— Você está me chamando de brega!
— Não estou! Você não é o Falcão! Além do mais, pavão se encaixa muito melhor! Ai! Minho! Não me belisca!
— Não!
— Não o quê seu doido!? — Hyunjin se debatia, tentando se livrar dos tentáculos grudentos e fortes de Minho, também conhecidos como braços, ele não obteve sucesso — Me solta! Aí! Eu já disse pra não beliscar! Eu vou gritar!
— Ok, nada de gritos — Minho abriu os braços e levantou as mãos em rendição —, seus gritos doem meus ouvidos.
— Muito bem — Hyunjin cruzou os braços enquanto o outro enxugava as próprias lágrimas.
Eles voltaram a comer num silêncio muito oposto à cacofonia de suas mentes. Mas eles eram assim mesmo, não precisavam de palavras, até um único olhar seria capaz de comunicar o que precisava ser dito. Esse era o pequeno superpoder que desenvolveram depois de muitos anos juntos.
Mas eles ainda preferiam falar.
— Te amo, hyung.
Hyunjin imediatamente amoleceu no lugar, os lábios se curvando num biquinho choroso. Ele nunca estava pronto para ouvir isso de Minho, mesmo que não fosse a primeira vez.
— Também te amo, Minhoquinho.
🐰🐺১ NOTAS
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oi ei, como vai?
finalmente igualamos as atts daqui com as do ao3, ou seja, quando eu atualizar a fic farei nas duas plataformas. eu revisei essa ao som de take my breath away da berlin e cara... que experiência.
bom sigam meu canal onde aviso das, atts vou deixar link nos comentários daqui! beijos, espero que tenham gostado!!
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